Achas que o problema passa pelas editoras, ou é porque as rádios não passam música portuguesa, o que é que falha?
DF: Quando dou entrevistas essa questão vêm sempre à baila. Eu respondo da mesma maneira. A culpa é de todos. E quando digo todos, é desde as bandas, dos projectos, artistas, compositores até ao público. Não podemos comparar a cultura musical de um americano médio com a de um português. Qualquer deles é um doutor comparado connosco, para mim. Existem países onde o papel da música na cultura é muito vincado. É mesmo um traço da sua identidade nacional. As pessoas são músicos, porque os pais o foram, os avós o eram e fazem-no naturalmente. Somos um país atrasado e limitado nesse aspecto.
Será derivado a um certo culto pela música anglo-saxónica?
DF: A música anglo-saxónica engloba a americana e inglesa. Eu acho o contrário, defendo que temos um culto pela música inglesa. Há projectos que furam vindos dos EUA, são sazonais, como tem uma grande máquina promocional por detrás ficam durante algum tempo. Mas, em termos reais do que o publico ouve, vê e sente a influência inglesa é muito maior nas bandas portuguesas. É pena, o público não ter essa noção.
Porque o nome amor terror?
DF: A ideia não é nossa, é de um amigo. Ele queria formar uma banda, eu sempre dizia que se ia chamar amor terror, mas como ele nunca fez nada, eu fiquei com a ideia e com o nome, porque nos define enquanto pessoas e como som. Não sabíamos que havia tantas bandas com o nome amor. De um momento para outro começaram a surgir grupos com essa dicotomia. É uma questão de identificação, com a sonoridade e com as nossas personalidades.
Mas, vocês são terríficos é isso?
DF: Não, (risos) é para explicar a bipolaridade da banda. Os sentimentos que nos definem como seres humanos. Ou estamos tristes, ou alegres. Apaixonados, ou deprimidos. É uma maneira de brincar com a vida, com os altos e baixos. Aqueles clichés todos, de palavras que rimam.
Tem já um nome provisório para o álbum?
DF: Está a ser a coisa mais difícil de fazer. Porque ninguém quer errar no nome do primeiro filho. Ninguém quer meter o pé na argola, já. As primeiras coisas são sempre as mais difíceis de obter, no meu ponto de vista. A primeira frase da canção, as primeiras notas e daí o primeiro nome do álbum também.
O lançamento mantém-se para Abril do próximo ano?
DF: Não sabemos, se calhar vai ser antes. O problema são as editoras e o espaço que elas têm para os colocarem o nosso álbum num mercado que tão pequeno, como é o caso português. Tem de ser espaçado, bem calendarizado. Apesar de não termos editora, estamos em conversações com duas ou três, ainda não encontrámos a baliza temporal para o fazer. Existem muitas sugestões. Hoje em dia o mundo musical é muito diferente, é difícil colocar um projecto no mercado, os suportes também são diferentes. A distribuição é difícil, porque as pessoas não compram o CD. No próximo ano muito menos, vai ser complicado. Mas, nós de uma maneira ou outra, com ou sem editora, vamos fazer chegar a nossa música as pessoas.