Emanuel Sousa iniciou os seus estudos na Universidade da Madeira, mas licenciou-se em Pintura pela Faculdade de Belas Artes do Porto. A sua obra inicide sobretudo na pintura figurativa que vai redescobrindo, através de séries de telas que reflectem as suas inquietações como artista e ser humano. No próximo dia 5 de Dezembro irá inaugurar uma exposição intitulada “cenas de vício/cenas de sacrifício”, no espaço das artes João Carvalho, em Alcanena.
Referes na tua apresentação que o teu objecto artístico é ter a figura humana como ponto de partida e toda a sua estatura acadêmica tradicional, que estas tentar transcende-la, ou pelo menos questionar suas representações formais.
Emanuel Sousa: O que se entende como bases? Tudo o que tu começas a aprender, onde estão todas as regras do desenho, da pintura, da representação física e o processo a partir do qual eu tento desenvolver a minha obra. Eu procuro criar, construir em cima, depois destruo, volto a reconstruir com o que sobra dessa base e a partir desses elementos, apesar de serem reconhecíveis são apenas fragmentos. Aposto em reconstruir numa linguagem mais arriscada, com uma visão mais contemporânea fugindo um pouco aos cânones clássicos, ao mesmo tempo que procuro um percurso muito pessoal.
Pelo que me apercebi tu optas pelos retratos, como é que escolhes esses rostos, esses corpos?
ES: Depende da série em que estou a trabalhar. Tenho que dividir isto em duas vertentes, de um lado a técnica e a estética, é o resultado visual que se apresenta em termos de cor , traçado, forma e composição. Depois temos o conceito do tema, o que escolhi abordar, por norma, abordo temáticas mais sociais e mitológicas e procuro transformá-los em situações mais contemporâneas.
Então vamos falar da série “vai para a tua terra” que é um título muito forte, tem conotações racistas, é isso?
ES: Exactamente. O objectivo dessa série é tentar apontar a hipocrisia da nossa própria terra. As pessoas que retratei são colegas portugueses, que estão cá em Londres e por vezes temos de ouvir frases mais desagradáveis, não é que chamem nomes, mas quando pronunciámos mal uma palavra na sua língua, manda-nos para casa como resposta. O que é a analogia perfeita para as gerações anteriores em Portugal que olhavam para as pessoas de origem africana com o mesmo desdém e os mandavam também para as terras deles, mas eles são tão portugueses como nós, a única diferença é a sua cor da pele e por isso foram tratados de forma diferente. Eu queria apontar esse aspecto, da hipocrisia, ou seja, as pessoas que repetem esse tipo de frases em Portugal, se calhar tem filhos, netos, ou familiares no estrangeiro que também sofrem do preconceito. O título era mesmo no sentido de ser provocatório, para ser contundente. Eu escolhi determinado tipo de pessoas para esta série, porque tenho uma forte ligação com elas, conheci-as algumas em Londres e outras em Portugal, ao longo destes anos criámos uma relações fortes, uns são amigos, outros são quase a nossa família adoptiva com quem convívemos e contámos umas piadas. Mas, é sempre aquele contacto com a terra sem estarmos lá.
E todos eles nalgum ponto foram alvo também do preconceito?
ES: Sim, também. O elo comum também é importante. O projecto é mais complexo do que só o facto de serem emigrantes, portugueses, radicados em Londres. Tinham de ter sofrido algum tipo de xenofobia, de racismo.
Jorge Pelicano é um jovem realizador de documentários que tem conquistado prémios e o grande público um pouco por todo o mundo. A sua visão cinematográfica procura abarcar as várias realidades que desconhece e as personagens que povoam esses universos muito restrictos e por vezes muito íntimos.
Achei que em todos os os teus documentários, desde “ainda há pastores” e “pare, escute, olhe” inclusívé neste último, “pára-me de repente o pensamento” abordas sempre os invisíveis, são mundos dentro de mundos.
Jorge Pelicano: No fundo concordo com essa observação. A mim interessa-me fazer filmes, contar histórias de pessoas que normalmente não reconhecemos, em que não estámos muito em contacto com essas personagens, ou seja, o que me move para fazer um documentário é o desconhecido e utilizo este dispositivo cinematográfico para ir conhecer essa realidade. No filme “ainda há pastores” eu fui ao outro lado da montanha procurar um personagem novo, neste caso era um pastor, que não esta visível, por isso esta do outro lado do mundo, há esse interesse em procurar o que não controlo, que não conheço, é isso que me move. Da mesma forma aconteceu no último documentário, eu não conhecia a realidade e os personagens dentro de um hospital psiquiátrico, porque eles estão “fechados”, é muito difícil ter acesso ao interior, ao quotidiano de uma instituição para doentes mentais, mas se fores realizador de cinema é possível e é isso que me fascina nesta actividade.
Também não é um reflexo da tua própria solidão? Reparei que escolhestes pessoas que reflectem esse solitude, o estarem isoladas nos seus próprios mundos, onde só tu notas que elas existem.
JP: Eu sei que elas existem, porque procuro vidas. Não significa que na minha existência sofra dessa solidão, eu procuro mundos que sejam totalmente diferentes do meu, ou seja, essa busca preenche-me muito mais, por exemplo, quando passo por um hospital psiquiátrico eu já sei o que se passa lá dentro. No fundo é uma busca de outras experiências, que é o que o ser humano tenta fazer conhecer outras realidades, porque ao fazê-lo sente-se preenchido, gosta de conhecer outras pessoas e sente-se bem por isso. De certa maneira para conhecer esses outros mundos eu uso o cinema.
Em “pára-me de repente o pensamento” porque decidiste escolher uma instituição psiquiátrica no Porto e não uma mais próxima da tua residência, por exemplo, em Coimbra?
JP: Porque quando se faz as histórias a localidade não interessa, a mim o que me importa são os personagens e não de onde são, um esquizofrénico no Porto é igual a outro em Coimbra, não é a localização que os altera. A escolha do “Conde Ferreira” teve a ver com o acesso, para fazer um documentário uma das coisas mais importantes é a história, como é que chegámos até lá? Da mesma maneira que se quisermos chegar ao topo de uma montanha temos que escolher o melhor percurso. Eu tinha um colega meu que tinha acesso aos administradores do hospital e mais facilmente chegámos dessa forma às pessoas, porque esse foi um dos grandes problemas ao nível de produção do filme que é entrar numa instituição psiquiátrica, é mesmo muito difícil. Foi necessário um grande trabalho de produção, para que de facto as pessoas que estão dentro e gerem o hospital percebam qual é o intuito, o objecto cinematográfico que se pretende fazer dentro daquela realidade. Acho que dentro do “Conde Ferreira” essas condições foram criadas, por isso, filmámos no Porto, mas podíamos ter filmado num outro sítio qualquer. Por outro lado, foi o que senti dentro daquela realidade, daquele mundo, para que as personagens conseguissem suster a narrativa e o propósito do filme.
Curiosamente, filmaste imenso e creio que havia a ideia de haver uma segunda parte deste documentário.
JP: Nós filmámos cerca de 250 horas, num total de quatro semanas. Portanto, foi um processo extremanente intensivo onde tentámos aproveitar ao máximo à nossa presença, porque é uma oportunidade rara, não digo única, mas era preciso tirar proveito disso. Agora, quanto ao aproveitar o material para um segundo filme, isso nunca esteve em cima da mesa. No fundo, o prolongamento desta história poderá aparecer numa peça de teatro, que o actor Miguel Borges tem planeado num futuro próximo, mas isso não será a continuação do filme, até porque o próprio actor entrou naquela realidade para fazer isso. Agora, ele absorveu toda aquela mundividência e no futuro irá dar toda a sua visão daquela experiência de quatro semanas, que será a continuidade da história daquela realidade. Do ponto de vista cinematográfico o meu trabalho esta concluído, não tenciono fazer uma continuação, a minha perspectiva teve um princípio, meio e esta finalizado.
Depois de teres visto e revisto o teu documentário em vários festivais, de teres vivido essa experiência pessoal num hospital psiquiátrico, qual é a reflexão pessoal que fazes dessa realidade?
JP: Eu estive dentro de um hospital psiquiátrico não como um cidadão normal, mas numa perspectiva muito profissional, como realizador. Às vezes é difícil explicar isto, de facto, eu sinto que uma coisa é estar lá como uma câmara e outra coisa é estarmos só a olhar para aquela realidade. De certa maneira a câmara filtra-nos daquele ambiente que é agressivo e pesado, é uma instituiçao psiquiátrica, como é óbvio, o estarmos com uma câmara protege-nos. Num corredor em que vejo pessoas a passar que estão internadas estou a assistir à aquela realidade, mas estou mais preocupado com o enquadramento, com a lente, com a exposição, com o som e essas preocupações defendem-me do peso que é estar ali dentro. Aquela experiência não me trouxe sofrimento, pelo contrário, acabei por sentir-me muito bem, porque quem vê o filme logo percebe que naquela instituição não há só loucos a berrar, existem pessoas que são seres humanos como todos nós, só que tem uma patologia que os torna digamos diferentes, ou especiais. Esse é também um dos objectivos deste documentário, mostrar a uma sociedade preconceituosa que olha para estas pessoas como sendo totalmente inválidas, por isso é que elas estão fechadas lá dentro, que se trata de um conceito que hoje em dia não tem fundamento. Eu costumo dizer que “pára-me de repente o pensamento” não espelha a realidade de um hospital psiquiátrico, de todo, mas toca em algumas verdades sobre o que é aquele mundo, o seu quotidiano e mais importante do que isso faz um “update” do que é a vida numa instituição psiquiátrica, para que as pessoas cá fora tenham uma noção diferente e menos preconceituosa da vida dentro dentro desse ambiente hospitalar.
Batida, aliás, Pedro Coquenão criou um universo musical marcante que é transversal a todos os tipos de públicos. Os seus espectáculos reflectem a sua visão criativa das suas origens africanas e do mundo, através de uma sonoridade ritmica e irresistível aliada a uma mensagem muito forte, que não deixa ninguém indiferente.
Pelo que vi nos concertos tu crias uma espécie de pseudónimos em termos musicais. Existe um universo musical em que os teus vários alter-egos, o batida, o dj, o pedro criam sonoridades diferentes, que incluem as tuas convições pessoais, é assim que funciona o teu processo criativo?
Pedro Coquenão: Na prática acaba sendo a minha perspectiva. O que eu acho é que tu próprio consegues ter várias visões, ter experiências diferentes. No concerto é fácil chegar ao palco, colocares-te no papel de artista, estares no cenário, debitas uma coisa semelhante ao que fizeste no dia anterior, as pessoas até gostam, mas há uma distância, uma formalidade, em que eles aplaudem no fim e depois eu vou-me embora, isso cansa-me um bocado, entedia-me e torna-se repetitivo demais. Eu gosto mais de procurar a perfeição do que de ter uma algo estéril que não se adapta, que não é vivo. Acabo sempre por ter uma organização, um método de ensaio com cada artista com quem quero criar individualmente, trabalho com eles em separado e quando é para estar em palco junto-os todos, dependo um bocado do momento, do público, da história do sítio onde estou e do concerto. Mas, por mais confortável que esteja não consigo esquecer-me dos meus amigos que estão presos em Angola. Pode até ser um chavão os artistas utilizarem este tipo de apelo, mas acredito sempre que haverá alguém que ficará a saber mais alguma coisa e a única arma pacífica para contrapor algumas destas injustiças que andam a acontecer no mundo é passando a informação. Mesmo que apenas uma ou duas pessoas tenham ficado curiosas e até tenham assinado a petição da Amnistia Internacional, ou feito ainda um google sobre o assunto já é bom, pelo menos ouviram o nome dessas pessoas, na televisão, ou na rádio e já vão encarar como um assunto que não é totalmente estranho e isso para mim trata-se de quebrar barreiras. Se tudo isto é feito com um personagem mais dj, mais artístico, ou performer é um pouco das ferramentas que uso para me exprimir no momento, ou provocar alguma coisa, porque a nossa vida é muito curta e fazer o que é mais confortável, não faz o meu género. Eu não quero ser o melhor, interessa-me criar obras fortes que provoquem reacções nas pessoas. Prefiro ter no público alguém que odiou, embora não procuro esse tipo de pessoas e nem quero criar esse tipo de sentimento, mas gosto de arriscar esses e os outros que amaram que sentiram que foi especial de alguma maneira, do que todo um público que achou tudo engraçado. Os heterónimos, ou pseudónimos acabam por ser alterações minhas que partem da minha forma de ser no dia-a-dia. Eu próprio tenho momentos em que faço coisas monótonas e outros dias em que tenho de ser criativo, não é o objectivo, é o substantivo de criar coisas novas.
Como é tudo isso funciona na prática?
PC: Quando trabalho com um artista acabo por investir muito do meu tempo a conversar, porque acho que é muito importante conhecer as pessoas, os locais por onde passo e isso se calhar provoca muita incoerência, coloca muito a necessidade de seres plural, mesmo em relação a mim próprio e ao que tenho para dar. Eu não sei o que é o ser melhor, ou o que é mais interessante, então, procuro fazer no palco o que passei a vida a ver em espectáculos e acho que o que as pessoas procuram é vulnerabilidade, é expôr-se, o público vai para ver sinceridade, honestidade e talento. Como não sei qual é o meu verdadeiro talento, mostro tudo o que tenho e deixo que as pessoas decidam o que gostam. Isto também inclui mostrar os artistas que vou trazendo para o palco e de que gosto muito.
Falando dessas parcerias criativas, como sublinhaste que vais ver muito concertos é desta forma que ficas a conhecer o seu trabalho, ou surge de forma quase espontânea ao conhece-los pessoalmente?
PC: Surgiram de várias maneiras. Vamos falar do concerto que é o mais honesto, eu precisava de um baterista, costumo trabalhar com dois ou três que estão sempre ocupados com outras bandas, então pedi a um contacto que tenho em Inglaterra o nome de alguns músicos e links sobre o trabalho deles. Andei a ver os vídeos que tem menos views, que foram gravados em sítios menos glamorosos, como no quarto a tocar, que é onde gosto de ver as pessoas, porque num palco grande é fácil tudo funcionar bem, agora quando a pessoa esta sozinha, é quando se vê o que o músico tem para dar. O Tom Skinner, chamou-me à atenção pelo dom de tocar bateria e pelo próprio curriculum, ainda por cima é o baterista de uma das minhas bandas preferidas, os “Owiny Sigoma Band", então convidei-o para ensaiarmos na minha garagem durante uns dias seguidos e tudo funcionou, aparentemente ele também estava familiarizado com a minha música. De show para show ele começa a perceber cada vez melhor o que eu pretendo, quero também que dê um pouco dele, não apenas que replique. O Bernardino Tavares, o dançarino mais alto, eu precisava de um bailarino que viesse das danças tradicionais angolanas, mas que tivesse também algo de rua, que não fosse um bailarino formal, esta foi a minha primeira necessidade, então foi ver os ensaios da uma associação em Lisboa chamada “Batoto Yetu Portugal” que ensina crianças e adultos a dançar músicas tradicionais angolanas. Não sei ao certo se estive a ver ensaios durante três meses ou mais tempo, mas ao princípio não me davam grande troco, porque não percebiam o que estava lá a fazer um tipo só a olhar e nesse período estive a conhece-los sem eles me conhecerem ainda, no final convidei dois, um deles foi o Bernardino e uma bailarina, a Daniela Sanha. Comecei a trabalhar com ambos fazendo shows à parte, partindo do que eles tinham que era a dança tradicional para outras coisas que me interessavam mais, trabalho as coreógrafias individualmente e tento tirar partido do que possuem de mais interessante. Tento desafiá-los para saírem da sua zona de conforto, de algo que nunca exploraram, porque é óbvio para mim, como por exemplo, o Bernardino fazer de mulher em palco, ele nunca tinha feito e agora gosta de colocar a pele desse personagem, é um momento de diversão para o bailarino. O Gonçalo Cabral surge porque estava à procura de um dançarino mais contemporâneo e encontrei primeiro o André Cabral que é uma das revelações em termos de dança comtemporânea, ele é incrível e tentei durante semanas fazer algo diferente, pô-lo a dançar música africana, apesar de ser descendente de angolanos foi puxá-lo do contemporâneo para algo mais sujo, mais empoeirado, menos perfeito se calhar e trabalhámos durante muito tempo. Houve um show em que conheci o irmão gémeo, que é o Gonçalo e percebi que ele também gostava do que o irmão andava a fazer e queria participar, então disse-lhe que um dia havia de surgir essa oportunidade, foi convidando-o a ver os shows e assim que houve uma oportunidade em que o André não pode fazer um espectáculo, convidei-o e continuámos a trabalhar. A Catarina Limão surgiu como VJ, ela entrou para a àrea do vídeo através de trabalhos que fiz de recolha de imagens próprias, mas gostava de ter alguém em palco que as manipula-se em tempo real, embora ela seja da área da rádio, também gosta de fotografia e imagem e durante um tempo ela fez isso. Depois foi empurrando-a para fazer outras coisas, começou a cantar e dançar que era algo que não fazia antes, são seus sonhos de vida, hoje em dia já não faz vídeos, só canta, dança e toca repercursão que é o que desenvolve mais agora. O Bruno Lobato é outro bom exemplo, esta na mistura, já trabalhou com os “terrakota” e os produziu os “nigga poison” de quem gosto muito. Ele sabe o que preciso em termos de som e como não posso estar em frente do palco a ouvir-me tem de ser alguém que me conhece e de quem eu goste muito, se não fosse ele teria de ser o Manuel Pinheiro que também faz o som do Noiserv, eu já trabalhei com ele durante muito tempo, em que essencialmente era eu como DJ e ele na repercussão. As pessoas com quem trabalhei não eram as minhas amigas, mas julgo que fiquei amigo de toda a gente, no fundo tem de haver amor e respeito mútuo para que isso se traduza também em palco, a ideia é de ser quase um encontro familiar, ou uma roda da aldeia para comungar.
O teu som é irresistível para o público que quer participar e dançar, contudo, as letras tem uma mensagem muito forte, são quase pólos opostos que não combinam, é o teu lado provocatório então?
PC: Se calhar. Todos nós somos um pouco incongruentes e a coerência não é uma qualidade do homem, nós tentámos, mas não nunca o somos. Acho bonito essa tentativa do ser humano, da minha parte há só um ensaio para ser minimamente coerente e decente, porque os que parecem o ser são chatos. Todos nós temos coisas que nos tornam interessantes, mas os políticos, os padres e os pais tentam passar essa imagem que não é real, no fundo ninguém consegue ser perfeito. Eu gosto muito da convergência, de estarmos juntos, de criar uma espécie de calma, de paz, de encontro e de celebração. Mas, depois acho que nada disso tinha piada se não houver alguma agitação.
Foi uma comemoração cheia de glamour e de excelente moda nacional.
Um dos aspectos que verdadeiramente mais me chamou à atenção sobre as comemorações dos 20 anos do Portugal Fashion, no decorrer da apresentação das colecções primavera-verão 2016, foram as peças de vestuário de alguns dos jovens designers de moda, na passerelle bloom, que ao meu ver muito pessoal foram de um elevado nível de qualidade. Estes novos talentos nacionais apresentaram colecções de grande sofisticação, criatividade e inovação estética que me deixaram impressionada. Gostei tanto que aqui vão os meus nomeados para a primavera-verão 2016:
Eduardo Amorim apresentou “Untold” que é precisamente o que o criador demonstra nesta nova coleção. O designer, através dos detalhes com fita termocolada sobreposta nas costuras, faixas que prendem a zona dos braços, etc e ainda tenta representar o atual sistema, onde a falsa liberdade de informação e expressão impera. Em contraposição vemos detalhes de peças desconstruídas com mangas aplicadas em pontos invulgares para representar a libertação da opressão já mencionada, passando assim a ideia de uma humanidade liberta da mordaça da censura. Com uma paleta de cores que varia entre os tons mais escuros e mais claros, a coleção apresenta alguns apontamentos de cor e materiais como, por exemplo, malhas técnicas com toque de papel e de dupla face "aborrachadas". Tudo isto representa uma desconstrução do clássico para peças com novas formas descontraídas. Este efeito segue a alusão a um tema controverso e muitas vezes camuflado numa sociedade "democrática" e “livre".
Inês Marques mostrou a coleção “Lath”, que se caracteriza por ser rica em elementos gráficos e texturas. Inspirada na estética do artista Andy Vogt, e sem nunca esquecer o material chave do autor, a madeira, a jovem designer vai revelar “propostas com um design bem simplificado, através de linhas retas e depuradas, com misturas de cor e materiais”. A designer “privilegiou materiais simples, como as sarjas, a partir dos quais criou novos resultados, através de diferentes intervenções nos tecidos”. Resultados, esses, que se materializaram em estampados, aplicações e acabamentos. Este processo criativo, garante, “torna as suas peças em autênticas obras de arte”.
[UN]T é a marca de Tiago Silva, estudante de design de moda do Modatex com 24 anos, natural de Braga. Frequentou artes visuais, onde veio a descobrir o gosto pelas artes plásticas e o design de moda. No seu currículo, conta já com um estágio em design industrial na Petratex e com a participação (em colaboração com Marques Almeida e com Carlos Couto) no Portugal Fashion. Vencedor do 44.º Concurso de Jovens Criadores, promovido pelo Instituto Português do Desporto e Juventude, o criador assume preferência pelo desenvolvimento de conceitos e um enorme prazer na realização de coleções para o público feminino. Dois corpos e duas matérias, opostas entre si, colidem onde a mente se torna palpável dentro de um corpo sólido. "Frames” são retirados desta matéria conforme a reação que têm deste embate com a mente, sendo estes difundidos de acordo com a atmosfera circundante.
Daniela Barros desenhou uma coleção que alude a uma reflexão sobre as palavras de Didion, sobre os seus valores morais, as vivências e os atos. Trabalho experimental que combina técnicas e detalhes de tailoring sobre uma silhueta desconstruída. Denim, tencel lyoncel e seda japonesa de 1980, tradicionalmente utilizada para quimonos, são os principais materiais da coleção. O branco, que transmite pureza, contrasta com a profundidade do negro, sendo o bege e o azul também dois tons com forte presença na coleção. Blocos de cor, numa composição harmoniosa masculino vs feminino, e sobreposições compõem uma figura estruturada, mas ao mesmo tempo fluída.
Salimo Abdula é o actual presidente da confederação empresarial dos países da Comunidade de Países da Língua Portuguesa (CPLP). É um empresário moçambicano de renome que conta com 26 anos de experiência em inúmeras áreas e sectores de actividade e grande defensor da ideia de uma comunidade global lusofóna com livre circulação de pessoa, bens e capitais.
Defende nos seus discursos uma ideia revolucionária de criar uma espécie de espaço Schengen entre os paises que integram a comunidade CPLP. Mas com que base?
Salimo Abdula: A economia é vai sustentar as vontades disponíveis. É nesse sentido, que, nós, os empresários, já formalizámos isso na cimeira de Estados em Díli, na reunião de conselho de ministros da CPLP. A confederação empresarial apresentou o relatório, fizemos até um períplo pelos várias nações, falando com os Presidentes da República e os chefes políticos de cada país para harmonizarmos aquilo que é o levantamento do projecto da confederação na parte económica e empresarial.
É uma proposta extensível apenas para os empresários?
SA: Não, defendemos da abertura total, a livre circulação de pessoas e bens, não definimos se é empresários, ou se é um simples cidadão. Fizemos esta proposta, porque entendemos que vai dinamizar a economia de escala. Quem de facto vai beneficiar com isto, são as micro, pequenas e médias empresas que vão surgir das novas gerações. Eu defendo esta ideia e dou como exemplo, os países africanos de língua oficial portuguesa, ou as nações mais emergentes, como é caso meu país, Moçambique, em que quem faz a pequena economia informal são as mulheres, a grande maioria, viaja internamente com muitas dificuldades em termos de infra-estructuras, mas também se deslocam para outros países vizinhos para a compra-venda de forma a sustentar a economia familiar. Elas não conseguem ter acesso à Portugal, ou outros países, como o Brasil, porque tem barreiras administrativas, tem de requisitar vistos de entrada que levam semanas e às vezes são recusadas. Nas redes sociais um jovem recentemente dizia, sobre um dos discursos da CPLP, que não se sentia parte desta comunidade, mas sente-se integrado na Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral, quando quer ir para o Zimbabwe, ou África do Sul vai e para tal basta pegar no carro, ou apanhar um autocarro, mas se pretende ir até o Brasil, ou à Portugal não sabe se lhe vão dar o visto ou não. Este é o sentimento da população lusófona e o que nos queremos chamar à atenção da parte política é que é necessário eliminar esses tabus, somos uma comunidade que estivemos mais de cinco séculos juntos e não podem ser as barreiras burocráticas e políticas que nos tendem a dividir.
Qual tem sido a receptividade dos políticos sobre esta ideia da livre circulação de pessoas e bens?
SA: As repostas dos chefes de Estado são políticas, concordam, mas ainda não vi acção.
Tem consciência que vai demorar?
SA: Tenho essa consciência, mas eu acredito que a pressão é o combustível para as coisas acontecerem. Não é só a minha voz, tem de ser também a convicção dos outros líderes empresariais, da imprensa a fazer coberta, porque quando os políticos sentirem a pressão da comunidade e dos medias vão fazer de tudo para facilitar esta ideia.
O que tem Cabeço de Vide no Alentejo, o planeta Marte e a zona de Cedars, nos EUA em comum?
Rochas é a resposta certa. De acordo com vários estudos exaustivos levados à cabo pelos cientistas da NASA aos fragmentos de meteoritos que ao longo dos anos tem caído em vários pontos do nosso planeta e algumas das rochas marcianas têm elementos e características hidrogeológicas idênticas às rochas e às águas de Cabeço de Vide e às de Cedars, uma área termal dos EUA. Segundo os cientistas da agência espacial norte-americana a informação recolhida a partir destes detritos espaciais foi relacionada com dados obtidos pelas sondas que estiveram no planeta vermelho e que serão agora completados com o trabalho do robô Curiosity, que se encontra actualmente a realizar uma missão de dois anos no planeta Marte.
As análises efectuadas na localidade alentejana confirmam que as águas locais possuem uma composição particular e um cheiro característico e que devido aos seus vários componentes, as águas têm um pH de 11.5, sendo consideradas únicas ao nível europeu e somente comparáveis às que ocorrem numa montanha norte-americana e às dos indícios da água detectados em Marte pelos cientistas. Com base nesta informação, o astrofísico norte-americano Steve Vance, do Jet Propulsion Lab (JPL) da NASA, iniciou uma colaboração com investigadores do Centro de Petrologia e Geoquímica, da Faculdade do Técnico de Lisboa, para relacionar e analisar os elementos destes três tipos de rochas e das respectivas águas, que poderão desvendar os mistérios da origem da vida na Terra e noutros planetas.
Entre os próximos dias 15 de outubro e 22 de novembro, a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) promove mais uma edição da campanha “Salve uma Ave Marinha” na Ilha da Madeira e em Porto Santo.
A campanha, iniciada em 2009, conta com a colaboração de diversos voluntários que tentam salvar o máximo número possível de aves cada ano. A poluição luminosa é uma ameaça para as aves marinhas, em especial na época em que os juvenis abandonam os ninhos. Nesta altura é frequente encontrarmos muitas cagarras (Calonectris borealis) encandeadas, o que coincide com a saída dos juvenis dos ninhos. Esta espécie de ave é a mais afetada pela iluminação e também de mais fácil deteção. Estas aves, atraídas pelas luzes, colidem com edifícios, linhas elétricas e veículos, necessitando de colaboração para voltarem ao seu meio natural,o mar.
A campanha “Salve uma Ave Marinha” teve início em 2009 e ao longo dos últimos anos tem vindo a desenvolver diversas ações de divulgação em todos os concelhos da região, sensibilizando a população para a problemática da iluminação publica na conservação de aves marinhas nidificantes. Além destas atividades com a população, as utarquias estão a receber informação detalhada acerca dos pontos sensíveis em cada um dos municípios, no sentido de minimizar o encandeamento de juvenis e realizar algumas mudanças na iluminação pública. Igualmente, a campanha tem estado presente em eventos como a “Hora do Planeta” e foi finalista nos “ GREEN PROJECT WARDS" Portugal.
Cada cagarra resgatada afetada pela poluição luminosa, prestes a ser libertada. Desde o início da campanha, as equipas de voluntários envolvidas, conjuntamente com outras entidades que se movem pelos mesmos interesses, salvaram mais de 1000 aves, sobretudo desta espécie. Em 2015, esperamos envolver ainda mais voluntários e salvar mais aves .
De acordo com Cátia Gouveia, “a nossa intervenção é crucial para a redução do impacte da iluminação pública sobre as aves marinhas”. Segundo a coordenadora da campanha, “além das patrulhas para recolha de aves, a sensibilização do público para a temática da poluição luminosa constitui a garantia de uma conservação a longo prazo para as aves marinhas da região”.
A SPEA é uma Organização Não Governamental de Ambiente que trabalha para a conservação das aves e dos seus habitats em Portugal. Faz parte da BirdLife International, uma aliança de organizações de conservação da natureza em mais de 100 países, considerada uma das autoridades mundiais no estudo das aves, dos seus habitats e nos problemas que os afetam. |
João Vaz é um dos grandes organistas nacionais. A sua paixão pelo órgão que começou desde cedo, quando ouvi tocar este instrumento pela primeira vez numa igreja. É actualmente professor de órgão da Escola Superior de música de Lisboa e consultor permanente para o restauro do conjunto de seis órgãos da Basílica de Mafra. É também organista da Igreja de Nossa Senhora de Fátima, em Lisboa, desde 1986 e foi nomeado, em 1997, titular do órgão histórico da Igreja de São Vicente de Fora.
Como um dos grandes organistas portugueses, nota diferenças entre os diferentes órgãos?
João Vaz: Sim, nunca há dois órgãos iguais, cada um é diferente. Falando no caso específico da Madeira, houve uma visita guiada, no Funchal, onde pude apreciar o órgão do convento de Santa Clara, que é o mais antigo da cidade, é um instrumento do século XVIII e um outro da igreja do Colégio, construído há menos de 10 anos, as diferenças entre eles são abissais e foi possível mostrar isso as pessoas que estavam conosco, se deixarmos esses dois de lado e abordármos o da Sé Catedral do Funchal é ainda outra realidade completamente diferente, o órgão não é um instrumento de monosonoridade, possui uma multitude de instrumentos diversos.
O que é um organista faz quando chega a um local e vai tocar um órgão que não conhece? Quais são os desafios que enfrenta?
JV: Tem que saber, primeiro, como é o órgão, vai receber as informações sobre o instrumento, porque o repertório que se toca num não se pode tocar noutro. verificámos à sua disposição e uma série de especificações técnicas do programa, mas ao abrir o teclado há sempre surpresas, só quando tocámos as teclas descobrimos uma série de coisas novas, inclusivé em termos de som, só com muita prática é que a pessoa tem esta capacidade de se adaptar aos instrumentos, mas as diferenças por vezes são mesmo muito grandes. Mesmo tendo muita informação sobre o instrumento existem inúmeros factores que um músico só se apercebe quando se chega lá ao pé e realmente o toca.
Abordemos os instrumentos da Basílica de Mafra, os seis órgãos, quando teve acesso a esses instrumentos e os tocou por primeira vez teve algumas surpresas?
JV: Surpresas não posso dizer que tive porque conheço a basílica de Mafra há mais de 20 anos, eu acompanhei todo o processo, o histórico de cada um dos órgãos, os dez anos que o restauro durou e foi eu que preparei o concerto inaugural com o grupo coral, surpresa fui quando ouvi os seis a tocar ao mesmo tempo em baixo, foi uma experiência inesquecível. Como estive sempre envolvido em todo o processo estava sempre a tocar, eu e mais cinco músicos, quando os ouvi na plateia aí foi uma surpresa especial, delirei com o som de seis órgãos a tocar ao mesmo tempo, é que Mafra foi um caso único no mundo na sua época, e ainda é, posteriormente não houve mais sítio nenhum onde se construissem seis órgãos para uma mesma igreja. É ainda um caso raro.
No processo de restauro, verificou que o facto de sermos um país pobre de certa forma contribui para “impedir” a renovação dos órgãos mais ao gosto de épocas posteriores.
JV: Não houve época (risos)
A moda Lisboa terminou, mas ficam algumas propostas para esta primavera-verão 2016
Filipe Faísca decidiu apresentar uma colecção cujo mote é o agora, “now”, com peças muito interessantes das quais destaco as transparências que é uma das tendências para a estação estival do próximo ano. Trata-se de uma silhueta fluída, muito feminina e mais uma vez o preto eclipse a moldar as peças mais marcantes.
Ricardo Preto apostou numa mulher andrógina, “effortless”, da colecção que apresentou destacam-se as sobreposições em vários tons que moldam os corpos e criam uma silhueta também dinâmica e comprida.
Alexandra Moura decidiu revisitar um episódio do passado histórico português, o milagre das rosas da raínha Santa Isabel. A narrativa que atravessou séculos traz-nos um colecção que também é uma homenagem a uma das mulheres da vida da designer de moda portuguesa. Destaco algumas das peças mais elaboradas num tom rosa muito suave que são o ponto-chave desta colecção quase romântica e perfumada.
É mais um livro publicado pela jornalista Maria Elisa Domingues, onde aborda a sua carreira profissional, a sua vida pessoal, a geração sanduíche e outros capítulos mais práticos
O livro tem o subtítulo, como enfrentar a idade sem medo porquê?
Maria Elisa Domingues: Porque nunca emprego a expressão anti-envelhecimento, que hoje em dia é usada pelos charlatões de todos os campos. Não é possível contrariar o envelhecimento, nem desejável, é uma sorte estarmos cá e irmos envelhecendo, o contrário disso é terrível, é morrermos. O que é possível é envelhecer o melhor possível do ponto de vista físico e intelectual para continuar a ser o mais produtivos para a nossa sociedade e para as nossas famílias, Doris Lessing, que morreu com mais de noventa anos disse: a melhor coisa do envelhecimento é o despojamento. Eu acho que ainda não lá cheguei, ainda sou uma acumuladora de muita tralha, mas espero conseguir com a idade despojar-me do acessório e concentrar-me realmente no que é fundamental.
É também uma reflexão sobre a idade madura.
MED: Não é bom para a economia de uma nação menosprezar pessoas que estão no seu melhor em termos de capacidades, muitos até investem em formação especializada ao longo das suas carreiras e depois dos cinquenta o país enxota-os alegremente, porque já não servem, venham os mais novos. Eu situo-me na geração designada internacionalmente por sanduíche, somos os que temos de dispensar alguns cuidados aos nossos pais, sogros e tios, pessoas que trataram de nós quando éramos mais pequenos e ao mesmo tempo temos de preocupar-nos, sobretudo do ponto de vista financeiro com os nossos filhos, vítimas da crise, desempregados e nós lá ficámos no meio, com salários também comprometidos, cujas reformas foram cortadas e temos de fazer face a todos esses problemas, por os quais não esperavámos. O que almejávamos era chegar a uma certa idade e ter tempo para viajar, para outras actividades para as quais não tínhamos tempo durante a nossa vida activa e vemó-nos confrontados com esta nova realidade em que nos deparámos com a perspectiva completamente angustiante do ponto de vista financeiro, mas não só, do futuro do nosso país, como dos nossos filhos e dos netos por vezes. Contudo, não é um livro pessimista, olha para o futuro, para esta terceira etapa da vida de forma positiva. Tem uma boa dose de optimismo e resiliência, de sermos capazes de reinventarmos e encontrar novos desafios, de novas actividades de prazer, despertar para vida com outra alegria, com outro elán, chamei a esse capítulo “10 anos mais nova”, porque muitas vezes essas novas actividades são aquelas que nos vão rejuvenescer de alguma maneira, são ferramentas para a manutenção da nossa forma física e depois há as actividades do ponto de vista intelectual. O livro completa ainda vários capítulos que chamaria de práticos, a falta de melhor designação, que se debruçam sobre a nutrição, a beleza, desde cuidados a ter com a pele até o vestuário. Deram-me muito trabalho a escrever e a pesquisar, todas estes temas foram aprofundados da melhor forma que pude para que não fossem apenas um repositório de banalidades, eu tento fundamentar os temas de uma forma mais científica. Curiosamente, houve um grande desinteresse por estes capítulos, por serem mais aliados à condição feminina e as mulheres por esse motivo são rótulados de fúteis, o que é do domínio masculino é muito importante economicamente é esse motivo que se evoca e em que não estou nada de acordo.
É um livro no feminino, mas é feminista? Porque se auto-intitula de feminista.
MED: Não me auto-intitulo, sou feminista e acho que o feminismo é mais actual do nunca, quando estámos muito longe de termos atingido a paridade que é o minímo que podemos aspirar, porque somos mais e mais bem preparadas. Mas, não é um livro feminista, não é panfleto, não é preciso ser feminista para aderir as coisas de que falo, não foi escrito nessa perspectiva, só no último capítulo é que defendo que as pessoas se mantém mais jovens quanto mais abraçarem uma causa, um movimento, algo que as apaixone muito, mas pode ser qualquer outra coisa, outra actividade, conheço pessoas que dançam o tango e é isso que as mantém jovens, outras fazem meditação, ou ioga e é mesmo no fim do livro que falo da minha, que é o feminismo.
Curiosamente aborda as questões relacionadas com a moda, que são vistas como fúteis, porque as mulheres embora contribuam para produzir milhões não só no vestuário, como nos cosméticos e perfumes, somos também reponsáveis pelas decisões domésticas desde a compra dos electrodomésticos até do carro. Contudo, tudo isto é visto como fútil foi por isso que decidiu escrever sobre estes temas?
MED: Não, não foi por isso que eu decidi escrever. Achei mesmo que eram capítulos interessantes e que as pessoas iam gostar de ler, o que me surpreendeu foi a reacção dos jornalistas que tiveram um enorme interesse pelo livro de facto, muito grande até, tive uma enorme adesão por parte de televisões, rádios, revistas e jornais, mas ninguém abordou esse capítulo e eu fiquei a pensar porquê? Cheguei a conclusão que na cabeça da maior parte das pessoas, mesmo dos jornalistas, essas indústrias continuam a ser consideradas fúteis, não lhes dão a verdadeira importância que tem.
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