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O canta-memórias

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A voz cavernosa de Zeca Medeiros remete-nos para um registo muito próprio, de música de autor com raízes tradicionais. É um criador de sonoridades e palavras que nos remetem para um universo repleto de sentimentos e emoções.

Nos seus espectáculos sempre cantou a música tradicional açoriana, este tipo de abordagem foi sempre bem vista pelo público?

Zeca Medeiros: Não passa só pelas canções tradicionais. Comecei a tocar em grupos de baile, fui tripulante músico no navio Funchal, se bem que eu acho que a música tradicional inspira muito da música que faço, eu às vezes participo nesse tipo de projectos, a grande maioria da minha música é de autor.

Fez algumas recolhas? Ou apenas limitou-se a ouvir esse tipo de música?

ZM: Fiz muito poucas recolhas. Paralelamente trabalhava na RTP e nesse âmbito fiz gravações, mas poucas. Trabalhei com a brigada Victor Jara e mais recentemente participei no projecto do Pedro Lucas, “o experimentar na m’incomoda” que mistura música tradicional do Açores com umas linguagens electrónica mais moderna.

O público mudou ao longo destes anos?

ZM: O público mudou, quando comecei a tocar foi antes da revolução dos cravos e era um outro país e acho que de um modo geral, mesmo que a comunicação social portuguesa ignore muito da música portuguesa que se faz e é uma pena, penso que há um evolução no público, cada vez existe mais gente a interessar-se pela música portuguesa e popular.

O mesmo se aplica à música de autor?

ZM: Sim, mas há grandes referências de autores nessa matéria, o Zeca Afonso é a minha principal inspiração. Há um público cada vez maior que se identifica com esse tipo de canções de autor que são inspiradas na tradição.

Com uma carreira com mais de 40 anos, como músico como olha para este novo mundo, onde os CD não se vendem e a música é copiada?

ZM: Eu como músico não tive propriamente uma carreira, porque durante muitos anos a minha actividade principal foi trabalhar em televisão, e muita da música que fiz ao longo desses anos foi banda sonoras para telefilmes que produzi para a RTP. Sempre estive à margem do meio musical português e portanto como sempre vendi muito pouco, continuo a vender muito pouco, embora venda mais agora, tenho um percurso muito à parte.

Mas, por opção?

ZM: Em parte por opção, porque a minha vida me levou para aí, mas também foram os fados que me levaram por esse caminho.

Olhando estas novas gerações de músicos reconhece novos valores?

ZM: Sim, há muita gente nova neste país, inclusive na Madeira, que segue esta senda de música de autor inspirada no tradicional, a banda d´além por exemplo. No norte do país surgiu um grupo extraordinário que é a “presença das formigas”, de certa forma é uma vertente que foi aberta por Zeca Afonso.

É uma figura transversal?

ZM: Continua porque era uma figura imensa e tão inspirador para mim como para os jovens com vinte anos.

http://www.myspace.com/zecamedeiros

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