
Isa Iolanda é um dos novos nomes da música de Cabo-Verde, com um recente percurso influenciado pelas vozes de Cabo Verde, como é visível no seu primeiro trabalho discográfico, "Kriola enkantu", mas também pela música norte-americana, que fará parte do seu novo projecto musical.
No alinhamento deste teu último álbum, o "Kriola Enkantu" o que te levou a gravar esse repertório?
Isa Iolanda: O que me levou a gravar foi a vontade de homenagear o arquipélago, inclusivé à ilha de Santa Luzia que é desabitada, mais a diáspora, porque cada música representa uma tradição de Cabo Verde. Somos um país jovem com 39 anos de independência e queria homenagear tudo o que já conseguimos fazer, porque não temos recursos naturais, mas temos imensos em termos humanos. Outro objectivo foi também, exaltar à nossa cultura que considero ser o nosso coqueluche.
A escolha das canções também não aconteceu ao acaso, optaste por um leque de compositores das ilhas.
II: Sim, por exemplo, estive na ilha do Maio em que chamei a participar o Tibau Tavares, a representar à ilha do Fogo falei com um grande amigo meu, fomos colegas até do colégio, em São Nicolau, o Paulinho Vieira. Tentei fazer com que cada ilha tivesse essa representatividade de um compositor, ou músico de forma a obter essa autenticidade.
E porquê este trabalho discográfico agora neste ponto da tua carreira?
II: Eu acredito que para além de sermos artistas, gostarmos de estar em palco, partilhar a nossa música, o nosso sentir, a nossa energia e o nosso espírito musical, há também, a necessidade do dever de passaporte, de teres algo de concreto para mostrar as pessoas, para poderem ouvir a tua música, apreciar, tirar conclusões e até aprender. Dar cada vez mais conhecimento sobre o teu trabalho como músico, ou artista, é fundamental na gravação de um álbum.
Este trabalho o que acrescenta em relação aos teus projectos anteriores? Notas que evoluistes em termos vocais ou não?
II: Eu noto que sim, posso até dizer que fiz duas participações especiais em dois álbuns da embaixada em França e neste meu novo trabalho, "Kriola enkantu", consigo ver claramente o processo da evolução e maturidade vocal, mais agora que estou a estudar aperfeiçoamento vocal em Nova Iorque. Consigo, agora, ter uma percepção mais nítida do que é cantar por instinto e o que é fazê-lo com a técnica, a consciência do que podes ir buscar à tua voz e ampliar esse potencial.
E como se vê neste mundo global, a música que fazes e do teu país? Conhecem-na?
II: Eu acho que onde estou, em Nova Iorque, há tudo para ser explorado ao nível de mostrar à cultura de Cabo Verde e até a lusofónia, porque as pessoas estão ávidas para conhecer, existe o mínimo.
Só conhecem à Césaria Évora.
II: Pois e não a própria música de Cabo Verde, onde fica situado e a sua história. É um trabalho que se pode fazer minuciosamente para cada vez mais dar a conhecer as 10 ilhas no meio do oceano.
O que pretendes com este curso de aperfeiçoamento vocal? Qual é o próximo patamar?
II: Estou a realizar este curso como um projecto a curto, médio e longo prazo, é por fases. Agora estou na parte da formação, em termos técnicos, de como projectar à minha voz, de como trabalhá-la, como estar em palco, para poder depois aplicar no meu próximo trabalho discográfico que estou já a preparar nos EUA. Quero mostrar uma maior fusão e receber novos sabores musicais, também pretendo mostrar a minha musicalidade, mas estando aberta ao mundo global, mesmo que defenda a minha cultura que é cabo-verdiana, considero-me cidadã do mundo e acredito que fazer arte é isto, estar aberta a receber e compartilhar.
Quer dizer que vai haver músicas em inglês, ou até fusão com a cabo-verdiana?
II: Sim eu até quero trazer o hip hop, numa versão cabo-verdiana que é um bocadinho atrevida (risos). Quero mostrar que é possível trazer tudo com a música, na arte temos que estar abertos e termos uma alma viva.