Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

terça, 02 junho 2015 19:53

André plus

André Lima Araújo é autor de banda desenhada, em particular, das histórias dos vários heróis do universo marvel, mas não só, “men plus” é o seu último projecto pessoal que aposta num mundo cibernético não tão longe da nossa realidade como se pensa.

Como é que surgiu este mundo da banda desenhada na tua vida?
André Lima Araújo: Não posso precisar quando começou, desde que me lembro sempre gostei de animação e de desenhar, mas prefiro a banda desenhada que outra forma de arte qualquer de contar histórias.

Mas, tens um curso superior ligado as artes ou não?
ALA: Tenho um curso de arquitectura. Sou arquitecto.

Então como surgiu a oportunidade de trabalhar para a marvel?
ALA: A banda desenhada foi sempre algo que me interessou, mas como em Portugal em termos de profissionais não tinha qualquer saída profissional decidi pela opção mais segura e tirei um curso superior. Terminei arquitectura em 2009 quando o país estava no pico da crise e a construção teve uma redução de 50%, ainda hoje é muito difícil um arquicteto arranjar emprego. Assim, enquanto procurava um estágio decidi fazer uma tentativa a sério no mundo da banda desenhada, tinha algumas histórias, mas nunca tinha publicado nada, por concidência nesse ano estava um editor da marvel no “Amadora BD”, então fui lá e mostrei-lhe alguns desenhos. Tenho agora perfeitamente noção que aqueles desenhos não tinham qualidade para serem editados pela marvel, mas mesmo assim foi o suficiente para que ele me desse o seu email e ficámos em contacto. Obviamente foi um incentivo muito grande e a partir daí como ainda não tinha ocupação comecei a desenhar todos os dias, cada vez mais entusiasmado com esses pequenos contactos, comecei também a publicar os meus trabalhos online, conheci mais pessoas e foi uma espécie de bola-de-neve que foi crescendo, entretanto, o editor da marvel propôs-me um trabalho, apesar de ter coincidido com o meu primeiro emprego como arquitecto, decidi seguir este percurso da BD, estava fixado nesse objectivo e estou na marvel até hoje.

Sei que desenhastes para os vingadores, uma novela gráfica, mas quais são os teus personagens preferidos do universo marvel?
ALA: Do universo marvel sempre foi o homem-aranha, era o que eu lia desde pequenino, apesar de gostar dos outros, foi sempre o meu favorito. Agora vou participar num novo livro que foi recentemente anunciado chamado “spider verse” que vai ter uma série de versões deste héroi.

terça, 10 março 2015 22:00

Shushilândia

  

Naulila Luís criou uma marca de bijuteria jovem, hip e tecnológica, direccionada para uma mulher descomplexada e com vontade de ser diferente.

Como surge o nome sushi para a tua marca de acessórios de moda?
Naulila Luís: A marca sushi surgiu há cerca de 10 anos. Nessa altura só fazíamos pregadeiras enroladas em feltro inspiradas na forma do sushi. Estas peças com estas formas, deram o nome à marca. Os anos passaram e fui criando outras formas e peças, utilizando novas tecnologias. Contudo quis manter o nome da marca.

Apostas em materiais inusitados, foi sempre essa a aposta inicial? Ou fostes descobrindo os materiais por acaso?
NL: Gosto de experimentar outras tecnologias, de me desafiar, propor-me a novos objectivos dentro da marca e vou fazendo isso através de novos materiais e tecnologias. No início as pregadeiras eram feitas manualmente. Seguidamente utilizei o corte a laser juntamente com uma produção manual. E brevemente daqui a cerca de 15 dias iremos lançar 4 novas colecções totalmente feitas com impressoras 3D. Esta nova colecção é mais “high tech” é totalmente feita por máquinas. No fundo a marca, durante estes 10 anos, acompanhou a tecnologia, as tendências de fabrico e do mercado. Seguimos a evolução do mundo tecnológico.

As ideias para as peças aparecem a partir dos materiais, ou inspiraste em outras?
NL: Tanto aparecem a partir dos materiais ou de muitas imagens que vejo. Acho que tenho uma cultura gráfica abrangente, vejo muita coisa em diversas áreas. Gosto de me manter actualizada, na cultura, arte, moda, grafismos e tudo isto acaba por influenciar o meu trabalho,ter ideias é algo inato em mim, sai naturalmente sem um esforço acrescido.

Porquê escolher o laser?
NL: Penso que já respondi um pouco nas ultimas questões. Deve-se ao gosto de experimentar novos materiais e tecnologias,de me propor a um novo desafio. Assim projectar não se torna num processo rotineiro.

domingo, 08 março 2015 12:09

O meu aniversário

É um dia que merece um duplo parabéns de uma mulher para o mundo.

O dia internacional da mulher é uma efeméride importante para mim por vários motivos, primeiro porque sou mulher e gosto de o ser e infelizmente temos de continuar a assinalar esta data na maioria dos casos nem sempre pelos melhores motivos, no caso de Portugal, as diferenças no género ainda são gritantes, basta olhar para os resultados do último estudo publicado pela Pordata, que demonstrou que existe uma diferença salarial entre homens e mulheres de cerca de 30% e que esse valor é ainda mais acentuado nos dias de hoje do que nos anos 80! Dá para acreditar?! Também não quero deixar passar em branco a morte de 26 mulheres vítimas de violência doméstica, um flagelo que só demonstra o que ainda há muito por fazer em termos sociais e culturais em prol da igualdade e respeito pelo sexo feminino no nosso país.
Numa escala mais global, tenho de mencionar os milhões de mulheres anónimas que todos os dias são traficadas, que não tem acesso a cuidados de saúde, a uma educação e uma vida condigna e quero sublinhar que não devemos esquecer nunca as meninas nigerianas que ainda não foram devolvidas as suas famílias. As minhas palavras perante estes flagelos humanitários parecem tão frágeis, pequeninas e quase supérfluas, mas a minha pena, embora virtual, continua a ser a minha única aliada nesta luta desigual.

Contudo, hoje também é um dia de celebração e grandes conquistas, a revista yvi, comemora quatro anos de existência, de intenso trabalho, com algumas batalhas ganhas e outras perdidas, mas no geral continuo com um balanço muito positivo e devo acrescentar que depois de uma nova análise aos dados do "google analitics" começo a pensar que a minha revolução de mentalidades começa no sexo masculino, é verdade, eles continuam a ser os mais “fiéis” leitores, 54,15% em relação a ala feminina. Em termos de geográficos, Portugal continua na liderança, seguido surpreendentemente pela Venezuela e um honroso terceiro lugar, estável, do Brasil. No meu restante top 10, por ordem decrescente, sou lida, pela Espanha, EUA, Bolívia, Colômbia, México, Alemanha e França. A América latina continua na liderança em termos de um maior impacto, o que desde já agradeço e me deixa muito feliz!

domingo, 08 março 2015 12:05

O olhar que engole o mundo

Patrícia Tavares possui um curriculum invejável como actriz que se deve apenas ao seu enorme talento e capacidade de dar o corpo e até a alma as suas personagens. A sua fragilidade física é apenas uma miragem quando comparada com a sua capacidade de entrega a sua arte, a representação.

A Patrícia Tavares tem feito recentemente feito personagens à sua medida, que foram pensados para si, tanto em telenovelas como em filmes, estou a lembrar-me do caso da Célia Careca.
Patrícia Tavares: Esse não foi escrito para mim, tive de fazer o casting, outras colegas também o fizeram e tive o privilégio de fazer parte desse projecto com essas pessoas maravilhosas que são o João Paulo Rodrigues, o Pedro Alves e o Nicolau, a Melánia e a Alda.

É curioso que agora a seleccionam para papéis mais cómicos que era algo que não acontecia anteriormente, fazia personagens mais dramáticos.
PT: Sim, de uns anos a esta parte tenho conseguido juntar mais o drama e a comédia.

Achava que era porque a subestimavam? Que não era uma actriz para comédia?
PT: Não sei o que era, acho que as pessoas tem de conquistar o seu espaço e eu tenho vindo a conquistar o meu.

Esses papéis marcantes mais recentes na comédia, acontecem porque prefere o género, ou é mais uma actriz dramática?
PT: Não eu gosto de fazer comédia, não tenho preferência em termos de genéro, divirto-me mais, é um estilo mais solto e fluído, persegue menos a minha vida, porque é mais imediato. O drama é mais denso, vai contigo para casa algumas vezes, porque a energia é mais pesada e nem sempre te consegues libertar das personagens. A comédia nesse aspecto é óptima, nunca a levas contigo.

domingo, 08 março 2015 12:00

A sereia sortuda

Capicua é o nome artístico Ana Matos Fernandes, uma rapper portuguesa, que procura através das palavras expressar as emoções de dentro para fora, através de palavras bem ritmadas, que expressam o seu universo feminino e real, de sombra e de luz, mas sobretudo, é um grito de emancipação de uma “sereia louca”.

"Sereia louca" é um trocadilho? Porque se trata de uma sereia maluca por sapatos, mas pode ler-se serei-a-louca.
Capicua: Sim, acaba por ser um jogo de palavras, porque a mim interessa-me muito essa questão do significado também tem a ver com o achar que o acto da criativo é uma loucura, porque usámos algo que é tão pessoal e dámos isso às pessoas, mostrámos à crítica, é necessário coragem e um certo tipo de loucura, porque é pegar na nossa intimidade e expô-la, ou pegar em algo que gostámos e dá-lo as pessoas de peito aberto e acho que tem muito a ver com isso, uma certa dose de loucura que nos faz mais corajosos.

Este trabalho discográfico é extremamente feminino, falas do teu universo, de tudo o que te rodeia, sempre com esse olhar muito próprio, foi de propósito quando começaste a escrever as letras deste disco?
C: Sim, a partir do momento em que comecei a escrever o sentimento, a emoção, o feeling em volta do “sereia louca” percebi que ia ser um disco muito feminino, emocional, um pouco mais misterioso e melancólico que o anterior, um pouco lilás. Ao sentir que era o meu ponto de partida, quis também fazê-lo de uma forma sedutora, que não retrata-se as mulheres de uma forma redutora mesmo, nem simplista, quis falar da mulher na sua diversidade, na sua realidade. Achei que a sereia tem tudo a ver com essa ideia, mitologicamente é um ser sedutor, o seu canto faz perder a cabeça dos marinheiros, há algo de diabólico ao mesmo tempo e esse lado de sombra e encanto era algo que me interessava transpôr para o universo feminino, é essa dupla faceta das mulheres que acho que falta falar, porque a música pop mitifica-nos de certa forma, no sentido em que as apresenta como seres agradáveis ou hiperssexualizados e as mulheres são muito mais que isso, são diversas, reais e nem sem sempre são perfeitas, estão tristes e isso é que vale a pena afirmar, esse lado de luz e de sombra cumpre impôr-se, o disco foi por aí, por isso foi consciente.

Subjacente nesse álbum esta o facto de seres a única rapper feminina, num universo quase todo ele masculino.
C: Eu não sou a única. O que acontece é que tenho mais visibilidade, mas há outras mulheres a fazer rap em Portugal, dentro do esprecto dos rappers as mulheres estão em minoria, não só no rap, mas também em outros países. O que eu acho importante, não é destacar-me como excepção, porque não acho que seja justo, no sentido em que não quero ser apresentada como tal, eu integro-me no conjunto de rappers, femininas e masculinos e não acho que o genéro seja determinante para definir o estilo musical, influência a nossa forma de estar no mundo e a nossa perspectiva, mas a música é muito mais que isso. Essa questão no hip-hop é também muito falada, mas nos outros estilos de música acontece o mesmo, no rock, no punk e no reggae, nem no desporto de competição, nem na política, não por coincidência, mas por uma questão cultural. Vivemos numa sociedade patriarcal que não estimula as mulheres a conquistarem o espaço público, para serem competitivas, para ascender a cargos de liderança, subir a um palco e dar a sua opinião e dizer da sua justiça. Todas essas características não estimuladas vão fazer com que continue a haver poucas mulheres em todas estas áreas.

domingo, 08 março 2015 11:59

Duplicidade

 

A poesia de Regina Correia escorre pela tinta como um rio que é mercúrio , já fui água. Um percurso andarilho, que criou um universo interior melancólico e ao mesmo tempo eufórico que marcam as suas palavras.

A saudade é um dos temas recorrentes na sua poesia. Existe porventura alguma diferença entre a saudade exterior ao nosso mundo, que se sente quando se esta fora de Portugal e a saudade interior, de quem habita o mesmo território, mas sente falta de algo, ou alguém?
Regina Correia: A saudade habita-me desde que tenho consciência de mim, em todas as suas formas, seja uma insuportável dor física seja como estado de alma latente, melancolia, tristeza, raiva, desejo, impotência, até euforia, terão que ver com minhas andanças, sozinha, desde tenra idade, pelos mundos. Tornou-se um vinco em meu ser, indissociável do meu corpo e da minha alma, longe ou perto de meus espaços ou de minhas gentes. Viajei de Angola para Portugal com seis anos de idade, sozinha, entregue a um comandante de navio amigo de meu pai, que eu não conhecia… aqui começou a via-sacra da saudade…

A sua escrita aparece apenas em períodos de melancolia, tristeza ou dor? Se não porquê?
RC: Pode parecer um lugar-comum mas a escrita nasce de um impulso, geralmente incontrolável, de entrar num corpo de mensagem, que um gesto, uma palavra, uma imagem, o riso, o pranto, as sensações, os sentimentos antagónicos provocam. Talvez surja mais em momentos de desconforto, dada a minha natureza melancólica para um certo fado da desventura. Mas não necessariamente.

Notou uma necessidade maior em escrever poesia quando esteve fora de Portugal?
RC: “A poesia é algo tão íntimo que não pode ser definida”, citando Jorge Luis Borges. A poesia brota das profundezas, apoderando-se do momento. É como o oceano em que se mergulha, para que o corpo venha a emergir leve e solto, ainda que as grades da existência permaneçam no horizonte. O poema liberta. É a vida com sentido. Escrevo poesia desde sempre. Impublicável, por pudor. E tendo eu vivido tantos anos fora de Portugal, os livros editados incluem poemas desses tempos de maior solidão.

É necessário ter vivido para escrever poesia?
RC: É necessário viver, no sentido existencial, com os sentidos todos alerta, para se escrever. Para se escrever poesia, sobretudo.

domingo, 08 março 2015 11:54

A galerista inusitada

A galeria das Salgadeiras surge por um impulso de Ana Matos, que seguindo o seu instinto tem vindo a construir um acervo de qualidade e diferencial no mercado nacional, mas que não se fica por aí, há também uma aposta clara nas parcerias internacionais.

Questionava-me do porquê uma pessoa que provém de uma área completamente diferente decide abrir uma galeria e depois lembrei-me da tua avó.
Ana Matos: Sim, tudo vem um pouco daí. A medida que os anos vão passando parece que voltámos mais à infância. A esses princípios que não sabemos muito bem de onde vêm e nem temos muita consciência deles ao longo da vida, mas depois há um momento de viragem. Não sei se foi por causa da crise dos 40, acabei de fazer 43 anos, mas quando penso porque isto acontece, que não é nada de extraordinário, nem muito comum que assim seja, a ideia de ter uma galeria teve muito a ver com trabalho da minha avó, com o facto de na minha infància ter estado muito próxima dela e ter acompanhado essa actividade artística. O seu atelier, todo esse processo de criação, era algo que era muito próximo e que fazia parte do meu quotidiano. Portanto, ir as exposições, visitar museus, vê-la trabalhar na oficina isso tudo também fazia parte das minhas memórias. Teve em conta o facto do meu pai ter tido uma galeria no Funchal, chamada “Funchália”, no final dos anos oitenta, de alguma maneira isso deu-me algum conhecimento e esse contacto com as exposições. Assim,um dia ia cortar o cabelo quando vi uma área pequena, que tinha sido um atelier de um artista, na altura decidi perguntar quais eram as condiçõese e como tinha capacidade de suportá-las, fiquei com o espaço, tudo começou assim no 1 de Abril de 2003.

Nota-se que escolhes diferentes tipos de artistas, com diferentes tipos de suportes e métodos e que não segues uma linha unificadora como fazem muitos galeristas da praça.
AM: Eu quando abri a galeria havia dois caminhos, há galerias em Lisboa que trabalham especificamente com um determinado tipo de suporte, seja papel, ou fotografia e existem outros do tipo geracional. A mim não me interessa nem um, nem outro, na realidade a escolha dos artistas, como chego até eles e os convido a participar é algo muito emocional. Não consigo dizer exactamente porque prefiro um em detrimento de outro, um até pode apresentar-me o portefólio e o outro nem por isso, é algo muito instintivo. É claro, que depois há um enquadramento, tento ser o mais racional e objectiva para perceber o tipo de trabalho e a sua coerência. Por norma, os artistas mostram-me a série que estão a fazer e com a qual estão satisfeitos, eu quando conheço o artista gosto de ver também aquilo que eles não gostam de mostrar, o que esta para atrás escondido e isso ajuda-me a percebe-los, dar-lhes a minha interpretação e uma história em volta do trabalho. São coisas que se eu pudesse teria em casa, surge muito do afecto, do gosto e do instinto e isso define o estilo da galeria. Nunca quis nem ser exclusiva num determinado meio artístico, como também não quis só trabalhar com artistas emergentes, ou conceituados, gosto dessa mistura da pintura e da fotografia, do artista de 70 anos ao lado do de vinte anos, ou um artista de cinquenta que pinta há cinco anos, é essa mestiçagem que me interessa, acho que o que define o estilo da galeria sou eu.

Achas que o meio ainda te olha com um certo preconceito? És jovem, mulher e vens de outra área. Até porque no nosso país não se fala muito das artistas femininas.
AM: As mulheres artistas da geração da minha avó são muito poucas. Agora, já é um pouco diferente, mas curiosamente há muitas galeristas em Lisboa. Se fizesses uma análise rápida até há muitas mulheres, contudo, nunca senti algum preconceito, muito honestamente, porque não penso muito nisso, senti mais essa questão do género pelo facto de não ter formação na área. Notei que o meu trabalho não era tão levado a sério, era novinha, vinha da informática e tinha uma galeria, como se fosse uma espécie de hobby para passar o tempo. Efectivamente, acho que foi uma das razões pelos quais fui tirar um mestrado em curadoria, porque senti que precisava de solidificar as coisas que tinha aprendido numa forma empírica e foi tentativa e erro, quando abri a galeria não sabia nada, nem sequer como pendurar um quadro, ou como se fazia um precário. Passados cinco anos das coisas correrem bem e sentir mesmo que era isso que queria fazer, decidi tirar o mestrado e acho que entre os pares e os artistas, o meu trabalho na galeria foi levado mais a sério.

Tu agora mudaste de espaço.
AM: Esse é outro preconceito. O anterior era um espaço de 40 metros quadrados, dividido em dois pisos que se tornou pequeno. É uma área onde foi muito feliz, tudo começou ali, mas para uma galeria de arte contemporânea de facto há algumas regras a cumprir e havia um certo preconceito por se tratar de um espaço pequeno. Limitava desde já o número de obras expostas, as condições em que obras estão e os próprios trabalhos, essas três variáveis juntas eram complicadas, doze anos depois decidi ir para um outro espaço, numa nova aposta, na Rua da Atalaia, que veio reforçar todo o esforço e todo o investimento destes últimos anos.

terça, 24 fevereiro 2015 18:55

Círculos e linhas

 

 

É sem dúvida um dos must da próxima estação que esta por vir.

Um dos elementos que mais gosto no vestuário são as riscas, quer sejam horizontais, verticais, oblíquas, ou onduladas e não importa a espessura, quer seja mais fina ou mais grossa, o que interessa é vê-las no seu esplendor dicromático que conferem aos tecidos uma elegância imutável e irreprensível, no fundo estendem a silhoueta. Esta estação seremos invadidas por vários tipos de linhas, contudo, é necessário ter atenção, as riscas horizontais como sabem ajudam a “engordar” as curvas mais volumosas das mulheres, pensem assim, é para usar, mas com moderação e bom senso. Dois designers portugueses, Filipe Faísca e Carlos Gil, apresentaram nas suas colecções peças com essa dinâmica linear.

 

 

As bolas é outras das tendências que se avizinham nesta primavera. Merecem também o meu destaque, porque o que poderá fazer é misturá-las com riscas ou outros padrões. São um dos clássicos de vestuário feminino que nunca passa de moda, embora nesta estação estejam em alta e existem em todo o tipo de diâmetros e cores, para todos os gostos. Os Manéis, Manuel Alves e José Manuel Gonçalves, na última moda Lisboa apresentaram vestidos e saias com vários tipos de círculos e em vários estilos.

terça, 24 fevereiro 2015 18:51

O homem sereno

O actor João Didelet é um dos rostos mais reconhecidos da televisão portuguesa. Com uma carreira assinável em várias áreas artísticas, celebra os seus cinquenta anos, com a noção que ainda há muito por fazer e não tem arrependimentos quanto a sua vocação.

O João Didelet representa muito o português comum, é o estereotipo do típico luso, identifica-se de certa forma com esse retrato que o público tem de si?
João Didelet: Vou ser sincero, é a primeira vez que me colocam essa questão. O que que eu acho? Na realidade eu tento sempre que de alguma forma as minhas personagens sejam baseadas no quotidiano, agora se consigo nessa abordagem interpretar o que é o ser português, fico contente. Mas, nunca foi de uma forma racional, por princípio gosto de observar o que me rodeia e depois de acordo com isso construo uma personagem, vou po-lo em prática, se isso representa o que é ser português fico satisfeito com esse epíteto.

Divide-se entre a comédia e também já fez alguns papeis dramáticos, qual é a sua área preferida? Embora, o público associa-o mais uma vez à comédia.
JD: Eu acho que como actor, no sentido global e lato da questão, eu sinto a necessidade de ir até outros registos. Gosto de fazer rir, de sentir uma plateia bem disposta, de soltarem uma gargalhada espontânea por causa do que eu e os meus colegas fazemos em palco e sinto-me bem com isso. Também é verdade que me completa como actor fazer o lado menos solar, menos brilhante da vida, porque nos rimos, mas também chorámos ao longo da nossa existência, nesse sentido sinto necessidade de ir até esses registos e já tive essa experiência, não é só bom o ouvir rir, mas também o silêncio, a capacidade de as pessoas de respirarem e de verterem uma lágrima connosco, também faz parte.

Mas, esta a falar do teatro. É o seu meio preferencial?
JD: Estou a falar do teatro, porque é uma referência. A nossa relação com o público é mais imediata. Na televisão começámos a gravar antes de ir para o ar e só ao fim desse tempo é que temos a noção de como a personagem chega ao público, como é que elas nos vêem. O teatro tem esse fenómeno de que se as pessoas se riem gostam da comédia, se não gostam choram connosco quando é um drama, é no momento. A televisão é a posteriori, fazemos a série, ou uma telenovela, ou uma sitcom que vai para o ar dois ou três meses depois e só nessa altura quando estamos a passear na rua as pessoas vem ter connosco para darem o seu feedback, há um hiato de tempo. Por isso, é que às vezes quando nos perguntam pelas referências em termos de público remetemos essa experiência ao teatro. É verdade que sou muito acarinhado e as pessoas vem sempre falar comigo, acontece-me a esse nível, quando uma novela, ou uma série é um grande sucesso podemos dizer que temos um milhão ou mais de pessoas a ver-nos. O teatro tem uma dimensão mais reduzida, embora seja mais directo.

Existe alguma personagem que ainda não fez que gostava de interpretar como actor? Ou acha que não tem a maturidade para a fazer ainda?
JD: Neste momento que tenho cinquenta anos já me atrevo a dizer algumas (risos). Por exemplo, gostava de interpretar um rei Lear do Shakespeare, de fazer “ À espera de Godot”, isto no teatro. Mas, também apreciava filmes que abordassem mais a nossa história, por exemplo, que se ficciona-se um pouco as épocas mais recentes.

terça, 24 fevereiro 2015 18:47

A lenda de Miragaya

É uma curta-metragem idealizada pela confederação, colectivo de investigação teatral.

O coletivo de investigação teatral tendo o seu primeiro espaço de criação e programação em Miragaia, decidiu abrir portas ao cinema com a projecção de Aniki-Bóbó, e logo de seguida estreia Varieté, um espectáculo que se tem mantido em cena desde então, tendo sofrido diversas mutações ao longo dos anos. Ainda em 2010, no ano da sua fundação, lança a primeira edição, coordenada por Ana Miranda, denominada Olhadelas e no ano seguinte dá início ao seu projecto continuado denominado Hestória(s) do Teatro, a partir do qual tem trabalhado a relação Teatro-Cinema. Em Fevereiro de 2013 muda-se para a freguesia Sé no Porto, ocupando o palco do CCOP. Actualmente, conta com 2 filmes, 4 espectáculos, 6 edições e 20 ciclos de cinema. A lenda de Miragaya é um dos trabalhos que decidiram colocar online, uma animação que tem como base a lendária história do Rei Dom Ramiro e um amor salomónico. É uma oportunidade para ver um pequeno filme mudo, que em termos plásticos é muito interessante. Bom cinema.

 https://www.youtube.com/watch?v=KmjD7de8wz0

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