Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

sábado, 06 julho 2013 09:44

No meu peito não cabem pássaros

É um romance a três vozes escrito por Nuno Camarneiro.

O jovem escritor decidiu dar corpo e vida a três grandes vultos da escrita universal usando apenas o primeiro nome de cada um: Fernando, Karl e Jorge, três personalidades distintas, que vivem em três continentes diferentes, três experiências de vida díspares e únicas, com a particularidade de nunca se cruzarem. Cada capítulo é um episódio das suas vidas inventada pelo autor, com algumas passagens biográficas, mas cujo único fio condutor parece ser o seu génio literário que os conduz a uma existência solitária recheada de criaturas imaginárias, fantasmas, algumas "personagens" que cruzam a suas vidas e que no futuro os ajudarão a moldar a sua escrita. Afinal, é sempre preciso viver para poder escrever. "No meu peito não cabem pássaros" remete-nos para a uma escrita singular, que constrói a sua narrativa aos poucos, provocando a constante curiosidade ao leitor que só é satisfeita ao virar da página até o próximo capítulo. É uma leitura fácil e acessível. Boa leitura.

 

sábado, 06 julho 2013 09:42

Seance

É um trabalho de composição e orquestração de Nuno Filipe & the end, de 2006.

Tomei conhecimento deste trabalho discográfico da forma mais inusitada possível, o próprio músico num impulso do momento decidiu oferecer-mo quando nos deparámos casualmente numa bomba de gasolina, e assim sem mais nem menos, num gesto impulsivo passou-me para as mãos o seu "seance". Mal cheguei a casa ouvi-o obsessivamente de forma a captar toda a sua essência e o seu significado em termos musicais. Trata-se de uma viagem transplanetária, que começa no lounge de embarque e termina no espaço. Uma espécie de capsula lunar onde se misturam várias culturas, vários idiomas e nuances melódicas. Nuno Filipe é a mente criativa por detrás deste trabalho, para além de pianista notável, possui um talento para a composição e os arranjos que só não o tornam maior em termos profissionais, só porque vive em Portugal e mais concretamente numa ilha perdida algures no meio do Atlântico. Posto isto vamos à música, uma das melodias preferidas neste álbum é "no one knows that I am here" que embora tenha sido escrito pelo também músico, Paulo Nascimento, quase que define o que acabei de dizer sobre o trabalho do Nuno Filipe. "moon approach" é outro dos temas que me encantou pela sua composição invulgar, recheada de sonoridades electrónicas e jazzísticas pautadas pelo classicismo do piano. A segunda parte deste CD é como o próprio título indica, uma sessão espírita. Um nirvana em crescendo desde o "tunnel" , passando pelo "satélite of Love" de Lou Reed até o "Love" que é interpretado pelo músico, mas foi escrito por Jackie Taman e a finalizar "a smaltown boy called jesus" que é o prelúdio deste períplo pelas paisagens inóspitas do ser. Boa viagem!

 

sábado, 06 julho 2013 09:38

A grande torre

Amin Brakk é um documentário sobre o repto que um homem, Leopoldo Faria, se colocou a si mesmo. Uma escalada em Sagres que demorou dois anos a concluir e que pretende ser um filme para ser mostrado em festivais, para tal basta a sua ajuda. Venha conhecer o aventureiro e a sua aventura muito pessoal.

Uma viagem pelo Paquistão onde houve um acidente é o que provocou esta ideia do filme?
Leopoldo Faria: Não, a viagem ao Paquistão foi uma expedição feita em 2010. Nessa jornada houve um acidente onde parti o pulso e estive bastante tempo a recuperar desse ferimento, até não tinha certezas quanto à minha recuperação total. O médico tinha-me dito que não iria ter a mesma capacidade de força nessa mão e mais tarde em 2011 quando comecei a escalar de novo, com mais calma, tentei arranjar um desafio que me fizesse superar a mim mesmo, que me obriga-se a ser melhor, a ir mais além e descobri Sagres. Essa escalada conseguiu trazer-me essa motivação extra, para aprender e treinar mais. Demorou dois anos a fazer e só consegui realiza-la mesmo este ano. Depois disso, surgiu a ideia de fazer um vídeo sobre essa aventura e quando falei com uma produtora pensámos em fazer um filme promocional acerca da escalada. Estivemos a estudar várias opções, vimos as imagens do Paquistão e constátamos o potencial para contar uma história mais completa, ou seja, mostrar as pessoas o que me levou até Sagres e decidimos faze-lo para um público mais generalista, em vez de um nicho de espectadores. Há poucas histórias de aventura contadas em Portugal, pelo menos sobre este tipo de modalidades. Lá fora faz-se muito, mas cá não há quase nada.


O título o que significa?
LF: É o nome do maciço montanhoso onde aconteceu o acidente. Onde começa toda a história do Paquistão que aparece no filme.


Durante o filme tentas focar a relação que criastes com a população local, ou não? Já que para além do acidente, houve cheias torrenciais que te separaram do restante grupo.
LF: O filme tenta focar essa parte pessoal da experiência e da aventura. E queremos dar expressão a todas essas envolvências que estão presentes numa viagem destas. O meu contacto com a população local e com a cultura é uma dessas vertentes.


Já acabaram o filme? Ou pretendem transforma-lo numa longa-metragem, uma vez, que estão a pedir apoios?
LF: Nos fizemos um trailer para o filme que está a ser pós-produzido, para ajudar a pagar o que ainda falta por fazer, que não é pouco. Além do tempo que já foi despendido em gravações e que ainda vamos ainda fazer e produzir.


O sonho foi a viagem ou é o filme?
LF: Quando falámos nos sonhos, como no trailer, falo de uma forma vaga, exactamente por isso, para que qualquer pessoa se consiga identificar, porque todas tem desejos e vontades. Os sonhos não tentam ser algo concreto, são conquistas que queremos alcançar. O filme é sobre uma escalada específica, mas o cerne não é isso, e sim o conjunto de emoções que despoletam.


Qual é o teu próximo desejo, para além deste filme?
LF: Primeiro acaba-lo, em termos de escalada ainda há muita coisa por fazer. Muitos sítios que quero visitar, viagens que quero fazer. Não tenho nada tão forte como tive nestes dois anos por causa da estádia em Sagres. Foi muito doloroso e agora espero não arranjar nada que demore tanto tempo. Mas, claro, que continuo a ter sonhos.

http://www.aminbrakk.com/#!contact/c16fm
http://www.leopoldofaria.com/

 

sábado, 06 julho 2013 09:31

O revolucionário

 

A sua obra tem de falar por si só, por isso entende que não necessita de dar a cara. Gonçalo Martins é um expressionista abstracto que procura o diálogo crítico com as suas peças de arte e com o público que as vê. As suas obras são incomodativas, fortes e acima de tudo põem em causa a falta de valores da nossa sociedade actual.

Como é que surgiu esse teu percurso como artista?
Gonçalo Martins: O meu percurso como artista surgiu desde a minha infância. O meu pai tirou belas artes e infelizmente o meu avô não o deixou seguir esse rumo e desde pequeno que foi sempre injectado com arte e arquitectura, a minha família esta também ligada a esta área, o meu irmão seguiu essa profissão. Eu segui o mundo artístico.


Então seguiste esse caminho por causa do teu pai?
GM: Não, eu tive uma educação em que me encorajaram a fazer seja o que for, não propriamente artes, mas claro, que esses ensinamentos foram essenciais para o meu caminho como artista.


A tua obra reflecte as questões sociais e políticas fraturantes numa sociedade. São trabalhos que veiculam uma eterna insatisfação e pretendem chocar, foi esta a tua visão desde o princípio, ou foi algo que foi acontecendo?
GM: Eu acho que isso tem a ver com a personalidade das pessoas. Eu não sou fácil, sou um pouco explosivo, há coisas que olho de outro ponto de vista. Adoro a história ao nível político, religioso, a exploração infantil, o capitalismo selvagem e o social e cultural, que são a essência do meu trabalho.


O teu trabalho põe apenas em causa o sistema, ou pretendes que as pessoas olhem para a obra e reflictam sobre a temática?
GM: Eu aprendi desde novo que possuo um expressionismo abstracto que a meu ver faz com que a peça de arte não passe despercebida. Vale por ela própria. No meu trabalho tento dar um tom muito forte, às vezes incomodativo para que as pessoas reflictam e também vejam a mensagem, ou o que eu quero passar. O artista acaba por ser uma pessoa que passa uma mensagem, como num livro, como num filme e eu tento faze-lo na sociedade em que vivemos hoje em dia.

 

sábado, 22 junho 2013 14:52

O santo das fogueiras

São João Baptista é o padroeiro não oficial da cidade invicta. Venha percorrer a festa em sua homenagem.

O São João no Porto começa com os manjericos, os limonetes e alhos-porros á venda em bancas improvisadas que pululam a cidade. As vendedeiras juntam-se aos ruídos próprios da rua com os seus pregões sedutores que visam cativar os potenciais clientes que passam apressados na sua lufa-lufa diária. Nas montras das lojas e cafés do centro da urbe pequenos altares coloridos homenageiam o santo mais acarinhado pelos Portuenses, enquanto dentro se ultimam os preparativos para a grande noite, como manda mais uma vez a tradição. Paragem quase obrigatória é o mercado do Bolhão onde se compram sempre num ritmo frenético os pimentos, as azeitonas, as febras e claro está, as sardinhas que não podem faltar numa mesa portuguesa com certeza. Entre corredores estreitos peixeiras e clientes discutem até a exaustão o preço demasiado elevado deste insubstituível peixe das brasas joaninas, e se a troca de galhardetes não der em nada, o único remédio é visitar a lota de Matosinhos em busca do melhor preço. Sem sardinha é que ninguém fica.

sábado, 22 junho 2013 14:48

Os protectores do oceano

O museu da baleia, no Caniçal, tem uma componente museológica e do património marítimo, mas também possui uma vertente científica com o objectivo de criar conhecimento que tenha impacto económico e social na Madeira, fazendo chegar essa informação, através dos serviços educativos, as exposições permanentes, publicações científicas e de caracter geral como explica o seu actual director e biólogo marinho, Luís Freitas

Qual é a importância para a ilha do museu da baleia?
Luís de Freitas: O museu da baleia surge no âmbito de uma tradição que foi a caça à baleia, que decorreu entre os anos de 1941 até 1981. Tratou-se de uma actividade com uma grande influência social, económica e até cultural em toda a ilha. Apesar de nos anos 50 estar centrada no Caniçal, o facto é que envolveu pessoas de todos os concelhos da Madeira. Depois de terminada a caça, havia um saudosismo e a necessidade de manter essa memória, muito em particular, por parte de Eleutério Reis, o antigo gerente da fábrica que quis, juntamente com uma série de pessoas e amigos, fazer essa homenagem e assim nasceu o primeiro museu da baleia, aqui no Caniçal. Desde o início da sua criação tentaram associar uma componente biológica que pretendia estudar os cachalotes e os estatutos iniciais da instituição previam a investigação. E como a história é importante, é uma referência relevante para nós como sociedade e deve ser preservada, então é crucial manter esta relação dos madeirenses com o mar, porque é um dos recursos importantes que temos e devemos ter capacidade de o reconhecer, valorizar e aproveitar economicamente. No entanto, a que dar uma nova dimensão ao oceano e é necessário dar a conhecer algo que temos, os cetáceos, os golfinhos e o seu ecossistema marinho associado. O museu assumiu esse papel e daí surgiu a ideia deste projecto bastante mais arrojado, mas que não reflecte apenas a história e quer dar um salto para o futuro, projectar o mar e faze-lo chegar as pessoas. Aliás, temos uma frase que define esse objectivo, uma porta aberta para o conhecimento, uma janela para o mar.


Um dos programas é o "Cetáceos Madeira II" (CMII), em que consiste e porque aparece?
LF: O museu da baleia é um projecto contínuo, o "CMII" vem na continuação de projectos anteriores. Começa com o "Cetáceos Madeira I" (CMI) que fez o primeiro levantamento das espécies que temos nos mares da ilha, das suas distribuições, informação básica. Foi também um veículo que propiciou a criação de equipas científicas, para adquirir o veleiro e outros equipamentos fundamentais para a investigação. Posteriormente passámos para o projecto "Golfinicho" que tinha uma componente mais ecológica em parceria também com os Açores e que foi a continuação do projecto CMI, onde aí já envolvemos o trabalho de campo, de monotorização, para obter dados de abundância, novamente a distribuição dos cetáceos nas águas madeirenses e até os animais que dão á costa. Depois veio o programa EMACETUS que teve como objectivo o estudo e comparação genética com os Açores e as Canárias para nos localizarmos em termos do Atlântico. Não foram estudadas todas as espécies, apenas quatro, o roaz, o golfinho comum, o golfinho malhado e o cachalote. E depois avançámos para o CMII que vai aglutinar estes dados anteriores mas que tem três objectivos principais, o primeiro verificar se existe uma área de interesse, se a Madeira é uma zona importante, e sabemos que é, para uma espécie que esta protegida e que esta considerada no âmbito da directiva Habitat, os roazes. A existirem devem ser designadas de interesse comunitário e é isso que estamos a fazer. O segundo objectivo, é estabelecer áreas para o "whale watching", para observação de cetáceos e capacidades de carga, com intuito de se poder contribuir para o desenvolvimento sustentável sem que ela exploda e provoque problemas sérios, quer em termos da actividade, quer em termos de pressões sobre os animais que podem ter consequências para toda a gente e até do ponto de vista ecológico dos animais que se vão embora, ou se mudam de áreas, porque se assim for deixa de haver actividade.


Vamos por partes. Depois do término do programa Cetáceos Madeira I, quantas foram as espécies contabilizadas que passam, ou habitam as águas das ilhas?
LF: São vinte e oito espécies que se dão nas águas da Madeira. E o importante aqui é um termo relativo, podem ser importantes tendo em conta a quantidade de animais que cá passam e diria que os mais frequentes de encontrar e mais fáceis de observar em maior número são os golfinhos roazes, os comuns, os malhados, depois temos os cachalotes, a baleia de braile, as bocas de panela ou baleia piloto, mas há duas que se destacam porque a sua presença esta associada ao arquipélago durante todo o ano, que são os roazes e as baleia piloto. Apesar de haver grupos que passam cá temporariamente, há espécies, por outro lado, que residem cá.


Chegaram a essa conclusão depois do estudo genético?
LF: Não, depois da análise dos 10 anos de dados recolhidos e que estamos a fazer também agora, quer seja através da foto identificação destas duas espécies e já começámos a perceber a forma como se distribuem, gerando mapas de densidade.

sábado, 22 junho 2013 14:45

Manifesto anti-louboutin

É uma reflexão sobre poder exercido por alguns designers de calçado sobre as mulheres.

Abordei no texto anterior uma tendência que se tem vindo a notar nas jovens portuguesas e não só, mas ao escreve-lo notei que o tema me levou a uma outra reflexão, a ditadura da imagem que é imposta constantemente às mulheres. No caso concreto dum simples par de sapatos o limite parece ser literalmente o céu, chegámos a um ponto em que à altura dos saltos é simplesmente insustentável, quase não se consegue andar com eles, e podem até argumentar que há modelos que não servem para esse efeito, então servem para quê? O mais curioso é que as mulheres continuam a sujeitar-se a este tipo de "tortura", ou porque esta de moda, ou porque são lindos, ou ainda porque a viram uma amiga com um par igual. E não me interpretem mal, eu gosto muito de sapatos, mas quando é aceitável dizer chega de modas? Se reparem em qualquer revista de moda que se preze, os sapatos ou são extremamente altos, ou muito baixos, não existe quase o meio-termo. Provavelmente, este "fenómeno" reside no facto de que a maior parte dos designers de calçado serem homens, que claro, não usam saltos e portanto, não conseguem aperceber-se dos perigos que um "simples" stilleto de 14 cm representa para a saúde de uma mulher. Trata-se de uma verdadeira ditadura de estilo, embora nas entrevistas se fartem de afirmar que gostam muito de mulheres, a verdade é que não parece. E veja-se o célebre exemplo da Sarah Jessica Parker e os seus famosos Manolos banidos para o resto da vida pelo médico pessoal da actriz. Aliás, toda esta megalomania de tamanhos faz-me recordar as antigas vertiginosas socas venezianas, um tipo de calçado muito peculiar usado pelas jovens esposas da Veneza do século XIV, que as impedia literalmente de andar, daí que necessitavam sempre do apoio de alguém para sair à rua, neste caso dos maridos. Perceberam já porque eram tão populares? E toda esta insanidade em torno dos saltos reforça a minha nova teoria de conspiração, se calhar o objectivo malévolo destes designers de calçado é mesmo esse, impedir as mulheres de caminharem pelas ruas, mas na mesma convence-las que precisam de comprar os seus modelos, que supostamente as faz sentir mais femininas, a preços quase proibitivos. Não vós parece que é masoquismo puro pagar obscenidades quantias para sofrer tanto? Mesmo que seja só por algumas horas? Dá que pensar!

 

sábado, 22 junho 2013 14:43

Mala de senhora e outras histórias

É uma colectânea de contos escritos por Clara Ferreira Alves.

São 12 histórias sob a forma de conto. Trata-se de uma colectânea de textos publicados pela jornalista Clara Ferreira Alves e alguns inéditos que abordam as páginas da vida de uma série de personagens, de ficção ou não, que seduzem o leitor. Pelo menos que me seduziram a mim. São pequenas histórias curiosas, com finais por vezes inusitados, que tem como fio condutor as relações de afectos, ou não, que se estabelecem entre os personagens. Gostei desta pequena compilação pela singularidade dos contos, muitas vezes considerados um género menor em Portugal, mas que no fundo são sinais de literatura, como a própria Clara Ferreira Alves salienta num pequeno pós prefácio com o qual concordo em absoluto, já que sou também grande fã do género. Considero mesmo que há histórias que carecem de 300 páginas ou mais para serem bem contadas, implicam sim, um grande talento narrativo muito conciso que também dá largas á imaginação, e pode parecer até um argumento um tanto quanto pobre, mas sejamos francos nem tudo o que se imagina, ou se ouve, ou se testemunha, deve traduzir-se em grandes relatos literários com contornos folhetinescos, se calhar prescinde na maior parte dos casos desse peso romanesco, cujo digno e eloquente exemplo é esta "mala de senhora e outras histórias". Como sempre tenho alguns contos preferidos, que não vou denunciar, prefiro que leiam este pequeno compêndio sobre a natureza humana belamente escrito por esta jornalista. Boa leitura.

 

sábado, 22 junho 2013 14:36

Os sensíveis


Os sensible soccers são uma banda formada pelo Emanuel Botelho, Filipe Azevedo, o Hugo Alfredo e o Né Santos, que aposta em sonoridades electrónicas psicadélicas. Uma aventura musical, sem género à vista, que já se tornou um som de culto das novas gerações de portugueses e não só. Fomos falar com eles, excepto o Filipe que pelos vistos só gosta de suspirar.

Quando fundaram "os sensible soccers" vocês já possuíam a experiência de outras bandas, para além do futebol o que vos juntou neste projecto?
Né dos Santos: Basicamente, eu e o Hugo Alfredo somos de Vila do Conde e o Emanuel e o Filipe Azevedo são de São João da Madeira. Conhecemo-nos em Coimbra onde estávamos a estudar, o Hugo começou a compor e a fazer umas demos sozinho, depois enviou ao Emanuel que ouviu e acrescentou mais umas coisas. O Filipe Azevedo e eu entrámos no ano seguinte e desde logo embocámos no processo de gravação do EP em Outubro de 2011.
Emanuel Botelho: Eu e o Né tivemos a uma dada altura um projecto que era os "The Portugals" que começámos em Coimbra e era bastante diferente do que fazemos agora. Era uma banda muito mais pop, fundada na cena low profile, aqui viemos explorar outra coisa, pegámos no electrónico.
Hugo Alfredo: Quando vocês tiveram os "The Portugals" foi num determinado momento em Coimbra, os "sensible soccers" surgiram uns anos depois, em que já tínhamos atravessado a nossa fase de estudantes e estávamos os quatro bastante deprimidos e penso que foi isso que nos juntou mais do que propriamente futebol.


Então falemos um pouco da vossa música, pode-se auscultar uma série de influências na vossa sonoridade, não é só pop electrónico, há rock e até música ambiente. É uma mistura muito grande.
HA: A nossa ideia passa por aí, utilizar sons que foram usados ao longo de todo o século XX, desde a electrónica dos anos oitenta, a psicadélica dos anos 70, mais elementos pop e até de música de dança. Com esse conjuntos de sons tentámos criar uma coisa mais nossa, sobretudo sem uma forma assumidamente pop, ou seja, pouco cantamos, a nossa voz aparece como instrumento e são músicas e refrões cantaroláveis. Foi tentar pegar nesses elementos e explora-los ao máximo para ver até onde iam com eles.
EB: Não tentámos muito ser uma banda de género. Nós temos muita coisa diferente. Acho que não é só a música sequer que nos influência, a vida também nos vai influenciando e há toda essa questão de que somos apaixonados por música, ouvintes quase religiosos e isso faz-nos não conseguir estar restrictos a um só género, quer como ouvintes, quer como criadores.


Então o que mudou do primeiro EP para o Fornelo tapes.
NS: É uma questão da natureza das músicas. Lançámos o primeiro EP e depois temos alguns esboços que pela sua natureza achámos que não merecem grande produção. Então gravámos de forma caseira dois temas, que aparecem no Fornelo tapes volume I e basicamente foi por isso, essas músicas viviam do que eram e não de uma grande pós produção.
HA: Para gravarmos um EP, neste caso o segundo, vamos partir para aquele que se calhar é que é o nosso segundo trabalho. Tal como o Né disse, o Fornelo tapes é um trabalho intermédio que surgiu mesmo ao longo da nossa carreira. Para nos concentrarmos num novo projecto temos que nos dedicar durante meses a esse trabalho. O primeiro demorou 3 meses sensivelmente a gravar e misturar e foi um processo longo. Já para não falar da parte da composição que tinha sido feita meses antes e tinha durado muito tempo. A questão é nos fomos concentrando, para o podermos fazer tivemos de ter dinheiro para nos sustentar durante esses três meses em que não estávamos a fazer nada. Isso é muito complicado, é por isso que temos mantido um ritmo de edições mais pausado em prol de uma carreira com vários discos e não a construção de uma carreira curta com discos lançados num curto espaço de tempo. Também a natureza das músicas exige que se dedique muito tempo.
EB: Algo que atrasou bastante a criação deste segundo disco alargado, foi o facto de nós desde que lançámos o primeiro EP não temos conseguido parar de tocar. O lançamento foi no dia 1 de Outubro de 2011 e desde aí até agora demos mais de 50 concertos.


Impulsionados pela internet?
EB: De certa forma, o momento que foi mais viral foi quando fomos ao "boiler room". É um evento de dimensão mundial e nós participamos no primeiro que foi organizado em Lisboa. O nosso timing e a gravação que saiu posteriormente chegou a muita gente de fora que não nos conhecia de todo e isso foi o nosso momento.
HA: Há também outra fase muito interessante, após lançarmos o nosso EP em Outubro, e até antes de termos muitos concertos agendados fomos convidados para um concerto em "Serralves em Festa". É um evento que reúne muita gente da cidade do Porto e não só, por aí como 85 mil pessoas, que correu muito bem e deu-nos a ideia que se tratava de um segundo elam que estava a surgir em volta da banda. Depois disso começaram a aparecer alguns elogios por parte da imprensa nacional, portanto acho que se pode considerar que o nosso segundo remate foi este concerto em Serralves.

sábado, 22 junho 2013 14:30

Tsintty

"There's something I need to tell you", conta a história de alguém que é abandonado numa relação amorosa. Ele ou ela,passam por momentos angustiantes e de sofrimento incríveis, mas cabe a eles encontrar aquela força que os permitirá seguirem frente sem olhar para trás. Três diferentes sombras do amor que nos contam a melhor mensagem de todas, no amor. Uma curta-metragem escrita por Rui Sousa, em 15 minutos, que levou um ano a ser produzida, saiba porquê.

A pergunta que te coloco é a mais óbvia de todas, como surgiu a ideia para esta curta-metragem?
Rui Sousa: Estava num jantar de amigos que estava a ser muito divertido e a certa altura tive uma ideia sobre relacionamentos, sobre o amor, sobre os desgosto amoroso e o que as pessoas devem fazer para ultrapassar esse período negro das suas vidas. A partir desse momento, comecei a escrever a história que partilhei com os meus colegas e que seria bastante interessante, não tanto para o mercado de festivais, mais como uma curta viral. Entretanto, no pós produção e até durante a promoção comercial do filme decidimos arrancar para os festivais de cinema.


A curta-metragem aborda três histórias de amor diferentes, já quando tiveste a ideia para este pequeno filme era essa a premissa?
RS: Sim, já, o filme tem algumas mensagens, não apenas uma. Procura mostrar que o amor é transversal em qualquer tipo de relação quer seja heterossexual, homossexual. Inicialmente pensei no que deves fazer quando termina uma relação que para ti era importante e o caminho que deves seguir. A aprendizagem é das personagens, ao mesmo tempo mostra que o amor é universal para qualquer ser humano.


Uma das questões que se colocou em relação a esta curta-metragem é que inicialmente até obtiveste algumas promessas de apoio, no entanto, quando vinha à baila que o filme foca também uma relação homossexual, as pessoas recuavam. É ainda um assunto tabu na nossa sociedade?
RS: Claramente, infelizmente ainda é. Houve muitas pessoas interessadas em ajudar, mas assim que recebiam o argumento o discurso foi diferente, diziam não era tão fácil ajudar, que era difícil. A história era sempre mesma. Ficamos com um sentimento de injustiça, pelo facto de notarmos que só após a recepção da história ficávamos sem qualquer tipo de apoio, até o ponto em que ficámos sem nada. Então todos, a equipa e os actores, decidimos continuar com o projecto com o dinheiro do nosso próprio bolso, cada um dava o que podia para conseguir mostrar o filme fora de Portugal.


Todos os que participam são pessoas anónimas ou com pouca experiência profissional, quer os actores, ou a equipa técnica, ou mesmo tu como realizador?
RS: Nós somos todos profissionais da área, grande parte da equipa técnica trabalha numa produtora do Porto, que não intervêm neste filme. Para todos como um conjunto é a nossa primeira obra. Em relação aos actores, temos a Joana Antunes, que é uma actriz de teatro, o restante elenco terminou os seus cursos de teatro na escola artística do Porto.

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