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O trio do alegre divertimento

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Formado em finais de 2011, por três músicos com várias experiências musicais e culturais, Ana Irene Rodrigues no saxofone, a Sandra Sá no violino e o Giancarlo Mongelli no piano, vindos de percursos profissionais diferentes, este trio nasceu de uma vontade de partilha e descoberta. Descoberta essa que se tornou uma aventura por um mundo ainda a explorar. Uma formação de música de câmara não muito usual, onde se juntam timbres e sonoridades que só recentemente despertaram o interesse de alguns compositores contemporâneos.

Como é que surge o Allegro Giocoso Trio?
Ana Irene Rodrigues: Começou quando cheguei de Amsterdão, tinha acabado de estudar e queria continuar com a música. O meu primeiro intuito foi realizar um concerto e falei com o Giancarlo Mongelli e no meio do repertório que lhe mostrei aparecia um concerto para saxofone, violino e piano, um trio, e foi a partir daí que surgiu a ideia de em vez de fazer um concerto esporádico de música fazer disto um projecto.
Sandra Sá: Depois ela veio falar comigo e a partir daí começámos a ver um repertório.


Falando do repertório, os vossos concertos fogem um pouco da música clássica?
AIR: Foge do termo clássico, sim.
Foi uma escolha consciente, ou foi algo que adveio após o primeiro concerto?
SS: Depende das composições. Ao escreverem para violino, saxofone e piano já estão a criar um ambiente musical, uma nota sonora diferente. Foge do tradicional clássico, é erudito, mas é mais recente. Por norma as partituras são mais contemporâneas e daí é diferente auditivamente, as suas características são outras.
AIR: Enquanto o violino e o piano são instrumentos bastante eruditos, o saxofone é relativamente recente, é um dos instrumentos musicais mais novos que existem.


Mas, há muito repertório ao vosso dispor?
AIR: Não há muito repertório dito mais erudito, temos procurado encontrar composições mais fáceis de ouvir. Peças mais contemporâneas e modernas existem bastante, hoje em dia muita gente já escreve, é um repertorio que foge das salas de concerto e que as pessoas gostam de ouvir.


Por norma na região os concertos de música erudita tem um público essencialmente constituído por estrangeiros, não é o vosso caso, os vossos concertos enchem, mas não é de turistas. A que atribuem esse fenómeno?
SS: Primeiro, acho que é o efeito novidade. Depois somos caras conhecidas na escola de música, porque todos trabalhámos cá, o primeiro impacto foi esse e depois o nosso projecto cativou por ser musicalmente diferente e felizmente tem corrido bem. (risos)
AIR: Toda a gente tem muita curiosidade em ouvir um saxofone, um violino e um piano juntos e a verdade é essa.

Por ser tão inusitado?
SS: Não é uma formação frequente.
AIR: Existe um violinista que pega numa das nossas peças e faz um concerto inteiro. Agora, a mesma partitura com este trio, é que não é usual, pelo menos em Portugal.
SS: Fizemos uma pesquisa, existe de facto mais um grupo, muito recente, mas o intuito dessa formação foi um exame final e depois acabou.
AIR: A partir daí não sabemos se há actividade nesse trio ao nível nacional, porque em termos internacionais existe um, ou dois trios muito activos. O Comodo trio é muito famoso e trabalha na Europa, mas não desenvolve um trabalho apenas de trio, porque ao longo de um concerto fazem solos, nunca fazem um programa inteiro como fazemos no nosso grupo.

Então falem-me do processo de escolha das partituras de forma a tornarem o concerto audível e agradável aos espectadores?
AIR: Quando começámos tivemos um período de escolha de repertório muito longo. Decidimos que íamos investigar e escolher muito bem. A pesquisa foi feita através do Google, claro. (risos), que é um meio de pesquisa excelente e principalmente de teses de licenciatura e mestrado de saxofonistas, onde se encontram muitas partituras escritas e foi a partir daí que encontrámos as três primeiras peças do concerto.
SS: Forma cerca de 50 minutos de música. Tentámos também ouvir gravações.
AIR: Nas peças mais recente contactámos directamente com o compositor e durante esse processo escolhemos o que vamos tocar, mas temos de gostar.
SS: Se não gostarmos não o trabalhámos.
AIR: Ouvimos muitas peças que estão fora de questão, por diversos motivos. Depois temos que ter em atenção se o público vai achar essa peça interessante, seja pelo impacto quando se ouve, ou pelo desenvolvimento da peça em si.
SS: Daí ser fundamental o facto de gostarmos da peça, senão, de certeza não vai agradar ao público.


Então vão continuar com esta formação? Não pensam num futuro acrescentar mais instrumentos?
SS: Para já não. Tem resultado e vamos continuar assim.
Tem havido convites para tocar fora da ilha ou não?
AIR: Ainda não, porque não temos divulgado o nosso trabalho nessa vertente. Nós somos professores e músicos ao mesmo tempo, isso requer tempo e dedicação. Na ilha tentámos ter as duas coisas.
SS: Temos que tornar os nossos horários compatíveis e que nos permita uma regularidade semanal, porque se houver uma falha, não conseguimos manter a rotina dos ensaios e o trabalho perde-se um pouco, mesmo quando há esforço individual.

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