Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

sábado, 03 agosto 2013 16:42

A brisa quente de santiago

Tcheka de seu nome Manuel Lopes Andrade é um cantautor que trouxe novos ritmos à música cabo-verdiana. As suas canções remetem-nos para as suas origens, que reinterpretam os ritmos tradicionais da ilha de Santiago.

Começaste a tocar desde cedo, o que te atraiu na música?
Tcheka: O meu pai era violinista e precisava de músicos para o acompanhar nos concertos, então foi obrigado a aprender a tocar com o meu irmão. A partir dos 14 anos comecei a criar a minha própria música, e estou aqui.

Mas, como surge a oportunidade do primeiro CD?
T: Eu trabalhava na televisão e nos fins-de -semana quando saia depois das reportagens ia tocar num bar, um dos jornalistas conhecia um produtor que me foi a ver, gostou e daí comecei a trabalhar.


Este teu primeiro trabalho foi o que desejavas? Puseste muito de ti nesse disco?
T: Sabes, quando não tens experiência vai ser algo que vem. É como teres dois filhos em que um é bem diferente do outro, o primeiro é mais honesto. Mas, tudo faz parte da minha carreira, o meu primeiro disco foi muito importante para mim, porque é o primeiro sonho, uma experiência nova em que tentei fazer algo diferente.


"Nu Monda" trouxe-te o reconhecimento internacional. Ganhaste um prémio, a partir desse momento a tua carreira deu um salto, ou já tinhas notado que havia uma apetência pela música cabo-verdiana?
T: O "nu monda" deu-me reconhecimento, por essa razão é que estou aqui. Ter ganho esse prémio de rádio de músicos do mundo abriu-me muitas portas, embora a música cabo-verdiana tenha uma porta aberta graças á Cesária. Então, esse prémio tornou a minha carreira mais notável, foi mais reconhecido ao nível internacional.

sábado, 03 agosto 2013 16:36

Azulejos do amor


Átrio nasce de duas grandes paixões, o amor por um português e pela história do país que o viu nascer. Elisabeth Anjos, de origem americana, transformou todo esse amor em réplicas de azulejos que aplica em vários tipos de acessórios de moda e que são um sucesso além-fronteiras.

Como é que surgiu com a ideia de Átrio? Quando é que tudo começou?
Elizabeth Anjos: Há cerca de dois anos e meio atrás, eu comecei a fazer azulejos. O nome átrio significa "pátio" e trata-se de um dos meus versos favoritos da Bíblia. Salmos 84:2 "Eu anseio, tenho um profundo desejo de entrar no átrio da tua habitação. Todo o meu ser reclama a presença do Deus vivo!". Como seguidora da pessoa e dos ensinamentos de Jesus Cristo, ele é o único que me dá a inspiração para criar.

Quanto tempo levou a pesquisa de mercado sobre os elementos tradicional presente nas suas jóias e mesmo na embalagem?
EA: Eu tento fazer as coisas que pessoalmente gostaria de receber. A embalagem da forma tradicional torna as peças mais especiais e agradáveis de receber.

Tira fotos dos azulejos que gosta de usar nas jóias, ou simplesmente usa imagens de livros?
EA: Meu marido é o meu fotógrafo e só usamos nossas próprias fotos originais.

Reproduz as réplicas dos azulejos ou tem artesãos que fazem esse trabalho para depois poder aplicá-los nos acessórios? Como funciona o processo artesanal?
EA: Sim, eu faço todas as peças mesmo. Sou autodidacta. É um processo muito longo, que começa com uma foto. As peças são feitas de argila de polímero que precisam para ser cozidas. Não uso cola no processo.

sábado, 03 agosto 2013 16:29

O filósofo

Gonçalo M. Tavares escreveu sobre um homem modesto que enceta um períplo espiritual até à Índia. Uma epopeia em verso e prosa que nos remete para outra grande obra literária nacional, os Lusíadas.

Como é que surgiu a ideia de escrever um livro como se fosse os "Lusíadas" de Vasco de Camões?
Gonçalo M. Tavares: A ideia era recuperar um género literário que é a epopeia, que se considera que marcou uma época e saber como hoje seria possível tal proeza. De certa maneira era fazer uma espécie de aventura moderna de uma personagem muito modesta, individual, um homem que pretendia ir até à Índia para de certa maneira se salvar espiritualmente. Portanto, todo o percurso da viagem têm a mesma estrutura que os Lusíadas. O mesmo número de cantos e fragmentos segue narrativamente os acontecimentos, mas de uma forma mais modesta. Quando há uma tempestade na epopeia de Camões, há uma tempestade na "viagem à Índia", ou seja, há um paralelismo. O que me interessava muito era criar um outro tipo de texto que andasse entre qualquer coisa que não era poesia, nem era prosa.


Descreve este livro como uma epopeia, mas nos "Lusíadas" são todos descritos como heróis, quase semideuses, mas o Bloom é o antípodas de tudo isso.
GMT: A literatura moderna de certa maneira colocou o anti-herói, o criminoso, o homem inútil, no centro. Nós podemos ter num romance um protagonista que é uma barata, ou qualquer insecto, por exemplo, como alguns textos essenciais da literatura o têm. A questão basicamente aqui é que a literatura e a arte contemporânea não tratam sobre o herói como referência moral, podem fazer isso, mas falam de outras coisas. Eu olho para as personagens criminosas ou não e tento ver qual o ponto de vista a partir do qual podemos ter uma visão diferente dele, a partir da qual ganhámos empatia por essa personagem.


Bloom é um nome estrangeiro que não é português, também foi propositado?
GMT: De certa maneira é uma homenagem a uma personagem do James Joyce e é um nome que me agrada sonoramente, às vezes, as escolhas são só sonoras. Bloom é qualquer coisa que me agrada.


Sim, mas também quer dizer em inglês desabrochar.
GMT: Sim, tem esse sentido também.

 

sábado, 03 agosto 2013 16:24

O erudito

João Fernandes é o actual subdirector do museu nacional de arte rainha Sofia, em Madrid e foi durante vários anos director artístico do Museu de Serralves, no Porto. Um percurso profissional que lhe permite fazer uma reflexão sobre o presente e o futuro dos museus.

Afirmava que os museus deixaram de ser locais de conhecimento para serem locais de informação. Não é uma contradição tendo em conta que os políticos tendem a cortar gastos na cultura, porque precisamente provocam o pensamento critico?
João Fernandes: Eu não direi que o museu não é um lugar de conhecimento, continua a ter essa função de construir colecções, de protege-las, apresenta-las de forma a poderem funcionar como detonadores de pensamento. Mas, o que acontece é a transformação do espaço museu como espaço de mediação com o seu visitante, faz com que seja colonizado por um discurso pedagógico onde a informação domina sobre a construção do conhecimento. Este espaço faz-se também com emoções, com uma relação estética, com a apreensão sensorial, conceptual e uma reflexão a partir da obra de arte. E em vez disso, ele reduz essa interpretação por parte do espectador em função do tempo que o ocupa com a leitura das suas próprias explicações. Hoje visitar um museu é também confrontos com textos que procuram responder a algo que o espectador deseja, uma explicação para o que vê. E acho que não deve sequer tentar oferecer, porque a obra não necessita de uma explicação. Por vezes, a informação é tanta que retira ao espectador construir a sua própria construção.


Sim, mas isso acontece na arte mais contemporânea, mas nas obras de períodos anteriores essa explicação é quase irrelevante, já que muitos artistas pintavam o que viam.
JF: Se calhar necessita porque o espectador não sabe nada sobre a época em que essas obras foram pintadas, ou os códigos que foram usados. Quando se olha para um quadro do flamengo primitivo, ou um italiano do renascimento, há códigos de vestir, de representar determinado tipo de figuras, se o espectador não dominar essa linguagem não chega lá. Por exemplo, uma santa com uma torre ao lado, se não souberem a história de Santa Bárbara não conseguem conectar a torre à figura. Qualquer obra de arte necessita de informação, construção de conhecimento, mas compete ao espectador não ser nem preguiçoso, nem covarde, nem tímido. Deve confrontar-se com a própria obra de arte, porque é um confronto individual. Quando disse a frase do Franz Fannon, nos anos 60, que dizia que todo o espectador era um covarde e um traidor, estava a referir-me a desresponsabilização do espectador que nem se aproxima para ver a obra de arte. As pessoas muitas vezes vão a um museu para dizer que estiverem lá e toda a sociedade contemporânea faz cada vez mais isso, convida as pessoas a serem apenas espectadores passivos na sua relação com a obra de arte. O museu precisamente em vez de se preocupar apenas em convidar espectadores para fins estatísticos, deve preocupar-se sobretudo com a relação que esse mesmo espectador tem com o museu e como ele pode adquirir conhecimento em confronto com a obra de arte.


Esse é um dos desafios actuais dos museus de atrair público, daí não serem apenas locais para adquirir conhecimento, mas espaços pedagógicos e ainda locais para outro tipo de eventos culturais. Então qual é o futuro?
JF: O futuro dos museus será aquilo que as suas colecções, os seus directores e a sociedade onde estão inseridos determinarem. Não sei qual é futuro, sei o que estou a construir no museu onde trabalho. Mas, ninguém poderá responder a isso. Há situações, hoje, que advém dos modelos de financiamento dessas instituições que se podem interrogar. Os museus estão a ser privatizados num mundo contemporâneo e nas suas formas de financiamento e isso às vezes afecta a sua própria função. O museu é um serviço público, deve continuar a sê-lo e é um direito de cidadania. Não é por acaso que o museu no sentido que nos atribuímos nasce com o ocupar no contexto da instalação da república com o palácio do Louvre e tornar acessíveis as colecções da família real a todos os cidadãos franceses.


Em relação à privatização dos museus falou da questão dos colecionadores, mais na arte contemporânea, que quase decidem quem são os artistas em que vale a pena investir.
JF: Falei de algo que acontece sobretudo nos museus americanos, onde a capacidade de decisão sobre as colecções hoje é muito mais assumida pelos colecionadores que financiam essas mesmas instituições do que propriamente dos curadores dos museus.

sábado, 03 agosto 2013 16:20

Respirar(debaixo de água)

É um filme de António Ferreira da antiga produtora Zed filmes.

Respirar (debaixo de água) é uma curta-metragem refrescante embora verse sobre um tema quente. Aborda o ciúme numa idade em que são as hormonas a comandar a vida e não o contrário, trata-se de um triângulo amoroso com contornos trágicos, tendo como pano de fundo as margens de um rio. O que mais gostei deste pequeno filme foi a fotografia, em particular, as imagens subaquáticas, remetem-nos para uma paisagem quase etérea, intemporal, até o meio urbano é quase despido de uma identidade, só quase no final nos apercebemos que é a cidade de Coimbra. É uma pelicula interessante, mas considero que faltou um guião mais consistente, as personagens pouco ou nada dizem, se calhar, porque não tem muito para dizer, preferem o silêncio opaco das águas, que tudo oculta e nada mostra, considero contudo, que era essencial desenvolver um diálogo mais elaborado, que permitisse criar um perfil psicológico de cada um dos bom intervenientes para melhor percebermos as suas motivações. Mais uma vez deixo ao vosso critério se concordam ou não comigo. Bom cinema!
http://filmesportugueses.com/respirar-debaixo-dagua/

 

sábado, 03 agosto 2013 15:51

Pedro, o descobridor

Pedro Vasconcelos é instructor de mergulho e um fotógrafo apaixonado pelos fundos marinhos. As suas imagens procuram dar a conhecer os vários olhares da fauna que povoam os mares do arquipélago da Madeira e do mundo.

Como é que começou esta tua paixão pela fotografia subaquática?
Pedro Vasconcelos: Começou pelo mergulho. Faço esta actividade há cerca de vinte anos. Sou da Madeira e desde sempre sou um apaixonado pelo mar. Comecei a observar o fundo marinho quando era jovem com óculos de mergulho, fazia snorkling, depois evolui e tornei-me instructor de mergulho. Alguns dos meus amigos a quem eu ensinei a mergulhar tinham máquinas fotográficas, depois de ver o que produziam entusiasmei-me e comecei a investir. Comecei com máquinas pequenas, foi evoluindo e a paixão foi crescendo. Sou instrutor de mergulho para poder ensinar as pessoas a observarem o fundo, o que tem de melhor e em segurança. A imagem é também uma forma de mostrar as pessoas o que vejo, para quem não mergulha poder observar uma paixão que tenho e o que vejo nos fundos marinhos.


Fazes mergulho no mar em torno ao arquipélago, mas já efectuastes outros em várias partes do mundo. Actualmente mergulhas pelo prazer da actividade, ou já é mais por causa da fotografia?
PV: Pelos dois motivos. Hoje em dia mais pela imagem. Aliás, se não tiver a dar formação, não me imagino sem uma máquina de fotografar lá no fundo. Há certas coisas debaixo de água que só se vê uma vez, ou que são muito raras de observar, como um encontro com a baleia, ou organismos muitos pequenos com cinco milímetros que não se vê todos os dias e claro, captar esses momentos é fundamental.


Quais são os cuidados que deves ter quando pretendes captar imagens desses pequenos organismos marinhos?
PV: Para já temos de ir muito atentos e muito devagar, obviamente, temos que controlar o ar que estamos a respirar, porque o tempo lá em baixo é limitado, tanto pode ser 10 minutos, como pode ser uma hora, mas temos de controlar tudo bem, porque para observar animais tão pequenos é necessário muito cuidado. Num mergulho normal os mergulhadores veem o local no geral, eu, por outro lado, observo organismos confinados a uma área com 2 metros quadrados e fico a fotografa-los nessa mesma meia hora. Os ouriços há muitos na Madeira, toda a gente os vê, provavelmente muitos mergulhadores já os observaram, contudo nunca viram um pequeno camarão que existe nos próprios ouriços com apenas 1 cm. Temos que olhar os fundos com olhos de ver e aproximar-nos muito. Depois quando queremos fotografar temos que levar connosco lentes especiais, duplicadores e temos de estar muito quietos. É necessário um treino subaquático para fotografar esses animais, nunca estamos verdadeiramente parados, a água tem sempre algum movimento e não é fácil.


Então antes de algum mergulho fotográfico tens de ter em consideração os fatores meteorológicos, o movimento das correntes é isso?
PV: Temos de ter todos esses movimentos em consideração, depois de ter a segurança garantida, muitas vezes há surpresas, as condições da água não são as que esperávamos e temos de mudar as lentes. Para fazer este tipo de imagens a água tem de estar límpida, para poder apanhar mais azul e menos suspensão de partículas, mas lá está muitas vezes não mergulhámos com as melhores condições climatéricas, caso tal aconteça, mudámos de macro para micro, fotografo pequenos animais já que a visibilidade não influência tanto.


Em relação aos animais de grande porte, quais são os cuidados que deves ter, em termos de captação de imagem?
PV: No meio marinho, seja com que animar for, mas principalmente com os de grande porte temos de respeita-los. Temos que observar muito bem os seus comportamentos, nomeadamente, quando são mamíferos, golfinhos, ou focas, principalmente se tiverem crias, são muitos protectores, o mesmo se aplica aos humanos, nós também protegemos os nossos filhos. Logo, se estamos a interferir num espaço que é deles temos que ter alguma atenção. Se há crias devemos dar espaço, devemos manter o nosso rumo e não interferir com a área deles e tudo corre bem. Nestes vinte anos nunca sofri nenhum ataque de tubarão ou de nenhum outro animal marinho. Desde que os respeitemos os animais tomam a iniciativa de aproximar-se, porque são naturalmente curiosos, devemos permitir que venham até nós e é a forma mais fácil de nos aproximarmos.

 

sábado, 03 agosto 2013 15:41

Sombras dos céus

Os censos dos milhafres/ mantas promovidos pela Sociedade Portuguesa para Estudo das Aves (SPEA) nos arquipélagos dos Açores e Madeira dão conta de um total de 4399 aves de rapina. Uma iniciativa que contou com maior número de voluntários açorianos do que madeirenses o que influenciou os dados dos resultados finais, saiba como, como relata a bióloga e assistente de projectos da SPEA, Cátia Gouveia.

Nestes últimos censos dos milhafres na Madeira notaram uma diminuição do número de voluntários para a contagem destas aves em relação ao Açores?
Cátia Gouveia: De um modo muito geral notámos que os Açores têm um grupo de pessoas que participa nesta contagem em todas as ilhas bastante mais significativo do que nós cá. Tentámos mesmo em outras actividades da SPEA captar um maior número de pessoas interessadas em saídas de campo, ou em cursos de observação de aves e notámos que aqui comparativamente aos Açores, e com conhecimento de causa, que as pessoas não aderem tanto. É um processo crescente e daí que seja importante ter este tipo de actividades frequentemente, ou seja, todos os anos, de modo que as pessoas vão ouvindo informação. É um trabalho que estamos a fazer agora, tentámos incutir estes valores, mas temos consciência que se calhar só daqui a uns anos teremos uma participação maior. No entanto, temos tido sempre por volta de 30 voluntários todos os anos.


A contagem destas aves é feita através da observação num determinado ponto?
CG: Não.


Então como se efectua neste caso os censos destas aves de rapina?
CG: As pessoas demonstram o seu interesse em participar, ou podem sugerir-nos um percurso que podem efectuar e este trajecto pode ser feito de carro, em bicicleta ou a pé. Por norma, informam-nos do lugar que pretendem utilizar que com frequência é próximo das suas residências, ou se então escolhem um passeio mais longo. Nós gostámos de possuir esta informação antes dos censos para poder colocar as pessoas em zonas diferentes, porque acaba por não ter qualquer interesse para a SPEA ter dez pessoas a fazer o mesmo percurso. Assim, estamos à partida a inviabilizar dados com a recolha de informação no mesmo local. Por isso, espalhámos as pessoas no máximo de sítios possíveis para cobrir a maior área possível e o maior número de habitats. Um dos dados que recolhemos é precisamente o número de zonas onde estas aves podem residir, daí que seja importante passarmos por todos os tipos de habitats para comprovar onde existem em maior densidade. Á partida são aves mais frequentes em zonas florestais, ou campos agrícolas. Mas, também é possível vê-las junto de áreas urbanas. É importante cobrir o maior número de estradas possíveis e depois com à nossa análise determinámos quais os pontos onde essas aves existem em maior abundância.


Mesmo assim não é difícil de avista-las? São aves de grande porte que voam a grandes altitudes.
CG: As probabilidades de conseguirmos observar este animal estão relacionadas em sítios onde o seu habitat é mais propício para as suas condições quer de reprodução, quer de alimentação.

sábado, 06 julho 2013 09:53

Os futuristas

O teatro Praga surge em Lisboa no ano de 1995. Trata-se de um grupo de artistas que trabalha sem encenador e que pretendem sublinhar a irrepetibilidade da prática teatral. São sempre diferentes, estão em constante metamorfose e sujeitam-se a variações imprevisíveis deles próprios. Devido à sua natureza progressista sempre encontraram barreiras ideológicas no nosso país que se foram esbatendo ao longo deste 18 anos de actividade e que culminam com uma nova obra que será apresentada em Março de 2014, no Teatro Nacional Dona Maria II, como nos conta um dos seus fundadores André Teodósio.

Quando criaste o teatro Praga referiste que foram bombardeados por todos, mas porquê e por quem?
André Teodósio: Inicialmente, porque desconstruíamos muito. Depois porque fazíamos dança com texto, ou porque o que fazíamos não tinha sentido nenhum. Fomos bombardeados por todos os lados, em particular, por pessoas que tinham uma ideia de teatro que não contemplava a nossa actividade. Aos poucos fomos criando uma comunidade, quer através de artistas plásticos, filósofos, que foram compreendendo o que fazíamos. Fomos encontrando parceiros quer no exterior, quer locais, que foram trabalhando connosco e fomos criando uma audiência. Quando já tínhamos um público e os teatros não conseguiam calar-nos, então começaram a admitir que talvez mesmo não convergindo com o que fazíamos podia ser considerado como uma espécie de teatro. E hoje em dia apresentámos espectáculos em vários sítios, o próximo terá lugar no teatro nacional, mas foi algo que demorou 18 anos a conquistar.


Uma dessas inovações que trouxeram para o teatro foi o não ter um encenador, porquê?
AT: Porque continuava a pertencer a uma lógica de produção teatral que tinha sido naturalizado e que não permitia a responsabilização de todos os intervenientes de um espectáculo, quer fossem actores ou encenadores, ou artistas plásticos. O teatro que defendíamos era uma ideia de arte em que as pessoas pensam o objecto artístico e não apenas nos suportes que estão a ser executados pelo mesmo. Portanto, o cenógrafo tem de pensar no espectáculo, assim como, o actor, o escritor, até o iluminador, tentámos desierarquizar o teatro, que é o que fazemos na nossa vida. Todos somos responsáveis pelo mundo em que vivemos, não podíamos defender uma determinada coisa e executar outra. Tanto que coordenámos a nossa prática artística com a nossa vida e as nossas ideias.


Mas, o vosso grupo coloca em cenas peças clássicas de teatro complexas, que requerem uma determinada ginástica mental, então como conjugam todas essa diversidade de pensamentos?
AT: São processos muito longos e muito difíceis. Trabalhámos como se fosse um rubi, vamos tirando as partes que não interessam até chegar ao cerne e sempre em prol do objecto que pretendemos construir. Ganha um discurso que já não tem nada em oposição, não pensámos todos a mesma coisa, acabámos é por nos demitir de algumas coisas, porque já não temos nenhum discurso contra. Os espectáculos são geridos na atribuição dos vários saberes e das várias ideias das pessoas.


Quando focaste a incompreensão em termos do vosso trabalho como teatro Praga, também referiste que era um sentimento que não se estendia ao exterior, era circunscrito apenas a Portugal, porquê?
AT: Talvez porque não havia distância em relação á língua, ou ao percurso das pessoas. Nós fizemos também espectáculos com outros encenadores em termos mais "clássico" de produção de teatro. Mas, talvez por haver essa proximidade essa recepção fosse negativa e lá fora como não nos conheciam aceitavam a nossa história, o nosso percurso e inscreviam-nos num tipo de práctica artística que já era bastante mais comum nesses países.
O grupo encena várias obras clássicas, nomeadamente Shakespeare, o que parece um contrassenso tendo em conta que são um teatro tão progressista.

 

sábado, 06 julho 2013 09:52

JA ao lume

É um programa de José Avillez no canal temático SIC mulher.

Gosto de programas culinários como qualquer mulher que se preze, correcção como qualquer apreciadora de gastronomia que se preze, embora não estime muito o acto da confecção em si, os cheiros, os fumos e as panelas sujas. Por isso, gosto de ver programas com receitas relaxa-me e abre-me o apetite pelos melhores motivos. "JA ao lume" é um bom formato, mas o chefe José Avillez precisa de relaxar um pouco mais. Nota-se ainda que não se sente muito à vontade em frente às câmaras, fala como se estivesse a ler um telegrama e isso acaba por ser monótono. As receitas, algumas, parecem fáceis e acessíveis, outras nem por isso, mas há momentos que compensam tudo especialmente quando bate com imensa energia os molhos espessos para guarnecer os pratos, ou os cremes para as sobremesas. É tão delicioso e divertido que cansa só de ver! Só mesmo um homem para querer fazer tudo à mão, quando tem uma batedeira eléctrica ao seu dispor!

sábado, 06 julho 2013 09:48

Shorts para todos os gostos?

 

É uma peça fundamental do verão e já anda à solta.

Os shorts possuem tantas variações que permitem ser usados em múltiplas ocasiões. Contudo, não é adequado para todos os tipos de silhuetas, gostos pessoais, ambientes ou até idades. O short é um jean reciclado, foi assim que tudo começou, mas actualmente a indústria da moda catapultou esta peça de vestuário para um nível muito superior que permite a escolha de diversos modelos, materiais e comprimentos. Na hora de escolher todo o cuidado é pouco. Acima de tudo, os calções não são adequados para as mulheres mais maduras, digam o que disserem. Há algo de sumamente sensual numa jovem em shorts! Em parte, julgo eu, deve-se a uma certa aura de juventude que associámos a esta peça de vestuário. É um estilo marcadamente jovial. Daí que o primeiro passo antes de sair à rua com um lindo par de shorts é verificar se as pernas têm celulite e se estão bem depiladas. E não pensem que é um conselho dado á toa, não há nada mais lamentável do que ver uma mulher bonita com umas pernas mal cuidadas!


As raparigas mais baixas têm nesta peça de roupa um autêntico aliado, um par de shorts curtinho fá-las parecer sempre mais altas e sexys quer usem a versão mais casual durante o dia, ou a versão mais chic para sair à noite, o que não faltam é opções. Lembram-se da Kylie Minogue "spinning around" nuns calções dourados? Pois, é. Brutal! Para as mais altas, as bermudas com barra dobrada compõem um excelente look que alonga a silhueta.


Para as mulheres com curvas aconselho os modelos com pregas, bolsos e estampados chamativos, que ajudam a disfarçar as ancas. As mais gordinhas devem usar shorts largos, acima de tudo não devem estar justos, porque fazem sobressair o que não querem que se veja, uns calções alfaiate podem fazer a diferença. É uma questão de tentar. O verão já vem aí...


As mais magrinhas devem ter em consideração as suas pernas, se forem mais finas, o modelo adequado é o booty short, assim chamado, porque desviam as atenções das pernas para o rabinho e as "hot pants" para as pernas mais modeladas em ambientes muito descontraídos. Há outras opções para as mais tímidas e discretas, os calções rectos, que ajudam ao mesmo tempo a disfarçar os quadris mais largos.


Para as desportistas nada melhor do que uns "board shorts", mas atenção! São calções aconselhados para corpos em grande forma física. É o modelo ideal para a praia. Como vem o que não faltam é modelos fantásticos ao vosso dispor, basta que haja calor.

 

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