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Sarinha

Escrito por 

Sarah linhares é uma jovem cantora que aposta em novas dialéticas musicais que reflectem modernos universos sonoros. Um rumo, para esta jovem canadiana descendente de madeirenses, que encara com muita jovialidade e confiança no futuro, tal qual sua música.

O teu primeiro trabalho discográfico "pura vida" surgiu de uma viagem até a Venezuela. Porquê este país?
Sarah Linhares: Fui até a Venezuela, porque trabalhei com o meu antigo namorado. Eu sempre gostei da música sul-americana, os ritmos latinos, o samba e tive essa oportunidade de trabalhar com músicos oriundos desse país.

O álbum só surgiu nessa altura ou já tinhas essa ideia quando partistes do Canada?
SL: Eu trabalhei num disco de música venezuelana, que foi gravado lá e que acabou por não sair, porque havia muitas diferenças artísticas. Dessa experiência surgiu o "pura vida" que é uma única faixa, porque ao início eu não sabia como podia trabalhar em termos musicais. Nesse projecto conjunto eu tive ao meu dispor uma série de músicos e quando a relação acabou não sabia como fazer músicas novas. Comecei então a procurar outras pessoas, com quem gostei de trabalhar e perguntei-lhe se podíamos fazer música juntos e o resultado é "mesages from the future".

Então o que pudestes retirar desta experiência foi essencial para criar este teu primeiro álbum?
SL: Sim, tem algumas influências, mas este trabalho é mais urbano.

Tu apelidas este estilo de future soul, porquê?
SL: Sim, porque eu penso que tem sons do espaço e gosto do conceito de futuro associado à música e o soul embora não seja o meu estilo musical, porque é uma sonoridade mais velha. Eu pensei em idealizar novos sons a partir do electrónico e misturei ainda r&b. Acho que é diferente.

 

Notam-se nas diversas faixas várias influências musicais, contudo porque escolhestes uma sonoridade mais electrónica em vez de uma banda, porquê?
SL: Eu gosto das sonoridades electrónicas. Faz muito tempo que me atraem e ainda mais com soul. Embora aprecie ouvir instrumentos, gosto deste tipo de música para dançar, para espairecer, para sentir emoções. Eu comecei a dançar nas festas de música electrónica e quando escrevi alguns dos temas, comecei com músicos desta área. Considero que é o futuro, mais do que os sons instrumentais e mais clássicos.

 

No entanto, tens uma educação musical clássica, começaste a cantar num coro de igreja gospel. Como é que uma rapariga luso-irlandesa, nascida no Canada, vai parar a um coro de gospel?
SL: Eu sempre tive uma grande conexão com música que tem muito de saudades, que é uma força, quase triste e o gospel permite as pessoas exteriorizar tudo o que é difícil na vida. Eu gosto das harmonias e as vozes são lindas, pensei que se estivesse num coro desse género era-me mais fácil cantar as minhas canções e também tenho uma grande empatia com esse tipo de sentimentos. Quando te sentes triste é normal transporta-lo para a música.

Em "mesages from the future" há um segundo sentido, por um lado a procura do futuro e por outro?
SL: Tem algo de amor, mas num outro sentido, é o apaixonar por mim mesma, permitir dizer-me que estou bem, apesar de estar profundamente triste. Há uma faixa, "sarinha" é uma canção que escrevi sobre mim, sobre a minha infância, sempre foi tímida e foi difícil escolher a música por causa dos meus pais que não entenderam a minha escolha. Durante algum tempo temi optar pela música. Tive mesmo dificuldade em aceitar quem sou e o que queria ser e usei este álbum como forma de conferir-me força para o futuro. Superei alguma autocensura nesse processo.

E agora viestes até a Madeira, conhecer as tuas raízes maternas e também para criar, como é que esta experiência tem influenciado a música que fazes?
SL: Desde que estou aqui tenho procurado explorar os sentimentos que tenho no mais profundo do meu coração. Não sei como explicar por palavras. O que constato é que sou mais emocional, todo o tempo, até quando acordo, sinto-me muito feliz, mas há também uma certa tristeza. Eu não sabia, mas acho que vim para cá para mudar a minha vida. Falo muito de saudades, há uma parte de mim que esta crescendo e sinto-me muito viva, gosto das pessoas, da ilha e de mim.

Depois desta passagem pela Madeira, pretendes seguir até Lisboa para misturar e melhorar algumas das canções.
SL: Exacto, com o Felipe Campos que tem uma grande experiência com instrumentos e produção musical. Na Madeira, pela primeira vez, tenho feito tudo sozinha, a composição, a voz e música através do computador. Tudo o que programar vai ser trabalhado, com ele posso fazer mais e melhor. É bom também no sentido de que sempre podes ouvir outra opinião.

Vais continuar neste registo do "future soul" ou vais mudar de sonoridade?
SL: Penso que este novo trabalho talvez seja mais pop electrónico e soturno ao mesmo tempo. É muito difícil de explicar.

O que mudou da imagem que tinhas idealizado através dos relatos da tua mãe e da tua avó da ilha e o que constatas agora? É muito grande a diferença?
SL: Nesta primeira vez tudo é novo, mas sinto uma ligação, com a gastronomia, com as flores, com as plantas e com os hábitos. A minha mãe e a minha avó tem sempre muitas flores no Canada, mais no verão do que no inverno. Também há um maior sentido de família, dos encontros onde se come, bebe e convive entre todos. Eu conheço esse lado e não estranhei. Elas sempre falaram da ilha com muita emoção, minha avó mais do que a minha mãe que saiu daqui com apenas 9 anos. Ela contava que comia amoras selvagens e figos das árvores quando namorava com o meu avô e eu pensava que era uma ilha de fantasia. Agora, não sou mais criança, vejo tudo, provo os sabores, faço novos amigos e penso que é mágico e creio que entendo a minha avó. Não deixa de ser diferente, porque estou sozinha, mas tive sempre essa fantasia de vir, porque tinha todo esse imaginário nas fotos espalhadas pela casa.

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