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Edimburgo, a cidade guerreira

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"Enquanto mais uma centena de nós permanecem vivos, nunca iremos sobre quaisquer condições submeter-nos ao domínio Inglês. E, na verdade, não é pela glória, nem a riqueza, nem as honras que estamos lutando, mas pela liberdade - só por isso, que nenhum homem honesto desista senão com a sua própria vida". Rei Robert de Bruce I.

Os portugueses e os escoceses tem mais em comum do que se pode pensar. Em primeiro lugar, são ambos pequenos países em termos de território. São povos com almas guerreiras, são resilientes e ferozes na sua identidade nacionalista. Embora, os escoceses não sejam uma nação independente, sempre lutaram, sempre almejaram, ser uma nação. A história escocesa está cravejada de grandes heróis que lutaram pelo reconhecimento da Escócia como país. É deveras um território fascinante pelo seu legado histórico e pelas suas paisagens verdejantes. A nossa jornada começa em Edimburgo, uma cidade dominada pelo seu Castelo com o mesmo nome. Este monumento é um palco privilegiado das convulsões políticas e guerras que marcaram a história deste país. Ao entrar pelos seus portões maciços somos conduzidos por um passadiço de pedras até o edifício principal, a sala da coroa, onde se encontra a chamada pedra do destino, o assento de arenito com lendas gravadas de como se coroavam os reis da Escócia e as jóias dos soberanos. Das ameias que circundam o castelo avistámos a paisagem esculpida de cinza que domina a arquitectura da cidade sem fim à vista, Edimburgo estende-se pelo infinito.

Ao descer pelas ruas largas e sinuosas uma das paragens obrigatórias é o museu nacional escocês. Não pela sua beleza arquitectónica, mas sim pela magnífica visita pela história deste país. Na entrada, uma frase domina a nossa atenção, é uma citação (no topo to texto) de um dos maiores guerreiros escoceses e sem ele, Robert de Bruce, provavelmente a Escócia teria deixado de existir como nação. Ao contrário do filme de Mel Gybson, Braveheart, que deturpa inúmeros factos históricos, embora William Wallace tivesse existido, não é o seu maior herói escocês. De Bruce foi. Ao sermos esclarecidos pelos guias que nos acompanham, passamos para a sala onde esta depositada a cripta de da rainha Mary, a tal que foi executada à traição por ordem de Isabel I, com alguns dos seus objectos pessoais e um dos mais curiosos é uma esfera muito decorada feita de prata com uma longa corrente que era presa ao vestuário de rainha e que continha várias flores e plantas que serviam para perfumar sua majestade, adivinhem para quê? Bem, para aqueles que não sabem, não se tomava banho nesta altura e como tal era necessário perfumar as vestes para disfarçar os odores corporais. URG!

No piso seguinte, mais um guerreiro escocês. O Bonnie Prince Charles, ou melhor, Charles Eduard Stuart, ele deve sua alcunha ao facto de ser muito bonito. Aos 24 anos liderou uma revolta para restaurar a monarquia católica na Escócia e a Inglaterra, embora tenha ganho algumas batalhas foi derrotado e teve de fugir imaginem, disfarçado de mulher. O exército inglês ofereceu naquela época 1000 libras a quem o entregasse as autoridades. Ninguém o fez e assim, ele conseguiu fugir para a França onde veio a falecer. Reza a lenda que um dia bonnie retornará num nevoeiro para salvar a Escócia. Lembra-vos algo?

Fazendo uma pausa na história, saímos e percorremos as ruas da cidade até a milha real, desde Lawnmarket, High Street e Canongate, onde os amantes do whisky podem visitar um o scoth whisky heritage centre para apreciar todo o processo de produção de uma das bebidas alcoólicas mais famosas do mundo. A milha continua com as suas lojas de tartan, o tecido que é utilizado na confecção dos não menos famosos kilts. Fazemos uma visita guiada pela manufacturação e corte com os diversos padrões quadriculados. Podemos toca-lo, é mais pesado ao toque do que imaginava, trata-se de lã pura proveniente das ovelhas que pastam nas Highlands e o seu preço final reflecte esse labor minucioso.

No final da tarde desembocamos num dos jardins mais bonitos da cidade, o parque Holyrood. Era o antigo local de caça dos reis escoceses, ocupa 263 hectares e o seu ponto mais alto é um vulcão extinto, o Artur's seat, outro miradouro espantoso da urbe. Para a nossa sorte, decorre o famoso festival de artes, o Edimburg Fringe, que só acontece em Agosto. É o maior do mundo, onde decorrem em simultâneo vários espectáculos de teatros, música e dança nas ruas da cidade. São grupos provenientes um pouco por todo o mundo que salpicam a paisagem urbana de som, muita cor e movimento. No final do espectáculo, somos convidados a depositar uma moeda para ajudar os artistas convidados. Nesta altura do ano, a cidade segundo dados veiculados pelos jornais locais, alberga 500 mil pessoas, ou seja, o dobro da sua população. Todo um feito para a capital do mundo escocês. O meu périplo pela urbe termina aqui. Até sempre.

 

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