É um livro do autor contemporâneo de Camilo Castelo Branco, Rebelo da Silva.
Trata-se de um retrato histórico sobre uma sociedade desintegrada pelas guerras napoleónicas, o autor, Rebelo da Silva, autor e erudito, tenta mostrar através do enredo um universo coberto de sombras e fantasmas, daí o título. O que o leitor tem de descobrir é quem é que são estas almas perdidas que deambulam pelas penumbras de uma invasão que transformou Portugal num palco de guerra e mais não digo. Em termos de escrita, a prosa é delicada e possui os "tiques" da época onde se insere, o que não implica que a linguagem seja complexa, é acessível e até é de tal forma detalhada que criámos de imediato uma imagem mental de todos os cenários, do aspecto físico dos personagens e até do que vestem tal é o cuidado do escritor. É curioso que Rebelo da Silva tenha tido tanta atenção neste tipo de detalhes, uma característica rara na maioria dos autores nacionais. Outra curiosidade se é que lhe podemos chamar assim é o seu estilo romântico, não tão exacerbado como o de Camilo Castelo Branco, seu contemporâneo e amigo a quem dedica até este livro, mas que não deixa margem para dúvidas quanto a sua influência, o que é natural. O que pretendo com esta sugestão de leitura deliciosa é que apreciem um autor muitas vezes esquecido, mas de grande talento. Boa leitura.
Os Atma nasceram em 2007 e resultam de uma fusão de diferentes estilos musicais. Uma sonoridade que nos remete para os ambientes de diversas culturas e que não pretende ser catalogada, apenas ouvida e sentida.
Como é que aparecem os Atma?
Hugo Claro: Eu e o Jorge já nos conhecíamos, depois passado um tempo reencontramo-nos e surgiu esta banda.
Jorge Machado: Começou em 2007 em formato dueto ainda, começámos a inserir mais pessoas, primeiro como convidados, a Berta na voz e um amigo nosso, o Lucas, no desenho, até chegar ao quarteto.
Quando começaram o dueto havia essa ideia de fazer música de fusão? Ou surgiu mais tarde com a adição dos restantes elementos?
HC: Já existia essa fusão, já tinha umas músicas feitas, eram estilos diferentes e entretanto começámos a fazer uma fusão. O Jorge e eu próprio começámos a utilizar outros instrumentos, que sugeriram outras sonoridades, mas não foi algo forçado, foi natural.
JM: Eu toco as repercussões e ele a guitarra e acordéon e a voz, no início começámos a juntar sonoridades e timbres que funcionavam. E isso foi continuando a acontecer com a adição de mais pessoas, mas também com o acréscimo de mais instrumentos. Depois o Hugo começou a tocar guitarra portuguesa e eu a ampliar a minha gama de repercussão de outros sítios e isso também acabou por trazer consigo uma sonoridade de fusão. Mas não só, também deixámo-nos influenciar por outras culturas, quer seja europeia, do mundo árabe, latino, ou africano. Foi uma procura muito nossa para que o projecto não fosse catalogado com um estilo. Tocámos o que tocamos e deixamo-nos influenciar por muitas coisas, entre elas, os instrumentos.
O facto de usarem tanto a guitarra portuguesa não causa algum desconforto entre os mais puristas?
HC: Primeiro, considero que seja música portuguesa, porque é feita em Portugal. Comecei pelo bandolim e só depois é que passei para a guitarra portuguesa. O meu instrumento base, se é que lhe posso chamar, é a guitarra clássica. Eu uso uma técnica na guitarra portuguesa que é da clássica e que não é o mesmo que fado, embora goste deste género musical, não pretendo fazer este tipo de música ou algo mais tradicional que já exista. Gosto de explorar outras coisas e acho que é importante haver pessoas puristas para manter as raízes, mas eu não sou esse tipo de músico, gosto de explorar coisas novas. Pessoalmente só toco a guitarra portuguesa há três anos. Hoje em dia é o instrumento de que gosto mais, isso também tem a ver com o nosso espirito de não fixar-nos apenas em aquilo que existe. Por vezes, é importante fazer uma ponte de ligação entre o que as pessoas estão habituadas a ouvir e algo mais comercial ou não, no fundo é a nossa abordagem musical, que nasce espontaneamente, não é que o façamos de propósito. E acabamos por ser catalogados por alguém que afirma que é música do mundo.
Achas que não devem ser catalogados assim?
Berta Azevedo: Acho que sim, já estivemos a discutir isso agora mesmo, nós temos várias influências quer ao nível dos instrumentos, quer até pelas vivências de cada um dos membros que as trazem para o projecto. Aliás é típico dos portugueses, não é? Esta miscelânea e creio que sim, não temos de ser catalogados assim, somos um grupo de música portuguesa, o que para nós também é importante.
JM: São termos que acho que são todos muito físicos. Não parece ser assim tão assertivo, catalogar uma banda como a nossa. É um projecto tão amplo e tão vasto, é étnico e eclético também, porque abrange muita coisa.
BA: As catalogações valem o que valem, mas não temos problemas em ser catalogados.
A pouco falaram da mistura de sonoridades e instrumentos e como é que chegam no final de todo esse processo à escolha dos temas, neste caso, do "com a mesma alma"?
HC: Eu compus as músicas desse álbum e agora já estamos a usar temas da Berta e no segundo disco gostávamos de fazer algo com uma maior participação. Surge a partir de uma estrutura, dependendo da sensibilidade de cada um junta-se uma ideia e faz-se uma canção. Daí parte-se para as opiniões e até a estrutura pode ser mudada, cada um coloca a sua energia em cada um dos temas e isso vai criando novas formas e abrindo novas portas, cada um escolhe a sua parte, o que vai fazer perante uma determinada estrutura, através de acordes.
JM: O Hugo mostra-me sempre um tema e eu penso em termos de percussão, tento olhar para isso e ver em termos de instrumentos, qual é sonoridade que calha melhor? A ideia é depois fortalecer o tema e torna-lo mais amplo, e acaba por ser uma escolha. A Berta é igual, ela chega e consegue criar uma linha diferente que fique bem e harmonicamente funcione.
BA: O processo criativo é bastante livre, espontâneo e participado. Sendo que a base por norma são as composições do Hugo e inclusivamente e já nos aconteceu, termos uma estrutura definida e que quando começámos a trabalha-la em grupo altera-se por completo. Há essa abertura por parte de toda a gente. Qualquer um de nós tem liberdade para fazer uma sugestão.
Carlos Carneiro oferece uma visão única sobre as pessoas por detrás da organização não-governamental "Sufers Against Sewage", tendo como pano de fundo a costa selvagem da Cornualha onde os SAS associam a sua paixão pelo surf com campanhas por um melhor meio ambiente costeiro que todos possam beneficiar.
Como é te surgiu a ideia para fazer este filme?
Carlos Carneiro: Isto foi o resultado de uma coprodução entre a Daze Digital &Confused e a TOMs que criaram um concurso online e um amigo meu mandou-me o link da competição. Eles estavam à procura era de ideias para filmes sobre um individuo ou um grupo que inspiram-se as pessoas à mudança. Eu olhei para aquilo, achei piada, e pensei numa história ligada aos jogos olímpicos de Londres, mas considerei que era demasiado óbvio. Depois lembrei-me dos meus amigos do Porto, onde cresci, sou dessa cidade, eles sempre surfaram e agora decidiram juntar-se para formar uma organização para proteger as suas as praias. Achei interessante que estivessem a fazer algo em prol da sociedade, da sua comunidade e não apenas uma procura egoísta da onda. Fiquei contente por eles e por esse esforço, e então lembrei-me disso, achei a história, mas a ideia do filme teria que ser centrada no Reino Unido, então basicamente procurei o equivalente. Pensei que deveria também de haver esse tipo de organizações em Inglaterra, pesquisei e encontrei os "Surfers Against Sewage" (SAS) em Cornwall que é um sítio algo isolado e pelo menos interessante para um filme. E então submeti a ideia a concurso, ganhei e deram-me a oportunidade de ir fazer um filme. Depois entrei em contacto com os SAS que ficaram um pouco de pé atrás, obviamente que não me conheciam, lá os convenci a abrirem as portas a mim ao Bruno Ramos e fomos lá passar uma semana. Foi em Outubro de 2012. A Cornualha é um sítio lindíssimo onde os SAS falaram das suas campanhas, dos seus objectivos e qual é a importância do trabalho que desenvolvem. Explicaram que não se tratam de batalhas para ganhar numa guerra ambiental, mas sim um esforço contínuo para muitas gerações.
Qual foi o desafio que encontraste para este filme?
CC: Encontrar a história. Se eu tinha uma semana de entrevistas e uma semana de filmagens o desafio era resumir tudo aquilo em 6 minutos de maneira que fosse cativante e interessante. E tanto que eu, como as pessoas gostassem e eles aprovassem. Quando sai de lá e cheguei a Londres pensei que estava em sarilhos, porque tinha de procurar o fio da meada. E depois de meses de pós-produção com o meu editor, encontrei esse balanço, de gostar e sentir que não era demasiado longo.
Referiste que houve uma certa desconfiança quando abordastes os SAS. Porquê? É típico dos surfistas?
CC: É natural, eles não nos conheciam, não sabiam quem erámos. Aposto que se houvesse outras pessoas que quisessem fazer filmes com eles é claro que não queriam ser mal representados. Após uns dias, no final da semana houve essa mesma sensação de que nos conhecíamos, ficámos amigos, temos muito contacto e ficaram contentes com o filme. Essa hesitação foi perfeitamente natural. E antevendo essa situação, planejei uma semana e não alguns dias de estadia, até porque só passado algum tempo, as coisas boas começaram a aparecer. Ao início parecia um guião, apenas diziam as coisas certas e que devem ser ditas e só depois é que começaram a surgir as histórias mais pessoais e isso é que é interessante.
É o cinema verdade?
CC: Sim, estamos a falar de pessoas e aqui era a mesma coisa, não podes chegar até a vila piscatória e dizer olá tudo bem? E já agora gostaria de fazer umas imagens? Eles ao princípio ficam desconfiados, mas depois começam-se a abrir. É natural.
Mobilehome é um projecto de formação artística, independente e nómada, que prossegue o objectivo de debater e tornar operativas questões e conceitos centrais ao ensino da arte. Um conceito desenvolvido pelo curador Nuno Faria que vai já na sua quinta edição e pretende crescer para além das fronteiras do Algarve.
O que esteve na génese do "mobilehome"?
Nuno Faria: O mobilehome é a palavra inglesa e também francesa para caravana. Surgiu quando foi para o Algarve em 2007 e como já conhecia bem o território, resolvi ir para lá viver. Percebi que havia carências muito fortes ao nível das instituições e das estruturas ligadas ao nível da arte contemporânea e da formação. Com a particularidade de ter um grupo muito extenso de artistas muito interessante, mas que não tinham uma estrutura que os pudesse de certa forma acompanhar, mais do ponto de vista da formação e da articulação. Eu acho que uma estrutura crítica é muito importante para o desenvolvimento artístico e então aquilo que fiz com outras pessoas foi montar o "mobilehome" que tem a ver com o território do Algarve. É um símbolo muito importante, porque é uma região com um caracter muito nómada, as pessoas vão e vêm, é uma zona muito pouco sedimentada. Estas características eram importantes para perceber como é que os artistas ali produziam. Por outro lado, o Algarve é um sítio muito apelativo para projectos desta natureza, tem sol todo o ano e uma energia muito boa. O que fizemos foi criar uma parceria com a associação atelier educativo e a Câmara Municipal de Loulé com um vereador da cultura muito dinâmico e que compreendeu logo o projecto. A ideia era ser uma escola nómada sem paredes, sem edifício físico, movido só pela necessidade do encontro e pela energia que acontecia entre os participantes. Nesse ponto de vista não eram necessárias paredes, é anti universidade e convidámos um conjunto de pessoas com uma valia muito grande ao nível de arte contemporânea nacional e internacional e juntamente com críticos e artistas montámos uma estrutura de workshop e seminário de formação avançada. A participação foi extraordinária. Vieram artistas de todos os lados, depois esse projecto prosseguiu e este ano vamos para a quinta edição que vai ter algumas alterações.
Circunscreve-se apenas ao Algarve?
NF: Sim, não tem uma zona física. Este ano vamos começar a mudança para Castro Marim, na ponta oriental do Algarve, numa parceria com a companhia das culturas, que é uma estrutura que tem um âmbito mais amplo, inclusive de gastronomia e turismo rural.
Os workshops e seminários são estructurados de que forma? É sobre um tema, ou realçam a localidade onde se integram? E que tipos de pessoas participam?
NF: Este tipo de workshops é para pessoas que tem um percurso artístico já consolidado.
Há uma selecção?
NF: Há uma selecção, que é feita a partir do portefólio das pessoas e da sua motivação para o atelier. Existem diferentes experiências, porque são workshops avançados, são escolas experimentais e independentes, no sentido, em que não é para iniciantes.
Então, não é para os jovens artistas que estão a começar?
NF: Também podem ser. Esses jovens artistas devem já possuir uma autoformação. Não são artistas que se formaram nas escolas, com uma formação académica, tem de ter algo, um conjunto de aprendizagens feitas, por isso, nesse sentido, é uma formação avançada e não iniciada. Depois o workshop tem um modelo de ensino que varia de ano para ano sempre em termos de exercícios, a estrutura e o número de tutores. Por exemplo, a edição de 2011 teve muito a ver com a região onde esta, neste caso o Algarve. Portanto, diria que é a análise de várias vertentes daquele território específico, não é algo que esteja desapegado.
Uma técnica inovadora pode prevenir erosão dos solos.
A Universidade de Aveiro (UA), através do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) está a estudar a possibilidade de introduzir uma técnica inovadora, denominada de mulching, que em português se pode traduzir livremente como "acolchoamento", que irá permitir reduzir drasticamente a erosão dos solos, devido a ocorrência de incêndios. Com o crescente número de áreas ardidas no nosso país e por consequência com a chegada das chuvas estima-se que haja um aumento de perdas de solo na ordem das 50 toneladas. O problema da erosão é ainda mais agudo, por exemplo, quando afeta o normal funcionamento de barragens e centrais hidroelétricas, pela acumulação de milhares de toneladas de sedimentos nas albufeiras, o que leva à necessidade do seu desassoreamento e limpeza para poder acumular mais água. Tendo todos estes fatores em consideração, uma equipa de investigadores da UA liderada pelo cientista Sérgio Alegre, decidiu introduzir técnica mulching, que consiste na distribuição pelos solos consumidos pelo fogo de uma camada de restos florestais triturados, com resultados muito positivos, verificando-se mesmo a escorrência de águas nos terrenos ardidos em mais 40% e, com isso, diminuindo a erosão do solo em cerca de 90%.
Matérias-primas para triturar a pensar no "acolchoamento" não faltam em Portugal, desde de cascas de madeira que não são utilizadas pelas fábricas de pasta de papel, um material muito bom pois tem fibras longas que se adaptam ao solo formando uma espécie de rede que retém água e sedimentos. Até as próprias árvores que ainda possuem folhas nas copas que, depois de caírem, fornecem uma proteção natural ao solo. No caso dos pinhais, a caruma funciona como um mulching natural tão efetivo como os restos florestais triturados.
Comemorações de um quarto de século de existência com sabor a sal.
Completar 25 anos de existência como reserva natural é obra. Ainda mais tendo em conta as inúmeras dificuldades que tiveram que enfrentar os ecologistas, cientistas, guardas da natureza, voluntários e até políticos que ao longo deste período de tempo de tudo fizeram para transformar estas ilhas quase áridas e inóspitas num santuário para a vida marinha. E não é que conseguiram? Hoje as Desertas são um exemplo de sucesso e não é para menos. Em dia de aniversário o parque natural da Madeira convidou inúmeros anónimos e personalidades para um dia pleno de sol que teve como objectivo assinalar a efeméride e basta olhar em volta para avistar os resultados...
É guarda da natureza da reserva natural das Desertas desde o dia 14 de Agosto de 1988. Alamberto Silva trabalha em prol do ambiente já faz 25 anos, no mesmo ano em que se comemora com sucesso o aniversário desta área protegida. Um trabalho que desenvolve com enorme paixão, principalmente no que se refere, as tarântulas venenosas destas ilhas.
Como é que começou a sua actividade como guarda da natureza?
Alamberto Silva: Sou dos guardas da natureza mais antigos, já estou cá desde que começou como reserva. Fez 25 anos que vim para cá. Sempre me interessei pelos animais, mesmo antes de vir para o parque, especialmente insectos e plantas. Era o que gostava mais. No início, isto para mim era uma novidade, porque há espécies diferentes que são comuns à Madeira, mas outras são exclusivas destas ilhas. Como gostava de aranhas desde jovem e já as apanhava nessa altura, nas Desertas comecei a observar o seu comportamento, fazia experiências sobre o seu modo vida, de como se alimentavam para depois comparar com as da Madeira. Outra das coisas que achei fascinante são as tarântulas, na altura eram consideradas as maiores do mundo, do género científico hogna e da família dos licosídeos. Ainda cheguei a ter alguns espécimens em cativeiro e como todos os anos faço uma apresentação escolho sempre a tarântula-das-desertas, que é a maior de todas.
Mas, existem três espécies de tarântulas pelo que percebi.
AS: Sim, existem 3 espécies nas Desertas, mas no arquipélago da Madeira, há 53 aranhas. Duas tarântulas são comuns à ilha da Madeira, ou seja, são endémicas do arquipélago. A mais pequena de cor castanha que aparece na Madeira e no Porto Santo é a "hogna insular". Depois temos a "hogna aerica" que também existe nas duas ilhas e finalmente a "hogna inges" que é endémica das Desertas, é muito grande e só são visíveis no Vale da Castanheira. Durante o dia esta espécie esconde-se debaixo das pedras e de noite sai para caçar. Esta tarântula alimenta-se de pequenos insectos e é muito agressiva.
Qual o seu tamanho em termos de diâmetro?
AS: Com o corpo, no caso das fêmeas que são mais corpulentas, chegam a medir os 5 a 6 cm, com as patas esticadas chegam até aos 12 cm de comprimento.
Em termos de comportamento como se distinguem?
AS: Só se distinguem em termos de coloração e tamanho, porque a morfologia destas aranhas é mais ou menos idêntico.
Todas caçam à noite?
AS: Sim, todas. Variam no tamanho, na coloração, em termos genéticos, quando são feitos estudos nesse sentido, ou através da genitália da fêmea e do macho, estas são as únicas formas de distinguir as diferentes espécies.
Na copulação em outras espécies de tarântulas as fêmeas matam os machos, no caso destas aranhas também acontece?
AS: Sim, também acontece. Há várias espécies de aranha onde isso acontece e não apenas com a famosa viúva negra, no caso destas tarântulas acontece e realmente quanto termina a copula os machos fogem logo, porque as fêmeas os perseguem.
É uma telenovela africana no início das tardes da RTP1.
Em período de descanso um dos meus hobbies preferidos é fazer zapping, um comportamento quase obsessivo que irrita muita gente, mas que do meu ponto de vista é um hábito muito útil, porque acabo por descobrir formatos televisivos muito invulgares. É o caso de Windeck, uma telenovela africana, que possui todos os elementos essenciais de uma trama bem urdida, amor, morte, violência, traição e muita ambição. Embora não seja muito fan do género, gosto de apreciar alguns destes episódios pela qualidade do trabalho de algum dos actores e sobretudo pelo guarda-roupa. Nada é deixado ao acaso em Windeck, as cores intensas das peças de vestuário, a maquilhagem e os cabelos, e falo tanto das personagens femininas como das masculinas, é um luxo que vale a pena ver, nem que seja pelo espectáculo visual. É também uma boa aposta na programação da RTP1, uma vez que esta direcionado para o público de origem africana que vive em Portugal, mas não só, é uma forma de dar a conhecer uma outra cultura aos portugueses em geral.
O Sanuel não gosta de rótulos, não gosta de ser previsível, não gosta de estar à altura das expectativas do seu próprio público. O que o Úria pretende é ser criativo, desconcertante, directo, vivo e deixa que as suas canções reflictam esse seu lado jovial, de quem não se leva muito a sério.
Passados 13 anos desde o teu primeiro álbum e agora em 2013 com este novo trabalho, "grande medo do pequeno mundo", fazendo uma retrospéctica achas que crescestes e evoluíste enquanto músico?
Samuel Úria: Eu gostava de pensar e rever esse trajecto que passou e concluir que não amadureci assim tanto. Eu acho que a música tem que tem um lado primário, até infantil de não corresponder as expectativas, porque senão acabámos por ficar formatados e tomar a forma daquilo que as pessoas já pretendem que nós passemos no próximo disco. Nesse período que distam entre os dois álbuns acho que tentei não me tornar num músico demasiado adulto, apesar que a minha música não ser juvenil, ou seja, não ser a música mais dada a um público adolescente. Por outro lado, em termos sonoros, eu gosto sempre de achar que estou a fazer um disco em estúdio com a mesma atitude que estou a faze-lo um em casa, muito de recriação, de não cair na tentação e de me tornar demasiado formal.
E as letras? Tu por norma contas sempre histórias nas tuas canções. São sempre muito pessoais, mas a escrita mudou ao longo do tempo ou não?
SU: Sim, na medida em que quando quero fazer discos faço-os muito rapidamente. Vou para algum sítio isolar-me e então escrevo sobre o que me esta a inspirar, ou afligir naquele momento. E como sou diferente em 2013 do que era em 2003 é normal que as letras sejam diferentes nessa altura, apesar de que em termos estructurais e estilísticos haver coisas que possam ser próximas entre os dois discos. Em termos conceptuais a mensagem tem de ser diferente, porque eu sou diferente, como também mudou a forma como reajo ao mundo.
O álbum "em bruto" não só para a crítica, como também para público que te segue é considerado um dos teus melhores trabalho, embora seja um EP, como é que tu olhas para esse disco? É também dessa forma? Considera-o um dos teus melhores trabalhos ou não?
SU: "Em bruto" tem uma particularidade a maior parte das faixas foram gravadas em casa e tem esse lado muito primário de as coisas estarem a ser gravadas no momento. De não serem logo filtradas por todos os processos mais higiénicos dos estúdios, como a sonorização. Não, surgiu e foi gravada e assim vai directamente para o EP. Gosto muito dessa fórmula que tenho sempre vontade de a seguir a um disco de estúdio fazer logo um caseiro, para voltar a ter toda essa informalidade das coisas acontecerem no momento. De serem registadas como se fosse um disco ao vivo não sendo, ou seja, acontecem e são irrepetíveis. E, por isso, essa frescura só pode ser benéfica à música e lá esta não cair nos excessos formulários das coisas.
Foi essa frescura também que procuraste na "a descondecoração".
SU: Esse é quase um número de circo, porque foi gravado e misturado todo num dia. Então tinha um correio electrónico para onde as pessoas mandavam sugestões com letras.
Os estilistas portugueses apostaram nos couros para a próximo outono-inverno.
Com o calor a dissipar-se da atmosfera começámos a pensar já na próxima estação que se aproxima e as passarelas nacionais são o melhor lugar para dar uma vista de olhos nas próximas tendências do outono-inverno. O preto como sempre, a cor de eleição dos designers portugueses abundou nas várias peças de vestuário, mas um dos elementos que se destacou sem dúvida nas colecções apresentadas no Portugal Fashion foram os couros. As peles de óptimos acabamentos estiveram presentes em muitas das roupas que desfilaram na alfândega do Porto, desde as saias, aos casacos, as calças, ou apenas como aplicações pontuais nos coordenados. Devo dizer que em termos de acessórios, as luvas compridas foi que me fascinou, quer em couro, ou em cetim, o meu deslumbramento por esta peça muito chique advém sobretudo dos filmes noir americanos da década de 50. Um must. O mesmo se pode dizer de algumas das colecções dos estilistas mais consagrados da nossa praça, com particular destaque para Luís Buchinho, Fátima Lopes e Filipe Oliveira Baptista, respectivamente, um homem do norte, uma madeirense e um açoriano, uma combinação brutal devo dizer!
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