Espreite esta oportunidade para visitar a capital do Minho, no norte de Portugal.
Cruzada pelo rio Lima, Viana do Castelo ergue-se formosa e segura da sua beleza banhada pelo Atlântico Norte, uma mistura doce e salgado saboreável em cada esquina, em cada canto e inscrito nas suas areias brancas e selvagens. Se ainda não foram visitar a capital do Minho e das famosas minhotas, mulheres com quem não se brinca, desde já aviso, é hora de me acompanhar neste períplo com sabor a maresia.
As suas pedras cinzentas contrastam com o azul do oceano que se ergue quase impiedoso mas que não consegue amedrontar os habitantes desta belíssima cidade. A primeira paragem visível desde a ponte metálica que atravessa o rio é o monte de Santa Luzia. A catedral é imponente, e um aviso à navegação, preparam-se porque se querem admirar a magnífica paisagem agrestemente verde coberta de espuma branca que circunda este magnifico monumento, vão ter de subir muitas escadas. Para os mais afoitos, desde já um aviso, vale mesmo a pena! É de perder a respiração literalmente, mas no bom sentido. O centro histórico da cidade é lindíssimo, remete-nos para a história de Portugal com a sua igreja Matriz e outra que merece uma visita demorada, pela sua paredes cobertas de azulejos, a da Misericórdia e ainda a Praça da rainha, actualmente designada, da Republica.
Tem as suas origens no neolítico, mas é uma das cidades mais modernas do território nacional.
Amarante é uma cidade que discorre ao longo do rio Tâmega. É uma urbe serena que se vai descortinando ao longo das suas margens. O vislumbre dos seus monumentos mais antigos faz-se através da copa das árvores que abundam em todo o território. Aliás deve ser uma das cidades mais ecológicas de Portugal. Na ponte de são Gonçalo liga as duas pontes da cidade, tem num dos extremos um mosteiro com o mesmo nome, mandado construir por Dom João III, sob a capela onde segundo conta a lenda o santo foi sepultado. A atual passagem tem apenas 250 anos, já que a original que referi fui levada pelas cheias.
Mais uma viagem pelo insólito mundo do Carnaval numa ilha perdida algures no meio do Atlântico.
O Carnaval na Madeira é coisa séria. Se pensava que é só no Brasil que os ânimos aquecem, esta muito mal enganado! Como diz o povo. Nestas lides do Entrudo quem fala é que dá o tom, não do samba, mas de uma batida mais ao gosto do atlantes e outros seres que pululam à Região. Todos são chamados e ninguém fica de fora no cortejo mais democrático de que há memória, o trapalhão.
Para participar basta imaginação, o gosto não entra neste esquema do faz de conta. É pura fruição, onde se misturam as criticas sociais muito desgarradas, sem pudores, já que quem as faz por norma esconde-se por detrás de uma mascara, claro está! Não é uma passagem elegante e chique como em Veneza, mas entenda-se, as tendências também desfilam nesta passadeira de alcatrão. Desde chita, a tafetá e sedas, as tonalidades da moda deslumbram as audiências até a exaustão e marcam o tom da temporada do ano seguinte.
Ao chamado todos os anos ocorrem centenas de miúdos, graúdos, velhos, novos, aos pares, em grupos, ou sós, há sempre espaço para mais um e sempre fica melhor. Quem fica de fora, ri, aplaude e apupa. Só lhe fica bem. É um dia em que nos esquecemos de quem somos, o nosso quotidiano e o que verdadeiramente nos chateia até a medula. É como um intervalo onde reina a loucura sã de quem nada tem a perder.
É uma cidade emergente pela mistura do antigo com o moderno. Do velho com o novo. É Aveiro, renovada e airosa.
Naquele dia em que desci do comboio para a plataforma soprava um suave vento pela estreita e vestuta entrada da estação, peguei na mochila e sai contrariando a brisa teimosa, nada mais chegada quase morri de decepção. Esperava-me uma rua igual às outras. Onde estava a magia de corredores de água que circundam a cidade? Indaguei. Menina, não é aqui, siga o seu nariz. Vai sentir na sua pele a maresia salgada. Assim fiz. Passado pouco tempo lá estava como que a minha espera a ria calcorreando os edifícios. A luz da manhã insistia em cegar-me com a sua alvura perfurante. O sol lançava raios que eram entre-cortados pela incessante passagem dos barcos moliceiros, que em vez de sal trazem consigo turistas e curiosos. Eu faço o mesmo. Entro nessa embarcação aparentemente estreita e muito colorida, tão frágil que parece que se vai partir em mil pedaços. Sento-me e deixo que me guiem. A Veneza do sul chamam-lhe. Talvez. A mim parece-me muito mais airosa e menos mal cheirosa. A nossa viagem começa devagarinho ao som ininterrupto do motor que galga ria acima em direcção a laguna com os seus socalcos artificiais alagados prontos para a secagem que irá transformar-se em sal. A brisa aos poucos transforma-se num ventania mais fria e refrescante. Estamos mais próximo do mar. A nossa presença perturba várias aves que levantam voo num grande alvoroço.
É uma das capitais do mundo que simplesmente merece ser visitada uma vez na vida.
Londres é uma cidade de contrastes. Onde o novo habita o velho, numa certa displasia urbana que tanto desagrada o príncipe Charles de Inglaterra, mas que se tornou uma imagem de marca da cidade. Numa ponta avistámos os monumentos históricos, do outro as edificações mais modernas que ousam desafiar as pedras milenares. Visitar esta urbe sempre em ebulição implica usar o metro, com as suas descidas aos infernos, subidas alucinantes rodeadas de cartazes publicitários e os seus labirintos bem assinalados. Não é a infra-estrutura mais elegante que já conheci, ao contrário do de Lisboa, mas é a forma mais eficiente de transporte para ficar a conhecer os recantos da cidade. Na visita que fiz à capital do reino unido em pleno verão com temperaturas muito acima do normal para os ingleses e prazenteiras para o comum dos mortais português, a minha primeira paragem foi Baker Street, uma via icónica desta urbe por causa de um certo detective criado por Sir Conan Doyle, até é possível fazer uma visitar a casa de Sherlock Holmes. Em Trafalgar Square, fica alojado o meu edifício predilecto, o National Gallery. É um museu gratuito, vigiado por dois leões imponentes na entrada, onde podemos apreciar algumas das maiores obras de artes dos grandes mestres da pintura e escultura, é uma visita obrigatória que se deve prolongar no tempo. As colecções são soberbas e o mais curioso é que cada sala é atribuída a um mecenas, por exemplo, uma delas é dedicada a Yves Saint Laurent que se diferencia das outras pela cor. Mas há mais, dos monumentos que vou acrescentar como locais que simplesmente tem que visitar, o Big Ben é impreterível, claro!
No outro lado da rua, avista o edifício do parlamento inglês, curioso é o portão dos soberanos, Isabel II entra por esta exclusiva porta para a cerimónia de abertura do ano parlamentar. Se for amante da política, existe a possibilidade de assistir a uma das sessões da casa dos comuns. Outro monumento obrigatório é a malfada Torre de Londres, onde muitos nobres perderam literalmente a cabeça, a honra e os bens. Os não menos famosos beefeaters elucidam os visitantes provenientes de todos os cantos do mundo sobre o seu passado, não muito feliz, de uma forma divertida. Imperdível é o museu de história natural, com o seu hall imponente apinhado de dinossauros. É um óptimo local para as famílias. É simplesmente divertido. E de mais monumentos imperdíveis, não vou falar, porque disso já devem estar fartos. Vou fazer sim, um roteiro no sentido oposto. Um dos lugares que mais me fascinou foi Candem. Uma das zonas de Londres mais mal afamadas, mas ao mesmo tempo a mais amada pela falecida cantora Amy Winehouse. É nitidamente um local de contrastes, antes de chegar ao mercado, temos uma rua coberta de edifícios comerciais com cores berrantes, onde podemos encontrar de tudo, jovens empreendedores que mostram os seus trabalhos, lojas multi-marcas, vestuário em segunda-mão e o resultado é uma panóplia de cores e texturas que termina no maior mercado coberto da cidade, nesse espaço existe a maior diversidade de serviços que alguma vez vi. Vendem tudo, desde arte, decoração, livros, ferramentas e a área alimentar é impressionante pela bomba de aromas provenientes dos quatro cantos do mundo. A comida é barata e deliciosa, basta escolher o país, provar e empreender uma viagem através das suas papilas gustativas.
É um roteiro pela costa dos nossos vizinhos e verdadeiros irmãos, não fossem eles galegos.
Só dá-mos conta que estamos em fronteira quando estranhamente o asfalto é mais suave e as estradas são melhores. Surpresa! É o primeiro impacto ao chegar às terras galegas e ainda, pela placa a dizer “bien-venidos a España”, se não fossem esses dois indícios nada indicaria que saímos do nosso país. A paisagem prolonga-se no olhar. Ao cruzar a ponte que divide a bela e secular de Valença até o outro lado, Tui, nada cambia na berma das estradas, as casas de pedra, os campos verdejantes e as latadas de vinhas carregadas de uva. Bem, talvez haja um pormenor diferente, os edifícios começam a ser construídos a partir do telhado e só depois é que revestem as paredes. Curioso hábito! O nosso primeiro destino é Vigo, um pequeno desvio a uma das cidades mais belas da Galiza. As águas do mar banham esta cidade costeira, de uma luz coroada de anil, com as suas ruas largas, cheias de viaturas e de uma vida urbana caótica como em qualquer outra urbe. Sempre povoada de coros de reclamações e conversas cruzadas que se ao princípio parecem estranhas, no final soam familiar. É como quando chegam os parentes vindos de longe, temos só que nos habituar ao sotaque e nada mais. Foi sempre assim entre galegos e portugueses. Essa empatia secular. Entendemo-nos na perfeição. Somos o mesmo povo, divididos apenas por uma linha imaginária. Um dos maiores atractivos é precisamente o porto, a cidade parece agacha-se até o seu eixo único coberto de navios e velas brancas. A luz ofusca-nos a vista. Mas, chega de Jean Nouvel com o seu “Peirao XXI”, vamos deliciar o olhar e aguçar o apetite no célebre mercado da pedra. É o local ideal para comer o melhor marisco da costa norte da península ibérica, acabadinho de sair do mar salgado. As ostras para os apreciadores são das melhores da Europa, quiçá até do mundo! É hora de embrenhar-se pelos seus corredores concorridos em busca de um sítio para um repasto com sabor a oceano. Um único senão, ao deixar a fronteira não me posso esquecer, da próxima vez tenho de trazer a minha querida cafeteira e o café em pó, como é possível que estes galegos também bebam água choca escura?
É o berço de uma pequena nação e a nova capital da cultura europeia de 2012.
É uma urbe que se ergue na sombra de uma montanha. Da Pena. A paisagem secular e urbana mistura-se com as pastagens verdejantes que a circundam. Respira-se ar puro. Foi a primeira capital do condado Portucalense. Daqui se partiu para as inúmeras batalhas que terminaram no mar. E assim nasceu um país à beira mar plantado como cantou o poeta Camões. Guimarães é o berço da nação. Na colina sagrada da nacionalidade relembramos que a nossa existência se deve à vontade indómita de um homem que ousou sonhar em ser rei. O castelo vigia do alto das suas ameias o povo truculento. Quantas histórias teriam para contar. Nas suas redondezas visitamos o paço dos Duques de Bragança, mas o que chama a nossa atenção é a figura imponente de Dom Afonso Henriques, o conquistador de espada em punho. Sem ele não haveria um povo, uma bandeira e uma língua. Tempo para outra visita obrigatória, o palácio de Vila Flor. Defendido pelas suas mudas estatuas cinzas setecentistas que ladeiam as suas paredes alvas rodeados de uma grande profusão de camélias e de buxos que se desdobram em inúmeros recantos.
É o melhor espectáculo pirotécnico da Europa, não direi do mundo, porque ainda me falta visitar a Austrália.
Uma última olhada ao boletim meteorológico, na véspera, confirma o cenário desejado, um céu estrelado, sem nuvens e uma temperatura amena de 17 graus célsius. Amanhã, à noite será de celebração. O dia 31 de Dezembro amanhece preguiçosamente, mas as previsões confirmam-se. O dia desabrocha numa luminosidade opaca e fria, mas de chuva nem sinal. Mal podemos esperar pelo final da tarde. Nunca o ocaso foi tão ansiosamente aguardado como nesta altura do ano. O tempo urge, é preciso comprimir os doces e os licores no porta-bagagem antes da partida. Eis chegado o tão esperado momento, faltam cinco minutos para as sete da tarde. As portas do veículo abrem-se em uníssono, as reclamações também, as crianças impacientes discutem pelos lugares, é preciso intervir, no meio da balbúrdia, volto a repassar pela memória toda lista de itens que vão tornar o nosso fim do ano memorável. Acho que não me esqueci de nada! Arrancámos finalmente em direcção ao nosso destino, uma língua de estrada, na boa nova, com vista privilegiada para um dos melhores espectáculos do mundo, o fogo-de-artifício na Madeira. Na estrada enfrentámos um tráfego intenso. Todos almejam pelos melhores locais com vista para o anfiteatro natural do Funchal. Ao longe já avistámos urbe engalanada pelos brilhos que a iluminam, parece um presépio decorado com fios de luz, que desenham o contorno dos caminhos, dos telhados das casas e das torres das igrejas que pululam as montanhas sobranceiras à cidade.
Faça comigo um roteiro artístico por uma das ruas mais interessantes da cidade do Funchal.
A tradição já não é o que era e em boa hora. Antes dizia-se que não se podia andar pela rua de Santa Maria com os seus becos escusos e as suas esquinas imprevisíveis. Ouviam-se piropos incómodos, suspiros inconvenientes, alertas que indicavam que era tempo de apressar o passo. Agora, a via engalana-se com novas tonalidades que cambiam o semblante das suas portas centenárias, antes carcomidas pelas intempéries e pelo tempo. É a movida das portas abertas de Zyberchema que nos convidam a um périplo demorado pelas várias facetas artísticas, que alegram com a sua profusão de cores e texturas, as entradas desta rua já não mais abandonada, já não mais vergonhosamente esquecida. Calcorreie as pedrinhas até a porta nº 11 e tente descortinar a criatura que guarda zelosamente a entrada. Mais para frente na esquina do número 37, um herói alado enfrenta um escorpião gigante que vence com a lâmina reluzente do seu afiado sabre, pelo menos é o que a nossa fértil imaginação sugere. Ao ziguezaguear pelas gentes que seguem o rumo das suas vidas no cruzamento, deparamo-nos com a estranha e curiosa obra de Mejia Urrita que apela a mais interpretação engenhosa e seguimos calmamente sem pressas até a venda da Donna Maria, que nos brinda com odores familiares, que acordam as incautas papilas gustativas. Na entrada, um menino Jesus nas suas escadas aconchegado, dá-nos as boas vindas para uma refeição bem regional, acompanhada no final por um madeira de honra. À saída somos brindados com as feras africanas do 58. Na porta número 62 tempo de homenagem, no que parece ser uma vela branca com a inscrição do todos os artista que transformaram esta rua num evento artístico ao livre.
É um dos locais mais paradisíacos do sul de Portugal
O ruído forte das turbinas anuncia à partida do ferry em direcção a península de Tróia. É de todas as travessias a mais suave, a mais tranquila e mais curta que alguma vez fiz. No ar paira um odor a maresia salgada misturada com o combustível da embarcação. Na popa, vamos pouco a pouco deixando para atrás o casario amontoado de Setúbal e em breve estamos cercados pelo mar. Ao fundo um pequeno istmo se faz anunciar. É Tróia, que se avista acompanhada pela sua nova arquitectura que se ergue no infinito. Atracámos próximo da tão desejada areia branca. Saímos embrenhados no caos provocados pela ansiedade da chegada, em direcção ao nosso destino. A vegetação é escassa na península, há rasgos de natureza verdejante que acompanham os estrados da velha madeira, que calcámos em direcção ao oceano. Aos nossos pés estende-se uma língua de areia branca que nos convida para um mar turquesa. As ondas deslizam suavemente na costa, quase nem se sentem quando acariciam a pele, as águas azuis cristalinas são salpicadas por velas brancas que navegam vagarosamente sem destino, ao sabor da corrente. O horizonte é subitamente rasgado pela montanha, pela Arrábida selvagem que tapa o nosso olhar. A tarde empalidece. A noite tenta afugentar os últimos raios de sol. É tempo de saborear esse afago temperado antes do ocaso, acompanhada por um doce moscatel para reavivar as memórias. Relembro a primeira visita.
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