Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

domingo, 30 dezembro 2012 16:05

Singularidades de uma rapariga loira

É mais uma adaptação de um texto de escritor português pela mão do cineasta Manoel de Oliveira.

Singularidades de uma rapariga loira é um filme sem surpresas. É a adaptação de um dos contos de Eça de Queirós à linguagem cinematográfica de Manoel de Oliveira. É um sonho, uma visão, que ao tornar-se realidade defrauda. O protagonista, Macário, interpretado por Ricardo Trêpa, admira Luísa, a actriz Catarina Wallenstein, uma rapariga que perscruta de longe, de uma janela e por ela se apaixona perdidamente até que um dia descobre que nem tudo é o que parece, ela possui uma singularidade que a demarca das outras mulheres pelos piores motivos. A película por si só não entusiasma, creio que a dificuldade reside em transpor a linguagem queirosiana do século XIX para a actualidade, embora os temas sejam universal, as falsas aparências, o materialismo e as ditas convenções sociais que regem a nossa sociedade. E apesar de todos estes mas, há dois factos positivos que destaco, o trabalho da jovem actriz Catarina Wallenstein, que compôs uma personagem angélica, quase etérea que confere à Luísa Vilaça uma grande credibilidade e a composição do actor Diogo Dória, que deu vida a um Tio Francisco muito austero e exigente, mas extremamente convincente. Devo acrescentar que, e pode não parecer importante, que a imagem escolhida para o cartaz em português é verdadeiramente infeliz em termos de comunicação, não acrescenta absolutamente nada, é uma má escolha. O curioso é que o mesmo não se pode dizer da versão internacional, de facto a composição fotográfica selecionada é muito mais interessante e apelativa, a questão é saber o porquê da escolha inusitada na versão lusa. Bom cinema.

domingo, 30 dezembro 2012 16:04

XIX festival caminhos do cinema português

É mais uma mostra do panorama cinematográfico, na cidade de Coimbra, entre os dias 10 até 17 de Novembro.

O festival “Caminhos do Cinema Português” continua com a divulgação do cinema nacional mostrando toda a produção portuguesa do último ano, com destaque para o filme de João Correa e Francisco Manso, Aristides de Sousa Mendes- O cônsul de Bordéus. A programação aposta nos vários tipos de conteúdos da sétima arte, através de uma selecção variada de longa-metragens, curta-metragens, filmes de animação e documentários para todos os tipos de públicos. Há de tudo um pouco e para todos os gostos. A categoria ensaios visuais apresenta diversos trabalhos de jovens cineastas portugueses, sendo uma grande maioria estreias nacionais. Novidades desta mostra de cinematógrafia nacional são o Geocaminhos, actividades de geocaching para dar a conhecer aos participantes o cinema português e a cidade de Coimbra, o concurso de “Argumentos Coimbra Filma-se” e o certame de curtas-metragens “Um Encanto Num Minuto”. De salientar a segunda edição da formação em cinema, o “Cinemalogia 2 – da ideia ao filme”, que aborda diversos temas que permitem que os participantes se tornem autónomos na produção cinematográfica, em todas as suas vertentes. A formação vai desde a concepção e desenvolvimento de uma ideia de ficção original à sua exibição numa sala de cinema, habilitando os formandos a produzirem uma curta-metragem, usando os conhecimentos de produção de vídeo digital conseguidos ao longo da formação. Os formadores incluem nomes de relevo como Paulo Granja, Tiago R. Santos, Acácio de Almeida, Augusto Mayer, João Braz, Rodrigo Lacerda, Nelson Zagallo e Jorge Pelicano.

http://www.caminhos.info/

domingo, 30 dezembro 2012 16:03

A sexta festa do cinema

O Lisbon & Estoril Film Festival realiza-se entre os dias 9 a 18 de Novembro, em vários espaços da capital e do concelho de Cascais.

O programa da LEFFEST’12 aposta forte numa grande diversidade cinematográfica, como aliás tem sido apanágio das suas anteriores edições. O destaque vai mais uma vez para os convidados de renome internacional dos quais se destacam Willem Dafoe e Paul Giamatti, bem como as personalidades homenageadas cuja filmografia é passada na integra, como é o caso de João Pedro Rodrigues que explora o universo fetichista, de forma tal que, é capaz de arrepiar caminho no panorama cinematográfico português tradicional e caseirinho, colocando-o entre os grandes do cinema mundial. Sem esquecer João Rui Guerra da Mata, co-realizador e co-argumentista em muitos dos seus filmes. Os nomes que mereceram uma retrospectiva da sua obra este ano são o cineasta e produtor Monte Hellman e Lucrecia Martel. Outro dos pontos altos deste evento cinematográfico são as exposições, “'Noronha da Costa - A Representação das Imagens” é um dos artistas mais produtivos da arte portuguesa contemporânea, bem como a mostra intitulada “David Hockney e Alberto Lacerda” onde será possível apreciar alguma correspondência, objectos e alguns trabalhos trocados entre os dois alguns trabalhos e ainda “Ítaca” da fotógrafa portuguesa Isabel Zuzarte. De referir ainda, a apresentação do livro “entre o céu e a terra” de Rui Chafes, um escultor português que começou o seu percurso artistico com instalações em materiais menos nobres. O Lisbon & Estoril Film Festival quer dar ao espectador a possibilidade de intervir na acção, confrontar ideias, compreender, participar e surpreender-se, através de conferências, masterclasses, workshops, performances, debates e espectáculos. A selecção dos filmes em competição deste ano, pretende projectar autores fundamentais na história do cinema e de jovens cineastas emergentes.

http://www.leffest.com/pt

domingo, 30 dezembro 2012 16:02

Madeira Micro International Film Festival

É uma mostra de cinema que decorrerá entre os dias 6,7 e 8 de Dezembro, no cinema Sol em parceira com a Estalagem da Ponta do Sol.

Fala-me um pouco do conceito por detrás do MMIFF’12

Nuno Barcelos: O objectivo é interligar um cinema de arte déco antigo, um hotel design e as paisagens da Madeira. O ambiente que pretendemos criar é um pouco fantasmagórico e dramático, queremos que seja um festival independente.

Vão apresentar apenas curtas-metragens?

NB: Não, o MMIFF’ 12 irá mostrar apenas 6 filmes em 3 dias, é micro precisamente por esse motivo, porque os festivais em média tem cerca de 20, 60 á 120 filmes que são apresentados ao longo de vários dias.

Os filmes obedecem a uma temática em particular ou não?

NB: Essa foi uma das questões que nos colocámos quando estivemos a organizar este evento cinematográfico, basicamente este é o ano zero. Tivemos numa espécie de “brainstorming” em relação aos conteúdos dos filmes e de alguma forma chegámos a conclusão que queríamos um festival marginal, indie. O tema é cinema independente e a roçar um pouco o surreal e fantástico, sem contudo ser confundido com festivais de renome, como é o caso do Fantasporto. A nossa imagem de marca são as paisagens dramáticas da ilha, de alguma forma fantasmagóricas, pretendemos também vender o destino Madeira e ainda promover um espaço que é um cinema com quase 100 anos. O cine Sol é certa forma decadente, a ideia é mante-lo como tal como está, com as suas teias de aranha, com as paredes descascadas pelo tempo onde vamos incluir elementos decorativos da época, todos estes vectores em conjunto irão diferencia-nos, porque o objectivo é apresentar um festival contemporâneo e actual que poderia acontecer nas grandes metrópoles, mas que acaba por ter lugar numa vila pitoresca, num espaço que tem elementos de Kafka e de Lynch e numa ilha exótica.

E como fizeram a selecção dos filmes?

NB: A selecção dos filmes coube a um dos nossos parceiros na organização deste evento, a Digital Berlim, que é uma empresa de marketing cultural europeu, que nos sugeriu a ideia de organizar este festival. Decidimos abraçar este projecto, porque já contámos com um público, metade dos espectadores são estrangeiros. A selecção contudo, obedeceu a uma lógica, são filmes europeus muito recentes, que passaram muito poucas vezes e que abordam o fantástico.

Algum dos filmes é português?

NB: Infelizmente não conseguimos que assim fosse este ano, trata-se de um ano zero e como tal não conseguimos usar os canais adequados para promover o festival dentro do país, apesar das inscrições terminarem o dia 31 de Outubro os filmes estão escolhidos e a programação oficial vai ser apresentada no final de este mês, mas esperámos para o ano ter filmes nacionais, porque há sangue novo que precisa ser mostrado.

http://mmiff.com/

domingo, 30 dezembro 2012 16:01

O lugar do morto

É um filme noir de 1984 do realizador António Pedro Vasconcelos.

O “lugar do morto” foi um dos maiores sucessos comerciais do cinema português, tal se deve sobretudo a trama em tom de tragédia quase anunciada, que envolve um jornalista à procura de respostas sobre um alegado suicídio e que no decurso da sua investigação acaba envolvido com uma verdadeira femme fatale, a Ana, protagonizado pela bela Ana Zanatti. Sabem do que mais gostei deste filme? Do popular, o jornal onde trabalha Álvaro Serpa, o actor Pedro Oliveira, foi delicioso rever as máquinas de telex que recebiam as noticias de todos os cantos do mundo, a telefonista de serviço a transferir as chamadas a partir da central, os arquivistas que recolhiam e arquivavam informação preciosa sobre as diversas personalidades e eventos marcantes da sociedade da época, os telefones a tocar constantemente e as famosas máquinas de escrever, o mais marcante neste cenário é o barulho ensurdecedor da redacção, nem dá quase para acreditar quase que se trabalhava assim e a quantidade de gente que era necessária para levar as bancas um jornal diário. Outra grande cena que merece o meu destaque decorre no comboio, o balançar da carruagem dá o tom da narrativa, uma viagem alucinante a grande velocidade. António Pedro Vasconcelos filma a Lisboa dos anos 80 de forma corrida e competente, o único aspecto em que o filme falha é que a história propriamente dita, o presumível crime desvanece-se e o final sem grandes surpresas deixa-nos com mais perguntas que respostas. Contudo, vale sempre a pena rever este “lugar do morto”. Bom cinema.

domingo, 30 dezembro 2012 16:00

A lenda de miragaia

No auditório de Miragaia,no dia 12 de Outubro, pelas 21.30.

O cine-teatro da Confederação de Investigação Teatral em co-produção com o grupo Musical de Miragaia e o festival Manobras, estreia o filme de animação subordinada ao tema “a lenda de Miragaia”, com desenhos de Von Calhau, textos de Eurico, o refinador e montagem de César Pedro. Segundo a organização deste evento “a lenda do Rei Ramiro anda tão desfigurada que não podemos extremar d’ella a parte histórica. Partindo originariamente do ciclo de Salomão, idêntico ao de Carlos Magno e ao do Rei Artur pela importância que tomou na literatura medieval, temos que, o facto militar, o facto positivo e concreto, é a tomada por surpresa e em resultado de uma expedição marítima, do Castelo de Gaia, por cavaleiros cristãos… o restante… o restante, é a sobrevivência de um tema amoroso Salomónico, que se popularizou imenso e teve os seus desenvolvimentos paralelos e similares aos ciclos cavalheirescos da idade-média. E por ora sabemos que, sobre a margem esquerda do Douro e quasi a prumo sobre elle, em frente a Miragaia e do Porto se ergue um grande morro de forma cónica, ainda hoje chamado Castelo de Gaia, onde em tempos remotíssimos pompeou um castro romano, e só depois o Castello Árabe”. Pouco antes da sessão terá lugar uma conferência subordinada ao tema “quadrologia pentacónica” orientada por Von Calhau.

domingo, 30 dezembro 2012 15:59

Coisa ruim

Um filme realizado por Tiago Guedes e Frederico Serra.

É considerado o primeiro filme de terror português e embora concorde, vou muito mais além desse epíteto, acredito que um dos melhores filmes de suspense feitos em Portugal. O argumento de Rodrigues Guedes de Carvalho é excelente e a história é muito bem contada. Tudo gira em torno de uma lendária maldição que assola uma casa no interior do país e os efeitos devastadores que terá na vida de uma incauta família dos subúrbios, até aqui nada de novo, mas as semelhanças com outros filmes terminam aqui. No fundo, esta película é um reflexo da nossa cultura, aborda as entidades de outro mundo que deambulam neste plano de existência em busca de vingança, ou que apenas pretendem perturbar os vivos e as crenças populares em torno dessas figuras demoníacas, evocadas nas aldeias tementes de Deus, a questão não passa pelo acreditar ou deixar de acreditar, mas sim, como o padre afirma logo no principio, no como refutar a sua não- existência? A passagem do tempo é também muito importante neste filme, parece que nunca mais passa…até irrita. O argumento encaminha-nos cuidadosamente para um climax de contornos sobrenaturais sem defraudar, não é que seja inesperado, é a angústia da incerteza que alimenta a nossa curiosidade até o derradeiro final. Não quero descortinar demasiado, porque não pretendo que a vossa apreciação seja poluída de certa forma pelo que eu possa acrescentar sobre este filme. O que posso adiantar sem exagerar, mais uma vez, é que merece ser visionado, nem que pela bela sequência de planos que encadeiam a acção, aliás, este é outro dos pontos a favor deste thriller psicológico, quando os personagens abrem os portões do solar, por exemplo, por norma nos filmes do género as “pobres vitimas” dão de caras com umas portadas de certa forma decadentes que já auspiciam algo de mau, nesta película, notem como é tudo filmado ao contrário por assim dizer, quem é o espectador? Por último e não menos relevante nesta minha apreciação é o trabalho do grupo de actores, que estiveram também à altura do desafio, uma elenco recheado de nomes bem conhecidos dos portugueses e outros menos, jovens valores, que fizeram juz a este “coisa ruim”. Bom cinema!

domingo, 30 dezembro 2012 15:59

O julgamento

É um filme sobre o passado à procura de justiça no presente.

Um evento banal, ressuscita os fantasmas do Estado Novo, da ditadura, ainda muito presente em algumas das suas vítimas, embora nunca o evoquem verbalmente. São as memórias amaldiçoadas que renascem na figura de um torturador do regime que fugiu para o Brasil depois do 25 de Abril de 1974 e que quarenta anos depois é julgado pelo atropelamento de uma criança em Portugal. Durante o julgamento é reconhecido por uma das pessoas que torturou e todas as revoltas até ali enterradas nas profundezas da alma voltam à superfície clamando por vingança. Gostei deste filme pela sua inteligência, por abordar um tema que ainda é tabu na sociedade portuguesa sem o denegrir e a ideia do duplo julgamento, por um lado, Mendes Oliveira, matou uma criança e não chega a ser julgado por esses factos e mais uma vez, deixa uma vítima que tem de carregar com esse peso, a mãe. Por outro, Jaime e Miguel, duas das suas anteriores vítimas reconhecem-no e decidem julga-lo por conta própria, definindo eles próprios as regras desse jogo muito perigoso. O argumento escrito por Izaías Almada e João Nunes é maravilhoso na forma como desenvolve os dilemas morais e éticos das personagens, como joga com as suas ansiedades, com as suas fraquezas e pontos fortes. Se tivesse que atribuir notas, este filme teria com certeza a cotação máxima. Há uma grande tensão psicológica criada habilmente pelo realizador Leonel Vieira e por uma equipa de pesos pesados, de actores consagrados, que imprimiram as suas personagens uma veracidade e uma profundidade que não nos deixa indiferentes. Faz-nos pensar. O que faríamos se dessemos de caras com o nosso maior pesadelo? Vingamo-nos? De que forma? E garanto que há surpresas neste filme. Este é um excelente exemplo de cinema português e que exijo que vejam. Bom cinema!

domingo, 30 dezembro 2012 15:58

Fascínio

Uma misteriosa herança irá mudar o destino de vários personagens.

É um filme de suspense de José Fonseca e Costa de que gostei, mas com algumas reticências. A história gira em torno de uma herança, que mais parece um presente envenenado e até aqui tudo bem. Depois há uma série de mistérios que giram em torno dos antepassados do personagem principal, Lino Pais Rodrigues, o herdeiro de uma quinta no Alentejo recheada de fantasmas e histórias antigas que não devem ser remexidas e muito menos reveladas e até aqui tudo bem também. Depois, entram em acção os flashbacks ao tal passado que não se deve rememorar e acabámos num prostíbulo para variar e a partir daí tudo se precipita para um final um tanto quanto abrupto e com uma morte extra que, a meu ver, não tinha de suceder. Fascínio promete, mas de certa forma desilude, porque mistura o tema do paranormal, com o que afinal não passa de uma extorsão. Gostei sobretudo da banda sonora da autoria de António Pinho Vargas, que imprime muita tensão à acção desta película. Outro dos meus destaques vai para o actor Vítor Norte, o protagonista, que criou um personagem á medida desta intriga, o que não é de estranhar, já que é um dos actores de referência do panorama artístico nacional. Bom cinema!

domingo, 30 dezembro 2012 15:57

Os últimos dias

É uma curta-metragem de final de curso que mostra a maturidade de um futuro realizador.

Francisco Manuel Sousa é um caso sério de talento nacional. Basta estar atento a esta sua primeira curta-metragem, os últimos dias. O mais extraordinário deste projecto cinematográfico é o facto de ser um trabalho de final de curso. Este jovem demonstra grande maturidade na forma como filma e como aborda o tema da falta de comunicação geracional. As primeiras cenas prendem de imediato o espectador. Gostei logo do primeiro plano, é brilhante a forma como capta o olhar da também talentosa protagonista, Joana Belo, nota-se que a câmara gosta do rosto desta jovem actriz. O final é inesperado e inteligente, daí a minha nota máxima ao argumento. É um momento de ficção muito emocionante, não esperámos pelo súbito desfecho que leva a personagem Luísa a tomar uma decisão irredutível, que irá mudar o rumo da sua vida para sempre, lembra até os filmes do realizador M. Night Shyamalan. Talvez haja mesmo essa influência. O meu último comentário vai para o pequeno grupo de actores, já falei da protagonista, contudo, o restante elenco faz um trabalho consistente. Francisco Manuel Sousa esta de parabéns até nesta matéria, soube escolher as pessoas certas para este pequeno projecto. “Os últimos dias” é assim um excelente cartão-de-visita e também acarreta uma grande responsabilidade, quem começa assim coloca as expectativas em relação ao seu próximo filme em alta. Espero ansiosamente por essa nova oportunidade. Agora assuste-se ou não, a escolha é sua. Bom cinema.

http://vimeo.com/40174615

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