Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

sábado, 29 dezembro 2012 19:04

O hino dos deolinda

Dois selos e um carimbo é um álbum memorável, já de platina, que percorre a memória musical de um bairro e marca o som desta banda consagrada

Os Deolinda são uma personagem feminina de xaile vermelho, chinelos nos pés e sorriso rasgado personificado por quatro músicos que fazem as delícias do público português com o seu novo álbum, dois selos e um carimbo. Este trabalho de Ana Bacalhau, Pedro Silvas Martins, José Pedro Leitão e Luís José Martins é inspirado no quotidiano suburbano dos portugueses a partir da janela de casa. São 14 temas que fazem a crónica de um país de pequenos costumes, ou será de brandos costumes?

O tema de lançamento, Um Contra o Outro, é tão ligeiro e alegre e “mais perdes se não vens/Sai de casa vem comigo para a rua, vêm, que é a essa vida que tens”, é um hino à felicidade, aos amigos e ao convívio, um hábito tão português, porque onde há um, há logo dois ou três.

Um delírio musical, ou será do amor, é a canção-crónica, de Passou Por Mim e Sorriu, “sou a mariposa bela e airosa que pinta o mundo cor-de-rosa” e mais não digo, mas deixo uma dica, não consigo deixar de o ouvir sem um sorriso impresso na face.

“Eu também já desbravei ondas nos sete mares e fui comandante de uma frota de alguidares/mas a solidão e alguma desilusão cantam-me assim”, uma ode ao Patinho de Borracha, uma canção para descobrir pela sua letra tão acutilante com a maravilhosa voz de Ana Bacalhau.

Mas, o tema sensação que ficará para sempre associado a este álbum, sem dele fazer parte, é o famoso, que Parva Que Eu Sou, que teve a sua estreia apenas nos concertos, mas que graças aos fans se tornou a “voz da geração à rasca”. Uma música que me toca profundamente porque reflecte mesmo a desilusão dos jovens portugueses em relação ao país precário em que vivemos. Não resisto em deixar registado alguma estrofes, sou da geração sem renumeração/ e não te incomoda esta situação/ que parva que sou/ porque isto esta mau e vai continuar…que parva que sou/ e fico a pensar/ que mundo tão parvo/ que para ser escravo é preciso estudar. E mais palavras para quê? É simplesmente divinal este trabalho, porque para quem não gostava de fado, esta é uma nova estranha forma de ser.

www.deolinda.com.pt

sábado, 29 dezembro 2012 18:55

Uma segunda pele

Um projecto científico inovador irá proporcionar melhorias nos pacientes de dermatite atópica, através de um tecido revolucionário.

Os têxteis biofuncionais são tecidos que funcionam biologicamente sobre a pele humana. É a nova tecnologia de ponta que emerge de uma parceria entre a ciência e o sector têxtil, como forma de colmatar o impacto de determinadas doenças na qualidade de vida dos pacientes. Imagine que em vez submeter-se a uma série de tratamentos desgastantes, como terapia complementar, tudo o que precisava fazer era vestir um pijama? Ficção? Já não. A ideia de criar roupa que pudesse tratar a uma doença crónica de pele surgiu no seguimento de um projeto que envolveu o Serviço e Laboratório de Imunologia da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto e de vários outros centros de investigação ao nível nacional. O conceito inovador pretende avaliar a eficácia da utilização de peças de vestuário com características especiais para a dermatite atópica. A 2nd dermis (segunda pele) criou um tecido de algodão orgânico especial impregnado com quitosano, um componente natural antimicrobiano e cicatrizante, que impede a proliferação das bactérias provenientes dos pacientes com esta doença cutânea. As peças em causa são suaves e confortáveis, mantendo-se as suas características mesmo após as 30 lavagens.

O ensaio clínico que tem estado a decorrer nestes dois últimos meses, inclui duas centena de pacientes voluntários, cuja colaboração não implica qualquer tipo de medicamento, basta vestir a camisola e os leggings que foram realizados por uma empresa em Famalicão, com grande actividade no desenvolvimento tecnológico dos seus materiais. Os participantes, ao longo do ensaio, têm sido acompanhados por uma equipa de técnicos de saúde que irá avaliar a sua qualidade de vida antes e depois da utilização do pijama especial. No entanto, existem já dados preliminares que comprovam a eficácia destes têxteis “inteligentes” nos pacientes que integram o ensaio clínico. Um indicador que abre “caminho” para futuras aplicações dos tecidos biofuncionais em prol da qualidade de vida das populações em qualquer parte do mundo.

http://www.med.up.pt/

sábado, 29 dezembro 2012 18:54

Molduras em movimento

 

Jorge Rosa acalentou um sonho que se transformou em realidade, por um acaso do destino. Sem perder tempo, apostou na criação de uma marca de t-shirts de edição limitada, que tem arrecadado grande sucesso junto do público nacional e internacional. Walking frame é um conceito de autor, que pretende mostrar ideias de uma forma confortável e acessível para todos os tipos de pessoas.

Fala-me um pouco do conceito da tua marca?

Jorge Rosa: Se calhar é melhor eu contar um pouco a história de como tudo aconteceu. A paixão pelas t-shirts sempre houve, a vinte anos um amigo ofereceu-me um kit para pintar tecidos, era para miúdos, foi uma brincadeira e eu adorei. A partir desse momento transformou-se num sonho. A ideia que tive era criar edições limitadas para o mercado, mas era muito complicado naquela altura, ou fazia-as à mão, ou pintava-as uma à uma. Havia o processo de transfer, que não tem grande qualidade e a serigrafia que só se justifica quando mandámos fazer 200 ou mais t-shirts. Felizmente, apareceu uma máquina que era o que eu pretendia, permitia fazer apenas pequenas quantidades, para uma reprodução mais industrializada este processo não funciona. Na altura, eu trabalhava para pagar as contas. Lidava com telemóveis. Entretanto, a empresa faliu. Fiquei desempregado e decidi que era agora ou nunca. No primeiro ano, a marca começou em casa, eram caixas e caixas empilhadas, já ninguém conseguia viver naquela casa e só tinha vendas on-line. Mas o que acontece? O português gosta de sentir, de tocar os tecidos e ainda subsiste uma certa desconfiança em relação as compras on-line, é do género, será que chega? Será que é um esquema para me roubar? Ainda há esse tipo de mentalidade. O projecto estava a funcionar, mas não tinha tanta saída, não havia como. Fui até Lisboa e ao Porto mostrar o meu trabalho e felizmente encontrei lojas que estavam dispostas a representar a minha marca. Depois pensei, se eles conseguem vender o meu produto e subsistir, eu também consigo. Foi quando encontrei esta loja. Tenho-a a cerca de oito meses.

Porque escolhestes esta zona? O que te atraiu?

JR: Foi por acaso. Procurei lojas no centro da cidade, mas as rendas eram muito altas. Depois vi um anúncio no jornal, de um espaço na zona velha do Funchal. Ao princípio estive reticente, porque até bem pouco tempo, esta área não era tão animada e cheia de gente. Era muito feia e as pessoas não gostavam de passar por aqui. Vim na mesma ver a loja e gostei. A ideia inicial era ter um espaço que funciona-se também como atelier para poder sair de casa, tirar as coisas da sala, porque era uma situação insustentável, o preço também era simpático, tinha o site e pensei, se eventualmente alguém aparecer à porta, óptimo, assim as pessoas podem mexer antes de comprar. Foi uma coincidência feliz, porque foi quando surgiu o boom da zona velha, com as portas pintadas, apareceram os bares, os restaurantes e a loja apareceu na altura certa. É uma área inovada, porque há projectos por toda a parte. Felizmente, tem corrido bem.

Como funciona o processo criativo para a escolha dos temas que colocas na t-shirt?

JR: A parte criativa vai aparecendo. Há dias em que consigo desenhar uma ou duas, trabalho as imagens e corre tudo muito bem. Existem outros em que nada sai bem. Não tenho um método, as coisas vão acontecendo. Espontaneamente. Neste momento, a inspiração surge na internet, diga o que disserem, é uma fonte de informação fantástica, não vou copiar, atenção, vou ver ideias e desenvolvo-as a partir do que já foi feito, também me acontece, muitas vezes, estar deitado e de repente tenho uma ideia e aponto-a antes que me esqueça. Em conversas com amigos, sobre um determinado assunto, surge uma frase e eu penso, isto ficaria giro numa t-shirt. Não posso afirmar que faço apenas um género de camisas com uma mensagem, por exemplo ambiental, não é nada disso. As ideias vão aparecendo e eu vou desenvolvendo-as.

 

sábado, 29 dezembro 2012 18:53

Bordar o futuro

Uma forma de preservar o trabalho minucioso das artesãs passa por um programa inovador informático.

Um dos maiores desafios do mundo actual é inovar determinadas expressões artesanais, como sejam o bordado, e transpô-los para os têxteis, como forma de preservação de uma arte em vias de extinção, resultante da industrialização do vestuário e do progressivo desaparecimento das artesãs que mantinham a tradição. Num mundo globalizado sedento de inovações, é muito comum a utilização de bordados na alta-costura, contudo num mercado têxtil extremamente competitivo, a massificação das tendências da moda é uma realidade difícil de contornar devido ao seu apelativo baixo custo, em detrimento de uma arte manual minuciosa, morosa e única que distingue regiões e países. O futuro desta arte milenar passa pela adaptação dos bordados para a indústria dos têxteis lares e do vestuário em Portugal como elemento inovador nas colecções. Um labor que é já visível em algumas marcas comercializadas no nosso país e até no trabalho de fundo de alguns estilistas como o João Rolo, a Fernanda Nóbrega e o Hugo Santos só para nomear alguns.

Num a dissertação, intitulada “bordados tradicionais portugueses”, Paulo Lemos e Silva, propõe a preservação desta memória do tempo como lhe chama, através de um conceito inovador que passa por criar um suporte informático que pode ser usado ao nível do ensino para a divulgação dos bordados portugueses. O programa permite “aceder a um vasto repertório de imagens, desenhos, técnicas e motivos dos bordados tradicionais portugueses, permitindo situálos, ao mesmo tempo, na região de onde são oriundos.

“O desenvolvimento deste trabalho permite encarar a multimédia como uma nova tecnologia baseada no computador, não como um substituto do professor ou artesão, mas como ferramenta de trabalho para ser utilizado pelo próprio aluno ou de outra qualquer pessoa, ao serviço da divulgação e preservação da riqueza do património artístico português. O utilizador ao “viajar” pelo programa pode ter um conceito de localização preciso dos bordados tradicionais de Portugal, para além de usufruir do contexto histórico dos mesmos. A técnica também não foi esquecida. O utilizador pode aprender, divulgar e transmitir a técnica de cada um dos bordados, bem como visualizar as formas dos desenhos de cada um deles. As imagens utilizadas são originais, de maneira a que o utilizador possa ficar com a consciência do que é realmente mais importante preservar. São também uma forma de divulgar Portugal e o seu património artístico” finaliza.

http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/6723/1/TESE_PAULO.pdf

sábado, 29 dezembro 2012 18:52

A cabotina

Patrícia Pinto é frenética, bem-disposta e divertida. As suas colecções são um reflexo da sua personalidade efervescente, tem vida, cor e muito movimento. As ideias para as suas peças despertam através do baú das suas memórias, que são desencadeadas pelo mundo que a rodeia. A sua próxima proposta para o inverno é muito especial. É o glamour dos anos 50, a invadir a cidade. Arranja-se, saia à rua, destaque-se e seja única.

Qual é a colecção que vais apresentar para o próximo Outono-Inverno 2012/13?

Patrícia Pinto: O mote desta colecção é “dress up please”, embora seja uma frase em inglês, tem muito mais poder nesta língua do que em português. É um apelo para que as pessoas se vistam, que se reinventem ao vestir, que criem, que tenham mais sensibilidade ao olhar para a peça, como se fosse uma obra de arte. Nós fazemos tudo, desde o corte, até os pormenores das linhas, é todo um processo muito manual e esta minha colecção tem uma influência anos 50. A inspiração surgiu com a exposição de arte déco promovida pela fundação Berardo na Casa das Mudas. É um tema que aborda o glamour de uma época em que as mulheres tinham um gosto especial em se vestir, o culto da costureira, em que valorizavam muito a roupa.

Qual é a palete de cores que escolhestes?

PP: Cinzas, brancos baunilha, bordeaux, laranjas, tijolos, terracota, verdes secos e azuis e alguns brilhos pelo meio. Vou apresentar também padrões psicadélicos. É engraçado que, quando esta colecção começou, quando pensei no tema, há um dia em que as coisas fazem sentido e as ideias despertam, tinha sempre na memória um estilo retro, antigo e com um toque de velhinha. A minha avó e os meus tios tinham peças de arte déco em casa, tudo isso faz parte de mim. É intrínseco. Quando fui à Itália escolher os meus tecidos, encontrei logo esses padrões que não são florais, mas psicadélicos. Estamos a cortar as peças e ficámos baralhadas, porque tem aquele feito quase tridimensional que nos confunde. Tenho ainda para esta colecção padrões muito estilizados, quase como se fossem manchas, com motivos da natureza que quase não se notam, porque tem linhas, bolinhas e traços muito esbatidos que criam um efeito diferente.

As linhas das silhuetas vão ser muito direitas então?

PP: Tenho linhas muito estruturadas, mais nos casacos. Depois há uma certa fluidez, são mais coladas ao corpo. Vou apresentar saias muito estruturadas, com aplicações de volumes, como se fosse uma saia, por cima de outra.

Tens sempre malhas nas tuas colecções, vais apresentar algumas?

PP: Sempre, adoro malhas. Acho que conseguimos efeitos diferentes. Tento sempre inovar nessa área, criar com fios diferentes, com efeitos diversos. Desta vez, tenho dois tipos de malha, por um lado, com brilho, padrões ligados sempre a temática arte déco e tenho outro tipo, que vai ter duas texturas de fios, que serão trabalhados pelas minhas mãos e vai parecer pelo. São horas a desfiar a lã, a minha mãe já me disse que devia estar maluca, que não era normal, que tinha passado dos limites. (risos)

Quantas horas gastas em média em cada uma destas malhas?

PP: Tem uma peça que levou dois dias a ser concluída. Tenho mais duas para acabar antes do desfile e por isso, tenho cá a minha irmã e a minha mãe para me ajudarem. Estão ambas prontas com a sua cafeteira para trabalhar noite dentro. Elas na brincadeira, dizem-me que estou a tentar recriar os caracóis do meu cabelo nas minhas malhas! Vai valer a pena, faz um efeito tão giro! (risos) É um trabalho muito engraçado. Acho que como profissionais devemos sempre a tentar superar-nos, o desafio é sempre ultrapassar aquilo que já fiz, para mim e para os espectadores. Eu acho que se queremos apresentar algo que fique na memória, temos que criar sensações novas, porque é um elemento importante na nossa vida, a surpresa.

Ainda mais numa altura em que se copia tudo os designers têm de ser inovadores.

PP: É, é. Está tudo massificado, as grandes marcas fazem copy e paste das tendências lançadas pelos designers, tem peças interessantes com preços mais acessíveis é certo, mas falta aquela alma, aquela identidade própria e a personalidade da peça. Entrámos num centro comercial, de que não sou grande fã, e tudo parece igual. Mudam apenas os padrões. Desde muito pequena, porque a minha mãe e as minhas tias iam a costureira, o meu mundo foi sempre muito personalizado e portanto é necessário estar sempre a inovar. Então o meu desafio é colocar-me no lugar da plateia e questionar-me qual será a sensação que vão ter, tento criar esses momentos com as cores, com efeitos e os acessórios.

 

sábado, 29 dezembro 2012 18:58

O corvo a pairar sobre nós

Nuno Flores, o corvo, é um artista com uma já longa carreira musical no mercado nacional e internacional. Este ano, pretende lançar mais um álbum, desta feita uma homenagem a uma das suas bandas preferidas, os Muse. Venha daí, acompanhe-me numa pequena viagem pelo passado, presente e futuro deste músico talentoso.

Pode-se afirmar sem pudores que o Nuno Flores tem música impressa no seu DNA. Neto e filho de artistas ligados a música, desde muito cedo começou a ler partituras, quase antes sequer de aprender a ler. Uma paixão alimentada pelo pai, Fernando Flores, antigo contrabaixista na Orquestra da Gulbenkian e também mestre das primeiras notas. Instintivamente, nos primeiros anos, escolheu o violino como instrumento de eleição, um momento crucial que acabou por definir o seu percurso pessoal e futuramente profissional. Embora, houvesse alturas em que como referiu " quando estudava escalas, harpejo e estudos essenciais para apurar a técnica num músico clássico, questionava-me se era isso que queria fazer pelo resto da vida, mas acabei seguir o meu caminho". Um percurso que em muito pesou a influência do seu pai, já que "é um dos músicos e dos homens que mais admiro e um excelente professor, devo-lhe tudo".

Após toda uma formação clássica, com passagem pelo Conservatório e estágios de verão na "orquestra sinfónica juvenil" e "portuguesa da juventude", um anunciou mudou a sua vida, "precisa-se de um violinista para banda com disco. Marquei um encontro com o Moisez, falamos, ele gostou da minha onda. Eu na altura eu tinha cabelo comprido, vestia-me de preto e embora eu não parecesse um menino de coro, era-o por dentro, conversamos e acabei por nem fazer a audição, fomos logo ensaiar e fiquei na banda, isto era o ano de 1993". Os "filhos da nação" foi o primeiro CD que gravou com a Quinta do Bill, um tema que inspirou o nome do álbum e marcou toda uma geração " é uma canção muito alegre, com um solo para violino, que inspira bastante alegria, apesar de estas novas gerações associarem-no aos super-dragões". Paralelamente, fundou um quarteto clássico chamado Ensemble Amadeus, como homenagem ao seu compositor preferido, Mozart"pela genialidade que ele tinha e pelo facto de escrever música sem rascunhos. É o compositor que compôs mais obras em menos tempo. Escreveu 626 obras, foi um feito".

Após anos na estrada com a Quinta do Bill surge a ideia de formar uma banda revolucionária para altura que eram os Corvos. Foi uma evolução natural dos Amadeus, "porque apesar de tocarmos música clássica, pelo meio, metíamos musica dos Doors e Deep Purple, que adaptávamos aos nossos instrumentos". Uma aposta em arranjos inovadores para temas rocks adaptados a um quarteto de cordas. O fenómeno de vendas surgiu logo de seguida, com o lançamento do primeiro álbum dedicado aos Xutos e Pontapés. Os Corvos, "actuaram um pouco por todo o país e sempre com muito sucesso", sublinha Nuno Flores. A carreira a solo, começou após um incidente que marcou para sempre a sua existência, sobre esse período conturbado refere apenas que, "tenho uma grande máxima, as tristezas do passado, ou as incertezas do futuro não devem interferir com o presente". Uma regra que o motivou a criar a sua própria produtora e que o levou a tocar em vários pontos do mundo, inclusive participou recentemente num trabalho com o Carlinhos Brown. "A minha paixão é a música, toco sempre, seja onde for, tenho essa liberdade que me permite estar aqui hoje e amanhã no Brasil, se me apetecer como já aconteceu, toco numa bomba de gasolina pelo prazer. É sinal que estou vivo, que estou aqui", conclui.

http://www.indigoproducoes.net/

http://www.nunoflores.com/

http://www.youtube.com/user/corvonuno#p/u/0/hh_Ijy1UvPs

 

sábado, 29 dezembro 2012 18:51

Os símbolos da liberdade

É a peça de vestuário mais democrática dos nossos armários.

Os jeans são uma das peças ícones que marcam as tendências para este outono-inverno. Mais concretamente, os modelos boca-de-sino, inspirados nas calças dos marinheiros que eram cortadas em sino do joelho até o tornozelo popularizadas nos anos 70, pelos jovens hippies como fuga a uma moda mais convencional e de certa forma a uma silhueta muito estilizada. As calças de ganga são acima de tudo um símbolo de liberdade, pela sua sensação de conforto, pela elasticidade dos movimentos e a sua resistência e é talvez por todos estes motivos que se trata de uma das peças de vestuário mais democrática do mundo. Se no passado, essas mesmas características eram essenciais para os mineiros que as usavam como farda de trabalho, actualmente, são uma das peças base para praticamente todas as ocasiões, o que lhe confere um estatuto muito especial nos nossos armários. As portuguesas neste contexto são campeãs em matéria de calças de gangas. Basta estar atenta. É sem sombra de dúvida, uma das peças de roupa que mais se avista nas ruas. A indústria têxtil atenta ao fenómeno já disponibiliza diversos modelos que se adaptam as mais diversas estruturas físicas e que realçam as curvas, as famosas “push up wonder” da salsa são disso um exemplo, fazem à diferença nos traseiros menos avantajados e são um sucesso de vendas. Outra inovação provém da marca Ana Sousa que comercializa jeans que previnem a celulite. Tudo bons motivos para continuar a usar calças de ganga. Este ano, os modelos à boca-de-sino inundam as montras das lojas com uma ampla panóplia de padrões e formas, que merecem pelo menos uma espreitadela mesmo em tempos de crise.

sábado, 29 dezembro 2012 18:54

As canções possíveis

É uma compilação musical de poemas escritos pelo Nobel da Literatura, José Saramago, no ano de 1966.

Manuel Freire é um cantor muito pouco conhecido do público mais jovem português, no entanto ele interpretou ao longo da sua carreira muitos poemas de escritores portugueses, musicados ou não por ele, que se tornaram clássicos da música portuguesa. Neste álbum ele homenageia o escritor e também o homem de Abril, José Saramago.

O disco “canções possíveis” foi uma encomenda para o 25º aniversário das comemorações do 25 de Abril de 1974, mas é muito mais que isso, é um conjunto de doze poemas do escritor José Saramago que foram adaptados para música cantados por Manuel Freire, com arranjos de Carlos Alberto Moniz. Trata-se de uma pérola pela beleza dos textos, sendo esta uma das facetas menos conhecidas do autor, e pela aparente simplicidade melódica. Quanto aos poemas propriamente ditos, eles englobam uma década em que o escritor esteve mais ligado ao jornalismo como crítico literário e cronista e foi a sua primeira compilação dedicada unicamente à poesia.

“Fala do velho do Restelo ao astronauta” é um dos temas deste álbum que não é mais do que um olhar sobre o mundo que nos rodeia: “ Aqui, na terra, a fome continua/a miséria, o luto e a outra vez a fome”. “O circo” é outros das músicas que merece uma especial atenção, fala de poetas, “ …não é gente é bicho raro que da sua gaiola se escapou”.

sábado, 29 dezembro 2012 18:56

A inovadora

Natureza viva espelha a personalidade, os gostos e o carinho que Tânia Nóbrega sente pela sua ilha, pela sua envolvência natural exuberante e pelas suas tradições. É contudo, um conceito de artesanato inovador que reflecte uma visão muito pessoal de um universo regional que expressa na beleza, na alegria, no colorido e na variedade etnográfica da Madeira, através dos seus bonecos, dos colares, das bolsas e das suas flores em filtro.

Quem é a tua cliente?

Tânia Nóbrega: É alguém que como eu gosta muito de cor. Que aprecia a natureza e as formas. Em relação as flores, embora não seja uma cópia fiel à realidade, consegue-se através das tonalidades, da forma e das texturas sentir o que a natureza passou, para que essa pessoa goste de a ter e de a usar. É também uma mulher que aprecia variar, as minhas peças não ficam presas a uma única forma de utilização. Nas malas, as flores não são fixas, podem ser aplicadas novamente, a ideia é que o processo continue. Os colares têm pregadeiras, que saem, podem ser usadas na lapela do casaco. É sobretudo, uma cliente que gosta de mudar, da cor, da natureza e aos elementos ligados aos regionalismos. São pessoas que apreciam o que é madeirense e não tem o preconceito de que só porque tem o padrão regional é para turista.

Tu tens dois tipos colecções, um debruça-se sobre a temática do folclore, outro mostra vários tipos de flores, porquê estes dois motivos e não outros?

TN: Na verdade eu comecei com as flores, foi algo que encetei desde muito cedo. Primeiro, porque eu nasci na Venezuela e sempre vivi num apartamento. Havia a fantasia a partir daquilo que os meus pais contavam sobre a Madeira, sobre a sua casa pequena com o seu quintal, onde havia muitas flores e frutos. Eram tudo coisas que eu não tinha. A minha mãe é uma apaixonada por flores. Os primeiros desenhos que vi, eram sobretudo motivos florais, eram amores-perfeitos e ela sabia fazer flores de papel, porque os fazia para as festas do Caniço. Eu acho que já começou desde aí. Quando vejo uma flor por mais pequena que seja, por mais reles e insignificante, elas merecem ser apreciadas pela sua riqueza de formas e perceber que a natureza é tão perfeita, que às vezes passámos por ela e nem damos conta. Quando comecei a “natureza viva” a minha preocupação era tentar em cada peça passar aquilo de que mais gostava e que me deslumbrava. Mais tarde, a colecção dos bonecos começou com os grupos de folclore. Eu participava em feiras de artesanato e emocionava-me sempre ao vê-los dançar, quer nesta época natalícia, quer no “48 horas de Santana”, onde estão todos os grupos reunidos. Era-me impossível ficar indiferente e como já tinha feito uma reprodução a pedido de um cliente, resolvi experimentar. Daí já nasceu em trabalho que se tem ramificado para outras coisas, porque faço uma pesquisa para cada traje e insiro os bonecos num cenário regional. Tento que tenham pormenores característicos daquele local, o que trazemos daquele sítio, embora não consiga transmitir os cheiros, tento com o pormenor minucioso, com as cores, reavivar as memórias daqueles que conhecem esta realidade e quem não conhece que fique com vontade de faze-lo.

Porquê a escolha do filtro?

TN: Eu escolhi este material porque é muito fácil de trabalhar e tem imensas potencialidades. É um fio que não desfia, é muito fácil de manipular, de coser e de colar. Se bem que cole poucas coisas, gosto mais de coser. O filtro também é belíssimo, porque as cores são planas, elas valem por si só, o resto provém de mim, tenho de fazer o resto. Existe em muitas espessuras e a medida que o vamos descobrindo, começo a descortinar os seus truques e mesmo a mania dos materiais.

Há outros materiais que uses para além do filtro?

TN: Sim, uso sedas, outros tecidos, o pano regional que é difícil de trabalhar porque desfia muito. Permite umas coisas. Tenho uma linha mais vintage que permite fitas, botões e às vezes as clientes trazem consigo o material. Eu tenho uma colecção denominada “perdidos e achados” que consiste em reciclar um objecto, ou uma fita do ramo do casamento, ou um brinco que gostámos muito, criámos uma peça em que esse objecto é o ponto de partida. Pode ser a coisa mais variada.

 

sábado, 29 dezembro 2012 18:46

Música hipnótica

É uma jovem banda originária da ilha da Madeira que canta em inglês.

O seu primeiro álbum de lançamento o Twelve-wired bird of paradise remete-nos em alguns temas ao mundo em que vivemos. É uma colectânea com influências de música folk fundido com electrónica e sonoridades mais acústicas cantadas em inglês. O disco foi produzido por Wolfgang Schroegl, um dos membros da banda Sofa Surfers, uma escolha óbvia deste agrupamento, já que o produtor está familiarizado com o estilo musical dos hipnótica.

O "Black glove", o primeiro tema extraído do álbum, é uma espécie de hino de intervenção que tanto pode ser cívica, como apenas pessoal. É uma melodia suave salpicada por sonoridades inusitadas provenientes de instrumentos musicais pouco usuais, tipo cavaquinho.

É um álbum que aposta em arranjos de grande qualidade com fundos vocais refrescantes e uma repercussão sem mácula. É um disco leve que se ouve com facilidade, o tema "playground" é disso exemplo. As melodias remetem-nos para o verão e facilmente somos transportados para "as areias que engolem o betão". "Sun palace" é outros dos atributos deste disco cheio de pérolas musicais.


http://www.myspace.com/hipnoticapt

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