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Uma casa museu com uma história

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Foi uma viagem motivada pela leitura de um diário de uma jovem judia.

O Diário de Anne Frank foi um dos livros que mais marcou a minha juventude. A sua existência clandestina forçada, num espaço exíguo, no famoso anexo secreto em Amsterdão, motivado pelo racismo patente do III Reich motivou desde sempre a minha admiração e carinho por esta rapariga judaica que nunca conheci. Assim, quando decidi visitar a Holanda a minha primeira paragem foi a casa de Anne Frank, como não poderia de ser. Não pretendo falar novamente do que vi, mas sim, do que senti, agora, que encaro de novo uma Europa à beira do abismo, em que vários governos trocam acusações preconceituosas que ressuscitam os velhos fantasmas desse período negro da história mundial. Foi precisamente uma crise que levou à Alemanha a uma nova guerra, a segunda do século XX. Um orgulho ferido e um nacionalismo exacerbado que causaram milhões de mortos e um rasto de destruição que deixaram marcas profundas que tem sido difíceis de apagar. Foi precisamente das cinzas desse mundo que nasceu o sonho de uma europa unida. E é aqui que me recordo esta jovem judia, num tempo em que o preconceito e racismo voltaram infelizmente à ordem do dia, graças a uma outra crise que tem provocado a miséria e o desespero de milhares de cidadãos europeus, recordo um dos anexos da casa de Anne Frank, uma pequena sala onde se abordava as várias formas de intolerância.

 


Agora, imaginem um espaço repleto de pessoas de várias nacionalidades que tem como função votar no que consideram ser personalidades que promovem esse mesmo tipo de discurso xenófobo que matou milhões de judeus. Recordo os exemplos, Jean Marie Le Pen durante uma das suas campanhas em França, o falecido Jörg Heider, líder de um partido de extrema-direita na Áustria e o americano Eminem. Agora qual destes três representa para si o maior perigo para a liberdade de expressão e tolerância entre os povos? Tenha em consideração o facto de eu ter visitado o museu já há vários anos, na actualidade, os modelos seriam outros por porventura. A resposta dada por esse grupo de desconhecido no qual eu me incluía foi cabal, os líderes partidários eram vistos por todos como perigosos, apenas o cantor ficou de fora. Porquê os políticos? Porque qualquer um deles podia ascender a um cargo de poder que lhes permitiria restringir as liberdades de terceiros! E mais, quando nos foi questionado se deveríamos restringir o seu direito à liberdade de expressão, tendo em conta o conteúdo dos seus discursos, as opiniões dividiram-se. Dá que pensar, não é? Passados quase sessenta anos desse acontecimento trágico voltámos a ouvir esses mesmos discursos a ganhar terreno junto da opinião pública europeia que nada mais fazem do que promover um xenofobismo galopante e ajudam na desintegração do sonho europeu. Acho que todos deviam ler novamente o diário desta jovem e visitar, ou revisitar o museu em sua honra para voltarem a recordar, o porquê de sermos todos diferentes, mas iguais.

 

 

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