Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

quinta, 15 fevereiro 2018 15:06

7º Festival espontâneo

   

A 7ª edição regressa a Sintra de 15 a 18 de Fevereiro, tem confirmada a presença de artistas de Israel, Brasil, EUA, Espanha, Portugal e promete mostrar o que de melhor se faz no universo da improvisação teatral, no Centro Cultural Olga Cadaval.

Dos espectáculos principais, destaca-se a estreia em Portugal do aclamado improvisador e comediante brasileiro Márcio Ballas, que apresenta pela primeira vez o seu espectáculo a solo intitulado “Bagagem”.
Para além desta estreia única, o público terá ainda a oportunidade de assistir a ensembles improvisados com a participação de todos improvisadores convidados para o festival.
O Espontâneo promove também, durante os dias do festival, workshops de improviso para profissionais das artes e curiosos. É uma co-produção dos Instantâneos com a Câmara Municipal de Sintra e está nomeado para os Iberian Festival Awards 2018, na categoria de melhor festival não musical.
Ao longo das suas 6 edições, o Festival Internacional de Teatro de Improviso, trouxe até Portugal os maiores nomes da improvisação mundial e espectáculos sempre únicos, hilariantes e surpreendentes.

Programa do Festival

15 Fevereiro - Quinta- Feira
21h30 – Yvonne Landry & Andy Coen (EUA) – YVONNE AND ANDY
(intervalo)
22h45 – Impro Ensemble – GAME.SHOW.LIVE (Elenco Internacional)

16 Fevereiro- Sexta-Feira
21h30 – Cia. Teatro Improviso Salvador (BR) – A FLOR DA PELE
(intervalo)
22h30 – Márcio Ballas (BR) - MÁRCIO BALLAS A SOLO

17 de Fevereiro - Sábado
21h30 – Impro Ensemble (Elenco Internacional) – TO BE OR NOT TO BE SHAKESPEARE
(intervalo)
22h30 – Impromadrid (ES)- JARDINES 18 de Fevereiro - Domingo 21h30 – Imbal Lori (ISR) e Paula Galimberti (ES)– FUN FATALE

Mais informações em www.espontaneo.pt

terça, 23 janeiro 2018 14:33

O carregador de palavras

 

Valter Lobo é um jovem cantautor cujos temas do seu primeiro álbum “Mediterrâneo” nos rementem para uma viagem mais solar e aberta do que o seu trabalho anterior, mais intimista, intitulado “Inverno”.

És advogado por formação o que te fez escolher também a música?
Valter Lobo: Foi uma decisão que acabou por ser natural, porque tinha esta parte artística há muito tempo em mim. Escrevi algumas canções de forma tímida e decidi já no final da minha formação que era o momento certo para dedicar-me à música.

Mas tivestes também formação musical?
VL: Não. A minha formação musical é direito. (risos) Sou auto-didacta, aprendi a tocar guitarra há muitos anos, foi sempre compondo em casa e já no final da faculdade é que decidi concorrer com canções minhas, fiz um EP chamado “Inverno”, em 2012 que foi reeditado em 2013, era um conjunto de 5 canções muito melancólicas e isso despertou à atenção das rádios nacionais.

Depois lançaste em 2016 o teu primeiro álbum mediterrâneo.
VL: Finalmente lancei o meu primeiro disco quase 5 anos depois, ou 3 anos depois da reedição. Este trabalho de originais fez agora um ano e tenho vindo a apresentá-lo em salas, eventos e em alguns festivais.

O que é que este disco representa comparando-o com o teu primeiro trabalho?
VL: Representa o meu crescimento e ao mesmo tempo estão interligados, uma vez que é a passagem do inverno para um clima mais ameno. O meu primeiro trabalho discográfico estava mais fechado, mais difuso, mais triste, é uma cabana numa montanha. Agora, esta é uma viagem até perto do mar, despido de materialismo e imbuído de um espírito de não sacrifício, aqui vou para uma varanda no Mediterrâneo.

Acho curioso que digas isso, porque ao ouvir os dois álbuns continuei a achar que eram ambos bucólicos, que nos remetem para cenários românticos e solitários. Em termos das letras há uma continuidade embora a sonoridade não seja a mesma.
VL: Sim. Houve uma evolução também nesse aspecto, o que é normal.

Aproveitaste algumas canções do “Inverno” para o “Mediterrâneo”?
VL: Não, são sobretudo músicas e letras feitas de propósito para este disco. A primeira canção do Mediterrâneo é “espanto os males à porta, bato os pés na soleira a avisar, dou por fim ao retiro, deixo a voz que para me encontrar…” ou seja, agora vou em direcção à viagem. Sou a mesma pessoa que o escreveu, mas há diferenças porque a temática não é tão melancólica e tão triste, estou mais numa de encontrar-me.

Escreves umas letras muito poéticas, quando o fazes é de forma diária, ou apenas quando te sentes inspirado?
VL: Não tenho uma resposta directa para te dar, não vou fazer disso um exercício, vou fazendo a canção e depois vêm a temática da letra e o que eu quero dizer e depois vou por aí. Não tenho regras, se for necessário faço uma canção em 3 minutos, o tema “Quem me dera” foi feito em cinco minutos, talvez tenha sido inspiração, não sei.

Quando escreves as letras também estas com a guitarra ao mesmo tempo?
VL: Quase sempre. Toco uma melodia na guitarra e depois vêm-me uma letra à cabeça e ando a cantarolá-la. Eu gravei o disco sem ter as letras no papel tinha-as todas memorizadas. Escrevi-as pela primeira vez quando se faz o trabalho artístico para a capa do álbum, nesse caso tive que as passar para o computador.

Quer dizer que transportas palavras sempre contigo?
VL: Sim.

Vais pensando nelas para melhorá-las?
VL: Sim, consigo ver escritas todas as letras na minha cabeça. É como se tivesse um computador. Troco uma palavra por outra melhor, mas visualizo as minhas quadras todas.

Em relação à evolução sonora do primeiro disco para o “Mediterrâneo”, então que mudou? A guitarra continua presente, porque se ouve, mas o que decidistes fazer diferente em termos de melodia?
VL: Eu trabalhei com outros músicos para este disco. Acrescentaram a sua parte, porque trabalhei também com outro produtor, quis entrar também no mundo puramente analógico, não estou com nada demasiado produzido, são as guitarras, as vozes, o trompete e o baixo no seu estado mais puro. Quando as letras são genuínas e não ficçionadas tens de ter uma melodia que te ajude a transmitir essa ideia, ou conceito. Como há uma evolução natural isso chama mais gente para tocar essas músicas.

Ao contrário do “Inverno”.
VL: Nesse EP sou eu e mais uma pessoa. É um trabalho mais digital. O “Mediterrâneo” é mais orgânico e analógico.

Tens agora palavras a circular na tua cabeça para um próximo álbum?
VL: Tenho

E vais editá-lo já no próximo ano?
VL: Sim, já esta a ser escrito neste momento, sempre tive a ideia de escrever um álbum intitulado “Conto-te tudo” e então em todas as canções a pessoa abria-se completamente.

Criavas personagens que contassem a sua história?
VL: Sim, acho que seria mais viável.

E continuas com esse tom melancólico?
VL: Sim, acho que sim, porque a minha voz remete para esse tipo de sentimento. Posso cantar a coisa mais alegre do mundo que o meu tom mais grave e rouco faz com que fique assim. Fiz a experiência de colocar outras pessoas a cantar as minhas canções e pareciam diferentes.

E pensastes nisso, de ter outros cantores a participar nos teus temas?
VL: Para já não. É tão intimo isto que se entregar a outra pessoa acabaria por desvirtuar o meu trabalho. Tenho colaborações com outros músicos, eu a cantar, mas fora do Valter Lobo.

Como tens um repertório tão intimo não faz muito sentido cantá-lo nas grandes salas?
VL: Acho que faz mais sentido num teatro, mas já toquei em salas maiores e também funcionou.

Quem é o teu público? Já o notas?
VL: Sim, não é em grande escala, porque acho que não cheguei ao grande público, por isso, não posso saber. Mas, desde as crianças aos mais velhos que gostam de música alternativa, ou popular, são os que mais ouvem os meus temas. Também passa pelos jovens adultos que vão à procura de música diferente.

E é mais um público feminino?
VL: Sim, felizmente. Há também um público masculino, mas a elas chega mais rápido, também é natural, não foi propositado.

E sempre a cantar em português?
VL: Sim, a minha língua é a única que domino e não quero cantar mal inglês que oiço na maior parte das pessoas.

E vais deixar o direito e dedicar-te só à música?
VL: Eu sou jurista na parte de direitos de autor, no Porto. Trabalho com muitos artistas e isso não tenciono deixar de forma alguma, o direito ao serviço da música e da arte.

Sempre vais manter estas duas facetas em paralelo?
VL: Sim e tenho mais uma de programador e produtor.

Já produzes outros cantores?
VL: Sim, organizo um ciclo de concertos de cantautores e tenho outros projectos para produzir concertos e eventos com outros artistas.

 

terça, 23 janeiro 2018 14:26

O inverno cá e além

A coleção outono/inverno 2017-18 de Alexandra Moura e a dupla de designers Alves/Gonçalves é introspetiva.

O fascínio por culturas distantes, pela identidade e pela História, constante no trabalho de Alexandra Moura, encontra no período histórico dos descobrimentos, uma herança que invoca a nostalgia e romantismo que ainda hoje distinguem Portugal no Mundo.
À procura de uma ligação mais forte com as origens, a natureza e a ancestralidade, esta coleção viaja até ao tempo das colónias Portuguesas em Timor-Leste no século XVIII, e ao território vizinho da Indonésia.
Recuperando um diálogo cultural antigo, e num constante jogo de opostos, Alexandra introduz este passado histórico como uma importante influência que garantiu uma identidade própria, mutuamente cá e lá, ontem e hoje.
Formalmente, o icónico trabalho de desconstrução de peças contemporâneas alia detalhes subtis do traje étnico ao romantismo Europeu da época. Têxteis e padrões timorenses e indonésios servem de motivos para as malhas jacquard com efeito de cerzido sugerindo resquícios do que ficou e que, aliadas à paleta de cores mais terrestre - castanhos e ocres e ainda, falsos pretos e azuis, se distanciam de uma imagem etnográfica.
Em associação com motivos florais, materiais como o veludo, fazenda de lã, felpa e gabardine, dão continuidade ao jogo de manipulações de tecido - repuxados e nós – criando uma silhueta mais híbrida, simulando novos panejamentos e jogos de peças, para um Homem simultaneamente sensorial, cosmopolita e contemporâneo.

 


Alves/Gonçalves apresentam uma mistura de padrões e materiais numa miscelânia emotiva, eclética e individualista. São evidentes sobreposições casuais, onde se recupera o clássico, e o masculino se interceta com o feminino.
Os volumes são amplos, de corte alfaiate, e combinam com a fluidez dos estampados e camisas amplas brancas. Os plissados recebem acabamentos técnicos. A ganga mistura-se com pelos numa vertente urbana.
Uma coleção que encontra a simplicidade nos cortes retos e femininos. A seda, o veludo, a caxemira e o denim protagonizam o desejo do autêntico.

terça, 23 janeiro 2018 14:24

Tudo é e não é

É um livro de prosa pelo também escritor Manuel Alegre.

Nunca um título reflectiu tão bem o conteúdo do livro, “Tudo é e não é” mostra um estilo muito próprio de escrita e narrativa em que nada é o que parece. Foi um livro que me prendeu e confundiu ao mesmo tempo, quando o terminei questione-me a mim própria, tratou-se de uma história sobre um personagem, António Valadares, que tem um sonho recorrente, ou é a história de um sonho obsessivo do próprio narrador, Manuel Alegre? Abstenho-me de responder simplesmente, porque me apetece. Se tiver curiosidade leia e decida por si mesmo, o que posso adiantar sobre este livro e voltando um pouco atrás é que os conceitos de espaço e tempo e de ficção e realidade são subvertidos, dualidades essas que tornam a leitura ainda mais acutilante e compulsiva. Depois, ainda há espaço para diversas discussões epistemológicas politicas que nos remetem para o próprio percurso real do autor. Em conclusão, gostei no geral narrativa criativa do escritor, diria mesmo até que é inusitada quando se tem em conta que Manuel Alegre é um dos nomes incontornáveis da poesia portuguesa e que ao contrário do que se pensa nem sempre um poeta maior consegue ser ao mesmo tempo um grande escritor ou vice-versa, no caso concreto deste autor diria que é 60/40. Ficou-me assim o gosto pela leitura de mais prosa surpreendente deste autor e posso acrescentar para os mais cépticos que a escrita é acessível e não se trata de um calhamaço de 400 páginas. Lê-se e relê-se com muito à vontade. Boa leitura.

sábado, 20 janeiro 2018 16:38

Canas 44

 

 

Com direcção artística de Victor Hugo Pontes e interpretação de Leonor Keil e de Rafaela Santos, será apresentado de 25 a 27 de Janeiro pelas 21h30 e no dia 28 pelas 16h30 na sala Estúdio Amélia Rey Colaço - Robles Monteiro, no Teatro Nacional Dona Maria II.

O espectáculo está integrado no ciclo Portugal em vias de extinção, promovido pelo Teatro Nacional Dona Maria II, e tem como metáfora de reflexão artística a própria biografia das intérpretes para, a partir das suas vivências enquanto cidadãs-artistas-mães-mulheres a viver em Canas de Senhorim, potenciar a reflexão maior acerca do país em que vivemos e em que viveremos nos próximos anos. Portugal que país será e quem seremos nós os cidadãos desse país?

Sinopse

Neste espectáculo há uma personagem que chega e há uma personagem que parte. Uma quer construir uma vida nova e a outra quer partir para ganhar mundo. Em comum, o mesmo lugar, Canas de Senhorim, que nunca é mencionado e, por isso, Canas é todos os lugares. Têm ainda em comum o número quarenta e quatro – anos de idade. A partir daqui constrói-se um universo autoficcional que especula sobre pessoas, lugares, ruas, que já não existem ou que estão em vias de desaparecimento, numa constante enumeração dessa memorabillia, como um movimento contínuo entre utopia e catástrofe, como se ressuscitar os mortos fosse uma forma de inscrevê-los na História.

Canas 44, co-produção Amarelo Silvestre, Nome Próprio, TNDMII, Centro de Arte de Ovar e Câmara Municipal de Nelas, já passou por Canas de Senhorim, Ovar, Covilhã e Sever do Vouga.

 

Canas 44

direcção artística e dramaturgia Victor Hugo Pontes com

textos de Maria Gil e Fernando Giestas

interpretação Leonor Keil e Rafaela Santos
espaço cénico Henrique Ralheta
desenho de luz Cristóvão Cunha
música original Rui Lima e Sérgio Martins
adereços Lira
projeto paralelo* Fernando Giestas
apoio à montagem Carolina Reis
produção executiva Susana Rocha
apoio à produção Nome Próprio
co-produção Amarelo Silvestre, Nome Próprio, TNDMII, Centro de Arte de Ovar, Câmara Municipal de Nelas
apoio República Portuguesa – Cultura / Direção-Geral das Artes
parceria As Casas do Visconde
outros apoios Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Canas de Senhorim, Borgstena, Patinter

*com o Agrupamento de Escolas e o Centro Social e Paroquial de Canas de Senhorim

Duração 60'

M/12

segunda, 08 janeiro 2018 18:25

R.I.P 2 my youth

Documentário português sobre Transexualidade é apresentado na Madeira

A convite da Câmara Municipal do Funchal, o documentário português “Rip 2 My Youth” que retrata a história de um jovem transexual vai ser apresentado no Funchal, no dia 18 de Janeiro, pelas 21h00 no Teatro Municipal Baltazar Dias, numa sessão aberta ao público e com entrada livre  e já é possível adquirir o bilhete na bilheteira do Teatro Municipal Baltazar Dias).

Realizado por um grupo de alunos do Mestrado de Audiovisual e Multimédia da Escola Superior de Comunicação Social (ESCS), “Rip 2 My Youth” conta a história real de Isaac dos Santos, um jovem de 20 anos, que passou pelo processo de transição de género. Desde muito novo que Isaac percebeu que não se identificava com o sexo feminino, tendo decidido mudar a sua vida e o seu corpo quando tinha apenas 18 anos.

Em “Rip 2 My Youth” é relatado todo o processo de transformação de Isaac num percurso duro mas gratificante, marcado pelo seu forte carisma e determinação.

O documentário é co-produzido pela Comprimido, agência de web vídeo marketing, e é um dos primeiros filmes sobre transexualidade realizados em Portugal, com um testemunho real e uma história positiva sobre um dos temas mais fraturantes e tabu da sociedade atual.

Depois das sessões em Lisboa e Porto, o Funchal é a terceira cidade a receber “RIP 2 My Youth”, seguindo-se brevemente mais exibições por todo Portugal.

Ficha Técnica Realização: João Pico, Elizabeth Vieira, João Figueiredo

Produção: Elizabeth Vieira

Edição: João Pico e João Figueiredo

Assistente de Edição: Hugo Louro

Adaptação do Guião: João Gama, Susana Maciel

Guião Original: Mariana Ramos

Captação de Imagem: João Pico, Elizabeth Vieira, João Figueiredo, Susana Maciel

Captação de Som: Elizabeth Vieira, João Gama

Pós-Produção de Áudio: InSonik

Música: João Pico

segunda, 04 dezembro 2017 12:30

A noite da dona luciana


No próximo sábado, 9 de Dezembro às 21H30, o Cine-Teatro João Verde em Monção recebe A NOITE DA DONA LUCIANA de Copi.

A NOITE DE DONA LUCIANA  de Copi

Tradução ISABEL ALVES Encenação RICARDO NEVES-NEVES Assistência de encenação CATARINA RÔLO SALGUEIRO Elenco CUSTÓDIA GALLEGO, JOSÉ LEITE, MÁRCIA CARDOSO, RAFAEL GOMES, RITA CRUZ e VÍTOR OLIVEIRA Figurinos JOSÉ ANTÓNIO TENENTE Luz ELDUPLO Técnico de Luz SIMÃO SOARES Música SÉRGIO DELGADO Fotografias ALÍPIO PADILHA Vídeo Promocional EDUARDO BREDA Apoio ao espectáculo EMANUEL SANTOS Comunicação MAFALDA SIMÕES Um espectáculo TEATRO DO ELÉCTRICO M16 Duração 70 min

O espectáculo já foi apresentado em Lisboa, Leiria, Vila Velha de Ródão, Funchal, Matosinhos, Loulé e Torres Novas. Tem sessões agendadas para Condeixa-a-Nova, Tondela, Almada e Açores.

O espectáculo teve duas nomeações para os Prémios da Sociedade Portuguesa de Autores: Melhor Espectáculo do Ano e Melhor Actriz do Ano (Rita Cruz).

Cine-Teatro João Verde – Monção (9 de Dezembro, 21H30)
Reservas: 251 649 013

 

sexta, 01 dezembro 2017 15:56

Rasgos

Esta é a terceira peça de teatro escrita por Jorge Ribeiro de Castro, e encenada pela companhia Teatro Bolo do Caco.

Para o dramaturgo "Como sempre, trata-se de uma viagem pelo mais íntimo e dissonante do ser humano, enfatizando uma realidade em que a sociedade não se preocupa com os valores morais, é consumista e prejudicial. Dois irmãos vivem numa mesma casa, mas, apesar da educação que tiveram ter sido igual, há muitas diferenças entre os dois, quer seja a nível emocional, intelectual ou comportamental. Para confundir ainda mais a história, surge um elemento estranho…"

Para os actores trata-se de uma história sobre "Dois irmãos, duas ambições, dois cafés, dois lados da mesma moeda, uma mulher, uma herança e um cigarro. Serão um assassino e um detective as duas faces da mesma pessoa? Quando as vontades colidem, revela-se o íntimo ambíguo da moralidade humana, como um mergulho num poço profundo e escuro. As ferramentas da ambição passam pela luxúria, pela violência e crueldade, mesmo entre sangue do mesmo sangue. Juntando estrogénio a esta mistura, já potencialmente inflamável, corremos o risco de presenciar um verdadeiro espetáculo de pirotecnia. Já aconselhava Shakespeare: não discutir com uma mulher, pois elas são lunáticas!"

Ficha Técnica:

Texto: Jorge Ribeiro de Castro

Encenação: Xavier Miguel

Assistência de Encenação e Direcção de cena: Mariana Faria

Cenografia e Figurinos: colectivo

Sonoplastia; Xavier Miguel e Óscar Silva

Desenho de Luz: Xavier Miguel e José Zyberchema

Ilustração: Fátima Spínola Design cartaz: Miguel Xavier

Produção: Xavier Miguel

Apoio Técnico/Montagem: José Zyberchema e Óscar Silva

Elenco

Actores: Vladimiro-Óscar Silva

Norival-Pedro Santos

Elvina-Mariana Faria ?-Catarina Serrão

Calendarização:

Dezembro 2017

Balcão Cristal
Dia 1, sexta 20h/22h

Dia 2, 22h

Dia 3, 19h-/21h

Duração aprox: 45min

Reservas/Marcações:961952715  teatrobolodocaco@gmail.com

É a segunda parte da minha viagem que começa na costa do Atlântico, sobranceira à montanha mesa, na África do Sul. Acompanhe-me.

A frente-mar Victoria e Albert representa um dos pontos obrigatórios a visitar na cidade do Cabo, são mais de 400,000 mil metros quadrados de lojas, hotéis, restaurantes, centros comerciais e áreas para entretenimento e concertos, que são visitados em média por 24 milhões de pessoas por ano, dos quais 23% são turistas. A renovação destas duas bacias do porto da cidade do Cabo começou em 1988, o projecto visava revitalizar uma vasta área com diversas infraestruturas portuárias há muito abandonadas e que foram sendo modernizadas por fases e transformadas em diferentes espaços temáticos.

Um desses pontos obrigatórios, bem no coração desta área é o “Watershed”, trata-se de um antigo armazém que alberga centenas de pequenos stands de artistas e designers africanos. É tudo mesmo muito bonito e original, o difícil mesmo é a escolha. Isto para quem gosta de arte africana!


Mas, a nova joia da coroa, ao meu ver, foi a abertura do Zeistz Museu de Arte Contemporânea de África do Sul (Zeistz MOCAA), o maior do continente e da diáspora a apresentar de forma permanente arte africana. O mega projecto resultou de uma parceria entre a empresa que gere o V&AW e um investidor alemão Jochen Zeistz com o objectivo de reabilitar um dos silos de cereais mais antigos do porto, que funcionou durante quase 80 anos. A obra de reabilitação a cargo de uma empresa de arquitectura londrina, o “Heatherwich studio”, procurou preservar o legado arquitectónico e industrial daquele que foi durante muito tempo um dos edifícios mais altos da cidade, com os seus imponentes 57 metros de altura e o resultado de todas estas sinergias é simplesmente soberbo.
O museu merece uma visita por vários motivos, um deles prende-se com o excelente trabalho de reabilitação do silo. O hall de entrada lembra o átrio de uma catedral, devido ao recorte expostos dos tubos de cereais, parece o interior de uma colmeia de abelhas! E com o brinde de uma obra de Nicholas Hlobo chamada de “iimpundulu zonke ziyandilandela”, o pássaro relâmpago, inspirado numa lenda Xhosa, a localização não poderia ter sido melhor, confere-lhe uma atmosfera neo futurista. A própria infraestrutura não foi pintada, mantem-se o seu interior maciço e betonado, onde o destaque vai para a crueza das suas linhas tubulares sublinhada pela escadaria em viés e o elevador metalizado. O piso zero, é outra descoberta, é como estar no interior de um casulo recortado de onde podemos apreciar toda esta envolvência industrial que nos rodeia.

  

O vidro teve um papel muito importante em vários dos pisos, dígamos que a sua transparência realça ainda mais os traços austeros do edifício sem o adulterar demasiado, o destaque vai para o topo com as suas janelas em formato diamante onde fica situado o jardim de esculturas, um café e o hotel. É verdade, o Zeistz MOCAA não é apenas um espaço museológico, só funciona como tal, para já, na sexta-feira, ao longo do fim de semana e segunda-feira, nos restantes dias é um centro de negócios, de empreendorismo e possui espaços específicos para eventos ou convenções.
Mas, voltemos ao que me interessa de facto…ao trabalho artístico, as várias obras expostas no ZMOCAA provém da colecção privada de Jochen Zeistz, um empréstimo a longo prazo, que é a pedra basilar desta extensa mostra, para além, como não poderia deixar de ser, das exibições temporárias que ficam a cargo de distintos curadores. Fiquei deveras fascinada com vários dos artistas, não é nada comum, pelo menos para uma europeia, poder apreciar estes “olhares” contemporâneos num único espaço e tenho que vós mostrar algumas das peças e obras pictóricas expostas. Faço, no entanto, uma ressalva, as imagens selecionadas de modo algum pretendem desmerecer o trabalho dos restantes artistas, muito pelo contrário, é apenas um conjunto que visa sobretudo mostrar ao leitor o que se faz de melhor em termos de arte no continente africano.

 

Dispostos pelos vários pisos estão um conjunto de artistas que revisitam o conceito de vestuário, através de uma narrativa cujo centro é o corpo e onde há uma reinterpretação dos materiais. Athi-Patra Ruga, Yinka Shonibare, Leonce Raphael Agbodjélou e Nandipha Mntambo utilizam diferentes suportes artísticos de modo a materializar à relação simbiótica entre os seres humanos, a natureza e o seu meio envolvente. Na imagem superior aparece o trabalho de Kudzanai-Chiurai intitulado de "Revelations".

 

Este segundo bloco engloba dois tipos de veículos artísticos, as instalações e a pintura. Nesse contexto, El Anatsui é um artista ganês que reutiliza nas suas obras materiais descartáveis da Europa e Américas que foram introduzidas em África. O hiperrealista Jeremiah Quarshie questiona a noção do imaginário e investiga a natureza da arte e Marlene Steyn pinta universos vividos, diáfanos e complexos inspirados na teoria psicoanalitíca.

E mesmo ao lado do ZMOCAA ao subir das escadas, na torre do relógio, a beleza assume outras formas que aconselho vivamente as amantes dos átomos de carbono cristalizado, o museu do diamante. Já Elisabeth Taylor dizia e com razão, os diamantes são para sempre e é a mais pura das verdades. A visita guiada possui uma lotação máxima e por vezes é necessário agendar, em particular ao fim de semana, posso garantir que vale a pena, o percurso inclui um pouco da história da mineração dos diamantes na África do Sul, as personalidades mais importantes deste sector, as réplicas dos diamantes mais famosos do mundo e uma paragem pelo atelier de corte, aí poderão ver em acção o trabalho minucioso do que eu chamo os artesãos do brilho, que cuidadosamente talham e polem cada pedra preciosa com enorme precisão e minucia.

E depois de ter alimentado a alma, nada melhor para aplacar a fome física do que uma visita a outro dos pontos essenciais da frente-mar, é o “W&F food market”, não se trata de um espaço tradicional onde se vendem frutas e vegetais, é um local para provar iguarias locais e onde pode comer uma refeição se assim o desejar, o que não falta é uma oferta variada e de qualidade. O mais interessante são os vários stands de pequenos produtores agrícolas e empreendedores gastronómicos que expõem os seus produtos regionais e tudo isso merece uma dentada curiosa.

P.S- Decidi manter os nomes e siglas originais e não as traduzi, porque se pretende obter mais informação sobre estes locais basta pesquisar com os nomes supracitados.

https://zeitzmocaa.museum/

http://www.capetowndiamondmuseum.org/about-the-museum/

http://www.waterfront.co.za/vanda/about

sexta, 03 novembro 2017 20:17

O kastrupiano musical

Guilherme Kastrup é um dos músicos instrumentalistas e produtores musicais mais reconhecido do panorama musical brasileiro. Apesar de um percurso profissional com mais de duas décadas foi apenas em 2013 que lançou o seu primeiro álbum a solo e promete fazer a mesma proeza já no próximo ano, quando atingir o seu ponto de mutação.

És um músico já com uma longa carreira, produziste imensos artistas reputados no brasil, porquê só em 2013 decides fazer um álbum em nome próprio?
Guilherme Kastrup: Nunca pensei muito nessa história da carreira a solo, ou autoral. A minha vocação é de músico instrumentista e vivi disso durante muitos anos. Depois comecei por me interessar pela parte do estúdio, de gravar e produzir algumas coisas. Nesse processo passei a brincar com algumas coisas, de brincadeira autoral, mas sem nenhuma pretensão. Esse disco foi-se construindo ao longo de muito tempo, dez anos, a partir de brincadeiras de estúdio e eu comecei a reconhecer que tinha um trabalho que merecia ser lançado com alma. Comecei a organizar isso com o pensamento de um álbum.

És percussionista, mas o disco tem uma parte muito tecnológica. Como passaste dessa fase instrumental para os sons digitalizados?
GK: Acho que foram dois interesses simultâneos. Essa parte de mexer com o samplear e com o recorte de música digital, é uma coisa de brincar de um jeito percussivo com vários sons que não sejam instrumentos inicialmente gravados e reposicionados com essa característica que o sample pode dar. Você brinca com bateria electrónica e com sons gravados de diversas origens e isso foi ago que me interessou muito e que descobri. A outra parte é a gravação de estúdio, de produção em que mergulhei muito ao fundo, fiz gravação, recorte, aquilo de mexer muito nas músicas digitalmente e fazer edição, que é um pouco como se faz com as artes plásticas. Esse cruzamento das artes plásticas com a música é que acendeu muito essa vontade de fazer um trabalho autoral.

Que sons é que gravaste? Dá para perceber que tens animais, outras vezes parecem ser sonoridades mais urbanas.
GK: Eu gravo um pouco de tudo, como você percebeu bem, são dez sons urbanos de máquinas, de carros e essa coisa intensa que a cidade tem e também há sons mais oníricos de cigarras, pássaros, falas e entrevistas. Tem uma música que é uma entrevista do Cartola que eu recortei e transformo em música a partir da sua digitalização, é uma brincadeira de cortar e colar que me permite fazer as coisas de um jeito como se tivesse compondo música electrónica, só que a partir de elementos acústicos de todas as origens.

Depois como fizeste a escolha desses recortes, no meio de tantos temas qual foi o critério de selecção?
GK: Teve muitas brincadeiras, mas foi elegendo as que podiam formar um conjunto, a maioria dos temas nasceu a partir da própria precursão, mexi com elas, descobri temas melódicos nessas faixas e aí os temas foram começando a ser desenvolvidos e só depois comecei a pensar no conjunto. Gosto muito dessa coisa da criação do álbum, a ideia de um disco com princípio, meio e fim e que as canções tenham conexões umas entre as outras, é algo que fez parte da selecção para que as músicas tivessem nesse conjunto do “Kastrupismo”.

Chamaste-lhe “Kastrupismo” por ser a tua cara? Por seres tu é isso?
GK: Sim,

É a marca do ser individual, de um trabalho com alma.
GK: Exactamente, usei o meu próprio nome, Kastrup, porque foi como se dissesse que esta é a minha forma de fazer música, o meu jeito de fazer.

Tens algumas participações e algumas letras, isso surgiu mais tarde?
GK: Algumas sim e outras não, essa por exemplo, do Cartola partiu da ideia de recortar três das entrevistas em que ele foi contando a primeira venda do samba dele, o espanto dele quando chegaram para ele e ofereceram dinheiro e ele disse, comprar um samba meu? Tá maluco rapaz? O meu interesse por essa história fez com que eu quisesse fazer algo interessante com isso e partiu da fala para a música. Outros temas partiram do ritmo inserindo letra, mas não funcionam exactamente como canção. Normalmente, trabalho muito com canção, a minha carreira é baseada nisso seja como acompanhante, como percussionista, ou produtor musical. No meu percurso pessoal eu queria fugir um pouco desse formato e utilizar a poesia completa de uma forma mais livre na estrutura da música. O que eu uso como letra é mais a poesia completa que posso montar, desmontar em várias partes e remontar de outro jeito. A cada hora ela aparece de um jeito diferente e me dei essa liberdade de brincar com a poesia de uma forma diferente e fugir do formato mais fechado que é a canção.

Depois apresentas um outro álbum que é “Sons da sobrevivência”, que acho que tem um lado extramente poético e é muito diferente do “Kastrupismo”. Porquê do nome?
GK: Quem batizou esse nome foi o Benjamim Taubkin. “Sons de sobrevivência” partiu de um duo de percussão que tenho com a Simone Sou, uma grande percussionista e a gente montou o Soukast uma brincadeira com os nossos nomes, criamos um repertório a partir da repercussão e mais tarde convidamos o Benjamim Taubkin que é um grande pianista e pensador brasileiro. Esse encontro deu muita faísca, o resultado foi muito interessante e decidimos gravar esse álbum. Quando o Benjamim sugeriu esse titulo eu também estranhei e perguntei para ele, depois foi entendendo o sentido poético do tipo de música que a gente faz, que é de resistência da politica humana, de como vemos o mundo, mais autónomos na forma de criar e encarar a sociedade onde a gente esta, é a sobrevivência física e artística. “Sons de sobrevivência” tem a ver com isso, um certo acto de resistência, a arte das relações humanas.

Tu és produtor dos teus próprios projectos musicais, se não fosse assim, achas que haveria um espaço para ti no panorama musical brasileiro?
Por seres tão diferente?
GK: Não sei (risos). Nunca pensei nisso com esse enfoque de eu ser produtor dos meus projectos musicais. Ás vezes, eu sentia que precisava de um olhar externo para dizer para. Agora, estou finalizando o meu segundo disco e nesse acho que sou melhor produtor de mim mesmo que no primeiro.

É um segundo exercício do Kastrupismo?
GK: Não será mais um Kastrupismo, mas é um exercício sobre uma brincadeira um pouco diferente, a minha vida mudou e desta vez o principio das canções não são as repercussões, mas foram alguns encontros que promovi de música improvisada. Formei dois trios com artistas com que tenho muita conexão e fizemos improvisações, a partir disso comecei a recolher esse material para fazer as composições.

Mas, andas em tournée com o teu primeiro trabalho discográfico, nos espectáculos já tocas temas deste segundo álbum?
GK: Ainda não, eu ainda não o finalizei. Terminei o processo criativo, estou com o álbum todo montado, como gosto de fazer tudo, aprecio pensar na ordem, como é que as músicas se interligam, se entrelaçam, como é a história delas no contexto geral do disco e a partir daí, vou mixar, masterizar, mas por enquanto estou no processo criativo. Ainda não mostrei para ninguém, mas toquei uma primeira música já em Lisboa e na Madeira.

Tem uma frase que defina este segundo álbum?
GK: Esse álbum vai-se chamar talvez “Ponto de mutação” em referência a um livro que li, que achei muito bonito, de Fritjof Capra. Ele tem um conceito de ver a humanidade como um único organismo vivo e que esta nesse ponto de mutação. Estamos num final de um período, de um ciclo, de uma época dominada pelo yang, o masculino, para transitar para uma fase mais ying, mais feminina. Achei essa imagem muito poética, de um físico que estuda sociologia, o conceito é muito bonito, porque a gente esta no fim de um ciclo da humanidade, vemos este sistema capitalista num acto de ebulição e tem tudo a ver com isso. O disco tem a ver com esse mundo de agora.

Quando se fala de música no Brasil, fala-se de música popular, de bossa nova e como disse desde o principio o teu som é muito diferente, é algo que se vê mais na Europa e EUA, mas que nunca se ouve no teu país. Como é mercado brasileiro para o teu tipo de musicalidade?
GK: O Brasil é muito rico musicalmente. O que passa para fora é esses estereótipos da bossa nova, do samba, mas internamente temos uma produção muito grande, especialmente em cidades como São Paulo que tem vazão para isso. Existe muita gente interessada, tem um mercado que se movimenta, é possível viver de música independente autoral e experimental mesmo estando fora dos grandes circuitos popular que no Brasil é muito intenso.

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