Se quer descobrir os recantos mais inusitados proponho-lhe uma caminhada na zona centro, a uma das paisagens mais surpreendentes de Portugal.
Situada no Concelho da Figueira da Foz, Distrito de Coimbra podemos visitar à Norte, a Serra da Boa Viagem, com cerca de 7 km de comprimentos e 253 metros de altura. O mais fascinante deste complexo montanhoso é que se trata de uma museu natural vivo, onde abundam fosseis ao longo dos percursos pedestres e uma vegetação luxuriante. Mas, mais do que uma aventura sem destino o que proponho é uma viagem através dos “pés” da sola gasta. O Nuno Santos é o cicerone que percorre de lés a lés o país a pé. Segundo as suas próprias palavras “…existem lugares à espera de ser descobertos e eternizados que, por uma ou outra razão, são ainda desconhecidos da maior parte de nós. Muitas vezes, estão mesmo ao nosso lado e só quando alguém nos desperta para a sua beleza e singularidade é que lhes atribuímos o devido valor”.
A serra da Boa viagem é um desses exemplos. Nesta rota com uma duração de cerca de quatro horas, com ínicio em Santo Amaro, é possível encontrar um manancial geológico ao longo dos trilho, para os amantes da geologia. É tanta a abundancia deste exemplares de outras eras pretéritas espalhadas pelas azinhagas espinhosas,acantilados e pedreiras abandonadas , que é possível encher os bolsos com especimens de outros tempos como recordação.
A fauna é outro dos atractivos destes trilhos, a rota dass lagoas permite avistar um número significativo de aves que nidificam nestas zonas e percorrer a pé os três lagos que circundam o parque natural. As salinas são outras atracções turísticas desta mancha florestal. No passado a economia do país dependia da extracção do sal do mar para as empresa conserveiras. Actualmente, algumas ainda estão em funcionamento permitindo ao caminhante não só ver o efeito do homem sobre a natura, como também aprender um pouco sobre a história do nosso país. Vale a pena ver. Por isso, ande e tenha uma boa viagem!
É um trabalho de investigação da jornalista Susana André.
Vamos começar pelo princípio, o que é afinal um mito? É uma narrativa que explica certos fenómenos da natureza, das origens do mundo, que não eram compreendidos pelo homem através da razão. São também actos, ou personalidades num determinado contexto cultural, que se destacaram ao longo dos séculos, gerando narrativas, acobertadas por factos reais que criaram uma história carregada de símbolos que são transmitidos as novas gerações como sendo um conhecimento absoluto. Todos estes ingredientes associados ao espaço urbano geram um sem fim de histórias que passam de geração em geração sempre pela via oral. Quantos de nós ao ler do livro da Susana André não revivemos mentalmente esses momentos que começam logo que alguém afirmou: Sabes, contaram-me há dias que…E a partir daí cria-se um cenário credível, porque foi um amigo que nos contou, que por sua vez ouviu da boca de outro amigo que jura pela alma da mãezinha que é verdade e embora tenhamos algumas reservas quanto ao conteúdo desses relatos, acabámos por repetir essa mesma história pela graça de ser mais um tema de conversa na mesa de jantar. Muitos dos mitos relatados nesta publicação, ouvi-os avidamente e repliquei-os de uma forma bem colorida ao longo do tempo, só como exemplo, relembro que no secundário quando visitei pela primeira vez o convento de Mafra, uma das questões que coloquei a um dos funcionários é se podia apreciar de uma certa distância, as ditas ratazanas gigantes que inundavam os pisos inferiores do monumentos nacional e devo acrescentar que não foi a única curiosa! A resposta? Óbvia! Basta ler! Quanto aos boatos, isso são outras histórias completamente diferentes! Digamos que nascem espontaneamente, sem origem conhecida, sem qualquer réstia de veracidade, nascem na boca do povo como se diz e tem na maior parte dos casos o objectivo claro de denegrir ou difamar uma pessoa, ou um determinado grupo de personalidades. É a maldade do homem no seu melhor. Alguns dos casos que são relatados no livro foram do conhecimento público e muitos prejudicaram os visados em termos profissionais e pessoais. Qual é o mal do boato? É que aparenta ser verossímil, não há uma certeza absoluta dos “factos” e como tal é difícil de provar aquilo que nunca aconteceu e quanto mais os “vítimas” se batem pelo seu bom nome, mais o boato ganha força e dimensão. É uma contradição em termos, mas é o acontece, o público entende tal gesto como a confirmação dos alegados factos que não existiram. Dá para acreditar? Pois é! E não me venham que com a história que este é o país em que vivemos, porque infelizmente os boatos são transfronteiriços, transculturais e intemporais, basta citar um dos casos mais célebres da literatura inglesa, Otelo de William Shakespeare. Curiosamente, a leitura “mitos urbanos e boatos” acabou por extrapolar em mim uma reflexão sobre as facetas mais humanas do ser humano, se me permitem a redundância. O seu ying e yang. O seu melhor e o seu pior, através do tempo. Dá que pensar! Boa leitura.
É o primeiro livro de uma trilogia que nasceu da imaginação de Inês Botelho.
Li que a escritora Inês Botelho gosta de imaginar realidades paralelas, esta publicação é disso um bom exemplo. A filha dos mundos é um livro povoado por fadas, espíritos, duendes e criaturas muito vis, chamados Magduls. Esta é uma aventura juvenil muito bem escrita que gostei de ler, creio que é minha primeira sugestão para este género do fantástico, embora não seja nada a minha praia, dígamos assim, eu prefiro confrontos muito mais sangrentos e enredos mais complexos. Contudo, gosto como a autora cria um universo repleto de criaturas perfeitamente credíveis, um enredo muito interessante que lembra muito o “senhor dos anéis” de Tolkien, excepto que o nosso herói é afinal uma heroína que desconhece a sua natureza real, a princesa Ailura. É a leitura certa para as crianças antes da cama, com o suspense adequado, a acção bem proporcionada, as perseguições são o suficientemente assustadoras, nada de cenas violentas, nem sequer há derramamento de sangue e claro está, a cereja no topo do bolo, uma maravilhosa história de amor tão ao gosto dos livros deste género de aventura. A Ailura vive entre dois mundos, embora até bem pouco tempo não tivesse consciência desse universo de sonho paralelo, um acontecimento tenebroso irá determinar o destino da nossa heroína acidental. Ajahh, ficou linda esta frase, não acham? Era só para adicionar ainda mais suspense! O que importa, no fundo, é que achei que a história esta bem contada e merece uma leitura atenta. É um excelente presente para os mais jovens, diria mesmo que o seu público-alvo com certeza é as raparigas, mais do que os rapazes, embora os restantes livros desta trilogia em terras de Aquilad vão também chamar á atenção dos nossos irrequietos jovens. Boa leitura.
É um espaço, mesmo próximo da Ribeira do Porto, onde se aprende formas alternativas de melhorar a vida do nosso planeta e comer um excelente menu vegetariano.
A Casa da Horta é uma associação cultural que visa contribuir “ para o pensamento crítico e ao mesmo tempo por em prática comportamentos alternativos à sociedade de consumo não ético e degradante do ponto de vista social e ecológico”. Uma definição própria que engloba todo o trabalho que fazem em prol da comunidade e do planeta.
Radicados mesmo no centro histórico do Porto, num edifício paredes meias com a Igreja de S. Francisco, esta instituição promove cursos e eventos nos quais qualquer pessoa pode participar, e não é condição sine qua non que seja vegetariana.
Uma das formações que quero salientar e da qual fiz parte, foi a de produtos de higiene e beleza. Por um custo quase simbólico de vinte euros, que incluí o curso, administrado por norma aos fim-de-semanas, e um almoço vegetariano, podem aprender a fazer os vossos produtos de limpeza com componentes naturais. As vantagens? Reduzimos drasticamente a conta do supermercado, já que os ingredientes podem ser encontrados na vossa própria cozinha. Sim, é possível.
Permitem também, diminuir consideravelmente as eventuais alergias devido ao excesso de químicos abrasivos que utilizamos nas nossas residências. Quantas donas de casa portuguesas, no seu dia-a-dia, usam lixívia nas casas de banho e cozinhas, como desinfectante? Pois é, mas sabia que este produto químico é tão corrosivo que mesmo diluído em água, mata? É essencial recordar que esse gesto do quotidiano acaba no mar, através dos esgotos!
Quanto aos produtos de beleza, vou destacar a pasta de dentes, é simplesmente maravilhosa e deixa-nos com a sensação de limpeza e frescura na boca. Não estou a exagerar!
A Casa da Horta propõe assim formas alternativas de “criar” os seus produtos em casa sem químicos e sem conservantes, usando apenas produtos naturais e que no fim do dia só beneficiam a sua saúde, a sua carteira e o meio ambiente. Mas, isto é apenas um dos muitos cursos que estão à vossa disposição, há também formações para aprender a cozinhar comida vegetariana, como criar hortas, filmes, palestras, etc. É só escolher quando e o quê.
Quanto ao almoço aconselho-o vivamente, eu não sou vegetariana, mas o menu que a associação dispõe é delicioso. E não ficamos com fome! Aproveite e faça um curso, relaxe e contribua para o seu bem-estar físico e por um mundo melhor. O planeta agradece!
www.casadahorta.pegada.net
É uma leitura deliciosa fruto de uma reportagem da jornalista Vanessa Fidalgo.
Sempre pensei que fantasmas, assombrações e lugares amaldiçoados eram eventos paranormais confinados à velha Inglaterra descrita por William Shakespeare, no fundo dicas úteis para atrair os turistas. Enganei-me redondamente. Portugal como outro qualquer país que se preze esta também repleto destas misteriosas entidades do outro mundo que insistem em permanecer etéreos na nossa realidade em vez de partirem como é suporto e como nos é relato neste livro de Vanessa Fidalgo. A investigação da jornalista surgiu a partir de uma reportagem sobre casas assombradas e o resultado foi uma compilação muito interessante que reúne uma série de mitos e histórias com eventuais contornos paranormais que pululam de norte a sul do nosso país. Gostei tanto deste “histórias de um Portugal assombrado” porque falava de nós, portugueses, povo que não admite oficialmente ser supersticioso e firme crente na existência de entidades provenientes do outro mundo, mas oficiosamente não há nada que não faça para afastar o mau-olhado, as pragas e os fantasmas que os ensombram. Este comportamento típico faz-me recordar o célebre ditado espanhol: “yo no creo em brujas, pero que las hay, las hay”, que traduzido é mais ou menos assim “ eu não acredito em bruxas, mas que elas existem, elas existem”. O meu relato preferido, ao contrário da maioria que escolhe as assombrações que morrem por amor, é de um tal Barão da Glória que não consegue separar-se dos seus livros, da sua biblioteca e do seu palácio, adequadamente chamado de “Beau Sejour”, que em português significa literalmente “ficar bonita”. Querem coisa mais linda do que esta? Um dandy que gastava fortuna em festas e tertúlias, que amava a palavra acima de qualquer tentação carnal e cujo actual propósito eterno é o de assombrar os funcionários dos estudos olisiponenses quase até a loucura? Pois é, terão de ler e deliciar-se com esta e as outras histórias assombradas que foram recolhidas pela Vanessa Fidalgo um pouco por todo o país, outras foram-lhe enviadas e confirmadas posteriormente e outras ainda estão descritas na internet. Não importa se são verdadeiras ou não, são relatos fantásticos, imprescindíveis para animar as fogueiras nos acampamentos, as noites frias em frente à lareira, fazendo perder noites de sono descansado às imaginações mais férteis e ajudando a criar insónias. Termino com uma experiência pessoal, real, no palácio da Dona Xica. Brasileira e muito bonita, a rica herdeira viveu numa casa apalaçada próximo de Braga e que se julga ser assombrada pela sua voluptuosa presença, os motivos de tal desdita? São os suspeitos de costume, amores não correspondidos e não pretendo perder tempo a contar detalhes dessas versões delicodoces. Bem, o que interessa é que estava empolgadíssima com a ideia de avistar a assombração, ou ouvir ruídos estranhos sem explicação. O facto é que na primeira noite estava tão excitada que decidi que não ia pregar olho e tentei, juro, só que foi enganada por Morfeu que me pregou uma partida e adormeci profundamente. Resumindo e concluindo, não vi nada e não ouvi nada absolutamente fora do normal em todo o bendito fim-de-semana em que lá estive hospedada. Ela não quis dignar-me com a sua presença, embora outros tenham jurado ouvir os seus passos na escadaria de pedra. É um relato lamentável, eu sei. Mas, pensem assim, o mito continua. HAHHHH!HOOOOHHH!
É uma publicação que abarca a história deste património e ainda disponibiliza vários temas que percorrem dois séculos.
Aborda de forma informal o percurso do fado ao longo dos seus duzentos anos de existência, um períplo musical que engloba um livro e dois CD com 50 dos temas e cantores mais emblemáticos do nosso país. É o contar de uma história a várias vozes, que inclui ainda um guia fadista com algumas das melhores casas de fado em Portugal e no estrangeiro, locais a visitar, alguns sítios recomendados na internet e sugestões de 10 discos, livros e filmes importantes. Esta obra divide-se ainda em duas épocas diferentes, de um lado o fado tradicional que inclui uma das figuras mais marcantes desta expressão musical, a sempre eterna, Amália Rodrigues, Alfredo Marceneiro, Hermínia Silva e o fado mais contemporâneo, onde se incluem vozes como Mísia, Ana Moura e outros artistas de renome do panorama nacional. Estranhei foi a ausência de algumas referências mais actuais do fado, tendo em conta que houve até uma selecção nas redes sociais e que foram incluídos nomes ainda pouco conhecidos do grande público. Destaco também que muitos dos fados que constam desta colectânea de luxo, bilingue, integram alguns dos poemas mais belos da língua portuguesa.
Bilhete para o Amigo Ausente
Lembrar teus carinhos induz
a ter existido um pomar
intangíveis laranjas de luz
laranjas que apetece roubar.
Teu luar de ontem na cintura
é ainda o vestido que trago
seda imaterial seda pura
de criança afogada no lago.
Os motores que entre nós aceleram
os vazios comboios do sonho
das mulheres que estão à espera
são o único luto que ponho.
Natália Correia tinha uma personalidade tão marcante como a sua obra literária. Era maior que a sua própria vida. Aliás, é sempre o seu rosto traçado de negro no olhar, cabelo emproado e o seu inseparável cigarro de boquilha que me vêm à memória quando se evoca o seu nome. Tinha uma figura portentosa, cinematográfica, que não deixava ninguém indiferente, chegou mesmo a ser considerada uma das mulheres mais belas de Lisboa, esta açoriana de gema, que se expunha apenas na sua poesia. Nessa escrita feita de estrofes e pausas, ela descobre-se aos poucos. Desnuda-se. Somos embalados pelas suas palavras carregadas de fragilidades, de sentimento, mas ao tempo de uma força que nos empurra para uma leitura frenética, atenta. Ela é mãe. É amante. É a confidente do desejo. É a personificação da paixão. Em o “vinho e lira”, de 1969, há de tudo um pouco, poemas de amizade, de amor, de cidadania e até há um testamento. Não é a uma das suas obras-primas, mas merece ser lido pelo facto de encerrar o ser açoriana, sem o ser. Boa leitura.
São retalhos de uma realidade que marcam a nossa sensibilidade, escritos por António Loja.
Este é um livro que se divide em dois, literalmente. De um lado, temos a história de amor entre duas pessoas que tem apenas em comum o facto de serem estrangeiras num país, o Brasil. É o romance de gerações. A idade é um factor que pesa nesta relação inusitada, que esta sempre presente. Um romance que floresce a pretexto de um quadro, que nos remete para uma ilha perdida algures no oceano atlântico. O segundo retalho é muito mais marcante, no meu ponto de vista, relata a camaradagem de um pelotão na guerra colonial. A vida equilibra-se entre o visível e o invisível. Os pesadelos são reais, de carne e osso. A única forma de sobreviver é estar acordado, sempre. O cansaço e os descuidos vencem muitos. Morrem tanto portugueses, como africanos. São eles os espólios da guerra. Esta história segue o trabalho de um grupo particular de militares, a equipa das minas e armadilhas. Ninguém quer ser um deles. Arriscam-se muito mais que os outros. Todos querem voltar para casa vivos e inteiros. E eles voltam, mas o destino é cruel para um desses homens em particular, de uma forma tão inesperada que nos choca até o amago. Em “como um rio invisível” as histórias são como as margens de um caudal de água, diferentes e iguais ao mesmo tempo. No fundo estes relatos têm um ponto em comum, o amor. É por amor que Francisco ultrapassa os seus próprios preconceitos. É por amor que um pai constrói um poço para o filho e todos afectos são o prelúdio destas histórias muito comoventes. Boa leitura
É o relato dos abismos da alma humana descritos por Clara Pinto Correia.
Os segredos consomem-nos. Mesmo quando fingimos que não existem. São como feridas que nunca cicatrizam verdadeiramente. São dolorosas. Não deixam marcas visíveis na pele, mas submergem sob a forma de pesadelos que nos tiram o sono. Que nos tiram do sério. Que nos obrigam a fugir dos espelhos, dos outros e de nós mesmos. Não podemos ver o vento, conta essa história, ou melhor, as novas histórias que trasvestem a realidade, apenas na superfície. Nada é o que aparenta ser, por mais verossímil que possa soar. A personagem principal obsessivamente finge que ouve o que quer, mas isso não é suficiente para mascarar a sua existência padronizada, destituída de afectos, que a levam a procurar essa segurança emocional, que anseia desesperadamente, onde ela não existe, nem nunca existiu. Finge-se de cega diante dos factos, surda perante a voz da razão e muda para não verbalizar os medos que a consomem. As mentiras amontam-se até que um dia…ela tem mesmo de acordar. Mais do que uma história sobre a guerra colonial, este livro de Clara Pinto Correia fala de solidões que levam os personagens a mascarar a insuportável banalidade de um quotidiano sem grandes sobressaltos. Não adianta fingir, a verdade persegue-os, mesmo quando correm desesperadamente na direcção contrária, como é o caso da Mariana. Até que um dia, ela também dá-se de conta que não podemos ver o vento. Boa leitura.
É o fantasma de um amor perdido nas brumas do tempo. É uma história relembrada com uma certa mágoa, fruto da maturidade e de um certo distanciamento que nos é contada pela escritora, Graça Alves.
Neste seu primeiro romance achei graça que o personagem principal vai revendo o fantasma de um amor passado, do amor que sentiu pela Inês e do que não fez por ela.
Graça Alves: Isso funciona aqui em duas vertentes, por um lado é um amor antigo por essa Inês, e ao mesmo tempo, é um amor mais ou menos falhado, vamos-lhe chamar assim. Essa pessoa acaba por se tornar uma personagem por si própria e aquela voz, aquela consciência, a voz do que se quiser, é uma voz antiga que ele traz dentro.
Nos grandes romances há sempre duas personagens que se encontram, se apaixonam e depois há uma série de peripécias em torno de esse amor. Porque não escolheu este cenário?
GA: O amor aqui é um pretexto, o que queria defender, a tese deste romance, era saber de onde surgem estas histórias? De onde é que elas nascem? Onde é que começam as histórias que os autores descrevem nos livros? Sempre foi uma pergunta que me fascinou. O que isto da inspiração? O que isto do narrador? Será que não há um momento em que o narrador, o autor, tudo se mistura? Foi isso que tentei defender aqui e portanto o amor do Simão poeta, pela Inês mulher, é um amor adolescente, parado no tempo, ou não resolvido, ou resolvido da forma errada, como se quiser. O que pretendia trabalhar era o autor, o escritor, a narrativa, a personagem, as pessoas que o inspiram e as histórias da vida que inspiram os romances.
Escolheu um amor mal resolvido, de adolescência, porquê? São histórias que trazemos sempre connosco?
GA: Trazemos sempre connosco histórias mal acabadas. De amores, de solidões e de outros tipos de sentimentos. Esta história do amor adolescente acho que ainda é, eu sou de outros tempos, um amor puro, um amor com ilusões e sonhos. Eu gosto muito de pensar neste amor adolescente resolvido ou não. Amor é amor, é um amor-anjo, que acredita no futuro.
A escrita tem um tom confessional que passa pelo diário, é porque se trata da nossa expressão mais intima?
GA: Eu necessitava de um apoio concreto para a história do autor, do que o Simão estava a sentir e que é também o narrador, a história do homem, da pessoa e achei que o diário era o veículo ideal.
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