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Os homem mau

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Formaram-se em Novembro de 2002 e desde ai nunca mais pararam. São uma banda rock que aposta numa sonoridade diferente que foi evoluindo ao longo dos seus 10 anos de existência. Agora, brindam os fans com um novo trabalho musical, intitulado "de um tecto igual a nós", mas querem mais.

Queria que me definisses o som do "homem mau", embora se considerem uma banda alternativa.

Claúdio Alves: Nós acima de tudo fazemos música tendo em consideração aquilo que são as nossas influências e o que ouvimos ao longo da nossa vida. Enquanto banda, que já tem dez anos, o nosso som sofreu algumas alterações ao longo do tempo e que estão definidas na evolução que houve enquanto pessoas que somos, adeptos de música e de coisas diferentes que fomos aprendendo a ouvir ao longo destes anos. O que é então o nosso som? É caracterizado sobretudo pelos instrumentos que escolhemos o baixo, a bateria e o facto de só termos uma guitarra tem influência nas músicas, individualiza mais a nossa sonoridade. Eu acho que o nosso som é um bocadinho cru, porque preocupámo-nos acima de tudo por fazer algo verdadeiro, mostrar os nossos conhecimentos e não demonstrar uma grande produção posterior, embora ache difícil para aqueles que fazem uma coisa verdadeira estar a definir o que é o seu som, a melhor forma de mostra-lo é pedir as pessoas que façam uma pesquisa, que nos ouçam, porque essa é a melhor maneira de nos conhecerem.

Mas, dirias que é uma banda rock?
CA: Agora no final acabámos por dizer que nós somos rock. Hoje em dia o campo lexical da música é algo tão grande que não o consigo compreender, nem conhecer, então, definimos a banda como rock, é o que tocámos, que aprendemos desde pequeninos.

Vamos falar do primeiro álbum, de "dentro para fora", de 2007, afirmam que esse trabalho discográfico foi o vosso nascimento e que surgiu depois de vários anos em tournée, as canções foram escolhidas consoante o gosto que verificaram junto do público, ou o alinhamento dos temas foi apenas da vossa responsabilidade?
CA: Eu acho que foi um bocadinho das duas hipóteses que abordastes. Porquê? Ao longo do tempo fomos tocando as músicas que foram crescendo com a interacção que obtivemos junto das pessoas, o que o público dizia e o que sentíamos que era a música ao vivo, mas também foram pensadas exclusivamente depois para o alinhamento, decidimos em conjunto o que achámos que soaria bem e que melhor construiria um discurso e não apenas um conjunto de músicas dispersas sem um conteúdo.

Escreveste a maior parte das letras e sei que são muito pessoais, o que te inspira para escrever músicas?
AC: Já me disseram por várias vezes que são letras muito pessoais, o facto é que todos temos experiências de vida diferentes, a minha não tem nada de especial, é super vulgar, mas a verdade é que temos de pensar em algo que ajude a escrever e construir músicas. Baseio-me no momento, acima de tudo em coisas que acontecem à nossa volta, acontecimentos de que quero falar. Alguma das ideias para construir temas aparecem sem dar por elas, surgem, por exemplo, numa paragem de autocarro pelo simples facto de estar sozinho, deu-me vontade de escrever aquela letra, que faz parte do último álbum e se calhar mais tarde vai ser compreendida de uma forma diferente pelas pessoas que a estão a ouvir, julgando que estou a dizer algo diferente, no entanto, estava a ter uma ideia que não vai ser compreendida da mesma forma, mas as palavras tem isto.

E quando as pessoas te abordam sobre os temas e acabam por exprimir algo que nada que tem a ver com o que escreveste, gostas dessa multiplicidade de ideias?
CA: Na verdade gosto, de sentir que as nossas canções e as nossas letras acima de tudo possam levar as pessoas a pensar, o que é isto? É transporta-las para realidades diversas e nesse sentido as pessoas tem de ter a liberdade de construir as realidades como as vêem. Qualquer um de nós quando lê um texto vai interpreta-lo de forma diferente, por isso, é que existem diversos pontos de vista e a música tem essa particularidade de abrir um campo de possibilidades tão grande aos que estão a ouvir que lhes permite prazeres diferentes. É verdade que as nossas letras são mais abstractas, é a minha maneira de escrever, uns poderão gostar mais e outros menos, mas eu acho que é uma experiência interessante poder tentar perceber o que quis dizer e experimentar aquela letra ligada aquela música em ambientes diferentes e acho que isso faz todo o sentido.

Fala-me do novo álbum, com a experiência que tem não só em palco, mas também pelo facto de já terem editado um disco, o que este novo trabalho traz de diferente em relação ao anterior?
CA: Este último álbum é particular.

Em que sentido?
CA: Estas canções foram crescendo à medida que as tocavámos, e antes de serem álbum, foram sendo tocadas ao vivo na tournée que realizámos posteriormente à saída do disco anterior e quase como um convite perguntaram-nos se não queríamos pegar nessas músicas e fazer um álbum com elas e depois começar a trabalhar num terceiro álbum do zero, que seria uma experiência nova. Aceitámos o desafio e construímos este trabalho com as canções que achámos que eram interessantes e se ouvir com atenção este é mais calmo, mais centrado nos ambientes e tudo teve a ver com esse crescimento ao vivo.

Como intitularam esse novo trabalho?
CA: "De um tecto igual a nós", posso explicar o título, nós construímos uma sala de ensaios, onde também guardámos as ofertas de alguns amigos, coisas que tínhamos oferecido uns aos outros, as imagens da nossa tournée e como alguns dos temas foram gravados nesse espaço, sob esse tecto, achámos que fazia todo o sentido para o segundo álbum. Foi um trabalho lançado em 2013.

Qual foi o feedback?
CA: Ao contrário do disco anterior, este trabalho não foi lançado através de uma editora, actualmente há uma grande facilidade de fazer este trabalho pessoalmente, queríamos ter mais "mão" em tudo e na verdade foi uma experiência fantástica, porque conseguimos juntar todos aqueles amigos que fomos ganhando ao longo desta viagem que é a música, são músicos que quiseram participar nesta construção até como artistas na capa e todos reagiram bem a este álbum. Neste momento estamos parados, uma vez que, o meu irmão foi pai, é o baixista, e pediu-nos um tempo para organizar-se. Estamos já a preparar algumas surpresas para os concertos ao vivo, realmente um dos poucos sítios de Portugal onde nunca fomos tocar foi à Madeira, esperámos um convite um dia destes.

É um EP?
CA: Não definimos muito os nossos trabalhos, tem cerca de 35 minutos, era o ideal, as músicas ideais, mais não queríamos, menos também não, damos a possibilidade de o ouvirem gratuitamente, de fazerem o seu download e depois darem a sua opinião.

O "homem mau" tem um percurso de 10 anos, olhando para atrás o que pensas sobre tudo isso?
CA: Estes 10 anos passaram a correr basicamente, quase não o sentimos, tem sido uma experiência fantástica que quase se dilui nas nossas vidas, faz parte delas, as canções, os concertos e já tocámos em palcos que nunca sonhámos. Fazemos música por amor, o tocar com as figuras que tocámos e passar por Portugal inteiro e sobretudo, podermos expressar na forma de arte que escolhemos, fazer com que as pessoas nós vão ouvir e sentir a gratidão por aquilo que fazemos isso faz-nos obviamente felizes.

E Portugal gosta dos seus músicos?
CA: Portugal somos nós e os músicos também. Não gosto de ser fatalista e dizer que o país não é bom para os artistas, nós temos esta cultura e temos de viver com ela, os músicos tem de fazer aquilo de que gostam e na minha opinião quando se faz o que se gosta não se tem de estar a queixar. Somos felizes, podíamos ter mais? Se calhar.

Quando pretende lançar o terceiro álbum?
CA: Nós somos pouco certos em datas. Poderei dizer que sairá no próximo ano e se calhar vou falhar a previsão (risos).

http://www.homemmau.net/

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