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Ukiyo-e, a beleza e a cor do efémero

Written by  Sara Fernandes fts direitos reservados

O Centro Cultural e de Investigação do Funchal (CCIF) inaugurou a exposição "Ukiyo-e: a beleza e cor do efémero", dedicada à xilogravura japonesa, na sua Galeria B, que conta com 119 obras criadas entre o século XVII e o século XIX. A mostra estará aberta ao público de todas as idades, sem custos de entrada, numa política aplicada a todas as exposições realizadas e estará em exibição até ao final de outubro.

As gravuras agora expostas, pertencem também à "Fundación Museo de Artes do Gravado á Estampa Dixital", do Concello de Ribeira, Coruña, com quem, ao abrigo de uma parceria institucional modelar, iniciada com a exposição "Suite Vollard" de Pablo Picasso, se inaugurou o CCIF (setembro 2023 – abril 2024).

Sinopse

Ukiyo significa "figuras do mundo flutuante", que alude aos pequenos prazeres da vida quotidiana ao revelar figuras de relevo da época, como os samurais, os atores de teatro kabuki, os lutadores de sumo, as belas bijin-ga, ou as cálidas e românticas paisagens da natureza japonesa.

Numa época em que o Império japonês fechava as suas fronteiras ao mundo, as gravuras Ukiyo-e aparecem como resposta à necessidade intrínseca do homem se representar como "ser cultural" e, como tal, se apresentar comunitariamente aos outros.

A procura das diferentes representações era especialmente intensa entre os setores médios da sociedade e as gravuras, impressas às centenas,, conformam uma verdadeira democratização da arte e do seu consumo.

A influência que esta técnica impôs no acesso generalizado à arte, é inquestionável, vulgarizou o usufruto de obras de arte por muitos e multiplicou o seu comércio. Desde a Grande Onda de Kanagawa de Hokusai da série "Trinta e seis vistas do monte Fuji", às típicas expressões demonstradas nos atores de kabuki, ou aos rituais de sumo que ainda hoje são realizados, o Ukiyo-e tornou-se uma inspiração para artistas e amantes da cultura japonesa pelo mundo inteiro. Desde o Anime ao Manga, do judo à arquitetura, da gastronomia à moda.

Para quem deseja conhecer melhor o Japão, esta exposição constitui um maravilhoso aperitivo e, para os que nunca por ele se interessaram, é ideal para se deixar apaixonar por este "mundo flutuante".

Lembramos também que na Galeria A se inaugurou no passado dia 27 de abril, uma belíssima instalação do artista madeirense Rigo 23, inspirada na experiência da estética e da simbologia do zapatismo, no México do século passado. Apresenta-se assim no CCIF uma oportunidade única para celebrar a internacionalidade da arte em contextos históricos e geográficos tão diversos.

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