Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

sábado, 07 dezembro 2013 11:05

As aventuras de joão sem medo

É uma fábula escrita por José Gomes Ferreira.

Trata-se de um dos livros de leitura obrigatória no programa de português das escolas do nosso país, e neste caso sublinho que a palavra obrigação teve pouco peso para mim, já que, mal conheci o João, que afinal não tinha medo, embora vive-se na aldeia de chora-que-logo-bebes que vivia cercada por um muro muito alto que a impedia de ver o mundo, foi amor à primeira página virada. As mil aventuras deste jovem intrépido que enfrentou gigantes de cinco braços, bruxas malvadas, príncipes com orelhas de burro e outras criaturas míticas afins rechearam as minhas tardes e incendiaram a minha imaginação de tal forma que ansiava pelas aulas de português para poder falar esta história. Dá para acreditar? José Gomes Ferreira ao longo da sua carreira publicou mais poesia do que propriamente prosa, mas a que deixa e em particular esta odisseia é outro daqueles "tesourinhos literários" que tem acompanhado ao longo do tempo várias gerações de portugueses. A escolha deste livro não foi um mero acaso, há um duplo motivo, primeiro queria homenagear o escritor e segundo, assinalar o 50º aniversário da sua publicação, que ocorreu no ano de 1963. Imaginem! 37 Edições depois este magnifica fábula infanto-juvenil continua a arrebatar os sonhos e pesadelos das jovens e férteis mentes portuguesas. Boa leitura.

 

sábado, 07 dezembro 2013 11:00

Espadinha&Santos

A Joana com a sua voz de veludo e André com os seus dedos ladinos na guitarra compõem um duo que ultrapassa as fronteiras do jazz, compõem um par que faz música com paixão.

Fala-me um pouco do que esteve por detrás do conceito do "avesso" que foi o teu primeiro trabalho em termos de composição
Joana Espadinha: É o meu primeiro trabalho, mas ainda não saiu. É uma ideia que tem vindo a ser trabalhada e que infelizmente, e há um timing para tudo, embora o disco já esteja gravado ainda não esta cá fora. O "avesso" é um espaço de vulnerabilidade. Um povo quando esta do avesso tem a sua vulnerabilidade cá fora. E também, é uma ideia budista, que é o dharma, embora não seja budista, fala da realidade das coisas tal como elas são, depois do tumulto há um momento de clareza e isso para mim é o avesso. É o que é.


É um trabalho em inglês e português, mas trata-se de um disco de fusão, um pouco afastado do universo jazz.
JE: Sim, o que acontece é que estou indo cada vez mais na direcção de canto autora pop rock, por isso estou ainda com um pé no jazz e outro fora, a tendência disso acontecer vai ser cada vez maior, não tem a ver com comercializar a música, não é por aí, a música é o que é e eu escrevo canções e como tenho uma formação de jazz gosto de improvisar e há umas influências, mas não tanto deste estilo musical. O meu trabalho com o André ainda tem muito de jazz, porque é um duo, é diferente, quando comparado com uma banda em que os arranjos são diferentes e esta tudo mais estanque e neste caso nós temos momentos de queda livre.


Estes temas vão ficar visíveis no álbum, ou vais trabalha-los com uma banda?
JE: Infelizmente não posso ter dois guitarristas na minha banda, senão com certeza incluía o André. Mas, eu tenho outro guitarrista no grupo, quem sabe no futuro, haja um outro projecto onde possamos trabalhar juntos.


O que inspirou este trabalho em termos de letras?
JE: Eu comecei a escrever as letras em Amsterdão. Eu acho que estar fora do país é um experiencia muito intensa e confronta-nos muito com coisas que estavam disfarçadas e com a vida e crescimento. Acho que advém daí.


Um certo preconceito também pela forma como veem os estrangeiros?
JE: Sim, porque a pessoa sente-se mal entendida e sozinha. Quando as pessoas que estão à nossa volta não nos compreendem, porque temos uma bagagem cultural diferente, houve ocasiões em que senti isso, e isso influenciou, a canção avesso tem muito disso, da saudade, de estar longe de quem se ama.

Já cantaste os temas deste álbum dentro e fora de Portugal, a experiência em termos de público é idêntica, ou nem por isso?
JE: Eu já cantei alguma desta música, não foi toda, porque a que tem uma direcção mais pop comecei a escreve-las mais tarde. Eu quando sai do conservatório de Amsterdão vinha ainda muito na direcção do jazz e ainda com vontade de fazer coisas mais complicadas e estava em outra fase. Aos poucos foi-me encontrando e lá nas situações que apresentei à minha música foi numa comunidade jazzística e óbvio que foi bem recebida. Quando cantámos nunca língua que mais ninguém conhece, por mais que gostassem e achassem exótico, não compreendem o sentimento mais profundo da letra e tinha muita pena disso, acabei por colocar legendas em tudo o que cantei, queria que as pessoas percebessem o que estava a dizer.

E o mundo do direito ficou de parte?
JE: Ficou completamente de parte, seria uma péssima advogada

 

sábado, 07 dezembro 2013 10:56

7 pecados rurais

É uma comédia que fará rir as pedras da calçada. Imperdível.

Como é do conhecimento público sou uma fã declarada do Quim Roscas e do Zé Estancionâncio e assim sendo, foi como muita naturalidade que me dirigi ao meu cinema mais próximo para apreciar mais uma aventura destes dois estroinas de Curral de Moinas. E deixem que vós diga, ao contrário do que se diz por aí, não sai nada decepcionada. Muito pelo contrário. "7 pecados rurais" é uma comédia para nos fazer rir e chorar por mais, a genialidade, a meu ver, reside em dois componentes muito claros, o argumento e a equipa de actores. Henrique Cardoso Dias e Frederico Pombares merecem, nota vinte, pela escrita gaita, despretensiosa e divertida que me remeteu de imediato aos maravilhosos episódios da Telerural. Algumas das cenas são verdadeiramente hilariantes, a dupla de argumentistas aproveitou o duplo sentido da língua portuguesa ao máximo e exacerbou muitíssimo bem o quotidiano comezinho de uma aldeia algures perdida no Norte de Portugal. E não penso que era essencial contextualizar as personagens principais, porque tanto o Quim como o Zé fazem isso de forma magistral, ao contrário! Outro dos pratos fortes deste filme são sem dúvida os actores, a começar pelos dois solteiros pecadores, respectivamente, João Paulo Rodrigues e o Pedro Alves, que dispensam apresentações, sou incapaz de dizer qual deles é o melhor, uma vez que, são ambos deliciosos nos distintos cameos que desempenham no filme. Contudo, o melhor desempenho coube à brilhante actriz Patrícia Tavares, na pele da divertidíssima Célia Careca, só lamento que não a vemos neste tipo de registos cómicos mais vezes. Foi magistral a forma como captou a essência da personagem. E não quero deixar de parte as outras duas meninas que animaram a festa da aldeia de Curral de Moinas, as primas, Raquel e Patrícia, desempenhadas por Alda Gomes e Melânia Gomes, que também imprimiram muita acção e alegria a esta aventura pecaminosa. Como nota de rodapé, deixo apenas mais um comentário, a aparição de Nicolau Breiner só confirmou aquilo que já sabia sobre ele, que é Deus, já que aparece em quase todos os filmes portugueses. Rogo-lhes, esqueçam as mágoas do dia-a-dia e a crise indo ver este ligeiro e divertido "7 pecados rurais" prometo que é um pecado que vale a pena cometer! Bom cinema.

 

sábado, 07 dezembro 2013 10:48

Com os pés no chão

 
O Piódão Group é mais do que uma marca de tapetes que pretende subir mais alto, visa sobretudo criar produtos de decoração que inspirem paixão e comodidade aos seus clientes. Um conceito visionário para a empresa partilhado pelo gestor, Pedro Pacheco e o director de Marketing, Luís Nascimento.

Como é que começa o Piódão Group?
Pedro Pacheco: Começa com uma fábrica de tapetes. Após o falecimento de um dos sócios-gerentes, a família de um deles pegou na empresa toda e durante 10 anos foi uma fábrica produtora. Ao fim desse tempo, com as alterações do mercado internacional começou a perceber-se que ter produção não chegava para ter preços competitivos. Portanto, houve uma aposta no design, era necessário fidelizar clientes de forma mais visível. Era preciso uma marca que tivesse um produto bonito e apelativo que a substanciasse, que pudesse ser defendida em termos de marketing e imagem e gerar fidelização Desde 1995, começou-se a pensar em fazer uma aposta séria em design, há 3 anos houve uma marca que acabou por não sair do anonimato que foi a "designers pad", uma espécie de experiência para aprender como é que se fazem ou não catálogos e a partir de certa altura quando começámos a ter os instrumentos mais adequados, reuniu-se um conjunto de pessoas, desde estagiários com algum potencial que estavam a aprender, gente da área do design e do marketing que conseguiram definir e construir uma colecção de design mais pequena e foi assim que as coisas começaram.


Mas, em 1995 criaram uma parceria com uma empresa alemã.
PP: É mais complicado que isso, a empresa alemã está na génese da criação dessa empresa, quando a fábrica apareceu em 1992, o novo dono foi confrontado com esta oportunidade destes alemães que disseram: se produzires tapetes por um determinado preço comprámos tudo. Eles são a "Brown Collection", mais tarde por uma questão de parceria estratégica entraram na empresa com 10% do capital e eram o nosso principal distribuidor para os países germanófilos. Um dos contratos que conseguiram foi serem os produtores e vendedores exclusivos da "Rolf Benz". Trata-se de uma marca poderosa de nível altíssimo, posso dizer que os tapetes que saiam da fábrica a um determinado preço, chegavam à Portugal, via Rolf Benz importador e loja, oito vezes acima do preço sem IVA. Mas, a realidade é que essa parceria na práctica garantiu-nos durante algum tempo 70% da produção. Em termos do design, a colaboração com esses clientes permitiram desenvolver uma capacidade de produção a toda prova, em termos de qualidade, de serviço e este know-how que foi garantido durante muito tempo. Passámos a ter toda esta fantástica habilidade que mais ninguém na Europa tinha e que havíamos de fazer com ela? Acho que foi toda esta confluência de elementos que criou as condições para que aparecesse uma colecção. Foi um processo natural da evolução do mercado e da própria empresa, foi um bocadinho visionário, mas se formos pensar bem bastante lógico. Os nossos clientes são responsáveis por sermos capazes de desenvolver o "know-how", mas que não tem nada a ver com a nossa decisão de apostar no design, que foi decidido pela empresa.


Vamos falar das colecções, como é que funciona todo o processo de escolha dos designers, como é que fazem essa selecção? Associar determinada componente artística com os produtos?
Luís Nascimento: Por vezes, acontece que há um designer que pretende lançar um tapete, o que sucede muito e depois nós achámos se tem potencial ou não. Recentemente estamos a incluir tapetes que fogem um pouco da linha da nossa equipa. Não avançámos apenas com os nossos projectos, mas também com alguns que nos aparecem de forma practicamente extemporânea.


PP: Sabe que a mim parece-me mais importante ter uma função de design dentro da empresa, ter uma dinâmica, ou seja, a partir do momento em que somos familiares à sua execução, torna-se mais um processo natural. Esse tipo de coisas torna-se mais complicado para quem esta de fora e não direi que é mais simples, mas é mais diluído. Não é difícil para mim como gestor de uma marca de uma empresa ter de faze-lo, porque está tudo preparado, a indústria baseia-se em desenho por encomenda e quando trabalhámos com design não se torna mais complicado, quer dizer que vamos fazer esses desenhos em tapetes iguais mais vezes. Por oposição, a partir de uma determinada altura, esta apetência para trabalhar com um designer é também algo natural, podemos fazer um tapete diferente todos os meses, significa que conhecemos pessoas no nosso meio, que quando aparecem e estão predispostas a trabalhar connosco, fazem uma proposta, há uma certa confiança, chegámos a um acordo, dá-mos todos as nossas contribuições e fazemos um protótipo. Se não aparecer o designer, nós procurámos um, às vezes, somos nós que o fazemos. A iniciativa é que é a parte crítica, mas o processo para nós é tão natural, tão fluido, que uma vez despoletada a chama tudo arde com paixão. Não é complicado é preciso saber gerir em termos de mercado, por vezes os desenhos de que gostámos não podem ser fabricados, outras vezes são fantásticos e a resposta é simples, há toda uma dinâmica que envolve o designer.

LN: Nesses casos em que dominámos o conhecimento do mercado, chamámos o designer para apresentar outra bordagem, para avaliar as tendências. Também convidámos determinado designer por ter uma linha condutora que vai ter um valor acrescido á marca, se convidarmos um Philip Stark temos uma visibilidade diferente. O objectivo também é criar linhas que sejam comerciais, trabalhar sobre encomendas garante-nos um determinado trabalho e uma facturação interessante, mas não é colecção que me permita dizer que vou vender tapetes em 20 lojas em Espanha, 40 lojas em Paris. Tem de ser comercial para tal envolvemos um designer e procurámos as tendências em termos de moda, como um estilista que lança uma colecção a cada temporada, os tapetes seguem também muito essa filosofia, já que é um complemento decorativo e de conforto. Temos desde os mais clássicos até aqueles que vão inspirar-se mais no design, com linhas directas e o designer ajuda-nos a enquadrar cada um dos produtos que se estão a fazer e localizar os mercados, é um processo criativo, mas também democrático.


PP: Existem aqui também outras sinergias. A marca ajuda a vender o serviço junto do cliente, porque se eles pedem para alterar a cor, nós fazemos, até podem personalizar o seu produto e de repente a pessoa aposta num tapetão "flower", uma peça fortíssima para uma sala, ou seja, vai comprar produtos inteiramente diferentes. À boleia da marca, vende-se o serviço e os tapetes feitos com base nisso. Trabalha-se com uma panóplia de elementos dos quais um deles é o design e quando ele é bom, o suprassumo, é fornecer um envolvimento, uma autenticidade a marca que é muito maior do que simplesmente vender tapetes.

sábado, 07 dezembro 2013 10:45

Ecoportugal

 

 

O nosso país está entre os três primeiros países industrializados que mais tem contribuído para a diminuição das alterações climatéricas.

Nem só as más notícias vêm de Portugal, o nosso país destaca-se, segundo um estudo global efectuado pela agência internacional de energia, como uma das nações que mais tem contribuído com medidas ambientais eficazes no combate as alterações climáticas. É uma classificação que compara os 58 países industrializados que são responsáveis pela produção de 90% dióxido de carbono que é lançado para a atmosfera.
Na prática implica que Portugal é o terceiro melhor país, na medida em que, tal como ano passado, os três primeiros lugares estão vazios, por se considerar não haver por agora nenhum país merecedor do pódio no que respeita à protecção do clima. O objectivo do índice é aumentar a pressão política e social, nomeadamente nos países que têm esquecido o trabalho nacional no que respeita às alterações climáticas.
Os melhores lugares foram para três países europeus: a Dinamarca, o Reino Unido e Portugal (considerado uma surpresa), à frente ainda da Suécia (7ª). A Alemanha saiu do "top ten", ocupando agora o 19º lugar, muito penalizada pela atitude que tem tomado em decisões de política climática à escala europeia, na área do comércio de emissões e da melhoria de eficiência dos automóveis. Os piores países são o Canadá, Irão, Cazaquistão e Arábia Saudita.
A Dinamarca apresentou o melhor desempenho pela sua recente tendência de redução das emissões e por uma política climática considerada excepcionalmente positiva. Na União Europeia, a Holanda sobe 18 posições graças às políticas do novo governo, a Polónia é a penúltima (45º lugar), e no fundo da tabela está a Grécia, com o pior desempenho (47º lugar).
O desempenho da China melhorou oito lugares (de 54º para o 46º lugar) e mostra sinais positivos pois, apesar do aumento de emissões, está a conseguir separá-lo do crescimento do PIB, tendo grandes investimentos em energias renováveis e estando a limitar o uso do carvão, sobretudo por causa dos enormes problemas com a qualidade do ar. A Índia volta a recuar seis lugares, dada a forte tendência de aumento das suas emissões. Os Estados Unidos da América mantêm o 43º lugar, à custa da crise económica e também da redução do uso de carvão.
A metodologia revista é centrada principalmente em indicadores objectivos: 80% da avaliação é baseada em indicadores de emissões (30% função dos valores de emissões e 30% função da evolução recente das emissões), eficiência (5% relacionado com nível de eficiência energética e 5% com a evolução recente), e ainda o recurso a energias renováveis (8% em função da evolução recente e 2% função do peso do total de energia primária de fontes renováveis).
Os restantes 20% baseiam-se na avaliação de mais de 250 peritos dos países analisados, tendo a ONG portuguesa Quercus intervindo neste critério. O CCPI2014 foca-se particularmente na questão da política nas áreas das energias renováveis e eficiência energética, por se considerar que estas são as principais vias para a mitigação das emissões de gases com efeito de estufa (GEE), e considera também as emissões associadas à desflorestação.
Tal como no ano passado, há, na opinião dos peritos, uma insatisfação generalizada em relação às medidas tomadas por cada país para assegurarem, à escala global, um aumento de temperatura inferior a 2ºC, em relação à era pré-industrial.

O relatório é disponibilizado pela Quercus através do blogue http://varsovia.blogs.sapo.pt e no sítio www.quercus.pt.

 

sábado, 23 novembro 2013 17:28

A irmã do meio

 

Roberto Jardim Huber é o actual proprietário da Quinta do Pomar, no Funchal. Uma propriedade com história que pretende abrir as suas portas para o mundo no próximo ano. Venha conhece-la.

As origens da minha família remontam ao Brasil, do lado da minha mãe havia um banqueiro de nome João José Rodrigues Leitão que veio para à Madeira, era muito rico e comprou 3% da ilha, do mar até a Serra, no ano do senhor de 1840. Prosperou nesta terra com a sua casa bancária, a firma Castro& Leitão, até que veio a guerra entre França e Inglaterra e como muitos que tinham bens em solo francês, perdeu tudo. Que ironia! Chegou aos 30 anos abastado e formoso e no fim da vida com mais de 80 anos estava falido, tinha perdido muito dinheiro. Mas, era um homem com sorte, já que foi salvo pelo filho mais velho do seu irmão Manuel, João José Rodrigues Leitão, seu homônimo e sobrinho, que tinha vindo da misteriosa e perigosa África ostentando o título de Visconde Cacongo, outorgado por Don Luís I, graças ao seu inigualável mérito e tacto como negociador da paz, em nome do Rei de Portugal, entre os reinos de Cabinda, Massabe, Luango, Chinchocô e Mambuco Manipolo. Desta forma inusitada, João José Rodrigues Leitão passa a ser dono e senhor de todo o património do tio que acabou por ficar na família.
A quinta do pomar por ordem do senhor primeiro visconde, no início do século XX, foi a sede do negócio da madeira de eucalipto, foi ele que introduziu esta árvore na ilha e plantou vários hectares desta espécie arborícola lucrativa, já que não havia ferro para as construções. A casa-mãe era mais pequena, porque a família não vivia propriamente ali. Era utilizada como habitação de verão, de férias, porque todos viviam na Quinta da mãe dos homens, João José possuía ainda uma outra quinta mais encima, a do pico do infante, o que o tornava um dos homens mais ricos e prósperos da Madeira.

 

sábado, 23 novembro 2013 17:23

A viajante da alma

Paula Luiz mais do que é uma actriz é um veículo de criação, que através da sua experiência de vida, das pessoas que encontra no seu percurso e as viagens que faz transforma tudo em aprendizagens que procura veicular junto dos seus alunos e da sociedade actual na sua escrita.

O que te levou a seguir a carreira de actriz, num país de precaridade para os artistas de todos os géneros?
Paula Luiz: É complicado explicar, porque costumo dizer que não foi eu que a escolhi, foi a profissão que me escolheu a mim. Quando era mais nova não sabia muito bem o que queria ser, com 15 anos foi para o liceu e acabei por escolher ciências, porque pretendia seguir medicina, até queria seguir psiquiatria, mas coincidiu com o facto de ter começado o meu curso de teatro e aí eu compreendi que havia um mundo inteiro por descobrir do ponto de vista criativo. Foi muito engraçado perceber que tinha imensa energia que estava retida, que tinha de ser trabalhada de outra forma e de ser expandida. Apaixonei-me logo pela representação e comecei a prosseguir os estudos teatrais em simultâneo com a escola. Aos 17 anos já tinha feito algumas peças de final de curso, continuei a fazer a minha formação, em workshops em Nova Iorque, sempre gostei muito do tipo de exercício americano, a sua linguagem e reagi sempre muito intuitivamente a escola deles, gosto muito desse tipo de ensino, do Stella Adler e já trabalhava profissionalmente quando fiz um casting para televisão. Tinha 20 anos, era precoce, mas chamaram-me e foi fazer a minha primeira novela e foi muito forte, porque foi a primeira e pela personagem que era muito rica. Mostrei o meu trabalho de uma forma mais versátil, a Eduarda era uma rapariga que tinha um atraso mental e tive de fazer um trabalho mais profundo e mais corajoso. Adorei, as pessoas eram fantásticas, depois foi progredindo, fiz "o Anjo Selvagem", o "teu olhar", fiz novelas para outra estação de televisão que foi "vingança" onde também gostei de participar e "chiquititas" e umas séries e publicidade. Depois o teatro foi ficando sempre ali parado, porque a realidade é que quando fazemos televisão é difícil conciliar tudo, porque trabalhámos 12 horas por dia e chegar à noite e ainda fazer um espectáculo no teatro é quase impossível, quando temos textos para decorar para o dia seguinte. Agora mais recentemente o que tenho andando a fazer teatro, escrito e encenado por mim, a dar aulas, porque adoro, é uma paixão que descobri em 2009, ou seja, ajudar as pessoas a descobrir o seu melhor potencial, a tal criatividade, a tal energia que esta ali e que precisam de explorar.


Vamos recuar no tempo, porque num determinado ponto da tua carreira decidiste voltar ao teatro e deixar os outros meios?
PL: Surgiu naturalmente, ou seja, quando se esta em televisão por vezes trabalhámos em dois ou três projectos de seguida e de repente há uma pausa, porque há uma mudança na vida, no meu caso o que aconteceu, foi essa paragem da TVI para a SIC e são etapas naturais no nosso percurso de vida, que na altura não nos questionámos muito, mas acontecem. Então, retorno ao teatro, foi um voltar as origens, porque quando temos muitos trabalhos seguidos de repente deixámos de ter capacidade de autoanálise para parar e pensar, calma, será que estas a ir tão longe no trabalho artístico como querias? E acho que o trabalho de teatro devolve esse lado saudável do vou esquecer o que já fiz e vou voltar ao espaço vazio, o Peter Brook falava muito dessa questão: como é trabalhar num espaço vazio, sem adereços? De criar tudo com o nosso corpo. E esse regresso é quase voltar aos 15 anos que foi quando descobri o teatro.


Um desses projectos de que falas foi o monólogo "as mulheres de água"? Que te atraiu nesse projecto? É muito intimidante estar sozinha em palco e enfrentar o público.
PL: Essa proposta foi muito interessante, porque surgiu no convívio com um amigo encenador e outro escritor, de repente falou-se, vamos criar algo, vamos fazer um monólogo, Paula queres? E eu acho que nesse aspecto não pondero demasiado, o pensamento é bom, mas há ocasiões em que temos de reagir logo e partir para a aventura. Foi uma ligeira inconsciência, isto dos monólogos tem de haver uma certa irreflexão para os fazer, porque senão a pessoa paralisa. Foi também um projecto que se candidatou a várias bolsas e ganhou tudo para podermos faze-lo cá no teatro da comuna e levar à peça ao festival internacional de "hoje é hoje", em Moçambique e o festival da Venezuela, na cidade de Barcelona. Todas as entidades que puderam apoiaram para torna-lo possível. Estive com o embaixador português na Venezuela que gostou da peça e é muito bom saber que o nosso trabalho merece ser mostrado e bem representado e que as pessoas aderem. Somos um povo muito sem-fronteiras, temos o mar.


Mas, para além do facto de estares em palco sozinha, o que te trouxe mais este personagem a ti como actriz?
PL: A personagem era muito diferente de mim, energeticamente, claro, que ela tinha um lado frágil, mais sensível e de força que também tenho, essas cambiantes gerava proximidade, mas ela tinha estágios de raiva, de revolta, de indignação e era um pouco mais mordaz que eu, Paula, que não tenho essa faceta. Eu vivo mais em paz do que aquela personagem, ela tinha uma história trágica de vida e não a conseguia ultrapassar. Aquele espectáculo era a tentativa dela tentar sublimar, sublimar. Era um texto lindíssimo do Luís Carlos Patraquim, que é um escritor luso-moçambicano. Era muito poético, o que trazia alguma dificuldade, porque é mais fácil expressar-nos numa linguagem mais corrente, do que com uma poetização tão bonita. O desafio era maior em termos de trabalho, de percepcionar e pensar: Isto é lindo! Que imagem isto transporta! Há todo esse trabalho. Por outro lado, teve um aspecto muito positivo que foi tentar ter o domínio de tudo o que se faz em palco, e quando estamos sozinhos é que percebemos quanto dominámos algo, até lá, eu acho que nunca tinha tido essa sensação a 100% de tudo o que estava a fazer. Cheguei a ter uma branca e dar a volta e ninguém se aperceber nada, eu continuei, deu-me até vontade de rir e brinquei com aquilo. É um domínio quer fica acrescido porque é nosso, só nós estamos lá sozinhos, a única hipótese é dominar o que estamos a fazer, senão, não vale pena.

sábado, 23 novembro 2013 17:20

O masculino no femenino

É uma das tendências desta temporada que se inspira nos homens.

A masculinidade não é exclusiva, que o digam as mulheres que tomam de assalto os armários dos homens e usam algumas das suas peças de vestuário que anexam aos seus estilos pessoais. Este inverno o masculino invade as tendências da moda, mas sejamos francas é algo que esta sempre a mão de semear quando se fala de mulheres. Quantas de nós já "saquearam" os vestuários de pais, namorados e maridos em busca de uma peça para usar? Naqueles dias em que não temos absolutamente nada para usar? Eu confesso, entre casacos da mais alta alfaiataria, camisas clássicas brancas, camisolas com padrões xadrez, de tudo um pouco já consegui adaptar ao meu armário personalizado, isto sem falar dos pijamas que obtém a minha preferência em detrimento daqueles modelitos que abomino com ursinhos, figuras animadas e frases idiotas. A simplicidade, a sobriedade e pureza das linhas de muitas roupas masculinas são tão andrógenas e ao mesmo tempo versáteis ao olhar feminino que é quase impossível não aproveitar. Seria até um desperdício. Mas, a indústria sempre atenta a estes fenómenos adaptou ao corpo feminino alguns desses tailleurs, casacos e camisetas conferindo-lhe uma maior atitude e feminilidade, indo de encontro as necessidades da mulher profissional, urbana e apreciadora de um look mais clean, diria mesmo despretensioso. Agora, só não tem o que vestir quem não quiser!

 

sábado, 23 novembro 2013 17:16

Os saltimbancos alentejanos

Os Virgem Suta apareceram no ano longínquo de 2009 em pleno Alentejo, mais concretamente em Beja, local de nascimento de dois rapazes, o Nuno e o Jorge, fofos e inspirados que decidiram desde tenra idade ser músicos. E, por deus que assim foi, e é com uma alegria e descontração contagiante que eles cantam e encantam pelas terras perdidas de todo o Portugal.

Vocês aparecem em 2009 e lançaram um novo álbum em 2013 como tem sido esse trajecto?
Jorge Benvinda: Tem sido um trajecto muito duro, de muita luta, mas muito prazeroso. Estes dois álbuns e cinco anos que se passaram obrigaram-nos a ser mais músicos ao fim ao cabo. Tivemos a aprender a com a repercussão, com toda uma série de coisas misturadas e experimentar. Depois esta jornada levou-nos para concertos mais pequenos em casa de pessoas e também muito grandes. Este ano estivemos no "mares vivas" a abrir o festival no palco principal, ou seja, todo este percurso tem sido entusiasmante e bom.

Nuno Figueiredo: Iniciou-se com muita vontade e sem muito saber. Agora estamos a adquirir conhecimento e a aprender ao longo do tempo, cada vez sabemos mais, também temos muito para aprender, mas estamos mais confiantes e isso permite-nos experimentar outras coisas que antes nem sequer nos aventurávamos a fazer.


Acham que o vosso enorme sucesso junto do público se deve ao facto de alguns dos vossos temas terem feito parte de banda sonoras de telenovelas e do prémio que ganharam recentemente, o globo de ouro.
NF: Eu não acho que as telenovelas tenham influenciado assim tanto, acredito que ajudam a divulgar a música, mas eu tenho ideia que o sucesso se deve ao nosso contacto com o público, os concertos que fomos dando. Já fizemos mais de 200 desde que começámos com o primeiro disco, e isso permitiu estar em frente de muita gente e cada vez temos mais público. Creio que é uma bola de neve crescente e acredito que as pessoas gostam, dizem aos outros e espalham a notícia. Temos crescido mais por aí do que propriamente pela divulgação, se bem que ajuda, mas não acredito que tenha sido o que nos catapultou.

JB: Tudo conta. O aparecer aqui e ali, a verdade é que temos de convencer os promotores quer queiramos quer não, se eles não ficarem convencidos que atraímos as pessoas, ou um concerto que crie satisfação, não apostam. Quem faz essa procura encontra nos virgem suta um bocadinho de festa, de divertimento e de uma boa gargalhada, mas também há sempre um olhar aguçado com o que se passa na sociedade, nós somos cidadãos deste nosso Portugal, estamos atentos e fazemos muita força neste lado. A musicalidade agrada tanto a nós que a fazemos como as pessoas que vão aos concertos e que nos promovem, conseguimos divulgar a nossa música, as nossas canções e ver como as pessoas reagem. Isso é muito importante.


Nas vossas canções, os virgem suta, abordam o quotidiano, mas nota-se uma certa preocupação social, isso sempre aconteceu desde o princípio?
NF: Somos pessoas como todas as outras, estamos atentos a todas as realidades e temos a vantagem de transpor para aquilo que fazemos o nosso ponto de vista. E não podíamos deixar de o fazer. As canções são sobre o que é bonito, mas também não podíamos deixar passar ao lado coisas que nos tocam mesmo sem querer, quer nas nossas vidas, quer na dos que nos rodeiam e faz parte do que vamos fazendo como compositores. Portanto, tudo isso nos influência e tem de transparecer nas letras.

JB: Uma coisa importante é que temos de ter capacidade de rir das nossas tristezas, dos nossos azares e dos problemas e é o que acontece com muita facilidade. As nossas inquietudes são afinal as das outras pessoas e do mundo. Se calhar falamos de nós, mas de uma forma geral e temos incutido coisas que sentimos, há alguma afinidade sem dúvida que existe. Nós, nem ninguém, podemos perder o espirito da capacidade de ironizar, de ser mais aguçado e dignos para dar a volta as desgraças.


Como jovens músicos começaram a vossa carreira graças as novas redes sociais que os catapultaram junto do público.
JB: Curiosamente não. O nosso percurso começa há 15 anos a trabalhar com um produtor e a tentar lançar um disco, quando mais ninguém ligava. Conhecemos o Helder Gonçalves e a Manuela Azevedo num festival em Gaia e eles ficaram muito interessados no nosso trabalho. A partir daí começámos a criar uma relação com o Helder, a mandar canções de Beja para o Norte, a fazer viagens até a Povoa e desenvolvemos uma relação estreita em termos musicais, de confiar, de direcionar, de aconselhar sobre as canções. Numa fase em que estávamos cansados e colocamos á questão de desistir de tudo, ele insistiu para ter calma e disse: vamos lá trabalhar o vosso primeiro álbum e sem grande pretensão fizemos a pré-produção. Depois conseguimos direcionar-nos para duas editoras, escolhemos a "universal music" e pronto e foi a partir daqui. Só depois de lançar o álbum é que começámos a aparecer, foi um trabalho seguido de muita produção e contacto com as pessoas em concertos.

 

sábado, 23 novembro 2013 17:11

A liberdade de pátio

É uma colectânea de contos de Mário de Carvalho.

Mário de Carvalho é um escritor multifacetado, que abarcar várias categorias literárias sem precisar de se inserir em nenhuma, a sua escrita versátil permite-lhe deambular, ser uma espécie de entidade livre em termos de estilo que consegue abranger vários tipos de públicos, de leitores. Vou falar sobre a "liberdade no pátio", que no mínimo é um livro que pode ser descrito como inusitado, não pelo desfecho final das histórias propriamente ditas, mas pela próprio conteúdo que em muitos casos é tão inverosímil que provoca ao leitor um certo desconforto, uma certa perplexidade, diria eu. O conto por vezes, não tem verdadeiramente um princípio, mas pode ter um fim, ou nenhum, digamos que a história existe, mas, não há uma ordem pré-estabelecida. O limite é a imaginação ilimitada, se me permitem. A sua escrita é limpa e de fácil leitura, mas deixa uma espécie de secura no final. Sei que parece estranho, mas é assim mesmo, alguns dos contos são tão intensos e acabam tão depressa que ficámos de certa forma decepcionados e queremos mais e mais e mais... Não me levem a mal, gostei muito desta pequena colectânea, mas devem lê-la e tirar as vossas próprias elações. Boa leitura.

 

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