
O registo conta com 11 temas escolhidos por Janelo da Costa e reúne uma constelação de participações especiais para cada música, cantores e rappers do Brasil, da Nigéria, de Moçambique, Angola, Portugal e Jamaica para celebrar o regresso do 13o álbum da carreira de Kussondulola.
O amajah contou com a colaboração de vários artistas. É sobretudo música de fusão, porquê este CD agora?
Janelo da Costa: Acontece pela necessidade que sentimos de nos juntar e de dar um pouco de solidariedade perante a situação pela qual estamos a passar. A intenção é dar a perceber que necessitámos uns dos outros, independentemente, de eu ser um artista que tem muito tempo para fazer álbuns, estamos a atravessar uma época em que necessitámos de unir forças, independentemente de como a música seja encarada por individualmente. A intenção foi buscar jovens do hip hop, da música africana, do Brasil, da Jamaica e Cabo Verde, Guiné e Portugal. Foi do tipo: temos de estar todos juntos, amajah.
Este trabalho não foge um pouco do seu repertório que é mais de intervenção social?
JC: Não foge. Tem temas que abordam o custo de vida, vivemos uma situação difícil, as pessoas não têm dinheiro, falo do ecossistema num tema com a participação do Rafa Arcanjo que é um rapper brasileiro. Fizemos uma homenagem a uma zona, não toda, mas falámos da floresta, falámos que a babilónia vai cair, da troika, dos movimentos que estão a acontecer, fala dos alicerces das nossas cidades mundiais. Quando se ouve o disco apercebeste desses alicerces todos, fundamentalmente é ter fé em Deus. Essa é a base, é onde nos podemos agarrar.
E o título?
JC: Amajah é amar Deus, é abreviatura de Jeová, nome próprio. Ter fé, perante as coisas que ele criou neste universo. O álbum tem muita preocupação social, em termos de como encarámos a natureza e ao mesmo tempo fala do sufoco das pessoas. O que nos podemos agarrar ainda é a fé. Não somos cúmplices dos problemas que acontecem ao nível mundial.
Este é o seu 13 trabalho, em 15 anos de carreira, é uma espécie de balanço?
JC: Não, é uma continuidade, quando aparecemos na altura do álbum "tá se bem", perante a minha geração e a outra anterior era uma necessidade de ouvir algo novo, depois estávamos numa altura em que as famílias de baixa renda tinham dificuldades, porque são a maioria no mundo, naquela época também houve uma necessidade de homenagear essas pessoas. É sempre uma continuidade. Agora temos outra geração, que o que ama jah acabou por fazer, para ver se transmite um pouco essa conduta de que não podemos só atacar, temos de ter outra forma de ver. O disco tem essa intenção. Posso referir que tenho um disco que se chama "survivor" foi mesmo destinado para ser duetos e que tem o Vitorino, o Rui Veloso, a Sara Tavares e o Rui Reininho que é um trabalho que na altura passou despercebido, porque a industria musical teve uma quebra, foi o período da internet, mas é só para dizer que a intenção esta sempre presente.Os Kussondudolas sempre tiveram convidados, mesmo no primeiro álbum. A intenção é estar sempre juntos. É unificar, a cultura é arte.
É uma mensagem universal
JC: Sim, o reggae é mesmo isso, defender as famílias de baixa renda, seja qualquer que for o país. Este estilo musical já existe em chinês, alemão, em francês, porque sempre houve a preocupação de dar a conhecer qual é a atitude do reggae, que é ajudar as pessoas. O que me obriga a provoca-los com essa intenção, de que a música é para pessoas.
Então sentes que é um estilo que não vai morrer, mas crescer ainda mais?
JC: Sempre. Por causa da necessidade de levar amor as pessoas. Tem essa mensagem forte, as outras músicas podem ter esse lado, mas quem faz reggae fala de amor para as famílias de baixa renda, só isso.