Um dia recheado de música portuguesa junto do anfiteatro natural da cidade do Funchal
Uma tarde carregada de suor é refrescada pelos primeiros acordes do chill out que se ouve no recinto, á medida que o relvado se vai enchendo aos poucos de jovens ansiosos cheios de adrenalina. Grupos vão acomodando-se em semicírculos na erva à espera da primeira banda que vai fazer as honras da casa do Funchal Music Fest. Os dul n’ nouk white sobem ao palco, numa triple estreia para estes jovens músicos. São a primeira banda a tocar, “inaugurando” o palco principal do live 2011a primeira edição deste evento musical e são os primeiros madeirenses a ter esse privilégio. Nada mau. A vocalista Barbara Branco treme na voz, perante o mar de olhares ansiosos. Um tom hesitante que se desvanece a medida que o sol se põe no horizonte. Recuperando desse início periclitante, a banda ataca o público com garras e dentes. São temas como “slide the blue” e alguns covers que entusiasmam a multidão que já se congrega no parque santa Catarina.
Final de tarde. O calor envolvente cede finalmente ao sabor da brisa que acaricia as árvores deste belo recinto multicolor. Quase que inesperadamente, os ânimos aquecem de novo, perante a chegada ao palco de uma das melhores banda em palco da noite. Os expensive soul. A dupla simplesmente electrizou com a sua música cheia de alma e de sonoridades virais que impelem para a dança. A empatia gerada por Demo e o New Max foi imediata. O público delira, dança e entoa ao mesmo tempo, as melodias que arrasaram os charts nacionais. O amor é mágico lançou um feitiço sobre a multidão que não parou de dançar. O tema tá-se bem confirma a boa disposição e a energia positiva que este duo transmite em palco e que funciona num festival de música ao vivo. As trompetes envolvem-nos como se fossem abraços, com sons ondulantes ritmadas, como ondas, que são o prelúdio para “fala disso, esquece isso, eu não percebo como ainda estas cá”. Mas, eu percebo porque eles ainda deveriam estar lá no palco, o público pede um ancore. E o nosso mundo é mágico. Tão mágico que só poderia ter espaço para a próxima banda, os the gift, um regalo musical, um bombom para uma noite coberta de estrelas. Mal refeitos da tanta energia em movimento, Sónia Tavares impõem a sua presença na penumbra, sem ser vista, apenas ouvida. É uma voz cálida e poderosa que dá as boas vindas a uma das melhores bandas de pop português. A música “suit full of colours” faz a abertura de um concerto que será memorável. É a serenidade aparente que explode nos temas seguintes do novo álbum e em alguns conhecidos do público. É assim que o recinto reage, em uníssono como um organismo uno e vivo. Entre ondas de braços no ar e pequenas luzes, que iluminam a mais pálida das noites. Always is better if you wait for the Sunrise. Até o próximo ano.