Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

Ao cantor vai juntar-se os Xutos e Pontapés e Carlão na gala de entrega de prémios International Portuguese Music Awards (IPMA), no dia 21 de Abril, no The Zeiterion Performing Arts Center, em Boston.

Os IPMA celebram o trabalho e carreira de artistas internacionais de origem portuguesa que inclui nomes como o Miguel Angelo que editou em Janeiro o hoje o EP Grotesco vs. A Canção, disponível nas lojas em vinil 12” e em todas as plataformas digitais. 

Inclui o inédito Grotesco, uma canção dos nossos tempos que parecem outros, onde são exploradas sonoridades mais electrónicas e claustrofóbicas, numa abordagem estética à ficção real em que vivemos. O tema,que se esteve para chamar Berlinesco, conta com a participação de João Cabrita no saxofone.

O lyric vídeo noir de Grotesco é realizado por Edgar Keats e ilustrado por Joël Martins.

O EP inclui também "A Canção" e uma dupla remix deste single editado em 2017. Este tema é aqui objecto de uma remistura planeada e executada por Rui Maia (X-Wife, Mirror People), com a colaboração de SaiR. Adquire nesta forma a luz de todos os Verões longos e quentes, recostando-nos a cabeça numa nuvem literária que pede acção e revolução interior. Acrescenta-se também a versão instrumental que surge liberta da ditadura da voz principal e respectiva letra, quem sabe despertando outros sentidos que nos façam atraiçoar todos os nossos princípios e fins.

O vídeo oficial deste single é realizado por Edgar Keats que conta com a participação de Leonel de Jesus e foi também sujeito a uma remistura pelo realizador Vasco Mendes.

A Direção Regional da Cultura, através da Direção de Serviços de Museus e Património Cultural, da Secretaria Regional do Turismo e Cultura, comemora o 18 de Abril, Dia Internacional dos Monumentos e Sítios, este ano sobre o tema “Património Cultural: de Geração em Geração”, na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Igreja Matriz de Machico.

Como forma de celebrar este dia, a conclusão da obra de recuperação das abóbadas das capelas do Espirito Santo e de São João Baptista da igreja matriz e como forma de sensibilizar a população para a vulnerabilidade do património cultural, bem como para o esforço envolvido na sua proteção e valorização, e da importância da sua salvaguarda e passagem para a próxima geração.

Programa

21:00h – Apresentação do Guia Bilingue da Igreja Matriz de Machico, da autoria de Rita Rodrigues, seguido de visita guiada à igreja por Francisco Clode de Sousa e Rita Rodrigues da Direção de Serviços de Museus e Património Cultural
21:30h – Concerto

Programa musical
- “Canzona para corneta com eco” – Anónimo Ibérico
- Ária “Flammende Rose” – G. F. Haendel
- 1º and. da Sonata TWV 42 G. Telemann
- “Ich folge dir gleichfalls”, da Paixão segundo S. João – J.S. Bach
- Prelúdio da 1ª Suite para Violoncelo – J.S. Bach
- Fuga em lá m – J. Stanley
- “Hostias et Preces” J. Jongen
- “Pentecost II” – C. Kimberling
- “Ave Maria” – G. Caccini (atr.)
Interpretadas por: Paulo Silva (órgão de tubos); Maria João Pereira (soprano); Carla Abreu (flauta de bisel); László Szepesi (violoncelo).

- Estreia da peça “Memórias”, do compositor Pedro Macedo Camacho,
interpretada por: Pedro Camacho (flauta transversal); Louise Whipham (oboé); José Barros (clarinete); Manuel Balbino (fagote); Rúben Silva (trompa).

 

A Academia Portuguesa de Cinema e Leonel Vieira celebram  aniversário de “A SOMBRA DOS ABUTRES” 

20 anos após a estreia, os portugueses poderão rever este filme de Leonel Vieira, agora numa edição renovada em DVD que se junta à “Coleção Academia” da Academia Portuguesa de Cinema. O DVD será apresentado na próxima sexta-feira, 13 de abril, às 18h30, na FNAC do Chiado, em Lisboa.

Leonel Vieira realizou “A Sombra dos Abutres” em 1998, com apenas 26 anos. O filme retrata a repressão política da década de 60 em Portugal seguindo a história de Daniel (Vítor Norte), um mineiro que se torna o rosto da greve do seu grupo de trabalho numa mina de Trás-os-Montes. A Guarda Nacional Republicana começa por reprimir a greve mas é a PIDE que torna Daniel, que apenas lutava por melhores condições de vida, o protagonista do movimento, suspeitando de que ele está a ser manipulado por forças políticas contrárias ao regime. Daniel tenta, na companhia do cunhado Zé (Diogo Infante) fugir para França, mas o cerco da implacável perseguição aperta-se cada vez mais, sob a direção do inspetor determinado a caçar o seu homem (José Wallenstein).

O lançamento do DVD vai contar com a presença do realizador, de alguns dos atores que integram o elenco e de elementos da equipa de produção. Recorde-se que “A Sombra dos Abutres” foi a estreia de Leonel Vieira como realizador, numa carreira que já conta com 12 filmes e que inclui o mais visto de sempre pelos portugueses: o remake de “O Pátio das Cantigas”, de 2015.

quarta, 21 março 2018 17:20

O céu profundo

 

A astrofotografia é um tipo especializado de fotografia que envolve gravar imagens de corpos celestes e grandes áreas do céu noturno. É um ramo da fotografia que, embora possua um forte enfoque estético e artístico, muitas vezes contribui de forma valiosa com a ciência.
As imagens são da autoria do fotógrafo amador Duarte Silva, natural de Gaula, que pertence à Associação de Astrónomos Amadores da Madeira, um aficionado e paciente captador de imagens do espaço celeste já foi distinguido pela NASA. A exposição da “Astrofotografia” esta patente na Casa da Cultura de Santa Cruz, no âmbito da "Hora do Planeta", com o intuito de sensibilizar a população para as questões do meio ambiente e a consequente, sustentabilidade do nosso planeta.

Como é que começou esta sua paixão pelas estrelas?
David Silva: Isto começou há muitos anos atrás, comecei a adquirir telescópios para ver planetas. Depois de olhar tanto para os planetas e as constelações, várias vezes sem fim acabei por as querer registrar, como por exemplo, se fizer uma viagem até Londres leva consigo uma máquina fotográfica para captar esses momentos, certo? A astrofotografia é exactamente isso. Neste campo da astrofotografia há dois tipos de processos, as imagens planetárias que são fotografias captadas em frame, trata-se de um vídeo de dois ou três minutos de onde se conseguem retirar mais de mil frames e depois dessas imagens serem trabalhadas surge uma única fotografia trabalhada, quem faz este tipo de trabalho é, ao meu ver, um dos maiores astrónomos de Portugal que é o Paulo Casquinha, ele é fantástico e faz um trabalho de outro mundo! (risos).
O Céu profundo, por outro lado, é um outro tipo de imagem, são fotos de galáxias e nebulosas, que necessitam de 600 minutos de exposição cada uma, se eu pretendo efectuar 18 imagens consegue imaginar as várias horas que tenho de gastar para fazer estas fotos? Os problemas para este tipo de exposição prolongada só surgem quando, devido a rotação da terra, aparecem satélites, lixo espacial, ou as chuvas de estrelas candentes, quando isto acontece das 40 imagens que se faz 20 são para deitar fora.

Vamos então abordar esta questão para captar estas imagens no espaço que tipo de equipamentos exige?
DS: Estas imagens do céu profundo são fora do nosso sistema solar, há milhões de anos luz.

Mas, sabe quantos anos luz de distância?
DS: Só lhe posso adiantar que Andromeda esta a 2,5 anos luz da terra e é a galáxia mais próxima do nosso planeta.

Então explique-me como se prepara o equipamento para captar estas imagens? Tem de verificar a meteorologia? Qual é a especificidade do equipamento?
DS: É mais no verão que se faz este tipo de imagens, tem de estar uma noite bastante transparente, ou seja, se não esta muito poluído, se não tem muitas poeiras. A partir daí montámos os telescópios, fazemos o chamado alinhamento drift que consiste na montagem de uma câmara fotográfica sobre um telescópio que possua uma montagem equatorial motorizada, ou seja, trata-se de um alinhamento preciso e milimétrico da rotação da terra com o espaço e os erros periódicos do nosso planeta são corrigidos pelo motor. Uso câmaras especiais que são apenas para este tipo de astrofotografia, que é também usada em observatórios de astronomia, um dos equipamentos faz o alinhamento com as estrelas, qualquer milímetro em que a estrela se mexa quer para a direita ou a esquerda, tendo em conta a rotação da terra, a máquina corrige os erros dessa trajectória e mantém-se a noite inteira apontada para o objecto que pretendo fotografar.

Isso quer dizer que se o objectivo é fotografar a galáxia de Andromeda, por exemplo, a máquina fotográfica mantém sempre essa trajectória toda a noite?
DS: Sim, mas há um pormenor para tirar esse tipo de imagens há dois tipos de máquinas, há as câmaras DSLR que são as Canon e Nikon e outras do género e depois temos as máquinas CCD dedicadas à astronomia que tem um problema, são monocromáticas, o que isto quer dizer? Que as imagens são a preto e branco tal qual o telescópio Hubble faz, mas para obter a cor real nessas imagens utilizámos entre 3 a cinco tipos de filtros, que neste caso chamámos de RGB para a cor vermelha, a verde e a azul. Assim, fazemos entre 10 a 20 imagens com o filtro vermelho, o mesmo para o azul e o verde, entre cada um dos filtros a imagem é a preto e branco e o resultado dessa mistura é a imagem real que vemos nas fotografias.
Como vive na ilha como adquire as suas câmaras fotográficas?
DS: Tenho amigos astrónomos no continente e amigos astrofotógrafos com quem foi aprendendo algumas técnicas e adquirindo algum material. Eu sei que a CCD que uso é de uma máquina profissional que se vê nos observatórios e como em Portugal este tipo de equipamentos não existe à venda tivemos de mandar vir de fora, encomendámos 10 e fui uma para cada um de nós e que só servem para este fim, fotografar o céu profundo. O material para astronomia é caríssimo e um destes equipamentos pode custar aproximadamente 3, 000 euros.

Esta é uma paixão nutre apenas nos tempos livres?
DS: Sim, sim.
Porque tem uma profissão?
DS: Sim, só faço isto quando tenho tempo e o clima ajuda.

Há alguma imagem que gostaria de captar, mas que tem sido difícil?
DS: Estou a fazer um trabalho agora chamado de sistema de mosaico, o que é isso? Por exemplo, tenho uma foto do céu profundo com cerca de 200 galáxias, que são os vários pontos que se visualiza na imagem, se eu quiser fazer um mosaico necessito de seis peças, cada imagem corresponde a 5 a seis horas de exposição, são vários dias de trabalho, depois o mosaico é encaixado e vou obter uma imagem única brutal com 2 mil ou 3 mil galáxias. Para um observatório é fácil de fazer, eles programam e o equipamento faz tudo, agora, eu faço tudo sozinho, sempre que há bom tempo eu é que tenho de montar e depois desmontar o telescópio e é complicado, até porque aqui na Madeira não temos um observatório.

É difícil obter este tipo de imagens na ilha, devido à sua localização ou nem por isso?
DS: Não, nos aqui na Madeira e as ilhas Canárias temos uma excelente localização para o efeito e há estudo científicos que comprovam isso mesmo. Estas duas regiões ultraperiféricas são as melhores da Europa em termos de astronomia, tanto que à Agência Espacial Europeia tem um dos seus observatórios montados nas Canárias. Na Madeira, há dois anos tivemos astrónomos de renome a fazer várias medições no Pico do Areeiro, e ficaram estupefactos com a qualidade do céu que temos aqui, nesta região não há fábricas, não há grande poluição luminosa, excepto nas áreas mais urbanas, como o Funchal. É uma pena que não possámos aproveitar este aspecto, temos os recursos e não os desenvolvemos, o que é incrível. Em Portugal regra geral dá-se o financiamento aos outros, os estrangeiros e não usámos os recursos disponíveis no nosso país. Este é um trabalho científico e no nosso caso são particulares, os amadores, a desenvolver este tipo de projectos.

 

Mas, o trabalho que desenvolve já foi reconhecido pela NASA.
DS: Sim, a imagem da nebulosa da Roseta, foi o último trabalho que fiz, o tempo ajudou em conjunto com as técnicas que vamos desenvolvendo. A NASA pediu à minha autorização para publicar essa imagem numa revista de astrofotografia, para eles é importante mostrar este tipo de fotos, de vários pontos do globo, porque embora esta agência americana tenha entre 2 mil a 3 mil de telescópios, há aos biliões de galáxias por fotografar. A nebulosa da Roseta foi fotografada com os filtros especiais através do chamado processo Hubble, que só deixam passar uma sequência de luz. O que é uma nebulosa? É o resultado da explosão de uma estrela há milhões de anos atrás e que espalha pelo espaço os seus próprios gases e cria este efeito e se eu for fazer esta mesma imagem daqui há 50, 100 ou 200 anos ela estará practicamente igual, poderá haver uma ou outra estrela que tenha explodido, entretanto, mas a nebulosa no geral estará idêntica.

Uma outra imagem mostra a nebulosa da cabeça do cavalo, que foi baptizada pelo pormenor do que parece ser a cabeça deste animal no topo.

Qual o período do verão em que faz estas imagens?
DS: É um período de sensivelmente seis meses, que começa em maio e termina em meados de outubro. Por exemplo, a nebulosa de Oríon, que fica na espada de Oríon, onde se avistam as chamadas três Marias, podemos avistá-la na Madeira, ela esta lá, o problema é o tempo.

E onde costuma fotografar?
DS: Eu fotografei estas imagens todas na Achada de Gaula, em Santa Cruz, que fica há 600 metros de altitude. Neste momento estámos a trabalhar no Pico do Areeiro que tem cerca de 1,800 metros de altura, como pertenço à Associação de Astrónomos Amadores da Madeira temos tido alguns apoios da Câmara Municipal para montar alguns dos nossos equipamentos nesse local, porque é mais alto e o céu esta mais limpo, enquanto que na minha casa em Gaula que, apesar de tudo é um lugar alto, para realizar a imagem da Nebulosa da Roseta tive de faze-lo em dois dias, um com o filtro vermelho e verde e no dia seguinte o azul e a iluminância, mas a piada esta aí quando se processam todas as imagens e se vê o resultado, pensámos Epá!

terça, 20 março 2018 10:49

Comprar ou não comprar? Eis a questão!

É mais um texto que pretende desconstruir a ideia de um consumo responsável no que concerne a moda.

Desde que me conheço como mulher sou uma ávida consumidora de moda e como não poderia deixar de ser sou uma grande fã das promoções e dos saldos, porque me permite comprar àquelas peças que tanto desejo a um preço muito mais acessível e quanto maior o desconto melhor, gosto mesmo de pesquisar até a exaustão e nada me mais prazer do que encontrar “pechinchas” e aproveitá-las. Achava que eu que desta forma não só conseguia o que queria, como também de certa forma as empresas de vestuário não faziam um lucro descarado à custa da minha “compulsão” por roupas bonitas e assim o preço practicado era mais justo, pensava eu, bem, aprendi uma dura e grande lição com o “The true cost” é que não poderia estar mais errada!
O documentário mostra uma visão ampla do mercado global da moda como a reconhecemos actualmente e as suas consequências sociais e ambientais para o planeta. “The true cost” segue o trilho das peças de vestuário desde as grandes lojas até o manufacturador e a verdade nua e crua sobre a realidade dos custos de produção de uma camisola que custa 5 euros comprados numa H&M, Primark, Zara, C&A, ou na Forever 21 entre outras empresas, feitos à custa do outsourcing da produção para pequenas e médias empresas radicadas em países do terceiro mundo, mas perguntarão como é que isso constitui um problema se cria postos de trabalho?
Pois bem, embora, todas gostemos de pensar que ao comprar uma camisola made in Bangladesh, ou in India, ou Marrocos que estamos a ajudar indirectamente à criação de emprego e promover o desenvolvimento económico destes países, a realidade é que nada disto é sustentável quer do ponto de vista social, ou ambiental e passo a explicar, a mesma camisola que nas lojas destas grandes marcas mundiais será vendida nos países mais desenvolvidos aos tais 5 euros, tem de ter forçosamente um custo de produção muito mais abaixo desse montante, tendo em vista a maximização da margem de lucro e o que isto implica? A garantia de uma produção massiva de milhares de camisolas numa empresa no Bangladesh, ou na Índia, ou mesmo em Marrocos que tem de ser feita à custa do valor do trabalho, implica também condições de trabalho deploráveis para dizer o mínimo, isto sem falar da não existência de regras de segurança, ou benefícios de quaisquer género para os trabalhadores, com a vantagem que nada disto acarreta quaisquer tipo de responsabilidades por parte das grandes marcas de vestuário ou em última análise, de nós, os consumidores.
As consequências ambientais, por outro lado, são mais graves do que se pensa, sabia que a moda é a segunda indústria mais poluidora do mundo, vindo logo depois do petróleo? Pois é, as lindas cores das nossas roupas, os efeitos de certos tecidos, o tratamento para o couro dos nossos sapatos, carteiras e casacos utilizam químicos pesados que simplesmente são despejados nos rios, ou no mar com consequências não só para o meio ambiente e a saúde pública das populações dessas nações, como graças ao famoso efeito borboleta, o clima, a vida e a saúde das populações do outro lado do mundo, ou seja, nós!
Outros dos danos não tão visíveis, mas com consequências nefastas tão ou mais para o meio ambiente e para as populações locais advém dos restos das colecções que não são vendidas. Ao contrário do que possa pensar a maior parte das peças não são recicladas, muito pelo contrário, são encaminhadas em grandes contentores para países de terceiro mundo, através de organizações não governamentais, onde são dadas ou revendidas localmente e mesmo assim há imensas sobras que acabam por constituir um problema ambiental sob a forma de pilhas de lixo altamente poluente. Mas, deverá estar a pensar, que culpa tenho eu que os governos desses países não ajam e protejam os interesses dos seus cidadãos e do meio ambiente?
Temos responsabilidades, mesmo que indirectas em tudo isto, porque os danos a longo prazo são para todos. Como sabe, só temos este planeta e se continuarmos a fechar os olhos para aquilo que considerámos ser um problema dos outros estamos a contribuir para a destruição de um património natural global que é finito. E quando acabar o que vamos fazer? Viajar para Marte?
Para além disso, já pensou que a sua camisola de 5 euros reflecte o seu baixo poder de compra? E o índice de pobreza dos tais trabalhadores do terceiro? Se só temos capacidade financeira para consumir moda a baixo custo, tendo por base o baixíssimo salário de um trabalhador do Bangladesh que é menos de 1 dólar, é porque ganhámos mesmo menos do que pensa, trata-se mesmo de um logo criado pelas grandes marcas que lucram de facto com o incentivo a um consumo desenfreado fazendo-nos pensar que conseguimos comprar o que queremos, mas esta é uma ilusão que a um prazo mais curto do que se pensa é destrutivo para todos.
Já pensou também que este tipo de consumo contribui para a morte das pequenas e médias empresas do sector no seu país? A constante mudança de colecções, a chamada “fast fashion”, que já não tem em conta as estações, mas sim, as tendências, acaba por ter um custo muito elevado para os empresários nacionais que não conseguem muitos deles fazer face ao constante investimento em termos de produção de peças, porque acha que muitas fábricas têxteis estão deixando de laborar? Não é em muitos casos por falta de clientes, é porque é muito difícil produzir várias colecções com um determinado custo mais de duas vezes por ano, ou seja, não conseguem competir com as grandes marcas que colocam nas suas lojas novas peças de vestuário a um ritmo difícil de equiparar e com os mesmos preços. Em última análise, este modelo de economia global acaba por beneficiar uma restricta percentagem de pessoas e cria mais pobreza do que se pensa, então o que fazer?
Consumir de forma responsável, comprar muito menos e perguntar-se preciso mesmo de mais uma camisola cor-de-rosa? É necessário incentivar as marcas a reciclar deixando uma menor marca de carbono, exigir um tratamento mais ético a forma como os seus produtos são produzidos. Não me interpretem mal, não sou contra o mercado global, devemos ajudar estes países de terceiro mundo a desenvolver-se, mantendo as nossas indústrias viáveis, através de formas mais justas de comércio. Basta não comprar, ou pelo menos adquirir marcas com um modelo de negócio mais sustentável e benéfico para todos, pelo bem do nosso planeta, da nossa consciência e do nosso bolso.

segunda, 19 março 2018 16:23

Fura

É o disco de estreia de Maria João Fura que será apresentado no dia 14 de Abril no Teatro do Bairro em Lisboa e no dia 19 do mesmo mês na Casa da Música no Porto, com o apoio da SPA e da GDA respectivamente.

Com fortes melodias tecidas por vários estados de alma, que se desenvolvem numa ambiência que viaja entre a Bossa-Nova, o Soul, o Pop-Eletroacústico, o Cool Jazz e a World Music, o disco masterizado por António Pinheiro da Silva, é um projeto pessoal amadurecido. A cantautora que se acompanha à guitarra contou também com a participação de diversos músicos do panorama musical atual na gravação deste trabalho.
Em Lisboa e no Porto, Maria João partilha o palco com Rui Gonçalves no Trombone, Giovanni Barbieri no Teclado, Miguel Menezes no Contrabaixo, André Mota na Bateria.
A autenticidade de Maria João Fura suscita reconhecimento no meio musical tendo sido selecionada para os prémios Zeca Afonso e Ary dos Santos em 2015 e 2017, com duas canções que estão agora neste disco, como “Serei feliz por acaso” e “Mais um gole”.
Os seus concertos em Portugal e no Brasil têm tido uma excelente receptividade do público, tendo contado com a participação de músicos de relevo como Afonso Pais, Susana Travassos e Jorge Palma.

SOBRE MARIA JOÃO FURA

A música e o tocar de instrumentos fizeram parte da sua vida desde criança e adolescente. Frequenta o curso de instrumentista de violoncelo na Escola Profissional de Évora, na mesma altura em que estuda Engenharia Agrícola. Em paralelo, estuda guitarra clássica no Conservatório Regional de Évora e participa em vários projetos.
Exerce como professora de Educação Musical e licencia-se em Musicologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, onde tira a Pós-Graduação em Pedagogia Musical.
Compõe canções para as peças de teatro “Dentro de mim Acontece...” de Mário Fedele e Tanixumá, a partir de Peregrinação de Fernão Mendes Pinto, inserida nas comemorações dos 500 anos do seu nascimento.
Em 2012 desenvolve um intenso trabalho de composição a nível de letra, música e arranjos, apresentando-se a solo acompanhada pela sua guitarra ou em quinteto com músicos oriundos de variadas correntes musicais.

segunda, 26 fevereiro 2018 16:05

Mutantes

 

É o título da exposição da jovem artista, Carolina Fernandes, que desenvolve a desconstrução anatómica feminina, como tema central do seu trabalho artístico. As obras para serem vistas e apreciadas na Galeria Marca de Água, no Funchal, até o dia 29 de março.

Porquê o título “Mutantes”?
Carolina Fernandes: Quando entrei na faculdade um dos artistas que me começou a interessar foi à Mariana Abramovich, por exemplo, e também tem a ver com o meu interesse pelo surrealismo. É uma combinação destes dois interesses, a partir daí quando comecei a trabalhar, verifiquei que tinha material para explorar, essa temática do corpo, dos corpos mutantes.

Mas, trata-se de uma desconstrução corporal.
CF: E do próprio trabalho do acto de desenhar, também acaba por ser isso. Os temas de desconstrução acabam por ser trabalhos mais tridimensionais em que se desconstrói a ideia do desenho em si.
Tens muitos desenhos a lápis.
CF: Não, é esferográfica.
Porquê essa escolha em particular?
CF: Porque é o meu material preferido, é mais práctico, eu já vivi nas Caldas, na Costa da Caparica e na Madeira e trata-se de um material que posso levar para todo o lado e posso usá-lo em telas, ou outros materiais.

Usaste modelos? Vejo muitos desenhos de corpos.
CF: Usei alguns modelos e a mim mesma pela falta dos mesmos. É mais fácil aumentar ou reduzir as proporções se for o meu corpo. Depois gosto de desenhar o corpo feminino, para além do lado feminista que também possuo, é muito mais fácil para mim, porque sou mulher.

Tens muitos trabalhos a preto e branco e não há muita cor.
CF: Sim, eu não uso muita cor, a mim interessa-me mais não tanto a cor, mas as tonalidades artificiais.

Qual dos teus trabalhos exemplifica mais o teu mundo mutante?
CF: Eu acho que a fotografia do cartaz, para mim, é um dos meus trabalhos mais importantes, porque é uma ideia que já tinha há muito tempo. Depois, há uma obra mais central que congrega várias técnicas numa peça só, são caixinhas pequenas em que o meu trabalho pode ser visto através de várias técnicas, num período que começa em 2013 e vai até 2018.
Então muitos destes trabalhos foram sendo desenvolvidos na faculdade?
CF: Sim, eu nunca acabei um curso, os estudos de anatomia desconstructivos foram o meu projecto de final de curso. Mas, houve uns trabalhos que foram desenvolvidos na faculdade, outros não, eu só entrei no curso de artes plásticas em 2012.
Este é um tema obsessivo para ti, porque é o único que tens desenvolvido?
CF: Sim, eu acho que tenho uma explicação para mim própria sobre isso, mas não vou explicar, porque se trata de uma arte figurativa e se eu explano muito sobre este assunto acabo por tirar o espaço as pessoas para que elas próprias consigam dialogar e explicar a peça que vêem. Claro, que todos estes trabalhos são pessoais, mas a arte acaba por ser sempre pessoal.

segunda, 26 fevereiro 2018 16:00

A que sabe uma cerveja?

Cátia Martins desvendou centenas de moléculas voláteis de várias dezenas de cervejas nacionais e internacionais que fazem parte ou não do aroma de uma das bebidas mais apreciadas no mundo. Este trabalho inédito valeu à jovem cientista o prémio para melhor comunicação oral no 10º Encontro nacional de cromatografia da Sociedade Portuguesa de Química 2017.

Já pensou quando saboreia uma cervejinha fresquinha no verão quantos sabores pode descortinar nesse trago tão delicioso? Desde fragâncias frutadas, vegetais e aromas tostados ou a caramelo provenientes do lúpulo ou do malte. Sabores a cereais à base de trigo, milho ou cevada, adocicados com um travo a mel, geleia ou xarope. São múltiplos os aromas e sabores que se podem experienciar pelo consumo de uma cerveja. Criada há quase 40 anos, a roda de aromas da cerveja (RAC) possibilita que cervejeiros e consumidores de todo o mundo possam avaliar os aromas e sabores existentes na bebida, até agora.
A juntar a esta velhinha ferramenta, a Universidade de Aveiro (UA) acrescenta, agora, um outro nível de informação com a qual pretende ajudar na produção e controlo de cervejas: as moléculas voláteis que podem fazer parte, ou não de cada cerveja nesse momento de prazer único.

O trabalho inédito de Cátia Martins, realizado durante o seu doutoramento em bioquímica, com orientação científica de Sílvia Rocha, professora do departamento de química e investigadora na Unidade de Investigação de química orgânica, produtos naturais e agroalimentares, coorientação de Adelaide Almeida, professora do Departamento de Biologia e investigadora do centro de estudos do ambiente e do mar da UA e de Tiago Brandão, da Unicer bebidas, desvendou centenas de moléculas voláteis de várias dezenas de cervejas nacionais e internacionais.
Com recurso a métodos avançados de cromatografia de gás, uma técnica usada para separar substâncias químicas, a investigadora, ao longo dos últimos cinco anos, estudou em detalhe as moléculas voláteis responsáveis pelo aroma de cada uma das cervejas.

Com base nos resultados esta jovem cientista criou a “Beer Aroma Molecular Atlas (BeerAMA)”. O BeerAma pretende facilitar a vida aos ‘alquimistas’ da cerveja já que desvenda as características dos mais ínfimos e essenciais ingredientes da cerveja, um conhecimento fundamental não só para otimizar a produção das marcas já no mercado como para descobrir com maior facilidade novos aromas.

Atualmente, os cervejeiros ainda utilizam o RAC, que foi desenvolvido na década de 70 pelo engenheiro químico dinamarquês Morten Meilgaard e que, em três níveis de informação, apresenta 14 grupos sensoriais, que estão relacionados com os aromas e sabores percecionados na cerveja. Em relação às moléculas voláteis que estão na base de todas as múltiplas sensações causadas pelo consumo da cerveja, mas a roda dos aromas contém pouca informação sobre as mesmas.
Com esta nova ferramenta, explica Cátia Martins, “com o acréscimo de um 4º nível de informação relativo exclusivamente às moléculas, poderá ser usada como auxiliar na análise sensorial, permitindo uma compreensão detalhada não só ao nível dos aromas, mas também das moléculas características de um determinado aroma”. Também através do conhecimento detalhado das moléculas será possível monitorizar, por exemplo, a origem das matérias-primas e o próprio processo de fabrico da cerveja.

segunda, 26 fevereiro 2018 15:57

Destinada à clausura

É o mais recente livro de ficção da escritora Maria Helena do Carmo que aborda a vida da mais linda freira do Convento de Santa Clara e de toda a Ilha da Madeira, Maria Clementina de Vasconcelos que sofreu a clausura por sujeição à autoridade paterna, viu limitada a sua liberdade pela condição da mulher na primeira metade do século XIX e pelas revoluções políticas da época.

Porquê decidiu escrever sobre a vida de Maria Clementina?
Maria Helena do Carmo: Foi uma sugestão do Duarte Mendonça para que escrevesse sobre a Maria Clementina de Vasconcelos, quando vim apresentar em 2015 o livro “Bambu quebrado”. Como já tinha um livro sobre o quotidiano madeirense e que a abordava fui investigar outros livros e depois é que escrevi a sua história, porque esteve para casar, entretanto, como adoeceu não conseguiu e acabou por estar toda a vida enclausurada num convento.

Focou que era um romance, portanto há uma grande parte de ficção, que são os sentimentos dela, embora tenham sido 18 anos de clausura, apenas se centra num ano específico.
MHC: Ela esteve mais de um ano e meio fora da clausura, porque estava doente, isto já depois de 1834, em que o liberalismo permitiu aos frades de saírem dos mosteiros, não as freiras. Contudo, elas tinham a oportunidade de vir cá para fora, ou se a família lhes dessem apoio. No caso de Maria Clementina, ela saiu para se recuperar e foi nessa altura que ela pode analisar o buliço e actividade da cidade que ela ouvia no convento e que não conhecia. Também nesta época, ela já não tinha idade para casar, saiu com 31 anos de idade e voltou para o convento com 33, portanto, não era uma altura propícia para um enlace matrimonial, por isso, decidiu voltar para à sua clausura, mais calma e sem aquela ansiedade de ver o mundo cá fora.

Porquê a escolha desse período da vida dela?
MHC: Porque nesse período, entre os 31 até os 33 anos, ela retorna mais consciente do que a vida dela terá de ser ali, no convento de Santa Clara.

Fez imensa pesquisa sobre a vida da freira mais bonita da Madeira, nesse percurso houve algum facto que a surpreendeu?
MHC: Alguns livros, sobretudo os estrangeiros, como o de John Drive, diziam que ela era a filha mais nova do casal Vasconcelos, enquanto, que o livro de João do Nascimento indica que ela era filha mais velha. Este desencontro entre ser a mais nova ou a mais velha obrigou-me a reformular toda a história do romance, porque sendo a mais nova teria que ter uma outra origem do que se fosse a mais velha, ainda por cima ela nasceu cinco meses e meio antes do casamento dos pais.

E conseguiu obter provas que de facto isso foi o que aconteceu?
MHC: Não, embora há os registos de casamento e de nascimento, não tenho provas, isso aí já entra a ficção, não há provas de ela ter tido outra origem.

A Maria Helena do Carmo escreve muitos livros sobre mulheres, em termos histórico, agora já se vai notando mais publicações sobre mulheres em pontos-chave da história.
MHC: Eu comecei com uma senhora do século XVII Dona Catarina de Noronha, porque foi um trabalho que fiz para a universidade, tinha 30 páginas, então, resolvi fazer um romance sobre a vida dela com mais de 300 páginas.

O que atrai nestas mulheres?
MHC: Muita coisa, a Yvette é uma mulher jovem, tem toda a liberdade, não tem restrições e não entende do mesmo modo que eu que vivi numa época em que as mulheres não tinham liberdade para nada. Nesse contexto, reconheço uma época em que muitas mulheres levaram vidas contrariadas, ou porque os casamentos eram fomentados pela família, ou eram muitas vezes obrigadas a casar, sobretudo se houvesse um deslize, isso obrigou-me a encarar a falta de liberdade da mulher como um tema interessante em que eu me poderia debruçar. Acho isso muito importante, porque nunca antes uma mulher teve tanta liberdade como hoje e infelizmente algumas não sabem aproveitá-la, temos a oportunidade de sermos o que quisermos na vida e outras abusam dessa liberdade passando do 8 para o 80, recriando o antigamente para a actualidade.

E a Maria Clementina era uma dessas mulheres?
MHC: Ela foi contrariada, foi posta no convento por vontade dos pais. O que ela queria era vir cá para fora, casar, ser mãe e não foi assim quando teve uma hipótese, adoeceu e não foi possível cumprir o sonho. A política também acabou por desmanchar tudo e ela voltou a ficar destinada à clausura.

Quanto tempo levou desde a pesquisa até a escrita do livro?
MHC: Não levei muito tempo a escrever, levo imenso tempo a pesquisar, por vezes ando um a dois a anos a ler, por exemplo, “Os mercadores do ópio - Macau no tempo de Quianlong” levei cinco anos a pesquisar. Depois, antes de escrever já tenho um esboço e a partir daí vou preenchendo a trama, em 3 a 4 meses posso ter a obra escrita e revista. O “Destinada à clausura” levou alguns meses a escrever, foi-me sugerido o tema em 2015 nessa altura ainda tinha outros trabalhos entre mãos e só comecei a pesquisar em 2017, no arquivo regional e o romance ficou completo ao fim de 3 a 4 meses.

sexta, 23 fevereiro 2018 14:21

Machine after machine

Esta coleção Outono-inverno 2018/19 de Susana Bettencourt, é apresentada no seu showroom entre os dias 27 de fevereiro até 5 de março na Rua De Turenne 126, em Paris, uma declaração e um despertar inspirado pela nossa sociedade digital centrada no rápido e os relacionamentos sem contato.

A sociedade é automatizada, os hábitos e os costumes dos futuros líderes são moldados em torno de uma era digital e impessoal. A comunicação é feita através de telas e toques de teclados que distanciam a interação e o intercâmbio de experiências humanas. A palavra toque perdeu seu sentido físico e caloroso, ganhando um significado ambíguo e rígido. Qual foi o ponto de viragem?
Nesta coleção, “Machine After Machine”, a missão de Susana Bettencourt é exaltar a era do turno, quando os jogos arcade eram o movimento nobre. Estes representam o início dos videogames e o início do final dos jogos de rua. Nesta década da década de 80, ainda havia amigos de contato reais e tocáveis, uma realidade que é transposta diretamente para as cores e texturas da coleção.
Uma das grandes novidades desta coleção é que abrange um conceito voltado para a mudança dos hábitos das crianças e este foi o momento certo para a marca Susana Bettencourt apresentar apresentações audaciosas para os mais pequenos.


Mais uma vez, Susana Bettencourt expressou sua visão com texturas e fios únicos e personalizados criados em parceria com a Fifitex. Tecidos de malha grossa mesclados com bombazina brilhante, os volumes são criados com fitas de malha franzidas, as mensagens e os gráficos são claros: são críticos dos robôs que a sociedade está criando. O duvidoso brilho de Chenil combinado com jacquards de padrões fortes, já conhecida assinatura da criadora e trazem para essa coleção profundidade e complexidade na combinação de cores.
Como Susana mencionou no anúncio desta colaboração “para alcançar resultados exclusivos é necessário aprofundar os processos de criação, poder ter controle de todos os materiais utilizados nas peças. Agora, este "sonho" tornou-se real com o apoio da Fifitex, o fio é único, as cores são únicas, tornando cada peça ainda mais especial e única. Esta coleção tem como visão a defesa do feminismo, mas a igualdade de todos os seres humanos”.

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