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Um paraíso chamado Madeira

Escrito por 


João Gonçalves Zarco e Tristão Vaz Teixeira descobriram a Madeira no século XV. Eu ’descobri-a’ muitos séculos depois.

Esta fascinante ilha verde conquistou-me para sempre. Os dias solarengos. A frescura do mar. Os frutos exóticos. As montanhas majestáticas. E as amizades eternas. Há sempre uma razão para regressar.“Senhores passageiros, dentro de momentos aterraremos no Funchal. Por favor, apertem os cintos de segurança e endireitem os assentos. Muito obrigada”.Estas palavras despertam-me do mundo de Hypnos (deus grego do sono). Ainda estremunhada, espreito através da magra janela do avião. O meu olhar ‘afunda-‘se no azul circundante. O mar - por cima, por baixo, por todo o lado. Um lençol de água infinito a desdobrar-se no horizonte. Com um misto de expetativa e receio, contemplo a quase inexistente pista de aeroporto. Nunca vi nada semelhante. Será que vamos aterrar no mar? Olho à minha volta. O pânico é geral. Alguns passageiros fecham os olhos de emoção, outros entoam baixinho palavras de bonança. O avião da TAP abraça finalmente o solo da Madeira. Após a aterragem, o sentimento de alívio é visível nos rostos dos meus companheiros de viagem. Seguem-se as palmas da praxe. E os sorrisos partilhados.

Estão mais de 20 graus. A ilha está despida de nuvens e vento. O sol é generoso neste alegre dia de Dezembro. O clima ameno estimula o desejo de conhecer novos locais. Determinada, dirijo-me ao Jardim Botânico. Situado a cerca de três quilómetros do centro do Funchal, foi inaugurado em 1960 e encerra infindáveis surpresas. As inúmeras plantas, por exemplo. Sublimes paletas de cores, formam um quadro luxuriante que ainda hoje habita a minha memória. Enquanto percorro as diferentes áreas do recinto, descubro plantas indígenas e endémicas. Dos Himalaias. Da América do Sul. Árvores de frutos tropicais. Como a papaia. O café. A cana de açúcar. Revigorada pelo aroma profuso, desloco-me até ao Loiro Parque. Periquitos da Austrália, papagaios anões, catatuas - aqui encontro todo o tipo de aves exóticas.

Após tanto caminhar, sabe bem repor energias. Ao mesmo tempo que contemplo o incomparável azul do Atlântico (porque será que a cor do oceano é sempre mais expressiva numa ilha?), saboreio um sumo de maracujá. Não exagero se salientar que é o melhor que bebi na minha vida.

A magia do fim de ano

O dia despertou risonho. Sem demora, parto para Porto Moniz, na costa norte. Da janela do automóvel, olho deslumbrada para a paisagem que se desembrulha no espaço. Verdadeiramente fantástica.

Chegada a Porto Moniz, refresco-me na água diáfana das piscinas naturais. ’Entaladas’ por rochas de lavas, emanam encanto e graça. Um exemplo inquestionável de como alguns caprichos da natureza embelezam o globo. Apesar de ser dezembro, a temperatura do mar é convidativa.  Relaxada, deixo o sol disfarçar a palidez da minha pele.

A manhã caminha a passos largos. Assim como o meu apetite. Estimulada pela fragrância da água do mar, entrego-me sem reservas a um sublime peixe espada preto e banana.

Com o estômago reconfortado, prossigo até à outra parte da ilha. Encontro-me no ’Monte’, Funchal. Curiosa mas assustada, aguardo impacientemente a minha vez. Vou percorrer dois quilómetros em dez minutos num cesto de vime sobre patins de madeira. O destino é o ’Livramento’. Puxado pelos pés de dois homens (os ‘carreiros’), pode alcançar os 80 quilómetros. Três, dois, um...é agora! Enquanto desço o ‘Caminho do Comboio’ , dezenas de sentimentos povoam a minha alma. Fascínio. Apreensão. Adrenalina. Por momentos, penso que vou ter uma arritmia. Felizmente (ou infelizmente?) os ‘carreiros’ decidem fazer uso das botas (funcionam como travões). Ainda tonta, percebo agora a popularidade deste meio de transporte. Não é por acaso que existe desde 1850 e é uma das principais atrações turísticas da Madeira.

31 de dezembro. Os preparativos para o fim de ano começam na alvorada. Cheira a festa, a sol – o contentamento espalha-se no ar. É tempo de riso, dança, cantoria. O dia voa nas asas do tempo e deixa a noite ser rainha.

Vestida a preceito, parto em direção a um dos muitos restaurantes que celebram a passagem de ano. Após saborear um repasto divinal, deixo que a dança tome conta do meu corpo. Mas o melhor está reservado para o final: O fogo de artifício. Verdadeira ’alucinação’ de sentidos, é considerado um dos mais bonitos do mundo. Cores e efeitos fascinantes pincelam o céu e o mar. Durante alguns minutos,  a ilha está unida pelo brilho. Pelo deslumbramento. Pelo magnetismo. Pela felicidade.

A festa termina ao raiar do sol. Ainda inebriada pela magia que se sente no ar, dirijo-me para o aeroporto. Sentada no avião com destino a Porto, Pedras Rubras, contemplo a Madeira pela última vez. Já com saudades. Esta pequena grande ilha consegue eternamente surpreender. Há sempre um motivo para regressar. Fazer uma caminhada pelas levadas. Rever o encanto das orquídeas. Visitar o Curral das Freiras. Subir ao Pico Ruivo. Saborear o tão afamado vinho. E, sobretudo, reviver grandes amizades. Daquelas que são resistentes ao tempo. À distância. E à água do mar.

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