Abordemos o teu novo desafio musical como vocalista dos Madredeus, em Essência, o novo álbum cujos temas foram retirados do antigo repertório do grupo, sei que para este álbum tentastes não ouvir os temas cantados pela Teresa Salgueiro.
BN: Sim, é verdade, inicialmente estive tentada para ouvir, mas rapidamente percebi que era um risco muito grande. As interpretações são tão fortes e fantásticas, muitas delas já conhecia, e eu percebi que se continuasse por esse caminho iria ficar influenciada. Eu tinha de olhar para estas partituras como se fossem peças clássicas. Então, tive a sorte de só olhar para o texto escrito musical e fazer a minha interpretação. É uma pauta em cru e eu tirei daquelas notas a minha interpretação, claro, que com muita ajuda do Pedro Aires.
E o que sentiste no teu primeiro concerto como vocalista dos Madredeus, porque havia uma grande responsabilidade.
BN: Lembro-me perfeitamente dia 14 de Abril de 2012, nas Caldas da Rainha, nunca me hei-de esquecer estava nervosíssima, estava com um bocadinho de medo, claro, porque é sempre uma grande responsabilidade. Tive medo da comparação, ou que as pessoas não aceitassem, mas, aceitaram muito bem e foram tão carinhosas na recepção do projecto que a partir daí fiquei mais descontraída e acho que foi fantástico esse primeiro concerto.
Como tem sido a tournée não só em Portugal, mas também no estrangeiro? O que a Essência traz de diferente do resto do repertório dos Madredeus?
BN: A "Essência" traz um novo ensemble de cordas da qual faz parte o Luís Clode e portanto, essa sonoridade é mais erudita e intimista e a minha voz, a minha interpretação, que também trará algo de novo e com estas novas variáveis fazemos um reencontro com o repertório mais antigo, na verdade o mote era os 25 anos dos Madredeus. Começou em 2012 e o Pedro e o Carlos quiseram escolher um conjunto de canções de todo o percurso e daí o nome essência.
Então qual é o teu próximo passo em termos musicais e de carreira?
BN: Neste momento quero mesmo terminar o meu curso, que desde que estou com os Madredeus ficou parado, bem não de todo. Mas, pretendo conclui-lo, o curso de canto jazz na Escola Superior de Música de Lisboa e talvez queira aperfeiçoar a técnica clássica, agora lá esta, regressar com outra maturidade. Tenho também um quarteto com o Jorge Moniz, o Luís Barrigas e o Mário Franco, toco na "Big Band" do Barreiro e estou em várias formações em jazz. O meu grande sonho seria lançar um projecto com músicas minhas, as minhas ideias.
E os Madredeus?
BN: Os Madredeus estão ainda na estrada, vamos este mês para o Brasil e até o final do ano temos mais datas marcadas em outros países. Vamos ver o que se segue há ideias de fazer outras coisas, novas músicas para um novo CD e estamos a trabalhar nesse sentido.
Como é que chegaste a banda?
BN: Foi da forma mais inesperada. Soube que estavam a fazer audições através de um maestro com quem trabalhava na altura num coro, que me disse que achava que eu era indicada. Eu jamais pensei que ia conseguir, mas foi tentar a minha sorte, havia muita gente e é uma questão de sorte e tenho muito que agradecer.