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O vestido da rainha do baile

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O design Lúcia Sousa é muito mais do que uma elegante sobriedade é a leveza e originalidade na concepção de uma colecção. É quase um estilo etéreo porque são peças com vida própria que ondulam ao sabor das curvas dos corpos femininos. São uma mera ilusão na sua aparente simplicidade que esconde um trabalho de criação profundo, fruto de quase duas décadas de experiência. São vestidos que cativam o olhar e deliciam quem as veste porque fá-las sentir únicas.

Consegues fazer um balanço a tua carreira, desde os 17 anos até agora?

Eu acho que passa muito pelo facto de ser uma carreira de uma mulher no mundo do estilismo. Em muitos aspectos nada para nós é facilitado por ser do sexo feminino. Nesta área facilita-se imenso aos homens. Só quando a pessoa começa a lidar com o público evolui bastante em termos próprio trabalho, de gostos e de conhecimentos. Ver o que eles preferem e o que lhes fica melhor. Saber gerir tempos e orçamentos. Em termos de estilo considero que evolui muito. Quando estas concentrada apenas na criatividade, e isto é só no começo, a linha comercial é muito amadora. Tu pegas nesses modelos e envias para uma loja e tens mais dificuldades em vende-las por várias razões. E a partir do momento que começas a lidar com os clientes crias um entendimento maior e o teu trabalho dá um salto qualitativo. Fui isso que senti. Por exemplo, as duas últimas colecções como saíram da passerelle foram todas vendidas. Já se desenha de forma mais equilibrada, tendo em conta a criatividade e o aspecto comercial. Ou seja, uma peça que se consiga vender, que as pessoas consigam vestir e que seja confortável.

Mas, há ainda espaço para a criatividade?

Eu penso que há cada vez mais. Eu noto essa exigência por parte dos clientes. Vêm á procura de um vestido diferente que tem de ter um toque de originalidade. Pensei de inicio que se tratava de uma questão geográfica porque estava inserida num meio pequeno, mas é muito mais abrangente. O que acontece é que as pessoas vão a uma festa e vestem praticamente as mesmas marcas. E querem destacar-se e distanciar-se do banal. Agora valorizam mais o que está ligado a cultura em diferentes áreas.

E que tipo de cliente entra na loja?

De todo o tipo. Quanto tens um ateliê é mais segmentado. Numa loja no rés-do-chão entra de tudo.

Mas, notas passados estes anos todos que as pessoas que te procuram conhecem já teu trabalho e querem a marca Lúcia Sousa?

Há dois tipos diferentes de clientes nesse âmbito. Existem os que ouviram falar do meu nome e mas não conhecem o trabalho propriamente dito. Sabem que tem qualidade e para esses tenho que desenhar e dar mais atenção ao atende-los. E depois há aqueles que passam e dizem assim: a Lúcia Sousa é aqui, entram na loja e falam comigo sem saber que sou eu. Mas, é o que eu queria, que o meu trabalho fale por mim.

 

 

Agora tens um site, porque sentistes essa necessidade de criar um espaço online?

Primeiro por causa das cópias. Tenho muita gente a copiar-me o estilo. Já chegou ao ponto de entrar uma cliente e ter-me dito que viu um vestido parecido ao que tenho na entrada, só que em azul e perguntou-me se tinha sido eu, perante a minha negativa, disse-me que bem tinha desconfiado quando viu esse vestido, porque estava mal feito. E provavelmente tinha-se “inspirado” no meu design. E claro, para mostrar o meu trabalho, como o tenho a pouco tempo online ainda não posso dizer qual é o verdadeiro feedback. Também estou a pensar numa página no facebook porque as novas tecnologias estão cada vez mais em voga, a um ano atrás não notavas tanto. Actualmente, as pessoas que me procuram perguntam-me sempre se tenho site. É a primeira coisa que questionam, depois vão para casa e navegam pela página calmamente, porque é mais impessoal. Em vez de estarem a aqui a ver desenhos e a conversar sobre conceitos. A página demorou algum tempo a ser elaborada, porque eu queria que reflectisse a minha imagem. E de facto é a minha cara, o meu trabalho, o meu conceito. E quase sempre as pessoas quando entram descrevem o estilo que eu promovo. Um que não é demasiado vistoso, que é elegante, é confortável e original. De uma forma sóbria a pessoa que veste Lúcia Sousa acaba por chamar à atenção sem estar demasiado produzida.

Em termos de tecidos o que notas actualmente?

Tenho mais dificuldades em obter o que pretendo. Em Portugal e por influência de outros países, muitas fábricas fecharam. Estou a trabalhar com poucos fornecedores. Antes tinha acesso a certos tecidos, há cerca de dois ou três anos, que já não existem. Nem sequer os mostro ao cliente. Na área têxtil noto uma limitação. A crise no sector é geral. Eu tenho os meus contactos e dentro desse grupo se antes havia a minha disposição uma paleta de 50 tecidos do mesmo ramo, agora vedem 30. A oferta esta a encolher. Se calhar porque a procura já não é o que era. Eles, por exemplo, mandam produzir. Antes havia sempre em stock. Actualmente, enviam as datas de envio, porque vão mandar produzir. E neste momento, há muitas empresas a fazer isto.

www.luciasousa.com

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