É uma série de documentários que “viajam” pelos vários bairros da cidade de Lisboa.
Os primeiros sinais de mudança são sempre visíveis nas urbes. Neste caso Lisboa é o pano de fundo para um conjunto de documentários que ilustram a forma como os moradores olham e vêm o seu bairro. É um registo feito em várias vozes, rostos anónimos que fazem parte da trama desses locais, que o tornam igual a tantos outros e ao mesmo tempo diferente. São as pessoas que habitam neste espaço que nos dão conta, através das suas histórias de vida sobre o local onde vivem, ou onde trabalham, dos câmbios para melhor ou pior que trespassam essa zona. A que conhecem. Gosto deste tipo de registo humano sem grande subterfúgios que se limita a mostrar que as cidades afinal são feitas por pessoas, para as pessoas. É um levantamento documental, um retrato no fundo social de um país e dos seus habitantes. É um excelente trabalho que também devia se prolongar por outras cidades portuguesas e não restringir-se apenas á capital.
É um novo formato da grelha televisiva da grelha da SIC
Até à verdade dói. Sinceramente procurar “resolver” casos de polícia, através de dois médiuns só funciona mesmo na ficção. É um formato televisivo que não consigo encaixar em lado nenhum, ou seja, não entendo o objectivo deste programa. Não acrescenta absolutamente nada sobre o que já se sabe sobre os crimes que são abordados e do meu ponto de vista, acaba por ser um exercício supérfluo em todos os sentidos. O que mais me causa perplexidade é a presença de Rita Ferro Rodrigues e do Francisco Moita Flores. Ambos têm um percurso profissional que, julgava eu, nada faria prever este desfecho. É no mínimo insólito. Falta palavras para justificar tamanho desperdício de pessoas e meios para um programa que deixa muito a desejar. Acho até que é um insulto à inteligência dos espectadores que assistem, dado que os ditos médiuns nada, mas mesmo nada acrescentam sobre o que já foi dito e divulgado sobre os crimes em questão e duvido mesmo da “veracidade” dos mesmos. Perante isto, só tenho que dizer que se pretendiam suplantar um similar conteúdo da TVI, enganaram-se de novo. Cancelem o programa.
Pode não ser o melhor programa informativo sobre desporto, mas é sem sombra de dúvida o mais divertido.
Por norma não vejo programas desportivos. E já agora, raramente assisto as transmissões de jogos de futebol, mas confesso que assim como o país se voltou a apaixonar pelo Futre, eu, como todos os restantes comuns mortais deste pais fiquei rendida. Aquela conferência de imprensa foi simplesmente impagável e tornou-se imortal. Depois dessa grande momento histórico nada ficou na mesma no nosso país. Porquê? Ao contrário dos políticos que nos massacram com mais medidas de austeridade, Paulo Futre trouxe soluções criativas para resolver a crise financeira do Sporting e quiçá da nação! Há que louvar o engenho do homem. Por todos esses bons motivos decidi assistir à estreia da noite do futrebol, e tal o próprio afirma, é um programa feito à medida da sua personalidade. Nem mais. Tudo gira em torna da sua figura e como encara a vida de forma descontraída, mesmo quando se fala de futebol. Algumas das rubricas são simplesmente hilariantes. Quando ele decidiu jogar aos toques com uma bola de futebol num campo de ténis com o Figo, foi simplesmente demente! Repararam como ele suava em bica, enquanto o seu opositor parecia fresco que nem uma alface? Só um português se lembraria de tal. É inovador em todos os sentidos, ele chega ao ponto de encontrar trabalho para os desempregados. O que é que torna o Paulo Futre tão especial? O de sempre. A sua inerente característica inalienável que é ser português, com a sua generosidade e uma personalidade tão genuína que melhor é impossível. Mais, ele sabe rir-se de si próprio sem cair no ridículo e é tudo isso e muito mais que podemos esperar do futrebol. Não percam.
É um talk show da autoria do humorista César Mourão para as noites da sic radical.
César Mourão foi um dos talentos descobertos pelo Herman José que ganhou o seu espaço no canal mais alternativo da televisão, a Sic Radical. O programa intitulado de “ para algo completamente (in)diferente, de facto deixa uma marca no telespectador. A começar pelo título tão comprido e pouco usual e que quebra com todas as regras da comunicação. O cenário, é outro ponto que merece um especial destaque, choca pela sua brancura, extremamente inusitado em televisão, mas estranhamente funciona, porque assim somos “obrigados” a focar à nossa atenção em quem de facto interessa, o entrevistador e os seus convidados. As rubricas de humor, mostram a criatividade e o enorme talento deste comediante, o pequeno apontamento que teve lugar no cabeleireiro foi memorável. As entrevistas até tem algumas lacunas, ele não é um jornalista, mas pelo menos compensa essas falhas com algumas sacadas mais humorísticas. É um formato televisivo que não nos deixa indiferente e por isso dou a minha nota máxima e se calhar influenciada pelo programa verifico que escrevi muitas palavras terminadas em mente.
É um programa que aborda a gastronomia das nove ilhas do arquipélago dos Açores.
A riqueza gastronómica nacional é inegável e é indispensável para a nossa identidade cultural como povo. “Sabores da ilha” é um formato bastante original sobre a culinária açoriana. É um programa que não se limita a mostrar as receitas, António Cavaco faz uma abordagem mais ampla das virtudes das ilhas que fazem parte do arquipélago dos Açores. Os cenários que escolhem para demonstrar a confecção dos pratos são uma delícia visual, sublinho o episódio em que aparece no fundo o vulcão dos Capelinhos. A comida que é o foco principal do “sabores da ilha” parece simplesmente divinal, infelizmente ainda não provei a grande maioria dos pratos apresentados, por outro lado, o programa desmistifica a ideia peregrina que circulava até bem pouco por aí de que há pouca diversidade culinária nas ilhas, um argumento que cai por terra, perante a riqueza dos ingredientes e as diversas forma de confeccionar os pratos. O apresentador é outra mais-valia do programa pela sua atitude relaxada e a sua imagem de marca, os longos bigodes! É mais um bom exemplo, e não me canso de dize-lo, de bom serviço público televisivo e merecia também ser emitido no canal nacional principal. Espero que ao ver o programa lhe faça crescer água na boca e deixo a hiperligação no final do texto para aguçar ainda mais o seu apetite.
É um o único programa ao nível nacional que se debruça apenas na temática do cinema.
Começo por dizer que este formato televisivo, emitido pela RTP 2, tem muitas rubricas, a meu ver, interessantes que se debruçam sobre a temática cinema num sentido mais lato da palavra. Gosto também da abordagem que se faz ao cinema português e europeu, mas não consigo entender como é que alguém como o Mário Augusto continua a defender a ideia que se devem colocar perguntas muito simples aos actores. Tudo bem, que o tempo é escasso nessas romarias jornalísticas, fruto da imposições de tempo das produtoras e limitadas pelas chuva de pedidos dos diversos meios de comunicação espalhados pelo mundo, mas isso não explica tudo. Quem gosta verdadeiramente de cinema, não questiona consecutivamente, o que foi mais difícil neste papel? Ou qual foi o maior desafio da personagem, que no fundo vai dar ao mesmo. Questionámos no sentido de acrescentar algo que o espectador desconhece e pretende saber, mesmo que isso “incomode” um pouco as vedetas ou talvez não. Vou dar um exemplo, a muitos anos atrás o Júlio Isidro, um dos melhores apresentadores da televisão pública, tinha um programa de variedades (do qual não me recordo o nome) e entrevistou um dos monstros sagrados do cinema americano, Dustin Hoffman, o resultado foi tão hilariante que ainda relembro esse momento, porque mostrou um lado da vedeta do cinema, mais humano e divertido, que incluiu no final uma comparação ao tamanho dos narizes de ambos. Porquê tal aconteceu? Graças às perguntas descontraídas e inusitadas do entrevistador, que acima de tudo não se resignou ao básico. É claro, que nem todas as entrevistas correm assim tão bem, depende muitas das vezes do interlocutor, mas na mesma espera-se um pouco mais de criatividade de um profissional com tantos anos de experiência. Contudo, no geral o programa é muito bom.
Traz-lhe gente que se dedica a melhorar a sua vida
Este programa comandado por Fernanda Freitas mobiliza mais de 60 organizações com soluções nas mais diversas áreas. É a mais-valia deste formato, que um dos melhores exemplos de um projecto televisivo de grande qualidade informativa. Cada emissão aborda uma temática diferente discutida por um painel de especialistas que ajudam a esclarecer as dúvidas e questões colocadas pelos telespectadores. Outro dos pontos fortes desta sociedade civil é o painel de jornalistas, que fazem em média 4 peças por programas, reforçando os diversos pontos de vista sobre os temas em discussão. Aprecio acima de tudo a abrangência, o largo espectro de opiniões dos assuntos abordados, o que em última análise ajuda a descodificar e desmistificar preconceitos e ideias pré-concebidas sobre determinada matéria. A apresentadora, a Fernanda Freitas, é uma das melhores profissionais do ramo. Coloca questões pertinentes e dá espaço necessário aos convidados do programa. No seu todo, a sociedade civil cumpre o papel que se propõem, esclarecer e responder as perguntas que são colocadas pela sociedade em geral.
Mais uma aposta do canal público no humor nacional
O estado de graça é o reflexo de um país. Os sketches humorísticos espelham a actualidade televisiva com o cunho de qualidade de um conjunto de grandes actores e humoristas com provas dadas no panorama nacional. É o grupo de trabalho de sempre do comediante Herman José, que cresceu como profissionais com este genial humorista e que mantém esse factor de identidade, através de um humor corrosivo e inteligente que busca a graça, através dos “bonecos” que pululam o panorama televisivo e dos eventos sociais. Mais uma vez esta aposta do humor em horário nobre na RTP1 está ganha, é um dos pontos fortes da programação do canal público, na minha opinião. Curiosamente, a RTP deve ser ao nível nacional, o canal que mais apostou ao longo dos anos na criação humorística e que mantém essa espécie de tradição, através de novos valores e outros tipos de formatos televisivos, que aliás já referi nesta revista. Em boa hora. Os portugueses precisam de rir, para não chorar perante uma realidade cada vez mais difícil.
É o quotidiano académico onde há espaço para os debates.
Tenho as minhas dúvidas em como um programa sobre o meio académico possa ser visto como serviço público em televisão, embora, alguns dos temas em discussão são de grande relevância para os telespectadores. Um dos debates que assisti com grande interesse foi sobre a educação especial inserida na universidade, ou seja, alunos com necessidades especiais que ingressam neste mundo, as dificuldades que sentem em termos arquitectónicos, ou ao nível de apoio didáctico, da aulas e como são encarados pelos colegas. A abordagem desta temática foi feita, através de um amplo leque de opiniões díspares que contribuíram de forma positiva para uma discussão que considero pertinente. Para jovens sem quase experiência nenhuma em termos televisivos, o pátio mostra uma grelha dinâmica e interessante que inclui reportagens de exteriores e pequenos apontamentos sobre as actividades extracurriculares, tendo contudo repetições evitáveis, os famosos balanços do ano lectivo deviam ser erradicados de uma vez por todas e deveriam apostar mais em rubricas que interessem aos jovens estudantes fora da academia. No conjunto, acho que é um programa que deveria ser emitido apenas num circuito interno de televisão da universidade, porque o seu público-alvo é muito restrito.
É um roteiro cultural que visa promover os eventos que ocorrem na ilha.
Numa altura em que foi apresentado um estudo que inviabiliza a continuidade da produção regional televisiva, com a desculpa que cumpriu o seu papel histórico, é de repensar o que é de facto serviço público de televisão de uma vez por todas, porque acho que se confunde essa temática com a vitalidade financeira de um canal. A programação dos canais regionais não obedece apenas a uma lógica economicista, são um reflexo da realidade onde se inserem, são o seu espelho, são um veículo de comunicação para um público específico e como tal, tem a sua importância e faz sentido a sua permanência, embora continue a achar que há programas que pura e simplesmente deviam ser cancelados pela falta de conteúdos inovadores. Não é claramente o caso da casa das artes. Este magazine promove os eventos culturais que ocorrem na ilha de uma forma profissional, rigorosa, mas ao mesmo tempo elegante e isso é serviço público de qualidade. São apontamentos que permitem o espectador ficar a par dos acontecimentos e das personalidades que marcam as agendas culturais regionais.
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