
Rita Braga é cantora, autora e intérprete de canções, com um repertório eclético de versões que vão desde a Mozart no ukulele a folk sérvio, português, sueco ou russo, canções de cowboys, jazz e samba dos anos 20 e 30 ou bollywood.
Tu desenvolves diversos projectos musicais em paralelo, todos diferentes uns dos outros, fala-me da parceria que desenvolves com o Chris Carlone, os "chips and salsa".
Rita Braga: Essa parceria "chips and salsa" na verdade o que temos feito é o nosso repertório, a solo com ele a acompanhar-me e estamos a começar a trabalhar o nosso primeiro disco com originais. O Chris Carlone é uma pessoa muito versátil, também é actor e tem um lado muito de performance, então quando estou com ele acho que temos uma química muito boa, porque ele toca vários instrumentos. É um registo folk.
Então como se conheceram?
RB: Ele vive em Nova Iorque e conhecemo-nos em 2008, através do "my space", gostamos muito o trabalho um do outro e começámos a colaborar pela internet. Eu convidei-o para participar no meu disco e ele marcou logo vários concertos nos EUA e foi assim que começámos. O ano passado tocámos juntos num festival dos Açores e temo-nos encontrado uma vez por ano. Agora vamos continuar a gravar juntos.
Os teus trabalhos têm diversas influências e o que acho curioso é que nos remetem para uma época musical tipo anos 50, embora toques vários instrumentos musicais, entre ele o Ukulele.
RB: Tenho muitas referências e uma das que gosto mais provém do período dos anos 20 e30, na música e enquanto voz tenho influências dos anos 50, mas o primeiro disco que foi "cherries that went to the police" foram todas versões dessa época de vários países. São coisas que ouço, de que gosto muito, que estão esquecidas e as pessoas não conhecem. Achei que era importante reinterpretar esses temas.
E nos temas que escreves e compõem onde vais buscar à inspiração?
RB: Agora tenho tocado basicamente essas versões de música folk e de cinema. Este ano gravei meu segundo disco, que vai ser um EP com seis temas que escrevi, nesse caso influenciei-me nalgumas músicas antigas das rádios do Brasil. Foi também buscar outras referências do rock, porque tenho uma formação de guitarra eléctrica, bateria e baixo. Vou-me apropriando de vários temas e conforme as colaborações que tenho consigo incorporar vários registos diferentes.
Então como chegaste a São Paulo e houve esse encontro com músicos brasileiros?
RB: Primeiro, conheci um artista brasileiro que faz banda desenhada e toca música que é o José Vieira, que foi até Portugal pela " Chili com carne", que é uma editora de banda desenhada e falei com ele, não conhecia o Brasil e disse-lhe que gostava de ir lá. Ele conseguiu-me uns concertos e contactos com outras pessoas e um deles foi o Mancha que tem um espaço independente, a Casa do Mancha. Ele toca bateria e um outro toca o baixo e formámos uma banda, no final erámos cinco e voltei para gravar o disco com eles.
Como se chama o novo álbum?
RB: Ainda não tem um título, mas está previsto sair em Março de 2014. A banda só existe comigo e chamei-a de "Indiozinhos psicodélicos", no Brasil diz-se com "o".
Se pudesses definir o disco como o farias?
RB: Acho que tem muito a ver com o álbum anterior, tem momentos muito ecléticos, diferentes, numa só canção brinco com essas mudanças de estilo e acho que tenho também uma influência de filmes de cinema de animação, vou buscar todos esses registos, tem também algo de cómico.
Rita também constatei que cantas em outras línguas que não o português e inglês. Mas, cantas apenas foneticamente, ou aprendes mesmo a falar?
RB: A maioria aprendo foneticamente. Contacto com pessoas que falam a língua para saber se estou a pronunciar correctamente, mas depois tenho alguns conhecimentos de polaco, russo e sérvio, que são línguas eslavas.
Porquê o ukulele?
RB: Porque gosto da sua sonoridade e achei giro que conheci o instrumento sem saber das referências de Portugal e vim a descobrir que tinha origens nacionais, aqui na Madeira. Mas, sempre achei que era um instrumento bonito e versátil, como viajo sozinha e tenho um projecto a solo, é um instrumento ideal, devido a sua portabilidade.
Também tens uma vertente artística ligada á banda desenhada?
RB: Tenho, hoje em dia não tanto, porque a música ocupa esse espaço. Andei no Ar. Co em ilustração e banda desenhada e de vez em quando ainda faço alguma coisa, mais flyers e cartazes para concertos, mas a música esta em primeiro lugar.
Rita Braga porque és da cidade de Braga?
RB: Não, tenho um trisavô de Braga, mas sou de Lisboa. Meu último nome é Peixoto, mas Braga é um nome de família da minha mãe.