
São meros retalhos que ganham vida nas mãos de Catarina Brandão. São pequenas porções de tecido que se transformam em bolsas grandes, mantas, bolsos e chaveiros multicolores. São acessórios de moda feitos com muita criatividade, carinho e paixão.
Como surgiu o conceito da companhia dos trapos?
CB: Eu socorro-me dos tecidos em retalhos, daí o nome. São trapos, porque me saem mais económicos do que comprar tecido ao metro. Esta ideia provém da minha infância, venho de uma família onde se utilizava tudo isto, retalhos, tricot, crochet e aprendi. Depois a vida leva-nos a não praticar. Há dois anos tive uma doença que me impossibilitou sair de casa e tinha de ocupar-me com qualquer coisa. Possui-a uma máquina de costura, peguei numas coisas antigas que tinha há muito tempo e criei uma manta com tecido e crochet e os amigos gostaram. Começou por aí.
Como se deu o salto para os restantes acessórios?
CB: Decidi fazer um saco para oferecer e atrás desse vieram outros e as pessoas começaram a fazer encomendas. Depois passei para os sacos grandes e para os acessórios mais pequeninos, que me dão um certo gozo fazer. Uma coisa foi puxando a outra. O meu processo criativo consiste em colocar os tecidos em cima da mesa e esperar que a inspiração surja, por exemplo, o saco de riscas e bolas, eram três retalhos mínimos, olhei para eles e pensei, que vou fazer aqui?
Porque os sacos grandes?
CB: Porque é o que me dá imenso prazer fazer. Gosto deles grandes, mas faço também outro tipo de peças mais pequenas, as bolsinhas e os porta-chaves, como complemento para as bolsas. Aproveito tudo. Faço também colares e corações de alfazema para meter na gaveta. Tudo é feito com pouco tecido.
Qual é o futuro da companhia dos trapos?
CB: Eu embora goste muito disto, não consigo sobreviver em termos económicos. Quando voltar a minha actividade profissional, ser professora, vai ser difícil de conciliar. A partir de agora, contudo, queria continuar e não encostar de vez, porque dá-me imenso prazer faze-lo. O processo criativo dá-me paz, tranquilidade. É um escape. Há quem corra, ou ande de bicicleta, eu encontro tudo isso no meu pequeno atelier, como lhe chamo, que é só meu, onde estão os meus trapos, as minhas coisas.
Quanto tempo demora em média para fazer os sacos?
CB: Depende do tamanho. Uns demoram três horas, outros mais. Não é como disse a minha actividade profissional. Eu não faço estes acessórios das nove da manhã até as cinco da tarde. Vou fazendo no tempo que me sobra, já que também tenho os meus filhos em casa comigo, eu vou busca-los à escola, estudo com eles e nesses bocadinhos em que não estou, faço estes trabalhos.
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