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Uma fusão electrizante

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O amor electro é uma fusão de estilos musicais que colidem harmoniosamente criando um som inusitado. O carmo e a trindade é o álbum de estreia que confirma o talento destes músicos provenientes de projectos anteriores. Um disco inovador que faz também uma viagem pelo imaginário da música portuguesa dos anos 80, com versões mais actuais e apelativas para as novas gerações. Este projecto musical não se esgota nessa dinâmica, a máquina é disso um exemplo, do que ainda esta por vir e esperemos que por muito tempo.

 Li numa entrevista que houve uma certa pressa em terminar o disco e por falta de tempo existem poucos originais neste álbum.

Tiago Dias: A única pressa que tivemos é que o contacto feito pela editora era fazer um álbum com versões e foi assim que tudo começou. Mais tarde,nos apercebemos quando já estávamos de certa forma a compor o disco, que sentíamos a falta de fazer os originais. Os timings já estavam estipulados, podem chamar-lhe pressa, havia um deadline e dentro desse timing não conseguimos fazer mais. Não fizemos isso à pressa, foi só uma questão de tempo.

O conceito de fazer um tipo de música de fusão, com vários estilos musicais, foi pensado desde inicio, foi propositado quando criaram a banda?

Marisa Liz: Não foi pensado nenhum conceito para aquilo que saia. Nós juntámos para fazer primeiro uma banda para eventos e fazer versões. A partir desse momento, criou-se ali uma linguagem mais nossa. Quando passamos disso para os originais, para voltar a mexer nas versões que queríamos ter no disco, foi muito natural e não foi pensado. Claro que, tínhamos quatro influências que tinham de ser juntas, num bolo quase, mas foi muito fácil. Depois o Tiago orquestrou toda essa junção e tirou partido do melhor das influências de cada um. Foi o que aconteceu.

Foi difícil chegar a uma editora tendo em conta que estavam a fazer essa experiência musical?

TD: Curiosamente, acho que é preciso ter sorte nos dias que correm. Foi quase uma daquelas histórias dos anos 70, em que as editoras andavam atrás das bandas. Foi o que aconteceu connosco. Agradecemos imenso por isso. Já brincaram na editora sobre essa questão, na altura, estavam constantemente a telefonar-nos. Para nós, não foi difícil nesse aspecto, porque de facto a editora contactou-nos, estava interessada no nosso trabalho, não tivemos que alterar nada, fizemos sempre aquilo que queríamos e acataram as nossas decisões. Foi fantástico.

A escolha das versões teve em conta que foram bandas e músicas que vós influenciaram como músicos?

ML: Foram as músicas principalmente. Nós podíamos ouvir temas que gostássemos todos. Algumas dessas versões já vinham de uma banda anterior. Eram realmente músicas que gostaríamos de ter feito, não fizemos e gostaríamos de dar a conhecer o nosso ponto de vista sobre a música. Achámos que pode ser um risco, mas gostamos de corre-los, porque foi um prazer fazer o disco.

O fado foi um desses riscos? É um dos mais emblemáticos da Amália.

ML: Sim, apesar de ser uma música brasileira. Eu já em projectos anteriores tinha tido essa experiência e assumido esse risco. Ao contrário do tema da Amália, estava habituada a cantar temas da velha guarda. Esse risco não é pensado, tu não pensas se as pessoas vão gostar ou não. O primeiro intuito de todos nós, é gostarmos. Eu gostava muito de cantar este tema, de dizer este poema e parte daí. Tudo o resto é posterior e a consequência. Caí o Carmo e a trindade se as pessoas gostarem, também vai cair se não gostarem. Para nós isto é o que queremos fazer. Se as pessoas gostam ou não, não depende de nós. Foi completamente sincero.

Dizem-se uma banda que prefere os concertos ao vivo. Não gostam de estar em estúdio é isso?

Ricardo Vasconcelos: Nós também gostamos, mas o que faz-nos sentir melhor é contacto com o público. E é isso que nos identifica, é essa relação, desde o primeiro concerto, que gostamos.

E como foi esse primeiro concerto?

RV: Foi muito bom, foi uma surpresa para nós, porque só nos conheciam da gala da SIC, foi a nossa primeira aparição. Nesse concerto, demo-nos de conta que as pessoas cantavam a máquina, que tinham ouvido uma vez e essa boa relação começou aí. Daí dizermos que a nossa vida é ali, em cima do palco e não em estúdio.

Acham que como banda o tema, a máquina, vai ficar muito associado aos amor electro, visto ter tido um sucesso imediato e estar a quatro meses no top nacional?

TD: Acho perfeitamente normal isso estar a acontecer, como foi o primeiro single lançado. Está para breve o segundo e vamos ver qual é a reacção das pessoas desta vez. Não estamos muito preocupados com isso.

RV: Isso no fundo acontece com muitos músicos. O Rui Veloso já gravou muitos álbuns e o Chico fininho vai ser sempre a marca. Isso no fundo acaba por ser um desafio para nós, que é estarmos a superar o trabalho anterior.

ML: Acho que neste disco não há qualquer medo da nossa parte até porque um tema é um tema. Não dá para comparar, portanto tu vais buscar emoções diferentes. São músicas diferentes. A reacção que temos tido é muito próxima, as pessoas gostam da nossa música e ainda bem. A reacção tem sido muito positiva, aos temas todos. A máquina chega a todos mais depressa, mas parece-me que temos alguns trunfos na manga que, para nós também são valiosos.

Vocês são o tipo de músicos que consideram que escrever temas em português é difícil?

TD: Eu acho que é como em tudo, uma boa letra, seja em que língua for, é difícil de escrever. Uma boa letra em inglês é difícil de escrever. O mesmo em francês. Simplesmente, tem a ver com a fonética e não passar a barreira do brejeiro, ter uma letra clara, sem ser vulgar.

ML: Acho que torna-se mais trabalhoso e tens de passar essa barreira. Às vezes, queres dizer determinada coisa de uma forma directa e há muitas palavras que condicionam esse raciocínio. Deves ir por um caminho mais leve, só se torna difícil para quem tem esse preconceito e eu não tive ao escrever esta letra. Acho que se soar brejeiro, se soar leve, é aquilo que queremos dizer.

TD: Acho que tem a ver com a interpretação que dás. Podes ter a mesma letra e ser interpretada de duas formas diferentes. Uma transporta-te para um ambiente vulgar e outra não. Depende da pessoa que está a cantar e as melodias que são criadas para essa letra, a junção de tudo é que irá ditar se é uma boa canção ou não.

A linguagem visual do teledisco é muito retro. Foi propositado?

ML: Gostámos de moda e de brincar com a nossa imagem. Não temos medos, nem receios de alterar-nos fisicamente. Acho que ninguém vai fazer operações (risos), mas fora isso, vale tudo. Faz parte do espectáculo e de conciliarmos uma arte com a outra. Há um seguimento e achamos que era uma imagem bonita e forte, que tinha a ver com aquele tema e que queríamos mostrar naquele momento. De hoje para amanhã não sabemos o que nos pode aparecer á frente.

http://www.myspace.com/amorelectropt

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