Mais um álbum inusitado dos dead combo. Os dois tipos mais alternativos da música portuguesa, ou não?
De súbito os dead combo andam nas bocas do mundo literalmente, graças ao programa do chef Anthony Bourdain e o seu “no reservations”. Os portugueses, uma grande maioria pelo menos, “descobriu” recentemente os sons deste estranho duo que aposta numa imagem muito vintage. A projecção foi tanta graças ao programa culinário, que de súbito os Dead Combo têm visto as vendas dos seus discos aumentar nos EUA e a tournée nacional a ganhar contornos épicos. A sua música, contudo, é outro assunto. Há algo de Tarentino nestas sonoridades que mais não fazem do que remeter-nos para universos paralelos, povoados de estranhas criaturas, ambientes carregados de fumos e odores inusitados. Lembra tudo menos Portugal. No entanto, os rapazes neste álbum sublinham a sua Lusitânia proveniência. O título parece dizer tudo, ou será que não? Digamos que é um soporífero para os ouvidos poluídos de músicas instantâneas. Faz bem e descansa a alma. “Like a drug”, é um dos temas preferidos. É a tal musicalidade que facilmente a vejo fazendo parte da banda sonora de “pulp fiction”. Em Sério! “Mr Leone”, por outro lado, transporta-me para os filmes western spaghetti protagonizados por Clint Eastwood. Outra memória cinematográfica submerge com o “old rock and rol radio”, é uma cena de perseguição que termina da pior forma possível, num beco escuro de Nova Iorque. Deixo a escolha do filme ao seu critério. Mas, antes de partir recordo outro tema muito apropriado para um outro cenário, Malibu fair. Um plano longo mostra o lado mais plástico de uma cidade de aparências paralisadas no tempo, Califórnia. Deixe-se então levar por este álbum recheado de sons que muito apelam à imaginação dos cinéfilos compulsivos como é o meu caso. Divirta-se.