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Quando em roma sê romano

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É a minha perspectiva pessoal de uma viagem inesquecível.

A capital da Itália é considerada uma das cidades mais belas do mundo e não é por acaso. É uma das urbes mais fascinantes e ao mesmo tempo mais complexas que já conheci. Comecemos pelo centro histórico. A designação de cidade eterna faz todo o sentido, a cidade ergue-se sob a égide do império romano e há inúmeros monumentos que podemos visitar para recordar a influência de grandes figuras históricas do então mundo conhecido. O coliseu é uma dessas paragens obrigatórias. É uma estrutura em pedra imponente que nos remete para um passado cruel, onde bestas e homem morriam na arena para divertimento das massas. O fórum romano ficam mesmo ao lado e vale a pena passear pelas suas ruínas, na sua época era o centro nefrálgico do vasto domínio romano e onde Júlio César pereceu à traição, o local é de fácil acesso e o mais curioso é que as pessoas hoje ainda colocam flores e oferendas no que se julga ser o exacto local onde acabou por falecer.

A fonte de Trevi é outro dos pontos turísticos que merece uma visita, fica no conclave entre várias artérias comerciais e em frente ao panteão romano. Milhares de turistas visitam por dia este belo exemplar arquitectónico. Foi sentado no colo de Neptuno que vi d’artagnan pela primeira e última vez. Não é quem estão a pensar! É uma personalidade caricata da cidade, que decide quando entende invadir o fontanário e dizer que se vai suicidar com uma lâmina de barbear apontada ao pescoço, porque segundo ele, a sua vida não tem sentido, porque não consegue trabalho. A polícia como é natural, impediu o acesso ao local e tiveram de fechar a água para evitar que os três agentes que foram destacados para a tarefa de demove-lo do seu intuito insano não escorregassem e caíssem, perante uma audiência global que não parava de filmar e tirar fotos. O mais caricato foi a reacção de um grupo de espectadores americanos mesmo ao meu lado, turistas como eu, que se questionam pela completa ausência de meios de comunicação social. Onde estavam as televisões? Os helicópteros para filmar este acontecimento? E o aparato policial? Bem-vindos ao sul da Europa, meus senhores! Loucos há muitos é o que não faltam no lado de cá do Atlântico. É o sangue latino que nos sobe à cabeça. Como é evidente o nosso amigo não se queria matar! Li no dia seguinte numa pequena notícia, que já não era a primeira vez que tinha cometido tal façanha e afinal, pelo que parece também não gostava muito de trabalhar, porque no passado tinha tido ofertas de emprego que amavelmente declinou, como é evidente. O que ele gosta eu sei! Gosta é de aparecer, como diz e bem uma personagem dos contemporâneos. O mais estranho foi a sentença do juiz, que o proibiu de voltar a fonte de Trevi, em vez da multa que não podia pagar. A minha dúvida era como poderia impedi-lo de lá retornar novamente?

O título cidade eterna acaba por pesar na dinâmica urbana desta grande metrópole. Se por um lado, há um orgulho patente pelo passado, por outro torna-se insuportável para quem lá reside. Em termos de arquitectura contemporânea, o conceito não existe, simplesmente colide com o estilo românico dos edifícios da cidade. Se reparem não existem construções mais sofisticadas e arrojadas. Nada. Não é pura e simplesmente permitido. A especulação mobiliária é de tal forma galopante que o centro da cidade, onde pululam os velhos palazzos, pertence apenas e exclusivamente aos estrangeiros com capacidade financeira suficiente para adquirir estas antigas residências senhoriais que ainda por cima comportam impostos elevadíssimos. Como a cidade está dividida por sectores os montantes de compra para habitação variam consoante a proximidade com áreas históricas, o sistema de transporte, estabelecimentos de ensino e instituições ligadas à saúde. A única forma sustentável para a maioria é arrendar casa. Alugar uma habitação em Roma é um luxo que tem de ser compartido. Uma renda pode variar entre os 1,500 euros até os 5,000 euros consoante a localização. Muitos romanos combatem este grave problema habitacional de uma única forma, ocupam edifícios antigos e são os “futuros moradores” que procedem as melhorias estruturais do prédio e dos respectivos apartamentos, embora seja uma ocupação ilegal. Agora devem estar a questionar-se porque é que eles não são expulsos pelos legítimos donos? Pela mesma praga que assola os tribunais portugueses, os processos nestes casos arrastam-se durante anos e assim prevaricar compensa. Apesar que neste caso a minha simpatia pende para os usurpadores.

Os meios de transporte urbanos são outro do calcanhar de Aquiles desta densa e povoada cidade. É o caos absoluto e total. Sabem porque o metro só tem duas linhas? Cada vez que equacionam a abertura de mais uma via, surpresa das surpresas, esbarram com ruínas antigas romanas! É proibido depois construir porque são históricos. Os autocarros são a única via possível, mas com horários imprevisíveis já que a cidade é assolada ao longo do ano por grandes manifestações que complicam ainda mais a fluidez e escoamento do trânsito. Os famosos motorinos, ou vespas, são a melhor opção. Mas, cuidado! As regras de trânsito não regem os habitantes de Roma. Os condutores ignoram as passadeiras e nas rotundas tudo é possível. Não é para amadores. Não há prioridades ou policia que nos valha. Se estiverem atentos verificam quais são os veículos que estacionam na rua e os que dispõem de garagem. A diferença é patente nos que estacionam na via pública, mossas em todo o lado e até se vêem pára-choques amarrados com corda e luzes partidas. Não há acordos amigáveis para ninguém, eu vi, acreditem. Se por acaso houver um embate e nenhum ferido, as pessoas saem dos veículos discutem, insultam-se e se os automóveis funcionarem cada um vai a sua vida passado muito pouco tempo. O tempo urge em Roma. Toda a gente tem sempre pressa para estar em algum lugar. É uma cidade que nunca dorme. Funciona quase 24 horas por dia. É eterna até no tempo.

A idiossincrasia dos italianos está intrinsecamente ligada a sua gastronomia e origem geográfica. Não vou falar da comida, porque é uma redundância, só vou referir que distinguimos perfeitamente de que zona do país procede uma pessoa pela forma como prepara a sua pasta. Em Roma, os ingredientes não são os mesmos para a mesma receita comparando com outra localidade, por exemplo, Nápoles. A maneira como os portugueses cozinham massa é um atentado para os italianos. Um horror e com razão! Não deixa de ser divertido. Num ponto estamos de acordo, no café. Forte e aromático e nada de mixórdias aguadas. Devo acrescentar que, adoro comida italiana e não foi como no filme amar, comer e orar. Quando visitarem Roma não se esqueçam de beber a água fresca e saborosa que brota das fontes gratuitas espelhadas pela cidade. Já conheci pessoas que nunca compreendiam, porque motivo só encontravam água com gás engarrafada à venda, agora já sabem o porquê! Bebam à vontade, é maravilhosamente refrescante no verão. E mais um último conselho, não visitem a Roma em Agosto, é um forno! Mesmo assim, o meu amor por ela é eterno!

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