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O retratista sonoro

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É um dos maiores embaixadores da música cabo-verdiana. É também um dos ícones da moderna sonoridade luso-africana ao nível mundial. Com carreira com mais de 25 anos Tito Paris não para e pretende lançar mais um trabalho de fusão que mistura o som de vários países lusófonos.

Agora que Cesária Évora desapareceu, como tantos outros embaixadores da música cabo-verdiana sente o peso de ser um dos últimos de uma época?

Tito Paris: Um bocadinho, porque da mesma fonte que a Cesária bebeu que foi o mestre Digol, eu também bebi e tenho estimado esse ensinamento. Embora ela fosse mais velha, eu sinto essa responsabilidade de cantar a música de Cabo Verde.

Quando a Cesária Évora se lançou como cantora, afirmou que ficou a mágoa de não ter feito sucesso primeiro em Portugal. O Tito também sentiu isso quando iniciou a sua carreira artística?

TP: Sabe costuma-se dizer que os santos da casa não fazem milagres. Cesária esteve em Portugal, o primeiro disco dela foi feito por mim, eu é que fiz os arranjos e isso tudo ajudou a lançar uma carreira. Talvez os portugueses, nessa altura, não percebiam a linguagem da música de Cabo-Verde, da Cesária e mais tarde vieram a entender. Eu já toquei em vários sítios onde as pessoas não conheciam a minha música e mais tarde vem a apreciar, isso é normal.

É uma questão de gerações?

TP: De gerações e não só. O Portugal de há vinte anos atrás não é o mesmo que de hoje, mudou muito. Ao evoluirmos a sociedade também evolui e vai buscar coisas da cultura dos outros. O que já é bom, muito bom.

Neste seu último trabalho, usou uma orquestra clássica, o que pretendia expressar?

TP: Eu tentei expressar uma fusão entre uma linha clássica com a de Cabo Verde. A música cabo-verdiana é clássica por si. Para este trabalho usei os violinos misturados com a nossa sonoridade.

Mas, porque uma orquestra?

TP: A música de cabo-verde sempre foi tocada com violinos, o meu avô tocava esse instrumento e os meus irmãos mais velhos também tocavam e eu sempre imaginei essa sonoridade a acompanhar a minha harmónica com melodias cabo-verdianas.

Quando apresentou em Cabo-verde esse disco, como é que o público reagiu?

TP: Eles ficaram de boca aberta, porque foi a primeira vez que levei uma orquestra até Cabo Verde, levei dez anos para levar até lá os meus colegas. Todos nos receberam bem. Foi um concerto para cerca de 5 mil pessoas, quando tocámos pela primeira vez.

Os puristas não se sentiram de certa forma usurpados?

TP: Não, por acaso não. O Cabo-verdiano nessa base é muito aberto. É um país democrático popularmente. Quem não gosta da cultura do outro não gosta de cultura. Eu parto do princípio que nós somos a nossa cultura quando aprendemos a apreciar os outros. Quando fiz essa fusão, os cabo-verdianos só agradeceram.

Qual é o próximo desafio que tem em mente?

TP: O próximo desafio é um novo disco que está quase pronto, é tentar moldar as culturas de Portugal, Cabo-Verde e Brasil. Estou a gravar ainda e só tenho 15 músicas. Há muita fusão neste trabalho discográfico, há chá-chá-chá com coladeira e baladas com mornas e tem também fados. Participam ainda, vários músicos de cariz internacional. Mas, ainda não esta pronto.

http://www.myspace.com/titoparis

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