
1hora, ou 60 minutos, ou 3600 segundos foi o tempo necessário para sensibilizar as populações da ilha para as alterações climáticas. Uma iniciativa global que teve lugar na localidade de Santa Cruz, no dia 29 de Março, através de uma parceria entre a Câmara Municipal e a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).
Sob os auspícios de uma noite fria cravada de estrelas, a Quinta do Revoredo, foi o palco privilegiado para um evento ambiental global promovido anualmente pelo World Wildlife Fund (WWF), um apagão que teve lugar precisamente às 20h30m.
A ideia baseia-se na realização de uma redução luminosa em cidades de todo o mundo, tentando alertar as populações para as alterações climáticas e sensibilizar para a proteção do ambiente. No oitavo ano consecutivo, este acontecimento é hoje o maior evento mundial de ação ambiental, no qual governos, empresas e população demonstram a sua preocupação com o aquecimento global, apagando as suas luzes durante sessenta minutos, como foi o caso de Santa Cruz, através de uma acção entre SPEA e a edilidade local. Segundo Cátia Gouveia, porta-voz desta organização não-governamental na Madeira, a iniciativa surgiu através de um contacto inicial com "a equipa de vereação da Câmara Municipal local, que se mostrou extremamente recetiva à realização deste evento. Sabendo que a proteção do ambiente e conservação da natureza são também prioridades do município, surgiu a ideia desta iniciativa conjunta entre as duas entidades. Além do apagão e evento musical na Casa da Cultura, esteve também patente uma exposição sobre a campanha "Salve uma Ave Marinha" e foram realizadas sessões de educação ambiental nos estabelecimentos de ensino do concelho. Acreditamos que esta foi a primeira de muitas iniciativas conjuntas entre a SPEA e o Município de Santa Cruz".

A poluição luminosa é actualmente um problema global que afeta particularmente as aves marinhas, já que, de acordo com a biológa, "as aves tiveram de desenvolver uma série de adaptações, para conseguirem sobreviver num meio tão hostil como o oceano, e só vêm a terra na época de reprodução. Este regresso é feito ao início da noite, evitando assim o ataque por predadores (cães, gatos, gaivotas). Devido aos seus olhos sensíveis, elas são atraídas pela iluminação das cidades, acabando muitas vezes por embater com edifícios e automóveis. Nestes casos, a ave encandeada perde o controlo e acaba por cair indefesa no solo, tendo dificuldade em levantar voo em direção ao mar. Sabendo que inúmeras aves sofrem com a poluição luminosa no arquipélago da Madeira, a SPEA desenvolve a campanha "Salve uma Ave Marinha", desde 2009. Esta iniciativa ambiental que, conta com a realização de ações de educação ambiental, brigadas para recolha de aves encandeadas, assim como outros eventos de divulgação.
Nos últimos anos, a SPEA tem vindo a desenvolver diversos trabalhos junto dos municípios da Região Autónoma da Madeira, e em parceria com a Empresa de Eletricidade da Madeira, "no sentido de minimizar o impacte da iluminação pública na avifauna. Aliando este nosso compromisso, à celebração da Hora do Planeta, desenvolvemos este evento de carácter ambiental na Casa da Cultura de Santa Cruz, conjugado com um apagão em algumas artérias da cidade e um espetáculo musical simbólico que primou pela não utilização de energia elétrica. Pretendemos que durante estes 60 minutos a utilização de energia fosse reduzida ao máximo, demonstrando desta forma o nosso compromisso para a proteção do planeta e redução dos efeitos das alterações climáticas" como conclui.
http://www.wwf.pt/
http://www.spea.pt/pt/