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No years of solitude

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Maria João Coutinho and Simion Doru Cristea, with production of Agnes Faria, Bernadete Annunciação, Rita Ramos, Lucia  Anunciação, made a documentary film about a century old woman, the matriarch of an entire community that she has seen and helped birth. A poignant film and absolutely unmissable.

Who is this person about whom decided to make this documentary?
Maria João Coutinho. She is a lady who currently has 104 years, but at the time had 102 She lives on a farm and was midwife to a whole community. The location is Candeal Mora which is near the city of Irará which is in the state of Bahia.

Then she was the midwife of the whole community?
MJC: She's a woman from the country side, but there was one particular day that a lady needed helpin a childbirth and the only one close by was Aunt Paula, so she helped without knowing how and the baby was born. From there began helping at all births, the farm is a very closed community, so everybody knows each other, some call her aunt paula, other's mother paula, aunty paulinha, she's a mother and aunt of all.

And how does Maria João reaches Aunt Paula and decides to make a documentary?
MJC: We went specifically to Salvador de Bahia, because we belong to an association that study proverbs in Tavira and I am the secretary of this entity and we learned that the most important holy mother and the first to belong to the Brazilian Academy of Letters, mother Stella, living in a farmyard of Salvador, wrote a book on proverbs. We were very curious, why is it that a holy mother writes a book on this subject? No one ever had done within the religion, except the proverbs of Solomon. We contacted the lady, but she told us she could not come to Tavira for a conference we organized every year, because she had more than 80 years of age, currently has 89. Simeon and then I grabbed our economies and went to Salvador de Bahia where we have some friends. Thanks to them we met two young ladies, Bernadette and Lucia Annunciação, which belong to this community, are both cultural producers and told us they would like film Aunt Paula, because she was a character who we would not want to miss. And we went. Were there for the weekend and sleep in a farming community.

And Aunt Paula has her own family, or she is single?
MJC: Aunt Paula was married, had about 12 children, because the entire community has many children, also was usual here in the villages and beyond. Some have died and in the movie will tell that she is already tetra grandmother, has 60 grandchildren and some tetra-grandchildren.

 

Essa é a família directa, fora os que a chamam de tia e mãe, ao todo quantas pessoas ela ajudou a trazer ao mundo?
MJC: Toda a gente diz por volta das 300 a 400 pessoas. Ela era chamada sempre e no documentário ela diz que nenhum menino morreu, excepto uma criança que nasceu praticamente morta e ela mesmo assim vestiu o bebé e foi dá-lo à mãe.

Eles não acharam estranho que pessoas vindas de Portugal quisessem fazer um filme sobre a tia Paula?
MJC: Bastante gente perguntou, porque quisemos fazer um filme, vir até cá e vindos de tão longe e de um país tão distante. Outros diziam, vieram com a Bella, que queria muito que se fizesse um filme sobre a tia Paula, aliás, ela já tinha convidado uns italianos que a filmaram, mas nunca revelaram o filme e as pessoas ficaram muito aborrecidas. Nós fomos tratados como família, fomos até as suas casas e como era o São João, dançámos forro, foi tudo uma grande festa.

E para a Maria João o que ficou deste trabalho depois das filmagens e da edição?
MJC: Para mim foi uma honra conhecer uma pessoa tão habilidosa, tão cheia de vida, tão cantadeira, tão roçadeira como ela diz. É uma personagem que qualquer um de nós gostaria de conhecer. Ela é um símbolo de força de vida e energia, é inexplicável, com 102 anos. No filme ela canta, dança, reza, é uma pessoa encantadora, ao mesmo tempo, muito simples e muito sábia. Depois ela tem muito de Garcia Marquês, aquela ideia do inimaginável e imaginável, embora todos nós pensámos que o maravilhoso e o sobrenatural não existem, esta cá na terra. E nesta comunidade que é muito próxima de Salvador da Baía, porque o Brasil é muito grande, duas horas de estrada é muito perto, ainda existe a cana-de-açucar, o anánas, tem os Kilombos, os antigos refúgios dos escravos, que ainda hoje persistem com os descendentes dos escravos que fugiram dos senhores brancos.

Ela, a tia Paula, ainda hoje continua a fazer partos? Não?
MJC: Não, hoje as pessoas, ou os seus próprios filhos, todos se voluntariam para a tratar. Portanto, ela é uma senhora que já se levanta com dificuldade e tem de ser ajudada. Na semana que fomos até lá, um dos filhos mais novos, que tem 65 anos, a levantou, a lavou, vestiu, deu-lhe de comer e colocou-a num sofá junto de uma porta, sem porta, ou seja, só tem a cercadura e a tia Paula esta lá sentada, do lado direito tem algumas fotografias de família, do lado esquerdo tem uma série de imagens religiosas e à frente ela vê as pessoas que vão para roça e vai falando, vai trocando umas palavras e toda a gente vai chamando: Oh, tia Paula, como vai? Ela é uma pessoa que não esta sozinha. E dali do seu sofá, ela vê tudo.

Daí os sem anos de solidão. Ela nunca esteve só.
MJC: Exactamente. Este documentário da tia Paula foi o único que foi ao Festin (Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa).

Qual foi o feedback que receberam do filme?
MJC: No Festin gostaram muito. Entretanto, enviámos o documentário para a comunidade e a tia Paula foi a convidada de honra, recebemos fotografias dela a ver-se, foi o perfeito de Irará, o padre da localidade e toda a comunidade ficou muito orgulhosa, porque ninguém tinha feito um filme sobre eles. E curiosamente, nós quisemos levar um pouco de poesia ao filme e convidámos um amigo nosso, daqui de Paços de Arcos, brasileiro para entrar no filme. Portanto ele diz algumas palavras e fala da tia Paula como se a conhecesse e foi muito engraçado porque quando mostraram o filme na comunidade toda a gente se perguntou: Mas, quem é esse? Ele fala dela como se a conhecesse. (risos)

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