É o último trabalho discográfico de Nuno&the end, com uma capa dos DDiarte.
Ao meu ver, existem dois tipos de músicos neste mundo, há os que primam pela excelência quando tocam os seus instrumento de eleição, são os chamados intérpretes virtuosos e podem até compôr, mas dedicam mais o seu tempo e esforço em aperfeiçoar e evidenciar as composições musicais de outros artistas, depois temos os músicos que não se limitam a dominar a técnica, mas que vão mais além, criam um universo musical que os identifica e que os ouvintes reconhecem de imediato, é tal qual uma impressão digital, este é o caso de Nuno Filipe e os The End. Se em "Seance", de que já falei, ele começa por explorar essa sonoridade que o caracteriza, em "Light Ahead", reconheço o amadurecimento de um projecto diferente em termos conceptuais. Neste trabalho discográfico nota-se desde já um maior número de canções estruturadas, as letras não existem por um acaso, há subjacente uma câdencia diria que quase bíblica, senão vejamos, a começar pelo tema "the apple&the serpent", seguido de "daydreaming ad then", "ascension", "idealistic thoughts", "when it all ends" e "light ahead" que dá o nome ao álbum. Se ouvirem com atenção a construção rítmica acompanha toda esta evolução em termos de narrativa, o Nuno Filipe introduz vários enxertos e misturas que enriquecem ainda mais os temas, não falo apenas das várias línguas em que são interpretadas as canções, pelas excelentes vozes de Tasha Glis e Moun Pinz, mas dos monólogos que são um dos apanágios do compositor. Destaco ainda o "we came in peace" o primeiro tema retirado deste novo trabalho, acompanhado por um vídeoclip irónico, diria até subversivo, melhor cartão de visita não poderia haver, reflecte na perfeição o mundo polifónico, multilinguístico e conceptual de Nuno&the End.