Um olhar sobre o mundo Português

 

                                                                           

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Yvette Vieira

Yvette Vieira

sábado, 31 agosto 2013 18:35

Uma corrente que salva


A SPEA (sociedade portuguesa para o estudo das aves) realizou em 2010 um estudo sobre o impacto das linhas eléctricas sobre três espécies de aves marinhas da ilha da madeira, e concluiu que tem um efeito negativo ao nível das suas populações. Um projecto em parceria com a empresa de electricidade da Madeira que já deu os seus frutos e cuja segunda fase prevê agora o enterramento total dos cabos na zona do Caniçal.

Foi feito um estudo para as galinholas.
Cátia Gouveia: O estudo já foi realizado e estava inserido no projecto do impacto das linhas eléctricas em algumas espécies de aves da Madeira. Fizemos uma parte do trabalho no Paul da Serra em que se incluiu os censos das galinholas. A outra parte foi efectuada junto das linhas eléctricas do Caniçal e aí o objecto de estudo foi dirigido para o roque de castro e a alma negra que são espécies marinhas. O projecto já terminou e foi financiado em parceria com a empresa de electricidade da madeira.


Fale-me um pouco das conclusões, há um grande impacto das linhas eléctricas nas aves ou não?
CG: Sim, existem dois tipos de ocorrências que podem surgir das linhas eléctricas, as aves podem morrer por colisão e o problema reside nas espécies de pequeno porte, principalmente em sítios com má visibilidade como é o caso do Paul da Serra, que é uma zona de ventos fortes com bastante frequência e muito nevoeiro, daí a dificuldade por parte das aves em visualizar as linhas eléctricas e acabam por colidir com elas. Na Ponta de São Lourenço, no Caniçal, a questão prende-se com as aves marinhas, são animais que passam o dia no mar e só regressam à noite para a terra e como está escuro tem dificuldades também em visualizar os cabos e acabam por colidir, até porque também se trata de uma zona bastante ventosa. Infelizmente verificamos que estas duas áreas tinham um impacto bastante negativo nestas espécies. No final do projecto sugerimos algumas medidas que pudessem ser implementadas no sentido de diminuir a mortalidade destes animais.


Quais foram as medidas sugeridas?
CG: O ideal sempre é colocar linhas subterrâneas. E nesse sentido, parte da rede eléctrica do Caniçal foi soterrada, dessa forma deixa de ter qualquer tipo de influência. Uma outra medida que pode ser implementada é a colocação de dispositivos nas linhas eléctricas que acabam por emitir luz, ou som, que as ajuda a tornar cada vez mais visíveis e fazem com que as aves não colidam tão facilmente com elas. No entanto, o problema da electrocução para as mantas é uma questão relativamente importante e nesses dispositivos é necessário colocar protectores entre os postes e as linhas eléctricas, porque a electrocução ocorre quando a ave toca em dois fios diferentes, ou entre o poste e o fio e nesse caso é necessário colocar o isolador para que o animal não adquira a carga eléctrica nesses dois pontos de apoio.


Esse impacto negativo põe em causa a sobrevivência dessas mesmas espécies ou não?
CG: Os dados que temos não significam que a espécie se possam extinguir por causa disso, isso não esta em causa, no entanto, a mortalidade que esta associada a este tipo de infraestruturas poderá ter influência nas suas populações. Fizemos este estudo com três espécies que não possuem um estatuto de conservação muito favorável que é a galinhola, o roque de castro e a alma negra e é importante implementar estas medidas, já que, são populações relativamente frágeis e para as quais não temos muitos dados acerca da sua distribuição, então torna-se importante ter este cuidado e tentar minimizar qualquer tipo de ameaça que possa por em risco estes animais.

 

sábado, 17 agosto 2013 15:57

A voz dos mortos

José Eduardo Pinto da Costa é uma das maiores referências nacionais na área de Medicina Legal. O seu nome consta dos anais das personalidades mais importantes do nosso país, tendo já realizado ao longo da sua vasta e meritória carreira 30 mil autópsias.

Os portugueses são mais mórbidos que o resto da europa? Ou são-no em igual proporção ao resto do mundo?
José Pinto da Costa: No aspecto depressivo está a aumentar o número, mas é uma situação provisória. Afecta mais as pessoas que nem sempre tem capacidade para resolver emocionalmente as suas dificuldade, a ansiedade está muito na base da depressão. De forma que os tais 25% que estão estimados para à população portuguesa, julgo que é derivado a factores externos e não propriamente aos traços intrínsecos de personalidade dos portugueses. Antes pelo contrário, os latinos, nos quais nos inserimos, do sul, são mais optimistas do que o resto do continente europeu.


Abordo esta questão porque os portugueses estão sempre a lamentar-se.
JPC: Mesmo assim, esse tipo de comportamento é uma espécie de reacção, mas são optimistas e resolvem com bastante ligeireza os seus problemas até sem muita consciência. Basta ver a quantidade de romarias e de festas que existe e a grande adesão que é a prova evidente do que estou a dizer. Em Agosto, por exemplo, o povo anda alegre, adere e canta sem ter a consciência exacta daquilo que se passa. Ainda há pouco tempo estiveram 75 mil pessoas nas marés vivas, em vila Nova de Gaia. As pessoas conseguem dar a volta e sublimar.


Numa das entrevistas que concedeu sublinhou que o número de suicídios tem vindo a aumentar ao nível nacional.
JPC: Sim, tem vindo a aumentar e o problema vem na sequência do que vinha a sublinhar. Tem aumentado, assim como tem aumentado o homicídio. Aliás, o fenómeno do ponto de vista psicopatológico não é muito distante, porque quando a agressividade se volta para o próprio, vamos para o suicídio, quando é virado para os outros, ocorrem os homicídios.


Quando fala de homicídio refere-se aos crimes passionais?
JPC: Não só. Os crimes não são passionais, porque o problema é não controlarem as emoções. Um individuo que pega numa sachola e abre a cabeça de um vizinho, porque ele utilizou a água que lhe calhava nesse dia, isso não tem nada de passional. É um descontrole de saber qual é o limite da importância da vida em relação a um bocadinho de água.

sábado, 17 agosto 2013 15:53

A artista das mãos

 

Irene Quintal sempre teve uma grande apetência pelas artes plásticas, que cultivou ao longo dos anos através de vários cursos de formação. A sua licenciatura em artes, aliás, uma aula de história da arte, deu-lhe a ideia de criar colecções de acessórios em cortiça que tem comercializado com grande sucesso em feiras todos os fins-de-semana, cidade do Funchal.

Fala-me um pouco do teu projecto, como surgiu a ideia de criar acessórios de moda com cortiça.
Irene Quintal: Bem foi assim, quando estava a fazer o meu curso na universidade, a minha professora de história da arte em Portugal abordou o trabalho de diversos artistas portugueses que já estavam a usar a cortiça, que é um produto português. Eu achei tudo muito interessante, mas como na altura tinha muitos trabalhos não pude ir investigar. Assim que terminei o curso a primeira coisa que fiz foi ir para internet à procura de informação sobre este material, andei em busca de fornecedores que encontrei, fiz uma pequena encomenda e depois trouxe as primeiras peças feitas por mim para a feira. Foram 4 malas grandes e outra mais pequena para aproveitar os pedaços de cortiça mais pequenos que me sobraram. Num instante vendi tudo e apercebi-me que tinha de continuar com este conceito, por essa altura também trabalhava com tecidos, fazia malas para senhora e crianças, mas acabei por escolher a cortiça e depois já foram surgindo outros acessórios, como as pochetes, os porta-moedas, os colares, as pulseiras e os brincos que foram a ultima coisa que comecei a fazer.


Sempre tivestes esta apetência pela arte das mãos?
IQ: Sim, eu sempre gostei de trabalhos manuais, já há muito tempo. Fiz até um curso de pintura particular e dois dos meus colegas de trabalho, disseram-me que devia voltar a estudar e fazer uma licenciatura em artes. Eu respondi que não queria estudar matérias que não me interessavam, mas a insistência foi tanta, que pronto resolvi candidatar-me ao abrigo do programa de maiores de 23 anos, fiquei em primeiro lugar e segui sempre em frente e terminei-o.


O artesanato aparece como consequência desse amor pelas artes?
IQ: Sim, já quando estava no curso de pintura fazia artesanato só que com tecido. Primeiro comecei a trazer pinturas para as feiras, mas eram grandes e valiosas e as pessoas não estavam muito receptivas em gastar tanto dinheiro. Então, virei-me para os tecidos e fiz os acessórios com esse material, só depois é que veio a cortiça.


Quais são os desafios que têm por exemplo, o trabalhar com a cortiça?
IQ: A cortiça é um pouco rija de trabalhar. Eu por acaso tenho um calo na mão que é da tesoura ao cortar a cortiça e mesmo para fura-la para fazer, por exemplo os brincos não é muito fácil. Uso por norma os furadores dos cintos, também utilizo muito cabedal com a cortiça para criar um efeito decorativo diferente, este material natural tem uma cor muito uniforme e o couro funciona em termos de contraste, faço isso com os porta-moedas junto os zipper coloridos e as flores em cabedal.

sábado, 17 agosto 2013 15:50

Os demónios de álvaro cobra

É um romance de Carlos Campaniço que foi vencedor do prémio literário cidade de Almada de 2012.

Este livro possui uma rica e sedutora linguagem que nos transporta para Medinas, no interior profundo do Alentejo, uma aldeia sem tempo onde os dias passam ao sabor das indas e vindas do sol, da lua e das estações do ano. A personagem principal, Álvaro Cobra é um homem descomunal em todos os sentidos, uma característica quase sobrenatural que o torna alvo preferencial de todo o tipo de fenómenos estranhos, infortúnios e desditas que alimentam as lendas locais e influenciam de várias formas a vida dos aldeões. Mas, não se pense que o insólito lavrador é espécimen único, existe uma galeria de personagens que acompanham o percurso deste gigante inusitado, como é o caso de Lourença, a bisavó com quase 150 anos de idade que teima em não morrer, a Branca Mariana, a irmã, que arde de uma febre permanente, como se de um fogo eterno se tratasse, que tem de ser constantemente aplacado com água e a mãe Maria Braz que consegue fazer o uso das duas mãos de forma diferente em simultâneo, mas há mais, isto é só um cheirinho para aguçar a sua curiosidade. Todo este universo bizarro repleto de seres quase mágicos e demoníacos ao mesmo tempo, descritos tão bem por Carlos Campaniço remetem-me de certa forma para a escrita dos escritores sul-americanos. É um tipo de literatura não muito frequente em Portugal, que merece o meu destaque precisamente pelo estilo narrativo pouco comum, carregado de belíssimas metáforas e expressões idiomáticas de elevada beleza estilística, com isto não quero dizer que seja uma leitura difícil, muito pelo contrário, é bastante mais acessível do que possam pensar, é acima de tudo uma narrativa que tem muito de musical, lembra uma ópera de Verdi, intensa, com grandes rasgos de sedução, paixão e drama que culminam num clímax intenso, mas nada inesperado. Sabemos que vai acabar mal, mas não como. Por isso, urge que leiam este romance negro, muito ao gosto português, pelo menos não podem dizer que não vós avisei. Boa leitura.

 

sábado, 17 agosto 2013 15:47

Os reis da festa e da alegria

Formados no final de 2006 os Melech Mechaya, com João Graça no violino, Miguel Veríssimo no clarinete, André Santos na guitarra, João Novais no contrabaixo e Francisco Caiado na percussão, são hoje apontados como a primeira e mais proeminente banda de música Klezmer em Portugal. Uma sonoridade que se mistura com outras influências musicais e cujo resultado são composições que nos fazem sorrir e dançar sem parar.

Como é que decidiram criar este projecto musical? Como é que tudo começou?
Miguel Veríssimo: Nós conhecíamos os cinco, erámos amigos comuns uns dos outros, uns do conservatório de música de lisboa, outros da praia e sítios assim. Houve um dia que um dos professores trouxe um livro de partituras de música tradicional judaica, música Klezmer, que mostrou ao João e ao André e depois eles experimentaram. Posteriormente convidaram-me a mim e mais dois, e mais três, e quando demos por nós estávamos os cinco a experimentar e a fazer as nossas próprias músicas. Ao fim de sete anos estamos aqui.

O que vos atraiu neste tipo de música, o facto de ter muitos instrumentos pouco vulgares quando comparado com a música portuguesa?
João Graça: Acho que não teve tanto a ver com os instrumentos, se bem que foram eles que nos uniram que ajudou a criar este tipo de formação, mas acho que tinha a ver mais com a energia da própria música Klezmer. É uma sonoridade muito forte e festiva, embora não a conhecíamos muito bem, já a tínhamos ouvido de alguma forma, contactámos com ela, ou em concertos ao vivo, ou em discos de música Klezmer. Depois achámos que era una sonoridade importante explorar em Portugal.


A vossa sonoridade nasce de uma mistura de diversas variantes musicais, como o fado e outras. Isso nota-se no primeiro EP "Budja Ba". Esta fusão acontece naturalmente ou foi sendo construída?
MV: Foi surgindo de maneira natural à medida que fomos explorando as músicas. Naturalmente incorporando outras sonoridades, outros ritmos que simplesmente nos pareceram apropriados e facilmente chegámos até eles. O nosso EP que é muito pequeno, só tem cinco músicas, foi a nossa primeira obra discográfica. Ainda é um trabalho bastante verdinho e não reflecte o aspecto que temos hoje. À medida que vamos fazendo músicas novas, nós respeitosamente não respeitámos as regras da música tradicional, vamos fazemos o que nos soa bem e que achámos que é interessante. A música portuguesa provém da inevitabilidade de sermos portugueses e é natural chegarmos a essas sonoridades.


Os vossos trabalhos discográficos também se pautam por terem músicas em parcerias, escolhem músicos de diversas sonoridades. Como é que chegam a conclusão que determinado tema necessita de uma determinada voz, como foi no caso da Mísia e outros.
JG: Acho que isso começou logo com o "Budja Ba", o primeiro disco e convidámos as tucanas. Este é um processo muito democrático, temos uma música e achámos em conjunto que funcionaria bem a voz, neste caso, porque aquilo que é isso que nos falta de uma forma genérica e depois pensámos em pessoas com quem temos alguma identificação musical, ou percurso de projectos artístico e de vida. Até agora acho que tem corrido muito bem, no " aqui em baixo tudo esta bem" convidámos o Frank London, o líder carismático dos Klezmatics, foi uma colaboração pontual no disco, mas temos trocado alguns emails. Com a Mísia essa parceria extravasou o trabalho discográfico e participámos recentemente em concertos ao vivo e em outros projectos.

sábado, 17 agosto 2013 15:44

Ajuda-me

É uma curta-metragem de Arcadiy Kulchinskiy, Janine Silva, Mariana Beja e Ricardo Batalha.

É um pequeno filme de vingança baseado numa história de terror de Paulo Garcia, intitulada " a caixa de jóias, curiosamente gostei muito do enredo, achei que estava bem pensado, contudo já tinha visto uma sequência semelhante no filme "sexto sentido" de M. Night Shiamalan, quando o espirito de uma menina muito doente pede ajuda à Cole, o jovem que vê pessoas mortas. Quasi semelhanças à parte, a sequência narrativa dos acontecimentos é muito interessante, sublinho em particular, as cenas associadas ao sonho, que imprimem esse caracter quase fantamasgórico ao filme, mas ao meu ver, houve falhas na forma como o espaço residencial esteve excessivamente iluminado em algumas cenas. Outro aspecto que pretendo focar são os actores, achei que o protagonista, o actor Romeo Sousa, não captou à essência de Felipe, não esteve nada convincente, então na cena do bar...sem mais comentários. Curiosamente, as actrizes, Mariana Bastos e Catarina Guimarães não deixaram os seus créditos por mãos alheias, encarnaram muito bem os seus personagens e são elas que imprimem a carga drámatica do texto. Mais uma vez deixo tudo ao vosso critério, no link em baixo. Bom cinema

http://www.portugalfantastico.com/album/galeria-de-fotos-galeria-de-fotos1/#ajuda-me-jpg

 

sábado, 17 agosto 2013 15:33

A importância da linha

 

O desenho mais do que arte é uma forma de vida. De regressar as coisas mais simples, mais complexas. A escultura, a instalação, a pintura tem na sua base o desenho, a linha, que é forma simples de fazer arte. Para ver e conferir basta visitar a exposição que resultou de um workshop, de Django Hernández com curadoria de Nuno Faria, patente na Porta 33 até final de Setembro, no Funchal.

Porquê é necessário contextualizar a linha?
Nuno Faria: A linha tem esta característica de ser o elemento constitutivo do desenho e que permite o conhecimento de alguma coisa. Ao mesmo tempo também tem um poder de concretização, de realização muito forte desta passagem, ou da bi-dimensão, ou tri-dimensão do objecto.

Então qual foi o objectivo do workshop? É um regressar à base? A simplicidade da linha procurando as suas diversas dimensões infinitas como referem?
NF: Sim, é um workshop de desenho e o que pretendíamos era propô-lo como algo que esta fora do âmbito artístico, ou para além dele.

De que forma? Quando se referem as restantes áreas, como a arqueologia?
NF: O desenho é transversal a todas as áreas, ou em muitas áreas. É uma espécie de primeira linguagem. Sabemos isso porque a usámos em crianças, e não é só uma forma de representação, é uma forma de constituição individual, de percebermos como nos orientámos, como é a escala das coisas, é um contacto com o mundo e é também uma forma de transmissão. O workshop tentou transmitir essa ideia de desenho, enquanto forma de transmissão, de legado se quisermos, uma espécie de herança que permite percebermos coisas e as transmitirmos aos outros. Desse ponto de vista a mostra que o Django Hernández montou no piso térreo não é bem uma exposição, é uma instalação de um conjunto de fragmentos de propostas que podem ser retomadas por outros artistas, por outras pessoas e foi isso que aconteceu.

O ponto de partida foi o trabalho do Hernando?
NF: Sim, foi o trabalho dele.

Então porque a escolha deste artista em particular? O que o diferenciou de outros que poderiam também coordenar este workshop?
NF: Haveria outros artistas à partida. A escolha partiu de uma programação idealizada pela Porta 33 para fazer um workshop e de mim. O Django e eu temos trabalhado em conjunto e temos vindo a encontrar no desenho uma plataforma comum, ideal, que pretendemos explanar, nessa vertente o workshop é uma forma de transmissão.

Como decorreu o processo com os participantes do workshop?
NF: Aqui a exposição estava num plano não visível. Montámos uma das partes depois de realizada esta acção formativa, mas as ideias que deram corpo a esta mostra foram trabalhadas no workshop.

Sempre abordando o bi e tri dimensional?
NF: Sempre no desenho enquanto forma. O workshop dividiu-se em 3 etapas muito simples: Primeiro o desenho enquanto diário, prática diária, intima, secreta, uma linguagem pessoal e codificada. Depois, trabalhámos com pequenos formatos. O desenho enquanto decalque e forma de transferência, trabalhámos o lápis por intermédio do papel químico, ou vegetal, enquanto forma de transmissão. E terceiro, o desenho enquanto projecção da linha no espaço e depois temos os resultados que temos na sala de cima. Na primeira, há um conjunto de decalques que foram feitos por cada um dos participantes, depois temos os diários íntimos que estão selados, porque são narrativas pessoais e ainda temos uma sala com desenhos projectados no espaço que estão ligados entre si por uma linha física que os une como forma de transmissão de ideias e de eu diria, de corporização de ideias, que é o que a linha faz.

 

sábado, 17 agosto 2013 15:28

Sea life e universidade investigam o mar

O sea life do Porto e o Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental da Universidade do Porto (CIIMAR) assinaram um protocolo que junta dois dos principais promotores e investigadores de vida marítima, durante um período de 3 anos.

A parceria destas duas instituições tem o objectivo de promover a educação e literacia científica do oceano, em particular da zona costeira da região Norte. A divulgação científica na área das Ciências Marinhas, bem como a formação e troca de experiências entre técnicos e cientistas nas áreas do cultivo, patologia e manutenção de organismos aquáticos constituem dois dos principais pilares da parceria. O protocolo pretende, com a partilha mútua de recursos, contribuir para o reconhecimento, valorização e conservação do património marinho do litoral de Portugal, assim como fomentar a investigação científica e tecnológica na área dos oceanos, através da promoção de palestras, seminários e workshops.


Uma junção de sinergias que se insere nos objetivos de conservação e educação ambiental do sea life Porto, espaço que pertence à maior rede de oceanários do mundo. Além de proporcionar a milhões de pessoas, diariamente, uma experiência de descoberta das curiosidades do mundo marinho, promove a conservação ambiental pela via da consciencialização social e da educação. Um dos exemplos é a criação dos Santuários, sub-marca do sea life que tem como missão salvar, cuidar e devolver à natureza focas e tartarugas, entre outros animais marinhos que dão à costa doentes ou feridos.

http://www.visitsealife.com/porto/planeie-a-sua-visita/

sábado, 03 agosto 2013 16:50

A instintiva


Acompanhe-me mais uma vez, por este períplo em forma de imagens da fotógrafa de cena Célia do Carmo.

Desde criança tive sempre a necessidade de expressar-me. As artes chamaram-me sempre muito mais à atenção, desde os cinco anos de idade, o que eu gostava mesmo era de cinema. Nunca disse nada a ninguém porque era algo quase inatingível para uma rapariga que vivia numa ilha. A sétima arte sempre me emocionou, porque sempre necessitei de expressar os meus afectos, de mostrar esse lado mais emotivo da vida.
Aos 18 anos comecei a dizer a minha família que gostaria de ser realizadora de filmes. Olhei para mim como uma maestrina, que tinha de aprender a tocar todos os instrumentos para poder conduzir uma orquestra. Entendi que tinha de apreender todas as áreas intrínsecas ao cinema para estimular o sonho, depois que entrei em contacto com o Orson Wells que vinha do teatro.


Fui para o Porto onde ingressei na academia contemporânea de espectáculos, no curso de design de luz. Era algo que me interessava enormemente, sempre me fascinaram os ambientes criados em filme e a iluminação nesse aspecto é fundamental. Trabalhei em vários espectáculos na cidade invicta, porque havia professores que pediam à nossa ajuda para as peças das suas respectivas companhias. Os meus fim-de-semanas consistiam em sonorizar ou iluminar palcos. Terminada esta etapa de aprendizagem, a fotografia aparece logo depois. Decidi que tinha tirar um curso pelo meu amor crescente á imagem, no Instituto Português de Fotografia. Foi nesse período que encontrei a minha verdadeira vocação, que percebi que conseguia expressar-me através da imagem, em particular, no laboratório, onde tudo ganhava vida.
A minha primeira exposição sobre fotografia de cena acontece em 2002, foram as imagens da peça de teatro "Metamorfose" de Kafka, no Teatro Rivoli. Eram fotografias com movimento, possuíam um lado muito documental, mas claro, sempre com um olhar mais pessoal, muito meu. Posteriormente, os meus colegas que conheciam o meu trabalho começaram a chamar-me para fotografar as montagens dos palcos, os bastidores e as estreias dos seus espectáculos. Foi assim que tudo aconteceu...

 

Quando voltei para à Madeira, ingressei no Conservatório e fiz o curso de interpretação. Achei que era importante para perceber o que é era isso de ser actor. Sempre foi tímida, mas senti essa necessidade e notei que ganhei uma maior sensibilidade em relação ao meu corpo e às diversas formas de expressão. Em 2006, idealizei um trabalho de fotografia encenada, num espectáculo que encenei, onde interliguei tudo o que tinha aprendido, quer como actriz, quer em termos de luz, som e fotografia. Era uma peça de teatro da Sarah Kane, "4:48 psicose". Numa das partes deste espectáculo vanguardista apresentava uma série de slides, de autorretratos, chamados de "solidão". Acho que o teatro é local ideal para exprimir a mensagem, a emoção. É isso que me atrai. Depois há a luz, o actor e o movimento. O primeiro que faço é sentir. Há cenas que me emocionam até o âmago e esse é o primeiro impacto, depois existe todo um conjunto que funciona. Há uma sintonia. Noto que tudo esta ali.

 

sábado, 03 agosto 2013 16:49

Olé

Mais um programa de verão do canal SIC.

É mais uma das apostas da programação do canal privado e devo dizer que fiquei estupefacta com tamanha atrocidade. Não sei sinceramente quem são as cabeças pensantes que tiveram esta infeliz ideia, mas devo dizer que tudo o que se assistiu no primeiro episódio foi no mínimo lamentável. Reparo que estou sempre a contradizer-me cada vez que tento afirmar que já foi tudo inventado em termos televisivos, mais uma vez, enganei-me redondamente. Mea culpa de novo. Olé é um concurso no mínimo bizarro, sinceramente, forcados vips? A sério? E embora, não vá tão longe em afirmar que se trata de um circo de horrores, mas parece sinceramente, tendo em conta alguns dos participantes e não falo dos animais como é evidente. Devo dizer com toda a frontalidade que este verão no nosso país, promete. A loucura não só esta instalada nas mais altas instâncias governativas, como também, para nossa grande tristeza e desconsolo, contagiou os canais privados com os formatos televisivos mais estranhos, descabidos e de muito mau gosto. Olé é um desses exemplos, mas infelizmente não é único. Só peço uma coisa, não o vejam! Pensem no vosso dinheiro e prefiram investir o que gastam em chamadas de valor acrescentado no bilhete do autocarro até a praia que é mais saudável, não só para a sua carteira, como para a sua sanidade mental. Olé!

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