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Maktub, o que estava escrito

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É o local ideal para passar umas férias longe de tudo e de todos. Venha daí conhece-lo, faça esta viagem com o Henrique Afonso.

Comprei uma casa muito velha, mesmo muito velha. Estava já abandonada a vários anos. Achava irónico que eu que odiava tanto este sítio, agora tenho um poiso aqui. Fui fazendo obras ao longo do tempo, sempre com a ajuda dos meus amigos, e foi um deles que sugeriu o nome, Maktub. Porquê e o que isso? Quer dizer estava escrito, em árabe. Era o meu destino voltar ao Jardim do Mar. Aquelas palavras ficaram gravadas na minha memória, relembrei todos aqueles anos fora daqui e sem saber bem como, voltei e comecei a fazer melhoramentos na minha casa, porque tenho três filhos. Construí um quarto para cada um deles, para terem o seu canto sempre que me viessem visitar. Aproveitei ainda mais o terreno e como tenho muitos amigos, criei um espaço só para eles. Foi assim como tudo começou. Tudo está feito para mim. Ao meu gosto. Não há uma peça que seja que esteja aqui, para agradar-te a ti, a aquele ou ao outro. Dá-me prazer partilhar e não gosto da solidão, estive trinta dias sozinho e já bastou, por isso convido sempre os meus amigos.

As festas e os convívios sempre atraíram muita gente e um dia um surfista americano pediu-me para alugar um quarto. Eu ao princípio disse que não. O Maktub não é para alugar, é a minha casa, mas acabei por recebe-lo. O passa-palavra fez o resto. O meu filho entretanto inicia-se no surf. Começa a arranjar as pranchas e com elas vêm os amigos, o Jardim do Mar, torna-se o paraíso ideal para a prática deste desporto radical e começo a receber surfistas de todos os cantos do mundo. Temos locais fantásticos nesta zona oeste para surfar, a Ponta do Tristão, a Ponta Pequena e o Paul de Mar. São três nesgas de mar onde não há muita gente, são ondas muito grandes e muito fortes, o calhau é perigoso, não são para qualquer surfista. Só para os mais experientes. Por isso, são muito poucos.

A minha casa parece às vezes um filme a preto e branco. Uns grupos acima dos 45 anos e outros com menos de 30 anos, todos ao mesmo tempo. É uma grande mistura de cores. Gosto disso. São muito activos, gostam de estar na água todo o dia, chegam a casa e convivem se for necessário toda a noite, falam muito. Com estas pessoas sentes que estas a rejuvenescer, todos os dias dou uma volta ao globo, sentado na minha cadeira.

yvette vieira

Maktub é um poiso para a minha tribo, quando há regatas, passam por aqui esses miúdos malucos, meus amigos, que percorrem grandes distâncias em barcos tão pequeninos, respeito-os muito por isso. De dois em dois anos, encontrámo-nos aqui. Convivemos. Contámos histórias. A minha casa, agora também, recebe outro tipo de radicais, os do parapente, que pairam ao longo da montanha e os do btt. São jovens doidos que descem de bicicleta pelas encostas, não sei bem como, porque não há caminhos traçados para esse efeito e ainda acolho, os caminheiros. Os que andam a pé pelas levadas e pelos percursos pedestres de grande beleza que existem por esta zona. Não sou um guia formado, mas de vez em quando reúno um grupo de pessoas e fazemos três dias de marcha. Gosto muito de andar a pé. Ou estou no mar, ou na montanha. Vou-me equilibrando-me assim. Agora tenho um bar, que também se chama Maktub, no Paul do Mar. É um local especial, onde não há televisões, nem outro tipo de distracções, é um sítio onde sem conheceres ninguém começas a conversar. A música é reggae e também é a minha cara. É a minha outra casa.

Depois há o Sebastião, Sebastian para os estrangeiros. Se vieres até a minha casa vai conhece-lo. É um cão muito especial, já sulcou os mares, partilhou mil aventuras comigo e com a milha filha, a Andreia. Só o acolhi, porque ela mo pediu. Ele gosta do mar. Como todos os meus filhos. É um óptimo companheiro de viagem. Rosna quando pressente que algo está mal. Não faz as suas necessidades na embarcação, prefere ir até a proa. Agora que está mais velho, gosta de estar mais em terra. Às vezes desaparece durante dias seguidos, vai com as pessoas de quem gosta percorrer a montanha, ou até a casa de alguns vizinho, um dia até saiu uma fotografia dele no Diário de Noticias ficámos surpreendidos, é o animal mais amistoso que conheço. Só ladra a três pessoas. Não gosta delas. São de cá e como foram maldosos com ele, o Sebastião não esquece. Ele é conhecido em toda a ilha. No mundo. Ele até já entrou no metro de Madrid e nunca houve problema. Só lhe falta falar.

E a Andreia, a minha filha. O meu braço direito no Maktub. Uma marinheira consumada e praticante de surf. Todos os meus filhos foram ensinados a gostar do mar. Ela não é excepção. Tudo começou por um castigo, ela não estava a progredir na escola e veio comigo numa viagem. Ela é a senhora da casa, que providência tudo, inclusive tratamentos de belezas para as nossas hospedes. Por isso, se gostou do que leu, venha até aqui e seja feliz.

http://www.jardimdomar.net/

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