A 11 de Dezembro de 2011, as 11 horas e 1 minuto Andresa Salgado encetou a mudança com o projecto “believe in Portugal” que pretende mudar a forma como encaramos o nosso mundo. Uma onda azul para o planeta azul, que visa através da troca de serviços colmatar dificuldades, estabelecer conexões entre as pessoas e faze-los acreditar que sonhar é mudar a vida para melhor. Um périplo que vai terminar no dia 21 de dezembro de 2012, as 11 horas da noite e 1 minuto. Por isso, ponha-se já a believar e seja mais um nesta onda que vai com certeza inundar o seu universo. Be life, Believe, Be happy!
Como é que te surgiu a ideia de criar o “Believe in Portugal”?
Andresa Salgueiro: Nem sei como é que foi. Foi uma data de sentimentos e a sensação que tinha de mudar de vida. Queria ser uma pessoa mais saudável, mais poupada, mais ecológica e um melhor ser humano. Aliado a isto, eu era voluntária na “terra dos sonhos”, é uma organização que concede sonhos para crianças com doenças terminais e no “banco de tempo”, só que este último fechou e então criei um grupo de trocas para os meus amigos poderem permutar serviços, chama-se “troco 1 hora”. Pouco depois lembrei-me do lema da “terra dos sonhos” que é do Walt Disney, que diz: “se és capaz de sonhar, és capaz de o fazer” e então se sou capaz de sonhar e o meu sonho é mudar o mundo, então vou faze-lo. Aconteceu tudo ao mesmo tempo, o facto de não estar realizada no trabalho, embora tivesse um bom ordenado e um excelente grupo de trabalho era só mais do mesmo e eu queria novidade. Então como vi que o grupo de trocas estava a evoluir, decidi mudar de vida. Despedi-me do trabalho e defini: vou viver do grupo das trocas.
Um dado curioso é que pretende viver com 1,111euros, durante um 1 ano, 11 dias, 11 horas e 1 minuto. Porque esta numerologia?
AS: É outra coisa que não sei bem explicar, mas nessa altura em que decidi mudar de vida aconteceram uma data de coisas engraçadas, nomeadamente, ainda tinha 11 dias de férias para tirar quando decidi demitir-me. Notei que havia uma série de cartazes espalhados com a data 11.11.11 e achei isso fantástico. Os 1,111 euros era o valor do meu ordenado. Então o grande desafio foi viver um ano com este ordenado, depois os restantes números surgiram por brincadeira e foram ficando. Todos os critérios avaliativos que me propus até o final do ano são tudo com o número onze.
Quais são esses objectivos?
AS: É abarcar onze distritos, este é o séptimo que visito, ir as onze feiras por ano, estou agora na sexta e é haver um país “belivador”, como gosto de chamar. Portugal é cada vez mais belivador, mas já temos o interesse da Espanha, da Inglaterra que já tem um grupo de trocas e da Polónia, deste país há um senhor que gostaria de vir até Portugal e ir até as feiras de troca. Eu foi convidada para falar num festival na Holanda. A ideia é que durante este evento eu possa ajudar pessoas a organizar um “believe” também.
Explica-me na práctica como é que vives de trocas? Como chegastes a ilha da Madeira?
AS: A minha vinda á Madeira tem a ver com o “movimento de transição” quis organizar uma feira de trocas e foi um convite deles. Quando as pessoas querem que eu compareça asseguram a deslocação. A vinda foi assegurada por eles, senão teria de ter feito uma troca com a companhia aérea, ao nível da alimentação tem sido engraçado, eles arranjaram um restaurante vegetariano chamado “terra mãe” e então vou lá almoçar lá todos os dias, em troca vou ajudar a proprietária no jardim. Depois ontem, não tinha jantar, então lembraram-se que havia uma organização que distribuía comida aos sem-abrigo e eu já conhecia um dos fundadores do grupo, em Lisboa, então andei a distribuir refeições e no final jantei uma cuvete que sobrou. Hoje vou falar num centro social e eles vão oferecer-me almoço em troca, porque vou trabalhar todo o dia com as pessoas idosas e à noite o jantar ainda não está garantido, mas vou dar uma palestra e gostaria de experimentar por troca as iguarias regionais. A minha ideia era ajudar num arraial, a limpar as mesas, lavar a loiça e assim garantir mais uma refeição. Esta ainda tudo em aberto, geralmente faço tudo isto assim. Na minha casa, eu troco serviços por comida e faço-o em casa e quando saio levo as minhas refeições.
Os Gaitúlia ao princípio eram apenas dois gaiteiros. O Bruno e o Vitor. Os restantes atraídos pelo som das gaita-de-foles foram chegando compassadamente e actualmente o grupo conta com 3 gaiteiros, três percussionistas e parcerias ilimitadas que compõem uma envolvência medieval que animam as ruas da cidade e as nossas vidas.
De que forma surgem os Gaitúlia?
Carolina Silva: Para falar dos Gaitúlia tenho que falar do Bruno Monterroso, é um dos gaiteiros. Ele é do Norte do país e já tocava a gaita-de-fole. É professor, veio trabalhar para a Madeira e trouxe este instrumento para a ilha. É uma pessoa muito especial que ia para o Caniçal, para a praia, sozinho, tocava no meio do nada, para manter a prática da gaita-de-foles. Depois surge o Vitor Hugo que embora seja arquitecto de profissão é amante de música e começou a aprender a tocar este instrumento. Eu entrei logo a seguir para a produção.
Então como conhecestes o Bruno, ouviste-o tocar na praia?
Vitor Hugo: Não, foi através de uma amiga comum. Surgiu numa conversa de café. Ela contou-me que tinha um amigo que tocava gaita-de-foles, eu fiquei logo interessado e pedi para ser apresentado. Embora, eu sempre tivesse tido esse gosto de aprender a tocar este instrumento, no passado encarava-o como uma utopia e quando conheci alguém que de facto tocava, comecei logo a minha iniciação. Depois descobri o historial deste instrumento. A ideia generalizada de que a gaita-de-foles surgiu na Escócia. Errado, não se sabe qual a origem deste instrumento. O que há em comum é que aparece em pontos onde se exercia a pastorícia. É o único elo. Mas, onde começou? Há várias hipóteses que atribuem a sua origem à antiguidade clássica, ou a Mesopotâmia.
Como aparecem os restantes membros?
CS: Entram as peças.
Mas, a ideia era tocar em eventos?
VH: Tudo começou sem ambição nenhuma. Ou seja, vamos aprender a tocar um instrumento e aos poucos foram-se aglutinando diversos elementos, houve os que ficaram, outros saíram porque não se identificavam e actualmente o grupo sedimentou, é mais consistente, isto na parte musical. Depois começaram a surgir as parcerias, o teatro de rua, a animação.
É um dos maiores embaixadores da música cabo-verdiana. É também um dos ícones da moderna sonoridade luso-africana ao nível mundial. Com carreira com mais de 25 anos Tito Paris não para e pretende lançar mais um trabalho de fusão que mistura o som de vários países lusófonos.
Agora que Cesária Évora desapareceu, como tantos outros embaixadores da música cabo-verdiana sente o peso de ser um dos últimos de uma época?
Tito Paris: Um bocadinho, porque da mesma fonte que a Cesária bebeu que foi o mestre Digol, eu também bebi e tenho estimado esse ensinamento. Embora ela fosse mais velha, eu sinto essa responsabilidade de cantar a música de Cabo Verde.
Quando a Cesária Évora se lançou como cantora, afirmou que ficou a mágoa de não ter feito sucesso primeiro em Portugal. O Tito também sentiu isso quando iniciou a sua carreira artística?
TP: Sabe costuma-se dizer que os santos da casa não fazem milagres. Cesária esteve em Portugal, o primeiro disco dela foi feito por mim, eu é que fiz os arranjos e isso tudo ajudou a lançar uma carreira. Talvez os portugueses, nessa altura, não percebiam a linguagem da música de Cabo-Verde, da Cesária e mais tarde vieram a entender. Eu já toquei em vários sítios onde as pessoas não conheciam a minha música e mais tarde vem a apreciar, isso é normal.
É uma questão de gerações?
TP: De gerações e não só. O Portugal de há vinte anos atrás não é o mesmo que de hoje, mudou muito. Ao evoluirmos a sociedade também evolui e vai buscar coisas da cultura dos outros. O que já é bom, muito bom.
Neste seu último trabalho, usou uma orquestra clássica, o que pretendia expressar?
TP: Eu tentei expressar uma fusão entre uma linha clássica com a de Cabo Verde. A música cabo-verdiana é clássica por si. Para este trabalho usei os violinos misturados com a nossa sonoridade.
O trabalho desenvolvido pela companhia de Vera Mantero é um caso à parte na dança contemporânea. Abarca uma série de elementos multidisciplinares que não se esgotam apenas no movimento dos corpos, são invadidas pela literatura, pelo teatro e pela música. Pretendem sobretudo, transmitir uma experiência, uma vivência para além do racional, visam tocar o emocional. “Vamos sentir falta de tudo aquilo que não precisámos” é disso um exemplo, uma obra muito actual, no sentido em que explora as diversas dimensões do ser humano, do ponto de vista do consumo e do supérfluo.
“Vamos sentir falta de tudo aquilo que não precisamos” foi posta em cena em 2009 e voltou em 2012 porquê?
Vera Mantero: Nós fizemos este trabalho em 2009 e depois de novo em 2010, porque já estava combinado em princípio mostrar a peça nestas datas, depois não tivemos mais propostas até que surgiu um novo convite na Madeira, na casa das mudas, e depois vamos para Braga e Évora. É a natureza do nosso trabalho, de quem nos quer programar e não há uma razão em especial.
Um dos motivos que a levou a encenar esta peça é o seu caracter inerentemente óbvio, que resulta de uma crítica que fazem ao seu trabalho, o facto de não ser compreendido. Defende, por outro lado, que nem tudo o que acontece em palco tem de ser entendido no seu todo pelo público, porquê?
VM: Não é necessário ser compreendido tudo pela racionalidade. Nós, como seres vivos entendemos com o sentir. Há o entender pelo racional e pelo emocional. Existe aquilo que as pessoas me dizem e o que me querem fazer perceber em relação aos outros pelo sentir, não por palavras. O que quero dizer é que podemos não perceber tudo pelo racional apenas, mas também pelo sentir. Não precisámos de entender uma peça do ponto a até o b de uma forma racional e podemos também entende-la de outras formas não racionais.
Mesmo quando a rejeitámos, porque isso passa pelo não gostar.
VM: Eu estou a falar desta questão que se verifica hoje em dia quando as pessoas vão ver um trabalho artístico e estarem numa quase angustia de: “eu tenho de perceber o que eles querem dizer”. Isto é que uma pena. Eu acho que uma pessoa usufrui mais se o for ver numa perspectiva: “eu posso entender isto, através dos meus recursos, do meu corpo e do meu espirito”. Um trabalho artístico não é feito para ser percebido verbalmente e saber explicar no fim. Não. Eu desenvolvo um trabalho artístico para uma pessoa ter uma vivência, uma experiencia e que nem sempre é de todo verbalizada, ou explicada, porque, por vezes, é mais forte, mais intensa, para ser precisamente toda verbalizável e explicável. Com toda esta ditadura de “eu tenho de perceber tudo o que ele me quer dizer” e sair do espectáculo sabendo explicar, as pessoas estão a reduzir a sua experiência estética, de vida, é isso que queria dizer.
Como é visto o seu trabalho no meio? Há os dançarinos das companhias de bailado e de dança contemporânea e há a Vera Mantero com um projecto multidisciplinar, que mostra desde o início da sua carreira.
VM: O meio estava já preparado para entender, porque a meio dos anos oitenta estávamos a entrar em mutação em vários pontos da Europa e do munda. A dança se estava apropriar de outras ferramentas provenientes do teatro, da voz, da escrita e eu como jovem bailarina estava a absorver todas essas coisas, estava a gostar imenso e achava tudo interessante. Eu comecei na senda de outros que estavam a desenvolver este tipo de projectos, eram mais velhos do eu e que tocavam nisso.
Os "olive tree dance" reflectem um universo musical orgânico, acústico e instrumental que assenta sobretudo na sonoridade do didgeridoo e das diferente formas de precursão. São uma das bandas mais inovadoras em termos de música transe no panorama nacional e recentemente editaram um novo trabalho, simbologias, que é acima de tudo uma viagem espiritual pelo mundo dos Maias.
Os "olive tree dance" é um projecto musical que descrevem como orgânico. Isso o que quer dizer?
Olivier: Música orgânica no sentido em que nos enquadrámos na música de dança e como neste estilo o mais vulgar é faze-lo através das máquinas. Utilizámos essa fórmula sonora, mas interpretada acusticamente. Tocámos instrumentos acústicos para reproduzir ambientes de dance music electrónica. Então nesse sentido dizemos que é orgânica em função da sintetização com algoritmos electrónicos.
Há também uma certa fusão, porque utilizam instrumentos mais tradicionais?
O: Nós recorremos aos instrumentos do "world music" para dar um conteúdo mais rico a nossa composição, essas envolvências de vários países do mundo promovem um estilo mais quente na música que nos propomos fazer, que é a música para dança.
Todas essas influências musicais resultam de quê? Das tuas viagens? Ou da tua formação como músico, já que usas o didgeridoo que é um instrumento musical australiano?
O: O didgeridoo é o instrumento que no fundo unifica nos "olive tree dance" a linguagem da bateria e das multipercussões. Sou uma pessoa que a dada altura da vida viajava todos os anos e já tenho 36 países no meu "now how" de conhecimento e em quase todos eles me interessei por alguma particularidade musical. Em 1997 conheci o didgeridoo na Noruega e tornei-me um aficionado, mas só em 2003 é que comecei a aplicar o instrumento em formato de banda. E tive logo a ideia de fazer música de dança, porque quando tocava o instrumento inspirava-me e acompanhava bits electrónicos e queria fazer isso com músicos reais. Quando pôs esse projecto em prática tornámo-nos inovadores e originais no panorama nacional.
Situado na zona histórica da cidade do Porto, este edifício, que pertence à fundação da juventude alberga todos últimos sábados de cada mês as feiras francas, uma iniciativa que visa promover o trabalho de jovens designers portugueses, mas não só. É um espaço que dinamiza as residências artísticas, tertúlias e ainda é o palco privilegiado para os empreendedores do ninho de empresas, como nos conta a responsável pelo gabinete de comunicação, Filipa Paiva.
Como surgem as feiras francas?
Filipa Paiva: Foi o recuperar de uma tradição medieval, de umas feiras que eram feitas no largo de São Domingos, que tinham na sua génese a ideia de todas as pessoas exporem os seus produtos sem pagarem imposto. Daí o nome. Uma vez que o palácio das artes está instalado neste largo fazia todo o sentido recuperar a tradição, por estarmos no centro histórico da cidade e promover o que melhor se faz em português na área artística até porque este espaço é dedicado as artes, fábrica de talentos. Portanto, a ideia da fundação de criar este equipamento cultural é de apoiar os jovens deste país, dar-lhes alguma projecção, mostrar e poderem vender os produtos que criam e entrar em contacto com os outros de forma a obter, quem sabe, contactos maiores de empresas.
Como é que eles vêm ter convosco? Pelo que percebi também os contactam directamente.
FP: Certo. É feita alguma pesquisa obviamente. A gestora do projecto tenta perceber o que há de novos criadores em feiras, ou através dos jornais e revistas. Outros são convidados porque tem um grande impacto, mas ainda não possuem o reconhecimento de que gostariam e poderiam obter e muitos outros aparecem através de um jornal que criámos para mostrar a programação deste evento e esses entram em contacto connosco via correio electrónico, ou o telefone e depois é feita uma selecção.
Como é feita essa selecção?
FP: Abrange várias áreas criativas, desde as artes visuais, mobiliário, joalharia, moda, música, tudo. Tentámos englobar em cada feira um pouco de todas estas vertentes criativas para torna-la mais dinâmica e pegámos nas artes performativas para atrair as pessoas que estão na rua para dentro do palácio das artes. Muitas vezes o público em geral não sabe sequer o que esta a acontecer lá dentro, o facto de a escadaria ser imponente provoca uma certa resistência nas pessoas, não percebem muito bem o que o palácio tem para oferecer e as feiras francas ajudam a dinamizar o edifício nesse sentido. É uma das actividades mais relevantes deste projecto e a ideia é promover o trabalho destes jovens e dar-lhes alguma visibilidade.
Falando um pouco das actividades do Palácio das Artes, o que tem para oferecer aos jovens?
FP: O Palácio das Artes Fundação da Juventude nasceu para apoiar os jovens criadores/artistas a lançarem-se no mercado de trabalho. O nosso target é dos 18 anos até os 35 anos. Promovemos a autonomia destes jovens enquanto trabalhadores e empreendedores e faltava-nos a parte cultural. O nosso objectivo é elevar à cultura a outros níveis porque achámos Portugal tem um potencial imenso, assim como os jovens deste país. O projecto nasceu dessa necessidade de promover a cultura portuguesa, dos novos cursos que foram aparecendo, como o design que não existia há alguns anos e actualmente tem um grande impacto. A ideia foi sempre promover o trabalho desenvolvido por esses jovens que estavam postos de parte e são vistos como uns entretainers, daí a necessidade de promove-los.
A voz cavernosa de Zeca Medeiros remete-nos para um registo muito próprio, de música de autor com raízes tradicionais. É um criador de sonoridades e palavras que nos remetem para um universo repleto de sentimentos e emoções.
Nos seus espectáculos sempre cantou a música tradicional açoriana, este tipo de abordagem foi sempre bem vista pelo público?
Zeca Medeiros: Não passa só pelas canções tradicionais. Comecei a tocar em grupos de baile, fui tripulante músico no navio Funchal, se bem que eu acho que a música tradicional inspira muito da música que faço, eu às vezes participo nesse tipo de projectos, a grande maioria da minha música é de autor.
Fez algumas recolhas? Ou apenas limitou-se a ouvir esse tipo de música?
ZM: Fiz muito poucas recolhas. Paralelamente trabalhava na RTP e nesse âmbito fiz gravações, mas poucas. Trabalhei com a brigada Victor Jara e mais recentemente participei no projecto do Pedro Lucas, “o experimentar na m’incomoda” que mistura música tradicional do Açores com umas linguagens electrónica mais moderna.
O público mudou ao longo destes anos?
ZM: O público mudou, quando comecei a tocar foi antes da revolução dos cravos e era um outro país e acho que de um modo geral, mesmo que a comunicação social portuguesa ignore muito da música portuguesa que se faz e é uma pena, penso que há um evolução no público, cada vez existe mais gente a interessar-se pela música portuguesa e popular.
O mesmo se aplica à música de autor?
ZM: Sim, mas há grandes referências de autores nessa matéria, o Zeca Afonso é a minha principal inspiração. Há um público cada vez maior que se identifica com esse tipo de canções de autor que são inspiradas na tradição.
O conceito cowork é um combate ao isolamento dos novos empreendores. Existem ao todo três em todo o país. Actualmente, na sede de Coimbra, estão inscritas 26 pessoas. Os profissionais presentes são das áreas de: Arquitectura, design3D, técnicos de domótica e instalações técnicas, tradutor, psicologia, doutoramento, ilustração, webdesigner, sistemas de autenticação, comercial de multinacional, fotógrafia, engenharia civil e empresa de recursos humanos.
Em que contexto surge o conceito do cowork?
Eduarda Melo:Se se refere ao nascimento deste conceito em absoluto, ele teve lugar nos EUA e surgiu para dar resposta ao combate ao isolamento das pessoas que trabalhavam em casa , fornecendo uma alternativa acessível e favorecendo as sinergias entre várias pessoas de áreas profissionais diferentes.
Se se refere ao contexto em que surgiu o Cowork.Coimbra, posso adiantar-lhe que surgiu num momento em que já estávamos a funcionar num modelo muito próximo do coworking no espaço da arquitectura convida. Tínhamos já uma microempresa que funcionava nas nossas instalações e com quem criamos sinergias. Também disponibilizávamos a zona de reuniões e os nossos catálogos para que arquitectos que trabalhavam em casa pudessem reunir aqui. Foi neste contexto que tomamos conhecimento do conceito de coworking e que rapidamente adoptamos o mesmo, fazendo pequenas obras de adaptação.
Quais são os objectivos a que se propõe?
EM:O nosso objectivo com este projecto é facilitar uma série de serviços que permitam a profissionais liberais, freelances, micro empresas, empreendedores em geral, obterem um local de trabalho digno que valorize a sua actividade, lhe potencie contactos, o afaste do isolamento do trabalho em casa e tudo isso por um valor muito abaixo do que seria a manutenção de um escritório próprio. Apostamos fortemente na qualidade do design de todos os espaços e mobiliário, como agente diferenciador e como mais valia para aqueles que aqui trabalham e aqui recebem os seus clientes.
Qual é o perfil de profissionais que aderem a esta iniciativa em Coimbra e porquê?
EM:Se tivesse de traçar um perfil dos nossos utilizadores neste momento, diria que na sua maioria são pessoas da faixa etária 25 aos 35 anos, casados, com filhos, utilizam o cowork.coimbra entre as 9h00 e as 18h00, valorizam a qualidade do espaço e decoração, a localização, os serviços, o preço e as relações humanas que aqui cuidamos com especial atenção.
Penso que o conceito de coworking dá resposta a nichos muito variados. Há espaços de coworking mais direccionados para pessoas muito jovens, às vezes ainda sem actividade profissional estabelecida, que usam o espaço para desenvolverem projectos pessoais que levam a cabo enquanto permanecem ainda dependentes dos pais. Utilizam o espaço maioritariamente em horários nocturnos ou considerados pós-laborais.
Este não é o nosso mercado, não por opção nossa, mas resultado da apetência e exigência que um outro nicho encontra resposta no nosso espaço. São pessoas exigentes que valorizam a qualidade e design dos ambientes, os bons serviços de secretariado e as relações humanas do grupo. Resumindo, não creio que exista um perfil de utilizadores para Coimbra, ou para outra cidade qualquer, mas sim um perfil de utilizador para cada projecto particular de coworking. Considero que é muito bom que assim seja!
A maioria das coworkers são mulheres, a que se deve tal fenómeno? Tem mais espirito de iniciativa? Menos oportunidades laborais, por isso, apostam na criação das suas próprias empresas?
EM:Não posso garantir uma razão para tal facto! Até porque nem sempre foram a maioria. Neste momento, no Cowork.Coimbra, a percentagem de mulheres inscritas é ligeiramente superior às dos homens. Se consideramos apenas os postos fixos ( que são usados diariamente ) esse número aumenta. È possível que tenha a ver com o facto de serem mais exigentes em relação à qualidade do espaço, os homens , regra geral, valorizam menos os detalhes da decoração, da iluminação natural, do mobiliário, apesar de dizerem que se sentem muito bem aqui. O tipo de actividade também pode ser, neste caso um factor para justificar a maioria de mulheres. Existe um maior número de homens com profissões que os obrigam a “circular”…a trabalhar parte do dia fora do posto de trabalho. De qualquer forma a nossa amostra é relativamente pequena para podermos tirar conclusões muito fidedignas!
O custom café é um espaço pós-apocalíptico onde tudo acontece ao mesmo tempo e ninguém fica indiferente. É um mundo estranho, alternativo, que mistura várias artes sincronizadas de forma a criar um imaginário muito especial e dinâmico, criado pelas produções nirvana, em Oeiras.
Como é que começou a aventura do custom café?
Michel Alex: Vamos ter de recuar muitos anos. É uma aventura que começa em 1988, eu e o meu sócio o Rui trabalhávamos para uma companhia nómada francesa chamada “Archaos”, que deu origem a uma linguagem estética e teatral pós-apocalíptica, usada no filme “mad max” e também o “waterworld” do Kevin Kostner. É todo este universo, esta linguagem que está muito ligada ao passado. É um futuro transposto para um mundo em reconstrução onde se vão descobrindo elementos do tal passado industrializado. Os “Archaos”, entretanto, acabaram e começámos a trabalhar com outras companhias de vários países e sempre nos mantivemos fiéis a essa linguagem. Depois encetámos uma parceria com a Daniela e com os “Fúria del Baus”. Ao longo do tempo alimentámos o sonho de fundar a nossa própria companhia e depois de estarmos anos a viajar queríamos conseguir parar e recriar este imaginário onde nós vivemos todos os dias. Sinceramente. Portanto, não somos só artistas no palco. A nossa vida é alimentada por esta linguagem. Vivemos mesmo assim, rodeados pelos camiões, pelas rulotes, por toda esta maquinaria que entra nos nossos espectáculos. Na nossa música, nos filmes, ou seja, tudo isto nos envolve diariamente.
Como é que chegam a Oeiras, voltam para Portugal porquê?
MA: Basicamente voltámos em 2004, por causa do euro, tínhamos vários clientes que estavam ligados ao evento e como fazíamos muitos espectáculos multimédia, de rua e de grandes dimensões tivemos muitas aparições de enorme formato que nos fizeram vir para Portugal. Fui precisamente nessa altura que descobrimos este espaço, era um antigo quartel militar, que estava abandonado completamente em ruínas, foi um acaso.
Quando escolheram esta zona quantos elementos tinham?
MA: Na altura a companhia tinha 30 pessoas, actualmente somos 12, embora muitos dos membros derivaram para outros projectos que ainda estão aqui, como sejam as motas personalizadas. Muitos deles trabalhavam connosco na preparação das performances sobre rodas, dos camiões. Dão também nas vistas com as motas, as Harley, vão as concentrações e ganham prémios das “customs bikes”, são artistas, que cada vez tem mais procura. Desenvolveram o seu atelier, o seu nome, a sua marca e obviamente ainda entram nos espectáculos de maior dimensão. Mas, no dia-a-dia dedicam-se ao seu próprio trabalho.
O custom café fica num dos estúdios e os restantes?
MA: Tem muito espaço ao ar livre, que é muito importante para nós para as convenções, para os eventos com as empresas. Tem estacionamento para vários veículos e autocarros. Também para guardar os nossos camiões tir. O custom café tem cerca de 500 metros quadrados.
Os “aquaparque” possuem uma certa ambiguidade estética que não nos permite definir o tipo de música que fazem, não é possível catalogar. São exploradores sensoriais, já que não dominam uma única técnica, mas procuram estimular os nossos sentidos com sonoridades inusitadas. Dá a sensação dejá vu mas é algo novo, como o nome.
Descrevem o vosso álbum “pintura moderna” como terapia de estímulo sensoriais. Isso quer dizer que é um álbum mais maduro? Por isso o descrevem dessa forma?
Pedro Magina: Sim, é um trabalho mais maduro, enquanto pessoas, seres humanos e músicos também. Apurámos os sentidos e talvez essa frase venha nessa dinâmica. Crescemos. Ficámos alertas e mais sensíveis a determinados aspectos sociais e ao nível de relacionamento interpessoal.
Referes-te as letras, quando falas nessa dimensão social?
PM: Não foco nas letras, mesmo elevado para a música. Ela é a estimulação de todos os sentidos. Isso tem a ver com o facto de reflectir o espaço em que vivemos, das pessoas com quem vivemos.
Então há uma mensagem social?
André Abel: Não de forma directa, só para quem quiser ver e retirar algo.
Mas, o que pretendes expressar?
AA: Eu acho que é poesia dos pobres. Não acho que a música deva ser instrumento para caricaturar, ou tentar desenhar, com o sentido de querer capsular, se partimos para uma música no sentido em que vai definir uma determinada situação social, acho que vai correr mal. Nunca gostei de música em que os autores admitiram que tiveram esse sentido. Na nossa tentámos fazer algo que nos soe a fresco e que nos motive para continuar a fazer música. Gostámos de sons novos, de novas sensações e instrumentos melódico e harmónicos, também nas letras tento expressar algo que é muito antigo de uma forma nova. Contemporânea, como as pessoas falam na rua.
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