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A promessa

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Está crónica pretende “viajar” pelo monumento da Nossa Senhora da Vitória, mais conhecido por Mosteiro da Batalha. Um dos melhores exemplos arquitectónicos do estilo gótico no nosso país.

No ano do senhor de 1385 passados 14 noites do mês de Agosto, na véspera do dia da Assunção da Nossa Senhora, estavam os espanhóis e os portugueses a preparar-se para uma batalha, para decidir quem iria ficar com o trono português, quando num momento de profunda introspecção religiosa, Dom João, o mestre de Avis, fez um voto a virgem, se viesse a ganhar esta batalha, iria mandar construir um monumento grandioso em sua honra naquele local. E foi assim que tudo começou…Este é o prelúdio da minha visita guiada por um dos monumentos mais importantes da história de Portugal e um dos mais emblemáticos da arquitectura gótica no nosso país. Quiçá do mundo. Venha daí.

São cerca de 130 quilómetros que separam Lisboa da Vila da Batalha, onde se situa o mosteiro. A primeira impressão que se tem à chegada é que embora haja uma localidade em seu redor é este monumento que domina a paisagem, não pela sua grandeza em termos de escala, impõem-se pela sua beleza estética. É ricamente decorado por uma espécie de rendilhados que enriquecem o conjunto e terminam com um aviso, as gárgulas, as guardiãs deste templo monacal.

É um monumento que parece erguer-se em direcção ao infinito. Mal atravessamos a entrada principal, somos dominados por três naves verticais com coberturas em abóbadas que terminam numa principal radiosamente alva e leve, adornada de vitrais que contam a história das cruzadas e com um pormenor curioso, estrelas! As ogivas são profusamente decoradas com motivos vegetais estilizados, marítimos e esferas amilares, símbolos do reino.

A capela do fundador, situado à direita, é onde está sepultado o rei que provocou a dita batalha, Dom João I, mestre de Avis, filho bastardo de D.Pedro I, acompanhado neste sono eterno pela sua consorte, Dona Filipa de Lencastre, rainha de Portugal. A ladear os túmulos régios, á sul, temos os sepulcros de seus filhos. Há um em particular que quero salientar, o sarcófago do infante, Dom Henrique, o navegador. Foi este príncipe real que empreendeu as descobertas marítimas portuguesas. À medida que percorremos mais divisões, eis que desembocamos nos claustros, embora na origem da sua construção esteja uma batalha, este templo foi habitado por frades dominicanos. Não deixa de ser irónico. Neste espaço interno somos confrontados com várias dependências monacais. Mas, o mais curioso da nossa visita ainda está para vir. A entrada faz-se através de uma exuberante porta de pedra ricamente esculpida, lembra a arte mudéjar, de inspiração árabe, com 15 metros de altura, no chamado estilo manuelino, alusão ao irmão do navegador, o El-rei Dom Manuel, para as chamadas capelas imperfeitas. O mosteiro embora edificado no reinado de D.João I, nunca foi verdadeiramente terminado ao longo dos séculos. As sete radiantes são disso um exemplo, em forma octogonal, são ligadas entre si por uma construção mais pequena que servia como sacristia para os monges. Aliás, o templo é uma confluência de vários estilos arquitectónicos, derivado dos gostos dos reis que foram sendo sepultados neste monumento. É acima de tudo um legado da chamada geração de Avis, uma das mais brilhantes que governaram o então reino de Portugal e merece só por isso uma visita.

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