Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

domingo, 30 dezembro 2012 15:56

Kali, o pequeno vampiro

Cinema de animação português grangeia mais prémios internacionais.

A curta-metragem de animação “Kali, o pequeno vampiro” foi premiado no Festival de Cinema de Animação de Hiroshima, no Japão. A curta-metragem de Regina Pessoa foi exibida em Annecy,  na IndieLisboa e  já tinha sido galardoada em Vila do Conde com o prémio Canal Plus. A cineasta portuguesa fecha assim uma trilogia de animação sobre a infância, juntando-se a “A Noite” (1999) e “História trágica com final feliz” (2005), sendo este um dos filmes mais premiados de sempre do cinema de animação em Portugal e que já foi abordado nesta rubrica sobre cinema português. Esta curta-metragem é uma co-produção entre Portugal, França, Canadá e Suíça, tem música original dos Young Gods e narração do actor Christopher Plummer na versão em inglês e do realizador Fernando Lopes na versão portuguesa. “Kali, o pequeno vampiro”, conta a história de um rapaz diferente dos outros, que sonha encontrar um lugar ao sol. Tal como a lua passa por diferentes fases, também ele tem de enfrentar os seus medos e demónios interiores para, no final, encontrar a passagem para a luz.Um dia ele vai desaparecer… ou talvez seja apenas mais uma fase de mudança.

http://www.curtas.pt/agencia/

domingo, 30 dezembro 2012 15:54

Águas mil

É um road movie de Ivo Ferreira.

É uma viagem no tempo que não chega a ser, já que apenas se debruça na chamada ressaca da revolução dos cravos. O fantasma desse passado é o motor da narrativa para Pedro, o actor Gonçalo Waddington, que descobre sem querer uns diários que podem lançar alguma luz sobre o desaparecimento do seu pai depois do 25 de Abril de 1974. É um road movie á portuguesa, uma viagem física, mas sobretudo interior do personagem principal, em busca de resposta sobre a sua família e sobre si mesmo. Gostei imenso da fotografia deste filme, há imagens muito bonitas que ficam na memória, sobretudo o jogo de luz e sombra. O trabalho de actores é outro dos pontos fortes deste drama, de realçar Gonçalo Waddington sempre compenetrado no seu ar de rebelde sem causa que se adequa perfeitamente ao filme, a Joana Seixas, Rita, a namorada e Adelaide João, dona Inês, a avó, completam o trio que contribuem decisivamente para um bom momento de cinema. Sublinho aqui a banda sonora que é de excelente qualidade, embora não tenha conseguido obter uma informação completa sobre esta matéria. O argumento merecia alguma atenção, embora crie o suspense adequado. No geral é um bom exercício de Ivo Ferreira. Bom cinema!

domingo, 30 dezembro 2012 15:53

Ruas da amargura

É um retrato documental das ruas de uma cidade que podia ser a sua.

Este documentário de Rui Simões traz-me á memória uma das canções mais emblemáticas da “ala dos namorados”, os “loucos de Lisboa”. Aliás, é a perfeita banda sonora para este retrato das sombras que povoam a cidades, os invisíveis, os intocáveis da nossa sociedade actual que são resgatados, dessa vida desgarrada e sem dignidade, por uma legião de voluntários, assistentes da segurança social e técnicos de outras instituições, que tal qual eles, também são meros anónimos neste tecido social cada vez menos humanizado. O documentário não é inovador, no sentido em que retrata este lado amargo de alguns sem-abrigo, cada um dos “personagens” conta a sua história, a sua desdita, quiçá a sua característica mais acutilante é o facto de haver uma transposição da cor para o preto e branco. As imagens adquirem uma tonalidade ainda mais agreste, diria mesmo mais dura, quando surge essa mudança. O documentário imortaliza-os e de certa forma humaniza-os, sem os banalizar. Aliás, este tipo de subterfúgios cinematográficos muito usado pelos realizadores que pretendem colocar uma maior ênfase em determinadas sequências, em certas cenas, o que acaba por ser uma assinatura frequente nos jovens cineastas portugueses. É curioso. Já falei aqui de outros trabalhos documentais que recorreram também às imagens em preto e branco. Adiante. É um retrato cruel de uma sociedade, mas ao mesmo tempo é também a luta de aqueles que não desistem destes amargurados. Bom cinema.

domingo, 30 dezembro 2012 15:51

20,13 purgatório

É um dos melhores trabalhos cinematográficos do realizador Joaquim Leitão.

Este é o segundo filme de uma trilogia sobre a guerra colonial, que começou com o “inferno”. Mais do que um retrato sobre a guerra, é uma espécie de thriller policial potenciado pela morte de um prisioneiro e um dos soldados do aquartelamento numa ocasião que deveria ter sido um feriado especial para todos, o dia de natal, tradicionalmente tempo de tréguas entre ambas as partes do conflito. Assim, os dados estão lançados e tudo pode acontecer. Gostei do filme pela sua permanente tensão psicológica que é palpável nos silêncios constrangedores entre os personagens. O trabalho dos actores contribui ainda mais para reforçar o mal-estar que se sente e que os consome, é notável nesse sentido. Contudo, defraudou pelo final demasiado anunciado. O argumento falhou nesse sentido, deveria ter sido menos óbvio quanto as relações cruzadas do filme, poderia ter potenciado outro tipo de desfecho. Embora, o tema da homossexualidade nas forças armadas portuguesas seja pungente, interessante, deveria ter sido abordado de uma forma menos óbvia, menos clara, o espectador deveria ter sido apanhado de surpresa e não foi isso que aconteceu. Outro ponto positivo que gostaria de realçar foram as cenas da batalha, por norma o cinema português, devido a sua inerente crónica de falta de financiamento, quando mostra cenários de guerra peca em termos de veracidade, este não foi o caso, o que é bom. No seu todo “20,13 purgatório” é um exemplo de cinema feito em Portugal e recuso-me a dizer o que significam os números, para isso terão de ver o filme. Bom cinema.

domingo, 30 dezembro 2012 15:49

A morte de tchaikovsky

Sob a batuta de um jovem cineasta, Nuno Felix.

Existem muitas teorias, conjecturas e rumores  em torno da morte do compositor russo, Piotr Ilytch Tchaikovsky, Nuno Félix apenas se apossou de uma delas, ou seja, criou mais um possível desfecho ao misterioso desaparecimentos do músico. O resultado é inteligente. E se o génio não fosse ele, mas o irmão, Modest? Mais uma vez, o departamento de cinema (da mal-afamada e caída em desgraça) Universidade Lusófona formou um jovem cineasta de grande calibre. Gostei deste trabalho pela sua aparente simplicidade, que afinal segue um roteiro musical. A crueldade do argumento é frisada por excertos das obras de Tchaikvosky, uma overture com o lago dos cisnes que atinge o seu climax com uma marcha fúnebre. É uma ode ao trabalho do compositor e ao mesmo tempo uma história com um final no mínimo inusitado. Gostei da participação de dois grandes Josés do panorama artístico nacional, que com alguma frequência vemos no cinema, Wallenstein e Eduardo. Eu diria que é quase um filme de suspense, sem o ser, basta que feche os olhos e se deixe guiar pela música e até consegue imaginar um novo mito em torno do genial compositor russo. Et voilá! Deixo o link para que se delicie. Bom cinema.

http://www.youtube.com/watch?v=JuQSkzKnmhU

domingo, 30 dezembro 2012 15:48

É na terra não é na lua

É um documentário de Gonçalo Tocha sobre a ilha mais pequena do arquipélago dos Açores

É a mais pequena das nove ilhas que integram os Açores. Ao longo dos séculos este pequeno território, perdido no oceano, foi povoado por escravos, corsários, piratas e baleeiros americanos. Actualmente, a ilha do Corvo possui 440 habitantes e cinco mil vacas, isto sem acrescentar aos números a equipa que acompanhou Gonçalo Tocha, que decidiu filmar o dia-a-dia destes cidadãos. É verdade. Eles também são portugueses. São ilhéus, esquecidos, mas lusos de corpo e alma. Como é viver num rochedo alto, de 6km por 4 km, isolado do mundo, com apenas uma estrada alcatroada, um posto médico, um posto policial e uma pequena pista aérea que só funciona alguns dias por semana e tantos bovinos até perder de vista? Poder-se-ia até mudar o nome de Corvo para ilha das vacas. Agora, fora de brincadeiras. Gonçalo Tocha, o realizador, descendente de açorianos, quis fazer um arquivo visual do quotidiano das populações do Corvo, ver o que há por detrás das lendas. Ele acima tudo grava os sons da ilha, do vento, dos seres vivos que lá residem e as vozes, o que me agradou imenso. É um trabalho denso, um tanto quanto comprido, mas era necessário, porque reflecte o tempo, como discorre numa ilha onde tal se mede pelo nascer e o pôr-do-sol. Onde não existe a palavra stress, ou pressa. Onde a vida vai acontecendo. Gostei tanto deste segundo trabalho deste cineasta que não vou acrescentar mais nada, descubra como eu, esta ilha perdida no Atlântico.

http://www.youtube.com/watch?v=zB63L-mrgZI

http://www.youtube.com/watch?v=OaVpLGsQTTs&feature=related

domingo, 30 dezembro 2012 15:47

Hestoria(s) do douro

É mais um ciclo de cinema nacional ao ar livre promovido pela confederação núcleo para investigação teatral e pelo grupo musical de Miragaia.

Numa altura em que discute o futuro do Douro, devido a construção ou não do barragem do Tua, faz todo sentido mostrar algumas das histórias deste rio sob a forma de filmes. São os diversos olhares, de diferentes cineastas, ao longo da última metade do século vinte. Uma retrospectiva que demonstra a importância deste curso de água, património mundial da humanidade segundo a UNESCO, para os portugueses e os restantes povos que o visitam. Segundo Miguel Ramos, membro da organização, “o rio Douro nasce em Espanha na província de Sória, nos picos da Serra de Urbião, a 2.080 metros de altitude e atravessa o norte de Portugal até chegar à sua foz, galgados 927km. Olha à sua volta, despede-se de Porto e de Vila Nova de Gaia, e transforma-se em Atlântico. Bem lá na sua raiz, o rio talvez seja como o homem que o navega, que um dia sonhou ser maior, ser mais amplo, chegar mais além e para isso vê em si a necessidade de se transformar em mar. E de doce criança de água, com as margens a comprimi-lo, vê-se livre, abre os seus braços e passa a viver salgado”. Para abrir as hostilidades, no dia 14 de Julho, duas obras de Adriano Nazareth mostram a sua visão muito pessoal sobre o rio Douro, nos finais dos anos cinquenta, com os filmes  “um rio que foi vencido” e os “barcos rebelos”. “En una poignée de mais amies”, no dia 21 de Julho, a dupla de consagrados, Manoel de Oliveira e Jean Rouch, mostram uma antropologia visual de um rio muito importante para a economia nacional. Por último no dia 28 deste mês, “as horas do Douro” de Joana Pontes, encerram este ciclo de cinema sobre as várias formas de inquietude que esta temática provocou nos realizadores, porque “Nós somos memória, e sem hestória(s) para contar, o Douro não seria história, nem faria estórias. seria um rio, sem ambição aMar” como poeticamente conclui, Miguel  Ramos.

domingo, 30 dezembro 2012 15:46

O tenente

Mais um filme de grande qualidade de um jovem cineasta português.

O filme de Rafael Antunes Martins aborda um facto histórico, crucial para os acontecimentos que antecederam à implantação da república no nosso país, que foi o assassinato de Miguel Bombarda perpetuado por Pedro Melo, um monárquico, que assumiu a identidade do tenente Aparício dos Santos. É uma curta-metragem de época, que demonstra mais uma vez, a grande qualidade de uma nova geração de jovens realizadores que estão a surgir no panorama do cinema português, sob a alçada da universidade Lusófona. É um filme maduro, tendo em consideração que se trata do primeiro projecto de Rafael Martins, o argumento é consistente e sucinto, ou seja, não há falas supérfluas, estão todas enquadradas no contexto do filme. Os planos também obedecem a um plano rigoroso, não há pontas soltas e o final desta curta-metragem é de uma grande beleza estética. Aproveito ainda este espaço para homenagear os actores nacionais, que participam nestes pequenos projectos de final de curso, com baixo orçamento, louvando a sua entrega e profissionalismo, como aliás é amplamente visível neste tenente. O elenco é de luxo. Adriano Carvalho, João Perry e Rui Mendes conferem uma grande densidade as personagens, mesmo tratando-se de uma curta-metragem. Por isso aconselho -o vivamente e espero que Rafael Antunes Martins nos brinde com mais projectos cinematográficos num futuro muito próximo. Bom cinema!

http://www.youtube.com/watch?v=VKQRXtVt7F0&feature=player_embedded#!

domingo, 30 dezembro 2012 15:45

Píton

É um documentário de André Guiomar sobre a boxer Juliana Rocha.

É um testemunho marcante não só pela personalidade retratada e o seu quotidiano, mas sobretudo pelo excelente trabalho do jovem realizador. Gostei da abordagem a preto e branco e logo no princípio André Guiomar distancia-se dos restantes pelo apelo que faz à nossa imaginação quando resiste em filmar, e muito bem, as multidões, apenas se ouvem os sons dos seus gritos e exclamações. As imagens são de uma grande beleza estética na sua aparente quietude. O facto de ouvirmos constantemente o ruído da respiração da campeã, no principio e no final do documentário, ajuda a criar uma empatia com o público e foi uma forma muito inteligente de aperceber-nos do esforço do desporto que ela prática. É pura emoção à flor da pele. O documentário é muito rico cinematograficamente, não só pelas imagens e pelos sons, como também pela escolha da Juliana Rocha como “personagem” deste documentário. A história desta campeã de boxe, vista pelo treinador, pelo pai e pelo próprio André Guiomar, não cai no relato lamechas de alguém que ultrapassou as dificuldades e vence, mas sim é o retrato de uma jovem muito motivada e disciplinada que tem um objectivo muito concreto num desporto muito masculino. Por outro lado, apercebemo-nos claramente, da feminilidade, simplicidade e simpatia da Juliana, características que esconde quando sobe ao ringue. Gostei tanto, mas tanto desta curta-metragem, que se pudesse atribui-lhe um prémio. Mas, não se fiquem pelas minhas palavras, vejam e tirem vossas elações. Bom cinema!

http://filmesportugueses.com/piton/

domingo, 30 dezembro 2012 15:43

Assim assim

É uma longa-metragem que fala de amor, monotonia e amizade, realizado por Sérgio Graciano.

Gosto de filmes portugueses, mas nem todos. Este é um dos que gostei de ter visto este ano. É o novo cinema português, com um argumento consistente e actores à altura do desafio. Parece piroso mas é verdade, gostei da forma como deram ênfase ao trabalho de actores, uma nova geração de artistas com créditos firmados no panorama artístico nacional, gostei como filmou os seus rostos, as suas expressões faciais e acima de tudo gostei do argumento. Esse é o seu ponto forte. O texto é corrido, ligeiro e reflete o universo actual da semântica portuguesa, vai também ao encontro das angústias, dúvidas e dos dilemas de uma nova geração de portugueses. A sua única fragilidade porventura é não ter um desfecho propriamente dito, ou seja, não há uma final romântico, ou moral, ou amoral. Se tal deveria ter acontecido? Não creio que seja condição principal haver sempre um final previsível, ou desejável num filme. O cinema também é isto, um espelho, sem o ser. Desejam um final à Hollywood? Temos pena! Digamos que este “assim, assim” é um emaranhado de pequenas histórias, que se contam na primeira pessoa, ou na segunda e que reflectem o nosso quotidiano quando falámos de nós próprios, ou dos outros. É um filme que também é reflexo de uma estética muito televisiva, já que, o argumentista provém desse universo e isso nota-se na forma como escreve. Por isso gostei do filme. Porventura necessitava de melhorias, talvez. Mas, no geral gostei muito dessa visão quase urbana do amor, das relações e da amizade. É uma comédia romântica, sem o ser, assim, assim. Vejam e depois digam alguma coisa. Bom cinema.

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