Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

terça, 13 janeiro 2015 19:50

De mim...para ti

Carlos Melim é um jovem cineasta português que se estreou com "de mim". Uma curta-metragem que já arrebanhou uma série de prémios, tendo até sido seleccionada para o Festival de cinema de Cannes. Foca o eu interior coroada de imagens e paisagens que nos remetem para a solidão e a instrospecção. A sua segunda obra cinematográfica, "remissão completa" chegará em breve as salas de cinema.

Terias escrito "de mim" se não fosses madeirense? Se não fosses ilhéu?
Carlos Melim: A Madeira foi o "cenário" principal porque foi onde nasci, onde tenho as minhas raízes, a minha família, os meus primeiros amores... O filme é sobre solidão e dor, e parte desse sentimento de perda teve muito a ver com o facto de ter deixado a Madeira e estar longe daquilo que conhecia (da minha zona de conforto). A maior parte do filme foi filmado na ilha porque foi "no regresso a casa" onde voltei a reencontrar-me...Mas se tivesse nascido noutro lugar e se tivesse deixado esse local e a minha família para seguir um sonho, teria escrito na mesma, o cenário seria outro. Acho que a insularidade da Madeira reforça a carga emocional do filme. O facto de estarmos isolados reforça a carga dramática...

É uma missiva de despedida ou de amor?
CM: É um pouco da duas.. O filme pode ser uma carta de despedida, se acharem que eu morro no fim... ou pode ser uma carta de amor... ou uma mensagem de vida... depende como cada um sentir o filme. Para mim, foi uma terapia. Foi uma forma de me reencontrar. Foi preciso estar triste e sentir-me sozinho para avançar, e é essa a mensagem que gostava que ficasse do filme. Todos temos uma fase na vida em que pensamos em desistir, mas é em nós que está a força de continuar, e não nos outros.

Foi difícil expôr desta forma os teus sentimentos? É de certa forma uma catarse?
CM:Nunca vi o "de mim" como uma exposição. Estava a fazer o filme para mim. Há pessoas que escrevem cartas, eu faço filmes...Só quando o mostrei a uma amiga e ela me incentivou a divulgá-lo, é que pensei pela primeira vez em partilhá-lo com o público em geral. Se o filme ajudar uma pessoa que esteja a pensar em desistir da vida, então, todas as sessões a que assisti envergonhado, enfiado numa cadeira, já valeram a pena!

O que sentes quando revês este teu primeiro filme? Haveria algo que gostarias de alterar, ou melhorar? Senão porquê?
CM: Hoje já não consigo sentir o que sentia na altura, mas não mudava nada. Gosto cada vez mais do filme. O mais importante é que é genuíno, e era o que sentia na altura. Acho que é por ser genuíno que pode tocar as pessoas...

Remissão Completa é uma outra curta-metragem intimista?
CM: A "Remissão Completa" é ficção. De qualquer forma, considero que diz muito de mim como cineasta... É sobre os temas que eu gosto de abordar, as pessoas, a sociedade, as emoções...as relações.

terça, 13 janeiro 2015 19:37

A luz

2015 é o ano internacional da luz de acordo com a organização das nações unidas (ONU).

Numa altura em que os países mais industrializados desenvolvem esforços para criar alternativas energéticas mais amigas do ambiente, a ONU, decidiu dedicar este ano que começa à luz. É uma iniciativa global que tem como objectivo consciencializar os cidadãos de todo o globo para a sua importância e das tecnologias ópticas na sociedade.

Para celebrar a luz nas suas mais variadas formas, estão já a ser preparadas várias actividades dirigidas a audiências de todas as faixas etárias e diferentes níveis culturais.
Com o advento da electricidade no século XX, muitas pessoas esqueceram-se do luxo que significa pode aceder diariamente a esta forma energética. Ao mesmo tempo, nos países em desenvolvimento, existem milhões de pessoas que não têm acesso à electricidade e é também este problema que a ONU pretende enfatizar com esta efeméride.


O Ano Internacional da Luz coincide ainda com vários marcos importantes no campo do estudo físico da luz, como os trabalhos em óptica de Ibn Al-Haytham, em 1015; o comportamento ondulatório da luz, proposto por Fresnel em 1815; a teoria electromagnética da luz, proposta por Maxwell em 1865; os trabalhos de Einstein sobre o efeito fotoeléctrico (1905) e sobre o vínculo entre a luz e a cosmologia no contexto da Relatividade Geral (1915); a descoberta da radiação cósmica de fundo em micro-ondas por Penzias e Wilson, em 1965, e os trabalhos de Charles Kao (1965) a respeito do uso da fibra óptica nas telecomunicações.

terça, 23 dezembro 2014 17:06

O erudito da guitarra

Pedro Jóia possui um vasto currículo como intérprete e compositor da guitarra clássica e já tocou com grandes nomes da música portuguesa, espanhola e brasileira. Em 2001 lançou um álbum intitulado "variações sobre Carlos Paredes" e seis anos depois editou o seu último disco, "à espera de Armandinho", dois projectos musicais que se debruçaram sobre os dois maiores nomes da guitarra portuguesa do século XX.

Os seus primeiros projectos discográficos assentam sobre o flamengo. Em que é que este estilo musical influencia o seu percurso como músico?
Pedro Jóia: Eu comecei a estudar guitarra clássica quando era miúdo, desde os sete até o quinze anos de idade, aprendi a técnica e nessa fase descobri a música flamenga, através de um disco de Paco de Lucia. Apercebi-me que guitarra tinha uma dimensão diferente, comecei a apaixonar-me, a interessar-me e foi até Espanha para estudar este estilo musical, isso fez parte da minha formação enquanto guitarrista, é uma linguagem muito forte para mim.

Mas é muito diferente da guitarra portuguesa?
PJ: É completamente diferente. Absolutamente. O que se passa é que ao longo destes anos tentei fazer uma fusão entre estas duas linguagens. Transportar o fado para a minha guitarra que por si estava influênciada pelo flamengo.

Foi uma mistura que mostrou no disco dedicado ao Armandinho.
PJ: Na verdade fiz dois álbuns temáticos sobre a guitarra portuguesa, um sobre Carlos Paredes chamado "variações", de 2001 e outro sobre o Armandinho.

Vamos falar sobre esse trabalho discográfico, porquê abordar o trabalho de Carlos Paredes?
PJ: Desde logo porque o foi um dos grandes guitarristas da segunda metade do século vinte. O Carlos Paredes tive a oportunidade de conhece-lo pessoalmente, vi-o até mais ou menos bem, conversei e até fiz uma primeira parte de um dos seus concertos. Era um homem que admirava muito. Mais tarde, abordei outro mestre, da primeira metade do século vinte, o Armandinho, que obviamente não o conheci porque era um guitarrista mais antigo e morreu em 1945, mas dígamos que era o outro lado que faltava à guitarra portuguesa.

 

terça, 23 dezembro 2014 17:01

Duplicidades

 

São algumas das propostas dos estilistas nacionais para as festividades que se aproximam.

As festas natalícias e o fim-do-ano são perfeitos pretextos para os vestidos de gala, quer sejam curtos, de cocktail, ou longos, pouco importa o comprimento, ou o formato, o que interessa é mostrar uma toilette mais cuidada e nada é mais apropriado nesta época do uma das minhas cores preferidas, como já estão fartas de saber, o vermelho. Apresento duas propostas bem diferentes do designer de moda Diogo Miranda, da sua colecção outono-inverno 2014, que são bons exemplos para qualquer uma das ocasiões que se aproximam, quer seja a ceia de natal com a família, ou a festa do final do ano com os amigos, que vão do mais clássico ao mais ousado, mas ambos de muito bom gosto.

 

Katty Xiomara, é outra das estilistas portuguesas que apresenta as suas propostas no Portugal Fashion e destaquei desta feita um vestido longo de seda inspirado no oriente e outro muito mais ocidental, onde se destaca a sobreposição de duas peças, um vestido longo de envelope em renda e um body vermelho. É oito e oitenta, um é mais contido e outro é mais atrevido, o difícil mesmo é escolher, porque qualquer um destes vestidos é elegante e apropriado para estas ocasiões festivas.

terça, 23 dezembro 2014 16:53

O terceiro mmiff

Terminou a terceira edição do Madeira Micro Film Festival que concedeu o galardão para o melhor film a "Rocks In My Pockets" de Signe Baumane. Mas, as novidades não terminam por aqui, para o ano haverá mais e melhor cinema.

O Micro Film Festival esta a crescer em termos de público e de filmes a concurso?
Nuno Barcelos: Esta é a 3ª edição e acreditámos que temos conseguido limar algumas arestas não só na programação, como na produção e nos convidados que trazemos, tendo em conta que se trata de um projecto novo num espaço quase improvável, que é um festival de cinema contemporâneo e experimental, numa vila tão pitoresca como a Ponta do Sol, na ilha da Madeira. Este ano temos novamente seis filmes a concurso e podemos dizer com muito orgulho, devido a uma parceria, que houve um aumento de 30% de visitantes estrangeiros que vêm especificamente para o festival e continuámos ainda com a nossa secção de curtas-metragens no cinema Sol, um dos mais antigos ainda existentes em Portugal.

O que podes destacar dos filmes que foram mostrados e que não estão a concurso?
NB: Eu posso destacar o filme "it follows" dirigido por David Robert Mitchell, que recebeu críticas muito favoráveis ao nível mundial, é considerado, aliás, um dos grandes contos de terror deste ano e o "The Duke of Burgundy" sem dúvida, produzido pelo Andrew Starke, um dos grandes produtores britânicos, apesar de recente é um filme que esta a colher muitos prémios. A nossa programação apela um pouco ao fantástico, não seguindo contudo essa linha, temos ainda uma secção experimental, que inclui a visita de alunos de uma universidade de Berlim que irão desenvolver um projecto audio.

Há um aumento de público estrangeiro e da projecção do festival em termos internacionais, mas ao nível local e nacional?
NB: Eu penso que tem sido gradual, naturalmente na questão da comunidade local não temos tido esse crescimento, porque compreendemos que é uma área experimental ao nível do cinema, eventualmente gostaríamos de ter mais espectadores locais. Acho que é um "work in progress" há também outro aspecto a ter em conta, sendo um certame internacional as legendas são em inglês e todas as pessoas que vêm até aqui tem de perceber essa língua, mas achámos que este ano haverá um crescimento significativo em termos locais. Ao nível nacional é um trabalho que temos de desenvolver para o futuro, a nossa parceria internacional que esta baseada na Alemanha ajuda-nos em termos de espectadores numa comunidade localizada no centro da Europa, estranhamente temos uma grande base norueguesa e irlandesa. Em termos nacionais e locais ainda há muito por fazer, mas não é falta de promoção da nossa parte, achámos que como em tudo, na Madeira, temos de fazer as coisas com calma e as pessoas tem de se ir habituando e reconhecendo este projecto.

Da programação abordastes os vários filmes estrangeiros, mas não há muitos portugueses presentes.
NB: Infelizmente é verdade, temos uma curta-metragem que não é só portuguesa, como é regional, do Carlos Melim que já foi apresentada no festival de cinema de Cannes. Este ano não temos nenhum filme português, mas neste terceiro festival estámos ainda a tentar perceber o que funciona mais e melhor e neste momento o único curador é o Michael Rosen. Para o ano estamos a pensar incluir outras pessoas do meio, ao nível nacional, para também contribuírem com ideias para o festival e criar até secções paralelas de curta-metragens aos filmes em competição, que poderão aparecer com a curadoria de um profissional da indústria cinematográfica nacional e isso ajudará a poder trazer filmes não só portugueses, como da América Latina. Eu acredito que não tem sido falta de pesquisa, mas são arestas que achámos que iremos limar para os próximos anos.

terça, 23 dezembro 2014 16:48

Portugal mantém ranking de emissões de CO2

Portugal continua a ser um dos países com melhores políticas ambientais, de entre as 58 nações mais industrializadas do mundo, de acordo com a 10ª avaliação do "climate change performance index" (CCPI), um índice que analisa o comportamento das nações com mais de 90% das emissões de dióxido de carbono associadas à produção de energia.

Segundo a organização ambiental Quercus, que ajudou a reunir dados sobre Portugal neste 10.º ano do CCPI, o nosso país mantém assim a mesma posição em relação ao ano passado porque melhorou em diversos indicadores, principalmente no que respeita ao nível de emissões, mas piorou nas emissões associadas ao uso residencial e edifícios e à produção de eletricidade e energias renováveis.
A German Watch, uma das organizações responsáveis pelo estudo, explica que Portugal ficou classificado em 7.º lugar, que corresponde a um 'Bom', porque mais uma vez que os três primeiros lugares não foram atribuídos a nenhuma nação, e assim passámos a ocupar, de forma simbólica, a 4.ª posição, atrás da Dinamarca, a Suécia e o Reino Unido, que respectivamente correspondem ao primeiro, segundo e terceiro classificados da lista. A vizinha Espanha, por outro lado, continua numa tendência descendente, de acordo com esta nova edição do index. Voltou a cair no ranking, este ano, foram ao todo 8 posições. Resultados negativos que os cientistas responsáveis pelo índice atribuem as medidas politicamente retroactivas que terão arruinado a dinâmica do sector das energias renováveis e, como resultado, houve uma queda acentuada de 37 lugares nesta categoria. Além disso, é um país que se opõem a medidas progressivas, à escala internacional.

De assinalar ainda sobre CCPI de 2015, tal como em anteriores estudos, os autores sublinham que "embora se registe uma redução geral nas emissões de CO2, o que dá esperança num futuro livre de dióxido de carbono, nenhum país conseguiu o desempenho necessário para atingir o patamar 'muito bom' do index".

https://germanwatch.org/en/download/10407.pdf

terça, 09 dezembro 2014 18:38

A rapariga da quinta

Um aniversário foi o mote para as reminiscências de uma amizade.

A efeméride do vigésimo primeiro aniversário da Quinta do Revoredo, em Santa Cruz, foi recentemente assinalada com uma tertúlia cujo mote foi recordar à fundação da primeira Casa da Cultura de todo o arquipélago da ilha da Madeira, única no seu género, onde foram abordados os desafios e dificuldades inerentes de uma época de limitações financeiras camarárias, das quezílias internas e externas, em termos institucionais e não só, contra a compra de um imóvel exclusivamente dedicado à cultura, uma aberração como muitos achavam e também foi o recuperar de memórias sobre aquele lugar lindíssimo de frente para o mar.

Toda aquela conversa acabou por ter o condão de fazer submergir os meus próprios afectos, recordei a rapariga da Quinta, como eu apelidava, que vislumbrava diariamente, nas férias de verão, desde o pontão da praia das Palmeiras saindo por uma das portas de acesso ao calhau para mergulhar nas águas azuis do mar. Imaginava como seria maravilhoso viver naquela casa misteriosa firmemente agarrada as rochas, como que desafiando as forças do oceano, rodeada de dragoeiros mágicos e árvores centenárias onde se poderiam viver mil e uma aventuras. Até que um dia quis o destino que conhecesse essa rapariga, vinda da longínqua África do Sul e que desse encontro nascesse uma amizade e embora já não vivesse na Quinta do Revoredo decidimos numa noite de fim-de-ano, eu, ela e o meu irmão fazer uma última visita ao que foi apenas o seu lar.

 

terça, 09 dezembro 2014 18:36

A crioula encantada

Isa Iolanda é um dos novos nomes da música de Cabo-Verde, com um recente percurso influenciado pelas vozes de Cabo Verde, como é visível no seu primeiro trabalho discográfico, "Kriola enkantu", mas também pela música norte-americana, que fará parte do seu novo projecto musical.

No alinhamento deste teu último álbum, o "Kriola Enkantu" o que te levou a gravar esse repertório?
Isa Iolanda: O que me levou a gravar foi a vontade de homenagear o arquipélago, inclusivé à ilha de Santa Luzia que é desabitada, mais a diáspora, porque cada música representa uma tradição de Cabo Verde. Somos um país jovem com 39 anos de independência e queria homenagear tudo o que já conseguimos fazer, porque não temos recursos naturais, mas temos imensos em termos humanos. Outro objectivo foi também, exaltar à nossa cultura que considero ser o nosso coqueluche.

A escolha das canções também não aconteceu ao acaso, optaste por um leque de compositores das ilhas.
II: Sim, por exemplo, estive na ilha do Maio em que chamei a participar o Tibau Tavares, a representar à ilha do Fogo falei com um grande amigo meu, fomos colegas até do colégio, em São Nicolau, o Paulinho Vieira. Tentei fazer com que cada ilha tivesse essa representatividade de um compositor, ou músico de forma a obter essa autenticidade.

E porquê este trabalho discográfico agora neste ponto da tua carreira?
II: Eu acredito que para além de sermos artistas, gostarmos de estar em palco, partilhar a nossa música, o nosso sentir, a nossa energia e o nosso espírito musical, há também, a necessidade do dever de passaporte, de teres algo de concreto para mostrar as pessoas, para poderem ouvir a tua música, apreciar, tirar conclusões e até aprender. Dar cada vez mais conhecimento sobre o teu trabalho como músico, ou artista, é fundamental na gravação de um álbum.

Este trabalho o que acrescenta em relação aos teus projectos anteriores? Notas que evoluistes em termos vocais ou não?
II: Eu noto que sim, posso até dizer que fiz duas participações especiais em dois álbuns da embaixada em França e neste meu novo trabalho, "Kriola enkantu", consigo ver claramente o processo da evolução e maturidade vocal, mais agora que estou a estudar aperfeiçoamento vocal em Nova Iorque. Consigo, agora, ter uma percepção mais nítida do que é cantar por instinto e o que é fazê-lo com a técnica, a consciência do que podes ir buscar à tua voz e ampliar esse potencial.

 

terça, 09 dezembro 2014 18:34

África minha

Estas são algumas tendências que a podem inspirar para este outono-inverno.

Esta estação invernosa é o momento ideal para se inspirar nas tendências vindas de África, que embora façam sobressair as peles mais escuras, também ficam bem nos restantes tipos de peles. Senão confira, uma delas é o estilo lady, que funde o look mais clássico com um toque moderno, com peças que vão desde as saias afuniladas, ou em godé, de corte médio, que realçam a cintura e os quadris, com um camiseiro colorido onde até se podem misturar com denims e lãs.

Os estampados podem ser de todos os tipos, neste aspecto são de louvar os coordenados arrojados das mulheres africanas, elas misturam vários tipos de grafismos e até prints animais sem qualquer constrangimento e com resultados alguns deles maravilhosamente surpreendentes. São apostas na cor que também pode adaptar ao seu estilo, sempre em contraponto com uma componente mais lisa, quer seja no vestuário, nos acessórios ou ainda no calçado. Por exemplo, uma calça de veludo com um camisola com gráficos. Tudo é possível, o importante é também fugir um pouco as tonalidades mais neutras que caracterizam os nossos armários no inverno.

terça, 09 dezembro 2014 18:29

A criadora da imaginação e do movimento

Clara Andermatt é bailarina, coreógrafa e uma das pioneiras do movimento da nova dança portuguesa. A Associação Cultural Clara Adermatt é o rosto dessa identidade artística particularmente singular no panorama artístico nacional e internacional, cuja actividade se concentra essencialmente no desenvolvimento e sustentação das actividades artísticas e pedagógicas e presta apoio logístico e administrativo a alguns criadores com os quais partilha afinidades artísticas.

O corpo é apenas um veículo para a dança ou é mais do que isso?
Clara Adermatt: Claro que é algo mais. O corpo é uma carapaça da alma, da mente, e do pensamento. É matéria que carrega uma série de ingredientes que são as emoções que fazem parte da personalidade de cada um. É um invólucro com o qual temos de ter cuidado, porque é algo que existe e que dá forma.

Como é que uma coreógrafa percepciona as várias vertentes desses corpos tão diferentes? Não é apenas o desafio em termos de pessoas com deficiência, mas também os seniors e estava a lembrar-me do projecto "maior".
CA: Até corpos de outras culturas, gente mais nova, mais velha, com limitações e com características físicas que dão matéria a esses recursos pessoais, individuais e do interior de nós próprios. Quando eu olho para os corpos das pessoas que não tem formação em dança, ou com uma formação fantástica na vertente clássica e que não tem a componente contemporânea e vice-versa aprecio trabalhar com eles, ou seja, são tudo idiossincrasias, são maneiras de mexer, de ser, que me inspiram e dão material de criação e de imaginação. Eu gosto muito desse encontro com a diferença no fundo, porque todos somos diferentes e aprecio descobrir essas nuances e a individualidade de cada um para criar.

Então qual é o fio condutor para criar uma coreografia? Quais são essas nuances que tem de ter em consideração para um grupo específico de bailarinos?
CA: Depende muito, há uma diferença na abordagem e acho que há uma liberdade que ao mesmo tempo. Procuro e tento conquistar-me a mim própria, de ter uma abertura, de poder ser contaminada e que essas diferenças possam invadir à criação e o objecto criado. Existem muitas coisas que queremos dizer, o mundo é tão vasto, complexo e ao mesmo tempo é um espectáculo tão brutal que quanto maior é a diferença, maior é a riqueza. Eu gosto de me deixar invadir por tudo isso.

Quando cria um espectáculo inspira-se na música, na imagem?
CA: A música é muito importante para mim, como a palavra, como a imagem.

 

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