Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

segunda, 18 fevereiro 2013 21:41

As recolectoras de histórias da vida

“As memórias das histórias das gentes que fazem a história” surgiu de uma conversa entre Graça Alves e Cláudia Faria, ambas investigadoras no Centro de Estudos da História do Atlântico (CEHA), sobre as lacunas em termos registos da vida privada, da visão das pessoas anónimas sobre determinados momentos desses eventos marcantes da história da ilha e a sua própria existência. Um projecto de recolha que dá o protagonismo ao cidadão comum e ao seu papel directo ou indirecto no desenvolvimento da Madeira e que traz à superfície, o outro lado da história, o mais humano, o lado dos afectos.

Como é que surgiu esta ideia das memórias das histórias das gentes que fazem a história?

Cláudia Faria: O projecto surgiu na sequência do meu trabalho de mestrado de literatura e cultura, onde me debrucei sobre a família Phelps. Encontrei um diário de uma das filhas deste comerciante e decidi desse registo fazer um doutoramento. Tive de ler escrita privada, que é um novo tipo de documentação que não é muito utilizado na investigação histórica propriamente dita, porque por norma pesquisasse em documentos oficiais. Neste caso, tratava-se de um diário que estava guardado na gaveta de uma casa e depressa apercebi-me que nesta área, esta nova forma de encarar os estudos das ciências sociais e humanas estava a crescer. As fontes oficiais são importantes, estão a fazer um bom trabalho, mas temos de procurar o outro lado da história e como vamos ter acesso a esse outro lado? Através das próprias pessoas, do que escreveram, do que tem guardado sobre determinados acontecimentos que os marcaram, da sua própria vida, como perspetivavam esse tipo de eventos, o que sentiam quando partilhavam com os outros e que se podia extrair a partir desses momentos. Comecei então a ter contacto com esse tipo de informação e muito particularmente com uma associação que se chama IABA Europa (International Auto/biography Association), fundada por Philippe Lejeune, que se dedica ao estudo do eu, em inglês, “life writing”, ou seja, a escrita da vida. E depois partilhámos estes acontecimentos com o professor Alberto Vieira, que é o director do (CEHA), que achava que o centro poderia dar um contributo mais além, porque até agora tinha-se estudado apenas a história do açúcar e do vinho, sobretudo sobre a ilha da Madeira e foi a partir desse partilha de ideias é que o projecto começou.

E como é que extrapolou da história de uma família para os relatos de pessoas anónimas, emigrantes, comerciantes, pescadores, militares, etc. Como é que o projecto ganhou essa forma?

Graça Alves: A ideia é ver o outro lado da história, já que se tratava do diário de uma rapariga que passou por cá como viajante. Se desta forma podia-se ter uma outra visão sobre a ilha, sobre os acontecimentos do mundo, porque não procurar nas gentes que ainda estão vivas e que presenciaram alguns desses acontecimentos marcantes? Porquê não ir à procura das suas histórias? Ver de que forma a memória guardou e salvaguardou esses acontecimentos e como foram vistos. O projecto que apresentámos ao CEHA e que tem o aval do professor Alberto Vieira acaba por ser, esse outro lado. A partir do diário que a Cláudia esteve a estudar, da menina Phelps que escrevia tudo o que lhe acontecia na sua estadia pela ilha, partiu-se da ideia que também há pessoas que escrevem, ou registam tudo o que lhes acontece, que de alguma forma tem opiniões, outros olhares sobre o mundo.

Como é que descobriram estas famílias? Como foram recolhendo este espólio pessoal?

CF: Aquilo que existe de documentação oficial obviamente que fala das personalidades mais importantes, estamos a falar de governadores, médicos, juízes, etc. Gente que estava ligada ao poder local, regional e não queríamos essa parte da história, porque é a mais fácil, ou já esta feita, ou eventualmente cabe a outros fazerem. Queríamos os anónimos, as gentes comuns, o vizinho que presenciou o ataque da Alemanha ao Funchal, por exemplo. Pessoas que estivessem ligadas, ou tivessem testemunhado diversos acontecimentos ligados a ilha. Depois pensámos numa outra área de intervenção que é a emigração, é preciso olhar de outra forma para os partiram da Madeira e levaram a ilha consigo. Das pessoas que viveram nas colónias portuguesas e dos madeirenses que estiveram na guerra do ultramar, são experiências de vida que gostaríamos de recolher. Uns regressaram, outros não, mas todos têm muitas histórias para contar.

Como é que automatizam todas essas informações que recolhem?

GA: O projecto ainda esta muito no inicio, publicamente foi anunciado em Novembro, no colóquio das mobilidades, na Fundação João dos Passos. Por isso, estamos muito no princípio. Estamos na fase boca-a-boca, as pessoas vão falando no projecto, temos uma "newsletter" que esta a começar agora e que vai sendo divulgada e há pessoas que vêm até nós, ou pedem-nos para apresentar o projecto perante uma audiência. O nosso trabalho tem sido apenas de recolha mediante as pessoas que nos vão chegando. Este é um projecto que nem que tivéssemos sete vidas conseguíamos terminar. Estamos a começar devagar, com a noção exacta dos nossos limites, a alimentar também um blog com as memórias das gentes, pequenas histórias que de alguma maneira possam chamar outras histórias. Estávamos a gravar as entrevistas e a guarda-las e a digitalizar documentos e imagens. Não temos conclusões, nem temos a pretensão de as tirar, porque isto é um trabalho que não é apenas nosso, é algo que só pode ser feito em termos transdisciplinar, ou multidisciplinar, porque fala da vida das pessoas, dos seus movimentos, da parte psicológica, literária que advém do que escrevem, da parte histórica, económica e sociológica. Trata-se de um projecto que estamos a começar e outros irão continuar.

CF: A universidade sénior acabou por ser um trampolim para o projecto. Eles são nossos alunos e obviamente que tinham documentos e histórias para contar, ou conheciam alguém com um percurso interessante. Depois através da passa palavra as pessoas vêm ter connosco, ou nós vamos ter com elas. O primeiro passo é gravar a entrevista, para ver que história tem para contar. É uma conversa solta, sem qualquer modelo, nem topologia. Nós acompanhámos as memórias das pessoas e depois há pessoas que nos fornecem documentação, como sejam, cartas ou fotos, que pedimos para digitalizar e depois devolvemos o original ao seu proprietário. Neste momento estamos a criar ficheiros com esse material guardado. Não será nem eu, nem a Graça que vamos fazer o trabalho de investigação, nós estamos a recolher, á procura. Eventualmente poder-se-á desenvolver um estudo.

GA: De uma pequena parte…

CF: Sim, imagine alguém está nos EUA a desenvolver um trabalho sobre as guerras portuguesas no ultramar e anda à procura de testemunhos de quem passou por essa experiência, obviamente que vai contactar o centro e nós poderemos fornecer essa informação, ou seja, a pessoa pode consultar esses dados para fazer o seu estudo. É esta envolvência que pretendemos criar e também para ser consultado pelos locais.

 

segunda, 18 fevereiro 2013 21:40

Cuidado com a língua

É a oitava temporada sobre como falar em bom português.

É talvez o programa educativo mais divertido da televisão portuguesa pública. Aborda a gramática de uma forma informativa, leve, lúdica, ou seja, é levada à séria sem ser demasiado séria. Fiz-me entender? Gosto deste espaço didático, porque não se limita apenas à correcção dos erros ortográficos, as diferenças semânticas e etimológicas, mas sobretudo pela descoberta das expressões idiomáticas e curiosidades linguísticas que fazem do Português uma das línguas mais faladas do planeta. A apresentação fica a cargo de um dos actores mais bonitos de Portugal, Diogo Infante, (na minha modesta opinião) em boa hora e o voz “off” lindíssimo de Maria Flor Pedroso.

segunda, 18 fevereiro 2013 21:34

O olhar grego

 

Mati é uma marca portuguesa inspirada na Grécia. São acessórios de moda feitos à mão com pedras semipreciosas, pendentes com olhos azuis, budas e fios de prata dourada, a partir da imaginação de Maria Bruno da Costa, que resultam em peças delicadas e de muito bom gosto, para serem usada em qualquer ocasião.

Como é que surge a ideia da mati?

Maria Bruno da Costa: Eu vivi na Grécia desde 2006 até 2010. Como sabe este país tem uma grande tradição em termos de joalharia, existem mesmo grandes nomes gregos no design de joias, ao nível internacional. Eles são muito fortes nesta área, na Grécia porta sim, porta sim existe uma joalharia. Eu sempre trabalhei na área da banca, mas interrompi, por razões pessoais durante 4 anos e quando regressei pensei em experimentar e fazer joias para algumas das minhas amigas. Gosto de arte, de fotografia, de criar e por isso, trouxe algumas peças que idealizei, fiz e montei e que obtiveram algum sucesso. Isto foi há dois anos, entretanto estive ligada a um site de moda, que exigia muito tempo de mim e que era difícil de coordenar com a minha vida pessoal e depois pensei: porque não começar com este pequeno negócio? E foi assim que o reiniciei a cerca de quatro meses. É recente.

Como é que escolhe as peças para fazer os colares, ou as pulseiras?

MBC: Eu escolho as peças ao meu gosto, tenho algumas que são mandadas fazer por mim e outras que são montadas, tudo isso resulta do processo de criação. Há uma grande ligação com a moda e com as novas tendências. Tento sempre fazer um pouco diferente, o que não é fácil nos dias de hoje com esta globalização enorme, mas tento sempre conferir as peças um toque pessoal muito meu.

As peças continuam a vir das Grécia?

MBC: Eu trago toda a mercadoria da Grécia, embora algumas pedras são de várias regiões do mundo. Eles possuem grandes vendedores grossistas que disponibilizam esse tipo de pedras para fabrico e retalho.

Quem é a mulher mati?

MBC: Primeiro deixe-me dizer-lhe que mati significa olho, ou olhar em grego, foi inspirado naquele olho azul que afasta o mau-olhado que é um símbolo grego e turco. A mulher mati é alguém cuja faixa etária anda por volta dos 30 até 45 anos, são peças que exigem algum poder de compra, porque são em prata dourada e pedras semipreciosas. É uma mulher moderna que gosta daquilo que é ligeiramente diferente. É um pouco fashion, hippie e chique é essa imagem que pretendo transmitir e que tenho conseguido penetrar em termos de mercado.

 

segunda, 18 fevereiro 2013 21:31

Até lá abaixo

É a epopeia de um grupo de portugueses que decidem percorrer o continente africano de carro.

Quando Tiago Carrasco, jornalista de profissão e dois amigos, o fotógrafo João Henriques e o cameraman João Fontes decidem encetar uma viagem de automóvel percorrendo o continente africano de norte a sul, com praticamente nenhum dinheiro, pensámos à partida que se trata da loucura total, mas acreditem, foi isto mesmo que aconteceu. Toda a gente os tentou demover deste projecto arriscado, tendo em conta que se tratava de um percurso de 30 mil quilómetros em estradas (se é que algumas as podemos designar desta forma) cheias de perigos e imprevistos que só acontecem em África e a pouca ou quase nenhuma preparação dos nossos temerários viajantes. Mas, como escreve António Gedeão, o sonho comanda a vida e estes três “doidos” partem para aquela que seria a aventura das suas vidas…até lá abaixo. Não pensem que é o típico livro de viagens que se limita a descrever as paisagens, as diferenças culturais e os maneirismos dos povos que visitam, nota-se perfeitamente que é escrito por um jornalista, porque digo isto? Porque Tiago Carrasco não se limita ao óbvio, ele procura fazer o enquadramento social e politico dos países por onde o grupo passa, é o olhar treinado de alguém que evita julgar ou tomar partidos, apenas pretende mostrar os vários pontos de vista de alguns dos locais mais conflituosos do nosso planeta. O outro factor que contribui para o que chamo de uma narrativa jornalística é a linguagem do autor. É uma escrita despojada, quase tão seca como as areias do deserto e ao mesmo tempo divertida pela simples constatação do insólito em algumas dessas paragens tão perigosas, que tal um americano a atravessar África de bicicleta? Parece uma alucinação? Para saberem se é verdade ou não vão ter de ler. Cada página é um deleite em termos humanos, a solidariedade de estranhos também acontece nestes lugares recônditos e posso garantir que não foram poucos os casos. O que creio que fica desta odisseia à portuguesa é que como dizia o meu viajante referido, Bruce Chatwin, “ a viagem não se limita a estimular a mente. Faz a mente” e assim também eu fui estimulada por esta visão muito sui generis do continente negro. Boa leitura.

segunda, 18 fevereiro 2013 21:29

O cineasta que veio do frio

Francisco Manuel Sousa é um jovem realizador com um pequeno curriculum que marca já a diferença, pelo olhar irónico, mordaz e muito criativo visível nas suas curtas-metragens. Um nome a reter em termos de cinema nacional.

Quando soubestes que querias fazer filmes e ser realizador?

Francisco Manuel Sousa: Quando era mais pequeno queria seguir arquitectura, sempre tive uma paixão pelas artes, mas quando cheguei ao secundário e comecei a fazer trabalhos muito próximos dessa área percebi que não era não era isso que queria para o meu futuro. Nessa altura, comecei a ver por conselho dos pais mais filmes de autor, cinema europeu e apercebi-me que era isso que eu queria fazer, queria contar histórias. Achei que era um mundo interessante no qual queria entrar.

Há um filme em particular ou realizador que motivou essa mudança?

FMS: Houve vários, quando vi o “Blow-up” do Michelangelo Antonioni, o “Bufalo 66” de Vicente Galo, foram esses os filmes que me marcaram, identifiquei-me com a linguagem, que entendia e que queria desenvolver através de histórias minhas.

Vamos falar agora dos teus projectos cinematográficos, da tua curta-metragem mais antiga, uma “última ceia” muito sui generis, o objectivo foi chocar, ou não?

FMS: Não, (risos). Foi o exercício para uma cadeira de imagem e som na universidade e tinha umas regras muito específicas quanto à sonoridade e ao tipo de iluminação. Podíamos tê-la feito sem uma narrativa, ou sem diálogos, podia ter tido cenas desconexas desde que respeitássemos essas regras, mas decidimos que era mais interessante contar uma história, juntámo-nos numa noite e começaram a surgir umas ideias meias malucas que pareceram na altura ter sentido, não foi com o intuito de chocar, foi só uma maneira de fazer o exercício, haver uma narrativa e divertir-nos.

Como é que surgiu a ideia de “últimos dias”?

FMS: A ideia surgiu ainda antes de entrar na universidade. Quando cheguei ao fim tive de apresentar um projecto que me ia dar a nota do curso e lembrei-me dessa ideia, vi que era boa para desenvolver, com coisas que tinha aprendido, filmes que tinha visto na UBI (Universidade da Beira Interior), trabalhos que tinha desenvolvido sobre o realizador Michael Haneke e vi que tinha uma linguagem que se ligava aquela história, depois foi pensa-la outra vez, quais os caminhos que podia seguir. Não me lembro de onde a ideia surgiu, talvez com “Elephant” de Gus Van Sant, ou com filmes que tinham a ver com uma adolescência depressiva e com tendências violentas.

segunda, 18 fevereiro 2013 21:24

Vamos lá cambada!!

 

Cidália Abreu, Joana Matos, Sofia Gomes e claro, o gato, Tobias são as Oupas!, um pequeno atelier de design gráfico que é mais reconhecido pelo seu trabalho em cartão, mas que possui outras vertentes em termos de design sustentável. Uma ideia de negócio que nasceu fruto da vontade de três jovens e que teve incialmente o apoio da incubadora "studio 118" da Escola Superior de Estudos Indistruais de Gestão (ESEIG), em vila do Conde.

Como surge a vossa tri-parceria? Em que âmbito?

Cidália Abreu: Nós conhecemo-nos na faculdade, enquanto tirávamos o curso de Design Gráfico e de Publicidade, e foi aí que compreendemos que funcionamos bem em equipa, que partilhamos as mesmas ideias e valores.

Joana Matos: Desde cedo partilhávamos o desejo de após terminar o curso e, quando a oportunidade surgisse, de nos juntarmos e criar o nosso próprio projecto de design gráfico. E foi o que aconteceu.

Sofia Gomes: O Pós-faculdade nunca é fácil e a procura de emprego torna-se tanto demorada como pouco animadora e, nesse panorama que nos encontrávamos, decidimos que enquanto estávamos à espera era boa ideia tentar começar o nosso sonho e se desse resultado: boa, se não seria mais uma experiência interessante a acrescentar ao currículo. Oupas! Vamos lá! Pouco depois de terminarmos a faculdade falamos com os nossos professores de curso e eles cederam-nos uma sala, em troca de serviços para a escola, para iniciar a nossa aventura. Fomos, portanto, os estreantes na incubadora "studio 118", na faculdade da ESEIG.

Porquê criar ambientes em cartão 3D? O que vos atrai neste tipo de material?

CA: O cartão surgiu de uma maneira muito natural. Não iniciamos o Oupas! a pensar que nos iríamos focar neste ou naquele material, nesta ou naquela área, simplesmente a corrente levou-nos a essa costa. Um dia, depois de andarmos pela Rua Miguel Bombarda a "passear" alguns trabalhos nossos, ofereceram-nos a possibilidade de decorar a montra interior do Centro Comercial Bombarda e nós acedemos a esse pedido com muita boa vontade e aproveitamos para lançar aí o nosso manifesto, aquilo que nós acreditávamos e que achávamos importante na nossa maneira de trabalhar. Por um acaso o material que mais dispúnhamos no nosso atelier (na altura estávamos ainda na incubadora), era exactamente o cartão e então fizemos uma composição tipográfica nesse material. E foi aí que começou a "loucura" do cartão. Depois do manifesto fizemos um palco para o TEDxYouth@Porto que foi um sucesso tal que 2 semanas depois nos levou para Lisboa em colaboração com a Ivity para fazer um dos nossos projectos mais conhecidos: a cidade de cartão. A partir daí começaram a ser cada vez mais os pedidos neste material até chegarmos ao ponto em que estamos de sermos mais conhecidas pelo cartão, do que pelos nossos outros serviços de design.

Quais são os principais desafios ao criar conceitos em papel?

JM: Os maiores desafios surgem principalmente pela dimensão do projecto. Quando temos de fazer casas em tamanho real, por exemplo, é o que nos tira mais tempo e força, mas também são os mais recompensadores, especialmente a nível pessoal. Isto porque este tipo de concepções implicam técnicas e materiais que não estamos acostumadas a lidar, nomeadamente as estruturas que mantêm grandes pedaços de cartão em pé. Temos de subir a andaimes e agir como verdadeiras construtoras, com martelos e pregos a segurar peças de cartão (que são mais pesadas do que parecem) e manter tudo de pé até aos dias de exibição. É um desafio e tanto para 3 raparigas sem experiência nenhuma em construção, mas conseguimos safar-nos e fazer um bom trabalho. Outro tipo de desafio que também puxa muito por nós, mas a outro nível é a animação em vídeo. Pensar numa história visual com cabeça, tronco e membros é um desafio intelectual muito interessante e a execução dessa mesma ideia em papel ou cartão só o torna ainda mais divertido. Não tivemos uma formação muito grande em animação, apenas o básico, e o desafio é superar essa base e fazer algo interessante.

Qual é o peso que as questões ambientais têm no vosso projecto?

SG: O Oupas! foi pensado desde o primeiro dia como um atelier de design gráfico sustentável, sendo que tudo o que fazemos é projectado e pensado a ser o mais sustentável possível, quer a nível de material, técnico e económico. Na faculdade tivemos uma boa formação a esse nível já que a Joana fez a sua tese sobre design sustentável, então viemos bem preparadas para avançar com um projecto verde.

segunda, 18 fevereiro 2013 21:20

Faça como eu cultive o seu ambiente

No dia 23 de fevereiro, entre as 10h e às 12horas, o Centro de Informação Europe Direct Madeira (CIED Madeira) vai promover a acção de sensibilização e formação "Agricultura Biológica na sua horta", na Universidade da Madeira.

Esta é uma iniciativa é para todos aqueles que possuem uma horta e a querem tornar mais amiga do ambiente. Daí que serão facultados conselhos práticos sobre como implementar este tipo de sistema agrícola, sendo por isso uma iniciativa particularmente adequada aos utilizadores das hortas urbanas, mas não só, já que a entrada é livre para qualquer participante. Entre os oradores estão José Carlos Marques, engenheiro na Secretaria regional do ambiente e dos recursos naturais que falará da "agricultura biológica em áreas urbanas", outro dos convidados para esta sessão é o professor doutor Miguel Ângelo, da Universidade da Madeira que irá abordar as "sementes para o futuro: o contributo do banco de germoplasma ISOPlexis para a sustentabilidade na RAM" e a finalizar Sílvia Silva, engenheira na OrganicA, associação de promoção de agricultura biológica da Madeira, fará a introdução da "agricultura biológica, o futuro nas nossas mãos".

Os centros de informação Europe Direct são organismos oficiais geridos pela Comissão Europeia, que a nível local e regional atuam como intermediários entre os cidadãos e a União Europeia(UE), constituindo-se assim com um dos principais instrumentos de divulgação de informação sobre este organismo europeu. O principal objetivo dos CIED será prestar um serviço de proximidade adaptado às necessidades locais e regionais, permitindo ao público obter facilmente informações, orientações, assistência e respostas a perguntas sobre a UE no que respeita, ao seu funcionamento, às suas prioridades, legislação, políticas, programas e possibilidades de financiamento mas também e fundamentalmente, sobre os seus direitos enquanto Cidadãos Europeus. O Centro de Informação Europe Direct Madeira é um dos 18 centros escolhidos pela Representação da Comissão Europeia em Portugal para o período 2013-2017, integrando a rede de informação que a nível europeu atinge os 500 centros.

http://europedirect.aigmadeira.com/

segunda, 18 fevereiro 2013 21:06

O senhor geringonça

Paulo Marques é o director criativo de uma das trupes mais antigas da ilha da Madeira, a geringonça. Um percurso de 26 anos feitos como muita imaginação, carinho e dedicação que dura apenas uns dias, mas que tornam o Carnaval e outros eventos culturais, momentos mágicos para mais tarde recordar.

Fale-me um pouco sobre o grupo "geringonça".

Paulo Marques: É um grupo que no ano passado fez vinte cinco anos, trabalhando para o turismo regional no Carnaval, Festa da Flor, fim de ano e a festa do vinho. Estamos nos quatro cartazes da ilha da Madeira. Seguimos as directrizes da secretária regional do turismo que nos doa grande parte do orçamento para podermos trabalhar ao longo do ano. E fazemos vinte e seis anos de existência e isso já é bastante.

Olhando para atrás, o que pensa destes 26 anos de percurso?

PM: Eu não posso falar dos 26 anos, porque sou estou cá há 10 anos. A "geringonça" surgiu num grupo de amigos que pretendia criar uma trupe de animação e assim foi. Participámos cada vez, fomos crescendo e actualmente somos o único grupo que entra nos quatro eventos turísticos da região. Foi devagarinho, mas cá estamos.

Quantas pessoas estão envolvidas ao todo neste tipo de eventos?

PM: Depende. Ao nível do carnaval temos uma equipa que é formada por oito a dez pessoas e depois temos os coordenadores que nos ajudam na alimentação e maquilhagem. Neste Carnaval temos 137 elementos e levámos uma ala que é de deficientes motores, são 10 pessoas em cadeira de rodas que também desfilam, porque achámos que todos têm o direito de se divertir. O nosso lema é "animar é connosco", mas nós animámos com todo o tipo de pessoas, não excluímos ninguém. Todo o mundo merece divertir-se ao longo do ano. Na festa da flor somos muito mais, porque temos muitas crianças. Há dois anos erámos uma trupe com 208 elementos e é difícil, porque temos de controla-las, mas consegue-se fazer com a ajuda dos nossos associados. Aliás, isto tudo começou dessa forma, com uma associação, que no momento têm 95 associados. É claro, que uns já faleceram, outros saem por razões pessoais ou profissionais, mas em média temos sempre 4 a 5 novos associados que entram no grupo.

segunda, 18 fevereiro 2013 21:03

O atelier da cor

  

Fernanda Rodrigues dirige a equipa de costureiras que dá vida aos fatos da trupe da Geringonça. É um labor que faz por gosto e nota-se pelo seu entusiasmo constante quando fala dos bons momentos que partilhou ao longo dos anos com várias gerações de madeirenses que ajudam a encher de cor e de alegre algazarra as ruas da cidade do Funchal.

Quanto tempo necessita para começar e terminar os fatos para todo o cortejo?

Fernanda Rodrigues: Não é só eu que os faço, somos seis costureiras. É um processo que demora tempo, cerca de um mês e meio para estarem todos prontos. As pessoas vêm cá acertar, fazer a primeira e a segunda prova. Começámos a tirar medidas em Dezembro e nessa altura já se fazem alguns trajes.

Cada peça pode demorar quanto?

FR: Como a base são os biquínis e tem muitas aplicações pode demorar um dia. O que demora mais são as baianas, que é um vestido comprido, tem saiote, é arredondado, uma pessoa tem de estar a trabalhar nestas peças de manhã até à noite.

Há quanto tempo trabalha com esta trupe?

FR: Há vinte e tal anos.

O que mudou nestes vinte anos?

FR: Tem muitas pessoas que são as mesmas, mas estão sempre a aparecer novos rostos. Mas, de resto não mudou em nada. A base da equipa é sempre a mesma, há anos em que as aplicações dão mais trabalho e outros não. Até o momento final existe sempre algo para fazer, por muito que estejamos adiantados, chega-se a hora há sempre um percalço, faz parte da tradição. (risos)

segunda, 18 fevereiro 2013 20:59

Funchal, cidade com história

 

É um livro sobre fotografia de David Francisco e textos de Sílvio Mendes. Um roteiro pela capital da Madeira sob o olhar inusitado do fotógrafo.

Fala-me sobre a importância deste trabalho.

David Francisco: Quando vais fotografar algo pela primeira vez, a primeira visão que tens é a imagem comum e essa não é fotografia a fazer. Tens de andar pelo local e só depois é que podes fotografar. É preciso procurar o plano, uma determinada vista que não a habitual.

Qual foi a tua preocupação para este trabalho?

DF: A editora, que entretanto faliu, encomendava-me os livros e eu depois fazia as imagens como achava melhor. Normalmente fazia um guião e essa publicação foi uma tentativa de fazer um roteiro cultural. O que poderia ter interesse apreciar no Funchal com uma mistura de lazer, a ideia era o que poderia ver e visitar rapidamente em 3, 4 dias. Dentro desse tema explorei o melhor do local. Por exemplo, no palácio de São Lourenço, a sala dourada, ou verde, como já ouvi tantas vezes ser chamada, é um espaço que não é fácil de fotografar.

Porquê?

DF: A parede é verde com dourados. O pior conjunto possível.

Que outros desafios tiveste neste livro?

DF: O teatro municipal Baltazar dias. Nunca vi boas fotografias daquele espaço, não quer que não haja, eu é que nunca vi. O desafio era a dimensão, trata-se de um teatro pequeno, é uma peça muito bonita interiormente. O que eu tentei aí foi dar-lhe dimensão, parecer muito maior do que é e dar-lhe a dignidade de um grande teatro. Gosto muito do teto, a luz é lindíssima. A fotografia foi feita a partir do palco, as pessoas, por norma, fotografam no sentido contrário. Temos que dar muitas voltas nos sítios para ver o que se consegue ou não.

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