Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

h facebook h twitter h pinterest

O orquestrofone

Escrito por 

Trata-se de um trabalho em CD com direcção de Teresa Pais, directora do museu da Quinta das Cruzes e coordenação do musicólogo Vítor Sardinha e inclui um conjunto de 27 temas musicais daquele instrumento musical mecânico.

O Orquestrofone número de série 3151, da fábrica Limonaire Frères, é demonstrativo da relação estreita entre a história da ciência, da arte e do entretenimento. Tratavam-se de instrumentos que estiveram desde sempre vocacionados para a exibição pública em amplos espaços, como cinemas, feiras, salões de baile e tiveram uma manufactura largamente divulgada na Europa a partir de finais do século XIX e início do XX.
A sua complexidade mecânica, bem como a sua potência sonora, encobertas por uma enorme estrutura em madeira, com fachada sumptuosamente esculpida e policromada, justificaram o seu uso como instrumento de exploração comercial da música, animando bailes e festas ao ritmo de polkas, valsas, entre outras músicas, constituindo por si só, a atracção principal.
Fabricados, entre outros, pela firma Limonaire Frères, fundada em Paris em 1840, os orquestrofones permitiam uma execução musical inalterável, podendo substituir vantajosamente os músicos, factor bastante publicitado pelas firmas construtoras na época. A curta popularidade dos Orquestrofones chegou ao fim ainda no 1.º quartel do século XX, com a mudança dos hábitos sociais e com o aparecimento do fonógrafo, que alterou profundamente o modo como o público consumia música.

O instrumento mecanizado que integra as colecções do Museu Quinta das Cruzes é constituído por um corpo principal em madeira, profusamente decorado, e possui na face posterior um sistema mecânico de leitura de cartões perfurados, accionável por manivela com adaptação a motor eléctrico, que emite o sinal para os diversos instrumentos, permitindo a reprodução da música. Esta é hoje uma peça de grande interesse patrimonial, não só por constituir uma raridade no mundo dos instrumentos musicais mecânicos, como também por documentar uma época exuberante, presente nas suas decorações neo-barrocas, nos seus bonecos mecânicos, autómatos, e nas suas músicas arrancadas aos salões e teatros.
Este complexo instrumento, comprado pelo 1º visconde de Cacongo, João José Rodrigues Leitão, na Exposição Universal de Paris, em 1900, encontrava-se na Quinta de Nossa Senhora Mãe dos Homens, quando foi adquirido em 1978 pelo Governo Regional, por iniciativa da direcção do museu, ao herdeiro da família, senhor Ricardo Nascimento Jardim. Com esta aquisição foram também entregues diversos cartões de músicas que incluem valsas, polkas, rapsódias, marchas militares, hinos, bem como outras músicas clássicas e populares, perfazendo um total de 167 exemplares, destacando-se algumas pelo seu carácter inédito, como a versão d’“A Portuguesa” de Alfredo Keil de 1904, diversos Hymnos dedicados aos reis D. Carlos e D. Amélia, bem como os Hymnos Português (1900), Nacional (1904) e da Ilha da Madeira (1905).
O Orquestrofone, ainda hoje, cumpre com a sua função original de instrumento de diversão e divulgação musical, exposto ao público nos jardins do Museu Quinta das Cruzes.

http://mqc.gov-madeira.pt/

Deixe um comentário

Certifique-se que coloca as informações (*) requerido onde indicado. Código HTML não é permitido.

FaLang translation system by Faboba

Eventos