Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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O mecanizador em sagração da ilha

Escrito por  yvette vieira fts josé zyberchema

 

Mickaella Dantas criou a coreografia em quatro dias. "Eu cheguei faz um tempo a ilha e queria fazer um espectáculo de despedida que já tinha apresentado no Brasil, mas sob outra perspectiva. Já tinha visto trabalhar a Ana Camacho e resolvi convida-la para experimentar um pouco. A ideia do personagem estava na minha cabeça que fiz como homenagem à Madeira e ao mesmo é uma espécie de crítica. É sobre a natureza, as pessoas, a estagnação da economia e como o tempo se reflecte nas pessoas, no seu modo de vida".

Dois corpos deslizam entre paredes interiores e exteriores de um espaço que é a ilha metamorfoseada. É mecanizador que vai alterando a paisagem que o rodeia, paulatinamente, substituindo os pequenos milagres da natureza por elefantes brancos que intimidando tudo e todos aqueles que se interpõem no seu caminho...um ser meio perdido nesse vórtice do progresso que tudo engole, que tudo vai alterando, lamenta seu triste destino. É um corpo que se contorce de tristeza, perante um fragmento do que foi a sua vida, do que a foi a sua existência pacata aparentemente impermeável e que afinal se esfuma na incerteza. Nuvens negras ensobram o recinto. A caixa de pandora abriu-se. E nada mais será o mesmo. Os corpos agitam-se, escalam paredes em gestos graciosos e intensos que dão lugar ao negrume, a não- esperança. Ao medo.

 

O mecanizador contra-ataca, não se comove, instiga e persegue todos os que não o acompanham essa corrida insana em direcção a miragem de um novo mundo. Uma realidade paralela onde apenas os que o seguem habitam e são premiados. Mais uma vez, o ser contempla esse universo e apenas vê o abismo, na penumbra vislumbra uma alternativa e deixa-se envolver pelas cordas que irão terminar permanentemente com o medo que o persegue. Que o continua a consumir. A sombra do mecanizador destrói a inocência da paisagem impoluta, as flores, as aves e as árvores transformando-as agora em cinzas petrificadas. Contudo, há luz no final deste túnel do tempo, para tal basta sonhar...

 

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