Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

h facebook h twitter h pinterest

Mariana, a ecléctica

Escrito por 

Ela tem uma carreira já vasta como actriz e cantora de música jazz. Depois de um período de crescimento e maturidade como artista, ela decidiu que este era o momento ideal para lançar o seu primeiro álbum de originais, com 11 Faixas compostas e cantadas por ela, mas ainda estão em aberto mais temas. Um trabalho, sem título, que será lançado em princípio antes do final do ano.

Sei que te encontras no estúdio para gravar o teu primeiro disco. Porquê só agora?

Mariana Norton: É uma boa pergunta, não sei, houve outras oportunidades, mas senti que queria gravar os meus originais. Outras coisas também se meteram pelo caminho, eu queria estudar, porque sou exigente comigo mesma.

É uma questão de maturidade?

MN: Talvez, eu sinto que estava ansiosa por gravar, mas que é uma boa altura, sinto maturidade neste disco. Todas as músicas são compostas por mim, as letras também e estou contente. Acho que foi um percurso.

Neste trabalho apostas numa vertente musical inspirada no jazz?

MN: Não é necessariamente um disco de jazz. Quando compus as canções para este álbum limitei-me a pensar o que queria ouvir e no que gostaria de cantar, portanto acho que é um estilo pessoal que junta todas as influências que aprecio. Aprecio muito de jazz, soul, pop e rock. Eu tenho um gosto eclético e este disco tem um bocadinho de tudo. Há canções em português e inglês. Não sei se será um disco de jazz tradicional ou contemporâneo, caberá a crítica definir.

Abordando um pouco a tua carreira jazzística, achas que este estilo musical deixou de ser restrito e se tornou mais democrático? E quando notastes essa mudança?

MN: Eu notei essa mudança já há alguns anos. Imagina, quando entrei no Hot Club pela primeira vez tinha 17 anos e era claramente a rapariga mais nova que por lá andava, até me sentia um pouco constrangida. Hoje em dia sou professora e actualmente tenho alunos de 15, 16 anos. Quem me dera que na minha altura as pessoas tivessem despertado mais cedo para este estilo musical e para aprender música, embora haja poucas opções, ou tens clássico ou jazz. Aí senti da diferença, um maior interesse das gerações mais novas, nos concertos e nas pessoas.

É um público mais informado?

MN: Não sei, acho que terá a também a ver com o facto de haver mais discos portugueses e músicos a tocar jazz. Quanto mais pessoas se formam, mais tocam. Há vários tipos de jazz, desde o mais diversificado ao mais vocal. Creio que também se tornou menos intelectual com o passar dos tempos, houve uma fase mais difícil e hoje em dia há de tudo um pouco. Isso leva que as pessoas vão procurar, ir até os clubes para ouvir essa linguagem e tem mais curiosidade por música mais complexa, mais instrumental.

Curiosamente em Portugal só se ouvem vozes femininas. Já te questionaste sobre o porquê deste fenómeno?

MN: Posso garantir que vai mudar. Já há alguns alunos Hot Club cantores e na escola superior de música já começam também a aparecer, acho que fazem muita falta. Não faço ideia porque é que é. O único que imagino é que seja por vergonha, mas espero que haja cada vez mais, a trabalhar e a gravar discos.

Quais são os nomes que influenciaram a vinda para música e que te marcam, que estão na tua base?

MN: Não são necessariamente de jazz, na base quando era mais jovem e comecei a ter meu próprio gosto, a Björk marcou-me muito. Ouvi o primeiro disco dela com doze anos, chama-se “début”. Foi o primeiro trabalho à solo. Marcou-me por ser muito original. Depois, há muitas vozes femininas que me influenciaram a Erica Badu, a Tory Amos, a Fiona Apple, que não são do jazz, mas para além de cantoras, são compositoras e instrumentistas. Descobri mais tarde a Elis Regina e redescobri a Ella Fiztgerald. Depois quando mergulhei no jazz, a Julie London, a Billie Holiday, a Sarah Vaughan, há muitas por onde escolher e também homens, o Tony Bennett.

Quando soubestes que querias ser cantora?

MN: Não sei, eu sempre cantei muito em menina e adolescente. Mas, eu cantava para mim e não sabia que as pessoas poderiam gostar de me ouvir. Aos poucos foi percebendo isso e fiquei muito contente. Creio que a pretensão de actriz começou primeiro, embora a música me acompanhe diariamente. Depois um amigo meu praticamente me obrigou a cantar num bar que tinha, aí começou um desejo muito maior de ser cantora.

E o teu lado de compositora, quando é que se começou a manifestar?

MN: Começou naturalmente, os músicos, pelo menos eu, queremos sempre improvisar e criar novas melodias. Sempre inventei canções, nem que fosse com os meus irmãos. A primeira coisa que compus foi para um disco que se chamava “PT Project”, que era uma projecção de novos talentos e no qual participei com amigo meu, porque foi obrigada. Para estar presente nessa colectânea, tinha que assinar um tema original. Depois quando estive em Nova Iorque, comecei a compor porque necessitava de exprimir sentimentos e emoções, a música era esse veículo, era vital, como forma relaxamento depois de um dia de aulas intenso. Sabia-me bem, acompanhava-me e era uma espécie de banda sonora da minha vida.

http://www.mariana-norton.com/live/

Deixe um comentário

Certifique-se que coloca as informações (*) requerido onde indicado. Código HTML não é permitido.

FaLang translation system by Faboba

Eventos